Fundado a 15 de agosto de 1947, "O
Elvas" Clube Alentejano de Desportos nasceu de uma fusão improvável entre
uma filial benfiquista
e outra sportinguista, o Sport Lisboa e Elvas e o Sporting Clube Elvense, tendo feito a estreia
na I
Divisão três meses após a data da fundação, ocupando o lugar das águias
elvenses no primeiro
escalão.
Depois de o SL Elvas ter
participado nos campeonatos de 1945-46 e 1946-47, “O Elvas” deu sequência às
duas boas campanhas dos antecessores e manteve-se entre a elite
do futebol português até 1950.
Embora se tenha tornado um clube
mais representativo, o emblema de azul e oiro esteve afastado do patamar
maior do futebol nacional até ao final da década de 1980, quando voltou à I
Divisão para somar mais duas presenças.
Porém, caiu nas divisões
secundárias em 1988. No século XXI estatelou-se nos campeonatos distritais da
AF Portalegre e em 2014 e depois em 2018 extinguiu o futebol sénior.
Durante cinco presenças na I
Divisão, 79 futebolistas representaram “O Elvas”. Vale por isso a pena
recordar os dez que o fizeram por mais vezes.
10. Galinho (44 jogos)
Galinho |
Disputou 44 jogos tal como
Manuelito e Ribeiro, mas amealhou mais minutos dentro de campo – 3960 contra
3896 e 3773, respetivamente.
“Hábil defesa”, conforme lhe
apelidou o jornalista Vasco C. Santos da revista Stadium em 1948, representou “O
Elvas” entre 1947 e 1949, disputou 25 jogos em 1947-48, às ordens de Severiano
Correia, contribuindo para a melhor classificação de sempre dos elvenses no primeiro
escalão, o oitavo lugar.
9. Oliveira (48 jogos)
Artur Oliveira |
Mais um defesa, que chegou a
Elvas em 1946 depois de algumas épocas no Benfica,
clube pelo qual jogou mais na equipa de reservas do que propriamente na equipa
principal.
Na primeira época na cidade
raiana representou o Sport Lisboa e Elvas, tendo depois transitado para “O
Elvas” e tornou-se uma peça indispensável na defesa dos alentejanos,
atuando preferencialmente no lado esquerdo.
Artur Oliveira atuou em 23 jogos
no campeonato
em 1947-48 e em 25 na época seguinte, na qual apontou cinco golos, diante de Sporting,
Estoril,
Boavista e Sp.
Braga (dois).
Haveria de continuar no clube até
1957, numa altura em que os elvenses já tinham caído para a III Divisão,
contribuindo para a conquista de vários títulos regionais de Portalegre.
8. Casimiro (51 jogos)
Casimiro |
Defesa campeão nacional pelo Benfica
em 1941-42, mudou-se para o Alentejo
em 1944, primeiro para ajudar o Sport Lisboa e Elvas a ascender à I
Divisão, tendo disputou um jogo pela filial benfiquista
no primeiro
escalão em 1945-46.
Depois transitou para “O Elvas” e
foi no então recém-fundado clube elvense que ganhou notoriedade, tendo
disputado um total de 51 jogos entre elite
do futebol português entre 1947 e 1950, contribuindo para o oitavo lugar em
1947-48, mas sem conseguir evitar a despromoção dois anos depois. Durante esse
percurso apontou um golo ao Sporting
em 1949-50.
Após a descida de divisão
prosseguiu a carreira no Juventude Évora, integrando as equipas dos eborenses
que estiveram perto de lograr a promoção à I
Divisão em 1952-53 e 1953-54.
7. Beto Vidigal (56 jogos)
Beto Vidigal |
O “mestre”. Ao contrário da
esmagadora maioria dos elementos que compõem esta lista, o médio Beto Vidigal
jogou com a camisola de “O Elvas” na I
Divisão no final dos anos 1980, na última passagem do emblema alentejano
pelo primeiro
escalão.
Irmão mais velho de Luís, Lito,
Toni e Jorge Vidigal e pai de André Vidigal, nasceu em Angola,
mas veio para Portugal a meio da década de 1970 e entrou para o clube ainda nas
camadas jovens, estreou-se pela equipa principal em 1983 e fez parte de um
trajeto que haveria de culminar com a promoção ao patamar
maior do futebol nacional em 1986.
Seguiram-se duas épocas na I
Divisão, nas quais disputou um total de 56 jogos (51 a titular) e marcou
três golos, todos em 1987-88, diante de Sp. Espinho (dois) e Vitória
de Setúbal.
Após a descida de divisão deixou
a casa-mãe, passando por Louletano
e União
de Leiria até voltar ao clube da cidade raiana em 1993-94, na II Divisão B.
