sábado, 2 de dezembro de 2023

Onze ideal de jogadores que passaram por Vitória FC e Oriental

Vitória e Oriental competem no Campeonato de Portugal
Dois históricos que já andaram pela I Divisão, ainda que com os sadinos a contabilizarem dez vezes mais presenças, Vitória Futebol Clube e Clube Oriental de Lisboa são clubes relativamente próximos geograficamente e com grande tradição em campeonatos nacionais, mas para elaborar um onze ideal minimamente digno de jogadores que tivessem representado ambos os emblemas foi… uma carga de trabalhos.
 
Com alguma estranheza, tendo em conta que anteriormente foi possível apurar onzes relativamente fortes de futebolistas que passaram pelos setubalenses e por clubes alentejanos e algarvios com menos tradição que o Oriental, não há muitos atletas do presente e do passado simultaneamente com vitorianos e marvilenses no currículo.
 
Vitória e Oriental coincidem esta temporada num mesmo campeonato pela 10.ª vez, depois de terem competido juntos em sete edições da I Divisão (entre 1950-51 e 1974-75) e em três da II Divisão (1960-61, 1961-62 e 1986-87). Também mediram forças por duas ocasiões na Taça de Portugal, com um triunfo para cada lado.
 
Vale por isso a pena conferir o nosso onze ideal de futebolistas que passaram pelos dois clubes, distribuídos em campo num 4x3x3.
 

José Graça (guarda-redes)

José Graça
Guarda-redes natural da Póvoa do Varzim, esteve vinculado ao FC Porto entre 1948-49 e 1953-54, mas pouco jogou.
Pelo meio desse percurso na Invicta, representou o Oriental na época de estreia dos marvilenses na I Divisão, em 1950-51, numa altura em que se encontrava na zona de Lisboa a cumprir serviço militar. Naquela que foi a sua melhor temporada da carreira, atuou em 25 jogos e sofreu 55 golos em todas as competições, contribuindo para a obtenção do histórico 5.º lugar.
Após terminar a ligação aos dragões mudou-se para o Vitória de Setúbal, tendo amealhado 21 encontros e 46 golos sofridos.

 
 

Morato (defesa central)

Morato
Defesa central internacional A e B por Portugal e campeão nacional pelo Sporting em 1961-62, representou o Vitória de Setúbal em 1963-64, época em que atuou 24 jogos e apontou um golo.
Entretanto regressou ao Sporting e representou o Lusitano de Évora antes de encerrar a carreira ao serviço do Oriental em 1967-68, na II Divisão Nacional.
 
 

Nogueira (defesa central)

Nogueira
Polivalente defesa/médio defensivo de elevada estatura (1,90 m) que antes de iniciar a carreira de futebolista até foi guarda-redes de andebol, concluiu a formação no Belenenses e passou pelos seniores de União de Tires e Vialonga antes de ingressar no Oriental no verão de 1984.
Na primeira época em Marvila contribuiu para a promoção à II Divisão Nacional, patamar em que competiu nas duas temporadas que se seguiram.
Seguiu-se uma passagem pelo Sacavenense, experiências na I Divisão ao serviço de Académico de Viseu e Penafiel com uma aventura no Fafe pelo meio, antes de se afirmar entre 1991 e 1995 com a camisola do Boavista,  clube que o catapultou para a seleção nacional A.
Já trintão, representou o Vitória de Setúbal entre 1995 e 1997, período no qual amealhou 53 encontros e dois remates certeiros, ajudando os sadinos a subir à I Liga em 1995-96. Depois da passagem pelo Bonfim encerrou a carreira.
 
 

Ricardo Esteves (lateral direito)

