O antigo extremo de Farense e Salgueiros e pai de Gonçalo Ramos. Quem se lembra de Ramos?
Ramos foi 21 vezes internacional jovem português
Hoje, certamente que é mais
conhecido por ser o pai de Gonçalo Ramos. Mas na década de 1990 foi um jogador
importante no futebol luso, 21 vezes internacional jovem português e com 93
jogos na I
Divisão.
Natural de Moura, começou a jogar
futebol nas escolinhas do Amarelejense em 1986-87, tendo ainda passado pelas
camadas jovens do Moura
antes de ingressar nos juvenis do Farense
em 1993-94. Em 1995, ainda com idade de
júnior, jogou pela primeira vez por uma equipa das quinas, a de sub-17, e
estreou-se na equipa principal dos leões
de Faro, tendo entrado nos minutos finais de uma derrota em casa às mãos do
Sporting
a 23 de setembro. Em fevereiro do ano seguinte disputou mais um jogo, uma
derrota na Luz
ante o Benfica
para a Taça
de Portugal. Extremo direito franzino, mas
muito rápido e com qualidade técnica, foi ganhando paulatinamente o seu espaço
no plantel do Farense
nas épocas que se seguiram, enquanto ia somando internacionalizações pelas
seleções de sub-20 e sub-21.
Em 1997-98, após um verão no qual participou no Torneio de Toulon, viveu a
melhor temporada da carreira, tendo apontado sete golos em 27 jogos (13 como
titular) em todas as competições, um deles ao Sporting
em Alvalade
e outro numa receção ao FC
Porto.
Depois de uma época menos
produtiva, despediu-se dos algarvios
ao fim de 69 encontros e dez remates certeiros em quatro anos e reforçou o Salgueiros
no verão de 1999, mas não jogou tanto como esperaria, conseguindo apenas atuar
em 27 partidas e marcar três golos no espaço duas temporadas.
A 27 de maio de 2001, a poucas
semanas do nascimento do filho Gonçalo Ramos, jogou pela última vez na I
Liga, aos 23 anos, iniciando bastante cedo a fase descendente da carreira.
Em 2001-02 ainda competiu na II
Liga ao serviço da Ovarense,
mas depois continuou o seu percurso em emblemas algarvios longe das divisões
profissionais, nomeadamente Lagoa,
Quarteirense
e Almancilense. “Em cada golo do Gonçalo pensei
no seu pai, um ex-futebolista profissional que ontem chorou a cada golo do seu
filho pródigo. Eu vi jogar Manuel Ramos. Era pequenino, muito mexido, rápido e
agressivo. Jogava sempre pelo lado direito, marcava golos e entusiasmou durante
três ou quatro épocas os adeptos do Farense.
Muito jovem, e já na primeira
divisão, não faltava quem apostasse no seu sucesso. Nas bancadas do São
Luís houve quem dissesse que o Ramos poderia chegar muito longe, quem sabe ao Benfica,
ao FC
Porto ou ao Sporting,
quem sabe ter uma carreira no estrangeiro, o céu era o limite para aquele
pequeno alentejano da Amareleja.Manuel
cresceu na ideia de que poderia vir a ganhar muito dinheiro no futebol.Nessa esperança teve os seus filhos.Nessa esperança nasceu Gonçalo. Foi uma
triste coincidência pois os sonhos do pai começaram a desvanecer-se por essa
altura. Foi desaparecendo dos olhares.Deixou de jogar na I
Divisão. Deixou de ganhar o dinheiro que um dia pareceu poder estar ao seu
alcance.Teve de se fazer à vida,
arranjar outros trabalhos, zelar para que a sua família, os seus filhos, para
que o pequeno Gonçalo não tivesse que passar por necessidades.O Manuel teve sucesso.Nunca lhes faltou nada”, escreveu
o escritor Luís Osório em dezembro de 2022.
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