Fundado a 17 de maio de 1939, o
então Grupo
Desportivo Estoril Plage nasceu da Sociedade Estoril-Plage,
proprietária do caminho de ferro da Linha
de Cascais, de importantes hotéis na zona de Cascais
e do Casino Estoril,
tendo adotado desde o início no emblema e nas cores o amarelo do sol e o azul
do mar, os baluartes da região. Porém, as cores motivaram a alcunha de “canarinhos”,
em alusão à seleção brasileira.
Com apenas cinco anos de
existência, os estorilistas
viveram um dos maiores momentos da sua história ao participar na final da Taça
de Portugal, de onde saíram derrotados pelo Benfica.
Porém, 70 anos depois os canarinhos
voltaram a evidenciar-se ao assegurarem duas qualificações consecutivas para a Liga
Europa, em 2013 e 2014, com
Marco Silva no comando técnico. Dois quartos lugares, em 1947-48 e em 2013-14,
foram as melhores classificações de sempre do Estoril
na I Divisão.
Em 26 presenças, 329 futebolistas
representaram o clube no patamar maior do futebol português. Vale por isso a
pena recordar os dez que o fizeram por mais vezes.
10. Diogo Amado (124 jogos)
Diogo Amado |
Diogo Amado esteve nove anos ligado
ao Sporting,
tendo conquistado um título nacional de juvenis (2006-07) e dois de juniores
(2007-08 e 2008-09). No último ano de júnior foi convocado por Paulo Bento para
um jogo da equipa principal na última jornada do campeonato, mas não chegou a
estrear-se.
Seguiram-se empréstimos a Real
SC e Odivelas, antes de assinar em definitivo pela União
de Leiria. Após uma época de pouca utilização, foi cedido ao Estoril,
tendo ajudado a equipa da Linha
de Cascais a subir à I Liga, com
Marco Silva no comando técnico.
O médio defensivo natural de
Lagos chegou a vincular-se aos ingleses do Sheffield Wednesdey, mas acabou por
assinar em definitivo pelo Estoril,
tendo atuado cinco temporadas seguidas no patamar maior do futebol português ao
serviço dos canarinhos.
Nas duas primeiras sentiu algumas
dificuldades para se impor no onze inicial, em virtude da concorrência de Gonçalo
Santos, Evandro, Carlos Eduardo e Filipe Gonçalves, mas nas três últimas
assumiu a titularidade na larga maioria dos jogos. No total, disputou 124 jogos
na I Liga (108 a titular), marcou cinco golos e conquistou o estatuto de
capitão de equipa.
40 vezes internacional português
pelas seleções jovens (desde os sub-16 aos sub-21), está desde o verão de 2017
no Al-Gharafa, clube pelo qual conquistou duas Taças da Liga do Qatar.
9. Fernando Santos (135 jogos)
Fernando Santos |
Defesa polivalente formado no Benfica,
chegou ao Estoril
à beira de completar 19 anos, em 1973, quando os canarinhos
estavam na III Divisão. “Quando o Fernando Santos veio para Estoril
eu era capitão. Ele era um menino, chegou com 18 aninhos dos juniores do Benfica,
estudante universitário, amigo do seu amigo, sempre muito inteligente e pegou
de estaca na equipa. Jogámos dois anos juntos”, recordou o antigo jogador estorilista
Anselmo Santos em declarações
ao site do clube em junho de 2017.
Nas duas primeiras épocas no António
Coimbra da Mota, o engenheiro subiu consecutivamente de divisão, contribuindo
para a conquista do título nacional da II Divisão em 1974-75 e saltando assim
para o patamar maior do futebol português, onde a equipa da Linha
de Cascais já não marcava presença desde 1952-53.
Demorou, mas foi conquistando o
seu espaço no onze estorilista,
tornando-se um titular indiscutível. Entre 1975 e 1979, disputou 91 jogos entre
a elite do futebol nacional, 83 como parte do onze inicial, tendo apontado dois
golos, ambos em 1978-79 e de penálti, frente a Beira-Mar e Académico Viseu.
Em 1979-80 esteve ao serviço do
Marítimo. Já o Estoril…
foi despromovido nessa temporada. No entanto, voltou a jogar de amarelo
e azul na época seguinte, contribuindo para a promoção à I Divisão – nessa
mesma época, o Marítimo… foi despromovido.