Ricardo Esteves
Lateral/extremo direito internacional jovem português, campeão europeu de sub-16 em 1996, nascido em Lisboa e formado no Benfica ao lado de Hugo Leal, Diogo Luís, Bruno Aguiar, Rui Baião, Mawete Júnior, Pepa e Cândido Costa, representou o Oriental por empréstimo dos encarnados na primeira época de sénior, em 1998-99, tendo atuado em 18 jogos e marcado um golo na II Divisão B.
“Estava no segundo ano de júnior no Benfica e na altura os que estavam para passar a sénior, para ganharem maturidade, o clube fazia o empréstimo de alguns para poderem crescer mais rápido noutros clubes e para ganharem outra maturidade. E foi nessa altura que saí para o Oriental, mas ligado ao Benfica”, contou à Tribuna Expresso em dezembro de 2018.
“O empréstimo tem sempre um porquê de acontecer. O Benfica, sendo um dos grandes clubes portugueses e europeu, oferecia condições muito boas e no Oriental a realidade mudou completamente. Os equipamentos, poucos eram os lavados, muitos estavam rotos ou rasgados... era uma realidade completamente diferente da que eu tinha (…) Foi um choque, mas fez-me crescer. Até mesmo o lidar com homens, não estava habituado a lidar, lidava com colegas da mesma idade”, recordou.
Entretanto o Benfica criou a equipa B e foi lá que Ricardo Esteves jogou na primeira metade de 1999-00. No entanto, em janeiro de 2000 foi cedido ao Vitória de Setúbal por meia época, a convite de Rui Águas, então treinador dos sadinos. Até teve impacto na equipa, pois foi a tempo de disputar 14 jogos na I Liga naquela que foi a sua estreia no primeiro escalão, mas mostrou-se impotente para impedir a despromoção.
“Tive grandes colegas que me ajudaram bastante, um deles o Brassard, guarda-redes, com quem me dava muito bem. Estava muitas vezes com ele e ele ajudou-me muito na passagem pelo Vitória de Setúbal. (…) Tinha 19 anos e fui sempre titular, obviamente foi uma grande satisfação para mim. Ser um jovem, estar numa equipa da I Divisão e ser titular, era um sonho”, acrescentou.
A curta passagem pelo Bonfim permitiu-o consolidar a sua posição nas seleções de sub-20 e sub-21, tendo participado no Torneio de Toulon 2000.
 
 

Ézio Pinto (lateral esquerdo)

Ézio Pinto
Por norma, evito escolher jogadores que ainda estão no ativo. E, no caso destes onzes ideais que envolvem o Vitória de Setúbal, também faço de tudo para não incluir os jogadores que desde 2020-21 têm representado o clube no Campeonato de Portugal e na Liga 3, mas devido à falta de alternativas tive de preencher a posição de lateral esquerdo com Ézio Pinto, que pertence ao atual plantel dos sadinos, tal com o irmão mais novo Tuga.
Jogador angolano que fez parte da formação no Sporting, representou os seniores de Tourizense, Fornos de Algodres, Alverca, Penalva do Castelo e Recreativo do Libolo antes de ingressar no Oriental no verão de 2021, numa altura em que os marvilenses competiu nos distritais da AF Lisboa.
Após quatro jogos, três deles na condição de suplente utilizado, mudou-se para o Gouveia, tendo ainda representado o Juventude de Évora antes de assinar pelo Vitória de Setúbal no começo desta temporada. Embora seja habitual suplente de Gonçalo Maria no lado esquerdo da defesa, tem mostrado alguns bons pormenores ao longo de cerca de uma dezena de jogos oficiais.
 
 

José Carlos (médio centro)

José Carlos
Médio natural de Riachos, concelho de Torres Novas, passou pelas camadas jovens do Sporting e pelos seniores de AmoraSilvesSeixalAlmada antes de ingressar no Vitória de Setúbal no verão de 1966.
Porém, na única temporada que passou no Bonfim, marcada pela conquista da segunda Taça de Portugal, não foi além de um jogo oficial.
Seguiram-se passagens por Barreirense e Amora antes de vestir a camisola do Oriental entre 1972 e 1976, tendo contribuído para a subida à I Divisão em 1972-73 e somado 47 jogos e cinco golos no primeiro escalão entre 1973 e 1974, não conseguindo impedir a despromoção à II Divisão em 1974-75.
Viria a falecer em julho de 2009, aos 67 anos.
 
 

Carlos Manuel (médio ofensivo)