Nas épocas seguintes representou Naval e Vila Real, mas voltou a casa em 1996,
vestindo de azul e ouro até 2003 – à exceção da época 2000-01, quando fez uma
pausa na carreira -, tendo contribuído para a subida à II Divisão B em 1996-97
e para a conquista do título distrital em 2001-02.
Quando questionado sobre qual dos
irmãos tinha mais talento para o futebol, Lito Vidigal sugeriu o nome de Beto,
em entrevista à Tribuna Expresso: “Não sei, talvez o
Beto, o mais velho. Era bom mesmo.”
Após pendurar as botas foi
treinador adjunto na equipa principal, tendo falecido a 19 de dezembro de 2019,
aos 55 anos, vítima de cancro nos intestinos. “Hoje é um dia triste para a família azul e ouro, deixou-nos uma
das figuras mais emblemáticas do nosso clube”, assinalou “O Elvas” no Facebook.
6. Horácio (66 jogos)
Horácio |
Médio de características
defensivas, nascido em Chaves, mas radicado desde tenra idade na margem
sul do Tejo, passou por Almada e Cova
da Piedade e Estrela de Portalegre antes de reforçar “O Elvas” no verão de
1986, aquando da subida da formação alentejana
à I
Divisão.
Embora nunca tivesse atuado entre
a elite
do futebol português, Horácio deu boa conta do recado e assumiu a
titularidade durante as duas épocas que passou na cidade raiana, tendo
disputado um total de 66 jogos (63 a titular) e apontado quatro golos no campeonato
– Rio
Ave e Salgueiros em 1986-87 e Sp. Espinho e Salgueiros na época seguinte.
Após a descida de divisão
prosseguiu a carreira no Louletano,
para onde rumou na companhia de Beto Vidigal e Vítor Pontes, mas haveria de
regressar ao primeiro
escalão com a camisola do União da Madeira.
5. Vieira (68 jogos)
Jorge Belo Vieira |
Médio/avançado já com alguma
experiência na I
Divisão em 1943-44, adquirida ao serviço do Olhanense,
reapareceu no primeiro
escalão quatro épocas depois com a camisola de “O Elvas”.
Com faro para o golo, apontou 12
golos em 25 jogos que contribuíram para a obtenção do honroso 8.º lugar em
1947-48 – Vitória
de Guimarães, Boavista, Olhanense
(três), Benfica,
Académica (três), Atlético (dois) e Estoril
foram as vítimas de Jorge Belo Vieira.
Na época seguinte disputou 26
partidas e apontou oito golos, marcados diante de Vitória
de Guimarães, Sporting,
Lusitano
VRSA (dois), Boavista, Belenenses
(dois) e Atlético.
Em 1949-50, na terceira e última
temporada de azul e oiro, atuou em 18 encontros e faturou por quatro vezes,
frente a Estoril,
Sp.
Braga (dois) e Sporting,
não evitando a despromoção.
Depois deu o salto para o Belenenses.
4. Patalino (70 jogos)
Domingos Demétrio “Patalino” |
Domingos Carrilho Demétrio de
batismo, celebrizou-se nos relvados portugueses com o nome de guerra “Patalino”,
porque o seu pai era um grande campeão do “Jogo da Pata”, é considerado
unanimemente a figura maior de “O Elvas” e por muitos como o melhor jogador alentejano
de todos os tempos.
Poderoso avançado-centro natural
de Elvas, começou a jogar no Elvenses, passando depois para o Sport Lisboa e
Elvas, fazendo parte da história equipa que subiu à I
Divisão em 1945. Entre a elite
do futebol português deu cartas pela filial benfiquista,
brilhando com 37 golos em 39 jogos no campeonato
em 1945 e 1947, um registo fantástico que lhe valeu a estreia pela seleção
nacional “B” em maio de 1947, num particular com a França no qual apontou dois
golos.
Após a fusão transitou para “O
Elvas” e continuou a marcar golos em catadupa, tendo apontado 55 golos em 70
jogos na I
Divisão entre 1947 e 1950, contribuindo para o 8.º lugar em 1947-48, mas
não evitando a despromoção dois anos depois. Durante esse período não só foi
chamado a mais um jogo da seleção nacional “B”, uma derrota ante Espanha em
março de 1949, como se estreou pela principal equipa das quinas dois meses
depois, numa vitória sobre País de Gales na qual até faturou.