Em mais quatro épocas no primeiro
escalão no António
Coimbra da Mota, amealhou mais 44 partidas no campeonato, ainda que sem
conseguir evitar a despromoção em 1983-84. Haveria de continuar no clube por
mais três anos, na II Divisão. “O Estoril
é o meu verdadeiro clube, foram muitos anos passados aqui. Sinto o clube como
família”, afirmou Fernando Santos aquando da inauguração da sede do clube, em
janeiro de 2017.
Em 1986-87 tornou-se adjunto de
António Fidalgo e em janeiro de 1988 saltou mesmo para o comando técnico dos estorilistas,
ficando no cargo até março de 1994, já depois de ter feito subir os canarinhos
à I Liga. “Foi fácil, foi muito fácil. Como treinador ele não criou uma
distância com os jogadores. Era a mesma pessoa que tinha sido como jogador. Ele
respeitava-nos, nós respeitávamo-lo. Quase nem se notou essa passagem de
jogador a treinador. E como o plantel era muito novo, quase todos na casa dos
vinte anos, e sendo ele um homem, só tínhamos era que aceitar o que ele nos
dizia”, contou o antigo jogador estorilista
José Martins.
8. Manuel Abrantes (135 jogos)
Manuel Abrantes |
Disputou 135 jogos tal como
Fernando Santos, mas esteve em campo mais 1898 minutos – 12 067 contra 10 169. Chegou
ao Estoril
aos 30 anos, mas foi a tempo de se tornar num histórico do clube. Natural de
Portalegre, concluiu a formação no Benfica,
tendo feito a estreia na equipa principal com 18 anos, cinco meses e um dia, em
novembro de 1966, e conquistado a Taça
de Portugal em 1968-69. Entretanto passou pela Académica, Barreirense,
Sp. Espinho e Montijo antes de reforçar os canarinhos
em 1978.
Em seis anos no António
Coimbra da Mota, cinco foram passados na I Divisão – a exceção foi em
1980-81. Titular indiscutível, disputou 135 jogos e sofreu 179 golos no
campeonato. Em 1982-83 brilhou num empate com o FC
Porto na Amoreira,
tendo defendido um penálti de Fernando Gomes. “O árbitro marca um penálti
contra nós, o Vítor Madeira protesta, vê o segundo amarelo e é expulso. O Gomes
mete a bola na marca de penálti, mas eu defendo. Ainda hoje, quando o FC
Porto vem cá jogar e o senhor Pinto
da Costa me vê brinca comigo: Manuel, não vais jogar, pois não? E eu
respondo: Esteja descansado que desta vez o mister não me convocou”, recordou
ao Maisfutebol
em setembro de 2013.
Em 1985, já após ter descido de
divisão, rumou ao Estrela
da Amadora, onde haveria de encerrar a carreira.
Após pendurar as luvas radicou-se
na zona do Estoril,
tendo trabalhado no Casino Estoril.
“Aceito que me vejam como o Manel do Estoril”,
disse ao Record
em abril de 2018.
7. Manuel Vieira “Vieirinha” (135 jogos)
Vieirinha |
Disputou 135 jogos tal como
Manuel Abrantes e Fernando Santos, mas esteve em campo durante mais tempo:
12 079 minutos. Manuel Alberto Vieira, também conhecido nas lides de
futebol como Vieirinha, começou a jogar futebol no Dramático de Cascais, tendo
dado o salto para o Estoril
em 1942, ajudando os canarinhos
a sagrarem-se campeões da II Divisão e consequentemente a subirem ao primeiro
escalão em 1943-44.
Na primeira época entre a elite
do futebol português este médio disputou 15 jogos (em 18 possíveis) e marcou
cinco golos, a Belenenses,
Sporting,
Benfica,
Académica e Salgueiros. Apesar da obtenção do 7.º lugar, na temporada seguinte
os estorilistas
jogaram na II Divisão, tendo voltado a conquistar o título de campeão nacional
desse patamar competitivo em 1945-46.
Seguiram-se seis anos de amarelo
e azul na I Divisão, entre 1946 e 1952. Em 1947-48 contribuiu com dez
remates certeiros (em 25 jogos) para a melhor classificação de sempre do clube,
o 4.º lugar – feito entretanto igualado em 2013-14
-, relegando o FC
Porto para a 5.ª posição. Porém, a temporada mais produtiva foi a de
1950-51, quando apontou 15 golos, apesar de o Estoril
não ter ido além do 9.º lugar.