Carlos Manuel
Médio ofensivo/extremo natural de Sesimbra, ingressou nos iniciados do Vitória de Setúbal em 1989-90, tendo sido convocado pela primeira vez para um jogo da equipa principal em setembro de 1994. Porém, só conseguiu estrear-se um ano depois. Antes disso, somou duas internacionalizações pela seleção nacional de sub-16 em fevereiro de 1993.
Ao serviço dos seniores amealhou 61 partidas e dez remates certeiros entre 1995 e 1998, tendo contribuído para a subida à I Liga em 1995-96.
Valorizado, deu o salto para o FC Porto no verão de 1998, mas não se afirmou nas Antas, tendo sido emprestado aos sadinos em 1999-00, época na qual atuou em 14 partidas e marcou um golo, não conseguindo impedir a despromoção à II Liga.
Em 2001 rescindiu com os dragões e rumou ao Oriental, “com a perspetiva de regressar ao Vitória de Setúbal no fim da temporada” [2001-02]. “Porém, nessa altura, as pessoas do Vitória voltaram com a palavra atrás. É uma pena, porque adorava ter voltado, o Vitória de Setúbal é um grande clube”, contou ao Maisfutebol em novembro de 2014.
Ao serviço dos marvilenses competiu na III Divisão Nacional, tendo contribuído para a obtenção do primeiro lugar na Série F e a consequente promoção à II Divisão B.
 
 
 

Hélio Roque (médio ofensivo)

Hélio Roque
Médio ofensivo/extremo nascido em Angola, mas radicado na margem sul do Tejo desde tenra idade, concluiu a formação no Benfica, tornou-se internacional sub-20 por Portugal e chegou mesmo a jogar pela equipa principal dos encarnados na primeira metade da época 2005-06, tendo conquistado a Supertaça Cândido de Oliveira após um triunfo sobre o… Vitória de Setúbal.
Porém, em janeiro de 2006 foi emprestado por meia temporada ao Vitória, numa altura em que Moretto e José Fonte deixavam o Bonfim para rumar à Luz. No entanto, a aventura à beira-Sado não correu bem, não indo além de dez jogos oficiais, dos quais apenas um como titular.
“Foi o maior erro ter saído para Setúbal. Estava no Benfica e até estava bem, o Koeman disse-me para ficar e para não sair, mas o Vitória de Setúbal foi lá várias vezes falar com o presidente e com o José Veiga. A decisão era minha. Depois de me chatearem tanto pensei: ‘Se eles estão a fazer tanta força é bom porque vou jogar e se calhar volto com outro andamento’. Mas foi um erro ter saído, devia ter ficado, porque o Koeman também apostava muito nos jovens que trabalhavam e gostava muito de mim... foi um erro. O Vitória de Setúbal tinha uma boa equipa, com jogadores experientes, não fazia falta se calhar ir para lá. O Hélio Sousa tinha o núcleo duro dele, o que compreendo e respeito, e não fui muitas vezes opção”, recordou, em entrevista à Tribuna Expresso, em maio de 2020.
Entretanto foi emprestado pelas águias ao Olivais e Moscavide e prosseguiu a carreira no estrangeiro, tendo jogado em Chipre e em Angola, num total de onze anos fora de Portugal, antes de regressar ao futebol luso pela porta do Olímpico Montijo no verão de 2018.
Após dois anos nos aldeanos, disputou onze jogos pelo Oriental em 2020-21, mostrando-se impotente para impedir a despromoção aos distritais da AF Lisboa.
 
 

Libânio (avançado)

Libânio
Extremo direito moçambicano internacional jovem por Portugal, concluiu a formação no Sporting e chegou a jogar na equipa principal dos leões durante duas épocas, sem grande sucesso.
Seguiram-se dois anos no Vitória de Setúbal, entre 1977 e 1979, mas só na primeira época no Bonfim, de 1977-78, é que foi utilizado, tendo atuado em 14 encontros.
Depois de passagens por Amarante, Estoril, O Elvas, Marinhense, União de Leiria, Mirense e Alcanenense, encerrou a carreira ao serviço do Oriental em 1989-90, na III Divisão Nacional.
 
 

Fernando Matos (avançado)

Fernando Matos
Avançado que havia vestido a camisola do Juventude de Évora entre 1950 e 1952, representou o Oriental em 1953-54, tendo apontado quatro golos em 23 jogos na I Divisão numa temporada marcada pela despromoção à II Divisão.
Na temporada seguinte defendeu as cores do Vitória de Setúbal, clube pelo qual somou três remates certeiros em 19 encontros no primeiro escalão.
 