Após a descida de divisão
continuou no clube durante mais duas temporadas, na II Divisão, apesar de
várias propostas de clubes nacionais e internacionais, incluindo uma de 300 mil
pesetas – 150 mil para “O Elvas” e 150 mil para o jogador – do Atlético
Madrid. Mesmo atuando no segundo escalão, somou mais duas
internacionalizações pelos “AA”, ambas em 1951, saindo derrotado nos duelos com
Itália e Inglaterra, tendo, no entanto, apontado um golo aos ingleses – e só
não terá contabilizado mais porque naquela altura havia um senhor chamado
Peyroteo.
“Disse alguém que o moço alentejano
era a alma de Elvas transplantada para o futebol. Mais, que a sua energia e a
vivacidade que demonstra, todo o adepto do desporto aprecia. A sua corrida
fulgurante e o seu remate mortífero são o terror dos guarda-redes. É
internacional. Senhor de um domínio de bola a toda a prova”, destacou a revista
Flama em março de 1951.
O principal campo de jogos de “O
Elvas” tem nome de Domingos Carrilho Demétrio “Patalino”, que viria a falecer em
junho de 1989 no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
3. Sousa (71 jogos)
Sousa |
Médio esquerdo de extrema
importância no “O Elvas” após a fusão, transitou para o recém-criado clube alentejano
depois de quatro temporadas ao serviço do Sporting Elvense, que competia nos
campeonatos regionais.
Embora tenha saltado vários
níveis competitivos, adaptou-se rapidamente à I
Divisão e tornou-se um jogador importante na equipa e no campeonato,
ao ponto de chegar a ser chamado à seleção nacional. Entre 1947 e 1950 disputou
um total de 71 jogos e marcou três jogos – ao Olhanense
em 1948-49 e novamente ao Olhanense
e ao Vitória
de Guimarães na época seguinte, não evitando a despromoção em 1950.
Em 1950-51 continuou no clube
após a descida de divisão, rumando depois ao Académico Viseu, emblema que
representou entre 1951 e 1953, antes de voltar ao “O Elvas” como
jogador-treinador e ajudar na conquista do título nacional da III Divisão em
1955.
2. Neves (72 jogos)
Neves |
Defesa central alentejano,
nascido na vila de Castro Verde, começou por jogar futebol informalmente na
agremiação local, o Clube Castrense, e por lá se manteve durante várias épocas,
tendo apenas entrado para o futebol federado aos 22 anos, em 1944, quando se
inscreveu no Louletano.
Defendeu ainda as cores do Luso
Sporting Clube, de Beja, antes de ingressar no verão de 1946 no Sport Lisboa e
Elvas clube pelo qual se estreou na I
Divisão.
Um ano depois transitou para o
recém-fundado “O Elvas”, clube pelo qual disputou 72 jogos no campeonato
durante três temporadas. Em 1949-50 foi totalista no primeiro
escalão, mas foi impotente para evitar a despromoção.
“Sou forte, saudável e levo uma
vida recatada. Enquanto “O Elvas” existir, será ele o meu único clube, porque
me sinto bem no seu ambiente”, afirmou em fevereiro de 1950 numa entrevista à
revista Stadium
na qual revelou ter rejeitado propostas de Olhanense,
Sporting
e Oriental.
Manter-se-ia no emblema alentejano
até à descida à III Divisão, em 1954, rumando depois ao Santa Iria.
1. Massano (78 jogos)
Massano |
Avançado/interior natural de
Elvas, começou a jogar no Sport Lisboa e Elvas, passou pelo Portalegrense e
regressou à filial das águias em 1944-45 para contribuir para a promoção à I
Divisão no final dessa temporada.
Seguiram-se cinco anos no primeiro
escalão do futebol português: duas com a camisola do SL Elvas, emblema pelo
qual atuou em 48 jogos e marcou 16 golos; três já com as cores de “O Elvas”, clube
pelo qual disputou 78 partidas (em 78 possíveis) e faturou por 27 vezes no campeonato.
De azul e oiro marcou a Académica
(dois), Sp.
Braga (dois), Olhanense,
Vitória
de Guimarães, Atlético (dois), Lusitano
VRSA (três), Vitória
de Setúbal, Benfica,
Boavista (dois) e Estoril
em 1947-48, a Sporting,
FC Porto, Estoril
e Vitória
de Setúbal na época seguinte e a Belenenses,
Olhanense
(dois), Vitória
de Setúbal, Estoril
(dois) e Sporting
em 1949-50, temporada marcada pela despromoção à II Divisão. Pelo meio foi
convocado à seleção nacional “B”, mas não chegou a jogar.
Haveria de continuar no clube até
1954, numa fase em que acumulava as funções de jogador e treinador. Depois
passou por três clubes da região oeste antes de pendurar as botas: Marinhense,
Ginásio de Alcobaça e Nazarenos.
O seu filho, também conhecido por
Massano, jogou no “O Elvas” nas décadas de 1960 e 1970.
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