Paralelamente, representou a
seleção nacional B por uma vez, num jogo particular frente a Espanha em março
de 1949.
Após 43 golos em 135 jogos na Amoreira,
rumou ao Benfica
em 1952, tendo conquistado uma Taça
de Portugal de águia ao peito. Em 1957, após dois anos no Lusitano Évora,
encerrou a carreira de jogador e iniciou a de treinador.
Viria a falecer em fevereiro de
2015, aos 90 anos.
6. Miguel Lourenço (139 jogos)
Miguel Lourenço |
Avançado com carreira iniciada no
Atlético Reguengos, saltou para o Benfica
em 1939, tendo conquistado a Taça
de Portugal em 1939-40.
Em 1944 foi contratado pelo Estoril,
onde verdadeiramente se notabilizou. Logo na primeira época, que também foi a
de estreia dos canarinhos
no patamar maior do futebol português, marcou 10 golos em 17 jogos no
campeonato, mas na época seguinte competiu na II Divisão, tendo conquistado o
título nacional no segundo escalão.
Seguiram-se mais seis épocas
entre a elite, nas quais apontou 65 golos em 122 encontros. Em 1947-48 contribuiu
com 16 golos para a obtenção do histórico quarto lugar, mas foi na temporada
seguinte que mais brilhou, com 19 remates certeiros em 21 jogos – apenas
Peyroteo (39 golos) e o também estorilista
José Mota (27) o superaram na tabela de melhores marcadores.
A veia goleadora de Miguel
Lourenço não passou despercebida aos responsáveis pela seleção nacional. Em
junho de 1946 estreou-se de quinas ao peito numa vitória sobre a República da
Irlanda no Jamor, na qual atuou ao lado de nomes como Peyroteo e Rogério Pipi. Em
fevereiro de 1949 somou a segunda e última internacionalização, tendo marcado o
golo solitário de Portugal numa derrota em Génova com a Itália (1-4), num
encontro em que teve como companheiros os violinos sportinguistas
Albano, Travassos, Peyroteo e Vasques.
Terá pendurado as botas em 1953,
aos 33 anos, depois de uma despromoção à II Divisão.
5. António Nunes (141 jogos)
António Nunes |
Nascido na cidade do Porto, jogou
no Boavista e no FC
Porto antes de reforçar o Estoril
no verão de 1943, numa altura em que os canarinhos
estavam na II Divisão. Logo na época de estreia ajudou a equipa não só a chegar
à final da Taça
de Portugal – ainda hoje a única final da história do clube – como também a
sagrar-se campeão nacional do segundo escalão e consequentemente a ascender à I
Divisão.
Em 1944-45, na primeira época da
formação da Linha
de Cascais entre a elite do futebol português, disputou apenas um jogo. Na
temporada seguinte voltou à II Divisão para vencer mais uma vez o título
nacional do patamar secundário.
Seguiram-se mais sete anos entre
a elite, nos quais participou em 140 encontros e somou 26 golos. Em 1947-48
contribuiu para a obtenção do quarto lugar com um golo em 14 partidas.
Paralelamente, representou a seleção nacional B num duelo com a congénere
espanhola em 1949, num jogo em que Portugal foi derrotado (2-5) no Estádio
Riazor, em Corunha.
Após a despromoção do Estoril
em 1953, o médio portuense manteve-se no António
Coimbra da Mota por mais dois anos, na II Divisão, pendurando as botas aos
36 anos.
4. Sebastião (147 jogos)
Sebastião |
Mais um guarda-redes, mas este
com 23 anos a menos do que Manuel Abrantes. Natural de Carcavelos, surgiu a
jogar pelo Estoril
ao mais alto nível em 1946-47, na primeira de seis temporadas pelo clube da Amoreira
na I Divisão.
Titular indiscutível, foi
totalista do campeonato em 1949-50 e 1952-53, quando cumpriu os 2340 minutos.
Curiosamente, na temporada que culminou na obtenção do quarto lugar, em
1947-48, não disputou um único minuto – Laranjeira não lhe deu hipóteses. Em
147 jogos pelos estorilistas
no patamar maior futebol português, sofreu 414 golos.
Já na fase final da sua primeira
passagem pelo clube, em dezembro de 1952, jogou uma vez pela seleção nacional,
tendo atuado ao lado de José Águas, Rogério Pipi, Manuel Vasques, Matateu e
Albano numa derrota com a Argentina no Jamor (1-3).