 

Carlos Saleiro (avançado)

Carlos Saleiro
Avançado formado no Sporting, não só está na história do futebol português – nem que seja só pela conquista do título europeu de sub-17 em 2003 – como também na da… ciência portuguesa, uma vez que foi o primeiro bebé proveta em Portugal.
Depois de empréstimos a Olivais e Moscavide e Fátima, esteve cedido ao Vitória de Setúbal na primeira metade da época 2008-09, mas não foi além de sete jogos e zero golos, acabando por se mudar para a Académica, também por empréstimo, no mercado de inverno.
“As coisas no Vitória de Setúbal não me correram bem. Houve um episódio que me marcou. Mas até acho que foi um mal-entendido. Eu dei uma entrevista. Aquela vontade de jogar e de ajudar o clube...Na altura, há um jogo em que o treinador me manda aquecer duas, três vezes, e numa das últimas diz que vou entrar, manda-me aquecer rápido, mas quando chego junto dele... entrou outro. Fiquei um bocado chateado nesse dia. No dia a seguir, ligou-me um jornalista, de um desportivo, a perguntar se eu estava a sentir-me bem. E fiz uma afirmação que se calhar não devia ter feito naquela altura, mas foi sem maldade. [Disse] que para estar parado mais valia estar no meu clube de origem, porque eu estava emprestado pelo Sporting. A direção, o treinador e principalmente os adeptos não reagiram bem a essa afirmação. Levei um processo disciplinar. Estive afastado da equipa durante um mês. Treinava, mas não era convocado. Depois, quando voltei a ser convocado, cada vez que tocava na bola era assobiado. Não tinha condições para continuar. O que me deixou muito triste porque gosto bastante do clube e da envolvência de Setúbal. O Sporting soube da situação e optou por emprestar-me seis meses à Académica”, contou à Tribuna Expresso em abril de 2018.
Entretanto voltou ao Sporting, passou pelos suíços do Servette e novamente pela Académica. Quando representou os estudantes lesionou-se com gravidade e ficou um ano parado, tendo ficado sem jogar entre março de 2013 e julho de 2014.
Entretanto recomeçou a treinar no Oriental e acabou por assinar. “Vou para lá para ganhar forma e ritmo, só que, entretanto, o clube sobe à II Liga e o treinador, João Barbosa, convidou-me para ficar. Naquela altura confesso que sentia que era um passo atrás na minha carreira, porque antes de sair de Portugal já tinha jogado a Liga dos Campeões, no Sporting. Aliás, o meu primeiro jogo oficial pelo Sporting é na Liga dos Campeões, contra a Fiorentina. Mas ele convidou-me e eu pensei: ‘vou recuperar, faço aqui seis meses a jogar e depois saio para fora novamente’”, recordou.
Em dois anos ao serviço do emblema de Marvila totalizou 36 partidas e dez golos, numa aventura marcada por lesões. “As coisas mais uma vez não correram bem em termos de lesões e fui tendo recaídas. No final da época, novamente operado, mas a um joelho, cartilagem e menisco. Voltámos a ficar na II Liga, o treinador contava comigo na II Liga, eu não tinha outras opções e queria tentar devolver a confiança que estavam a dar-me. Só que, mais uma vez, não foi possível porque tive muitas recaídas durante a outra época. Para ter uma ideia, na primeira época de Oriental, faço 21 jogos, na outra faço 15, mas uma época na II Liga tem cerca de 50 jogos. Eu fazia dois jogos seguidos e tinha que estar parado três, quatro semanas. Em termos psicológicos começou a pesar-me muito”, confessou o avançado, que não conseguiu impedir a despromoção ao Campeonato de Portugal em 2015-16.
 
 
 

Toni Pereira (treinador)

Toni Pereira
Treinador muito experiente, que iniciou a carreira de técnico no final da década de 1980, ganhou a alcunha de “Mourinho dos pobres” graças ao sucesso que foi tendo nas divisões secundárias, tendo subido de divisão ao leme de Sertanense (1987-88), Camacha (1992-93), Rio Maior (2004-05), Atlético (2005-06 e 2010-11) e Mafra (2014-15).
Quando desceu da II Liga ao Campeonato de Portugal, em meados de 2016, o Oriental contratou-o com o intuito de regressar às ligas profissionais. Em 74 jogos ao leme dos marvilenses, distribuídos por três temporadas, somou 40 vitórias, 16 empates e 18 derrotas, mas não atingiu a ambicionada promoção.
Mais tarde, em 2021-22, foi o escolhido pela SAD do Vitória de Setúbal para tentar também subir aos campeonatos profissionais, mas após quatro vitórias e três derrotas em sete encontros pediu a demissão, alegando “motivos de ordem pessoal”.
 








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