Em 1953-54 representou o Benfica
e nos dois anos seguintes voltou ao Estoril
para atuar na II Divisão. Depois vestiu as camisolas de Atlético e Vitória
de Guimarães antes de encerrar a carreira.
3. Vieirinha (160 jogos)
Vieirinha |
Histórico defesa direito do Estoril,
nasceu em Cascais
e fez toda a formação no clube, estreando-se na equipa sénior em 1969-70, ainda
na III Divisão. Paralelamente, foi uma vez internacional sub-18.
Num percurso de uma década na
equipa principal, contribuiu para uma escalada que culminaria na subida à I
Divisão em 1975, sagrando-se campeão nacional do segundo escalão ao vencer o Sp.
Braga. Seguiram-se três épocas entre a elite do futebol português, nas
quais disputou 75 jogos, 73 como titular, valorizando-se de tal maneira que o FC
Porto o contratou em 1978.
Após dois anos nas Antas – onde
foi campeão em 1978-79 - e um no Vitória
de Setúbal, voltou ao então recém-promovido Estoril
no verão de 1981. Em mais três épocas na I Divisão, participou em 85 encontros,
todos como titular, tendo apontado quatro golos: ao Penafiel
e ao Belenenses
em 1981-82 e ao Ginásio Alcobaça e ao Sp. Espinho em 1982-83.
Em 1984 não conseguiu evitar a
despromoção, tendo encerrada a carreira de amarelo
e azul na II Divisão, em 1985.
Viria a falecer em novembro de
2018, aos 67 anos, vítima de doença prolongada.
2. Eloy (178 jogos)
Francisco Eloy |
Defesa nascido em Alhos Vedros,
concelho da Moita, estreou-se no futebol sénior em 1937-38 com a camisola do Barreirense.
Na época seguinte saltou para o Benfica,
onde permaneceu durante quatro temporadas, tendo conquistado um campeonato e
uma Taça
de Portugal de águia ao peito.
Ainda assim, mudou-se para o Estoril,
então na II Divisão, em 1942, e ficou no António
Coimbra da Mota durante quase década e meia, tendo passado oito anos no
patamar maior do futebol português. Em 1943-44 sagrou-se campeão nacional do
segundo escalão, ajudou os canarinhos
a chegar à final da Taça
de Portugal e na época seguinte disputou nove jogos na I Divisão.
Em 1945-46 voltou a competir na
II Divisão, sagrando-se mais uma vez campeão. Seguiram-se sete temporadas
consecutivas entre a elite do futebol português, nas quais disputou 169
partidas e marcou quatro golos: dois ao Lusitano
VRSA em 1949-50, um ao Sp.
Braga em 1950-51 e outro ao Salgueiros em 1951-52. Em 1947-48 ajudou os estorilistas
a obter o 4.º lugar no campeonato e nas três épocas seguintes e em 1952-53 foi
totalista na competição, cumprindo os 2340 minutos.
Em 1953 não evitou a despromoção,
mas continuou no clube mais alguns anos na II Divisão.
Após pendurar as botas trabalhou
na Sociedade Estoril,
tendo falecido em finais de 2000.
1. Alberto (182 jogos)
Alberto de Jesus |
Jogador polivalente, capaz de
jogar em quase todas as posições, iniciou a carreira no Benfica
em 1936-37, mas não chegou a estrear-se de águia ao peito e depois mudou-se
para o Belenenses,
clube que representou até 1941, quando se transferiu para o Estoril.
Na Amoreira
passou 12 temporadas, oito das quais na I Divisão. Sagrou-se campeão nacional
da II Divisão em 1941-42, 1943-44 e 1945-46 e chegou à final da Taça
de Portugal em 1943-44, tendo participado no jogo decisivo, que culminou
numa derrota expressiva ante o Benfica
(0-8).
Depois de 18 jogos e um golo (ao
Salgueiros) em 1944-45, disputou mais 164 encontros e apontou seis golos no
primeiro escalão entre 1946 e 1953, tendo faturado ao Olhanense
em 1946-47, ao Sporting,
Lusitano
VRSA e Académica em 1947-48, ao Atlético em 1948-49 e ao O Elvas em
1949-50.
Paralelamente, disputou dois
jogos pela seleção nacional AA em 1948, diante de Espanha e República da
Irlanda. No ano seguinte representou a seleção nacional B num encontro com a
congénere espanhola.
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