sexta-feira, 9 de maio de 2025

O antigo extremo de Farense e Salgueiros e pai de Gonçalo Ramos. Quem se lembra de Ramos?

Ramos foi 21 vezes internacional jovem português
Hoje, certamente que é mais conhecido por ser o pai de Gonçalo Ramos. Mas na década de 1990 foi um jogador importante no futebol luso, 21 vezes internacional jovem português e com 93 jogos na I Divisão.
 
Natural de Moura, começou a jogar futebol nas escolinhas do Amarelejense em 1986-87, tendo ainda passado pelas camadas jovens do Moura antes de ingressar nos juvenis do Farense em 1993-94.
 
Em 1995, ainda com idade de júnior, jogou pela primeira vez por uma equipa das quinas, a de sub-17, e estreou-se na equipa principal dos leões de Faro, tendo entrado nos minutos finais de uma derrota em casa às mãos do Sporting a 23 de setembro. Em fevereiro do ano seguinte disputou mais um jogo, uma derrota na Luz ante o Benfica para a Taça de Portugal.
 
Extremo direito franzino, mas muito rápido e com qualidade técnica, foi ganhando paulatinamente o seu espaço no plantel do Farense nas épocas que se seguiram, enquanto ia somando internacionalizações pelas seleções de sub-20 e sub-21. Em 1997-98, após um verão no qual participou no Torneio de Toulon, viveu a melhor temporada da carreira, tendo apontado sete golos em 27 jogos (13 como titular) em todas as competições, um deles ao Sporting em Alvalade e outro numa receção ao FC Porto.
 
 
Depois de uma época menos produtiva, despediu-se dos algarvios ao fim de 69 encontros e dez remates certeiros em quatro anos e reforçou o Salgueiros no verão de 1999, mas não jogou tanto como esperaria, conseguindo apenas atuar em 27 partidas e marcar três golos no espaço duas temporadas.
 
 
A 27 de maio de 2001, a poucas semanas do nascimento do filho Gonçalo Ramos, jogou pela última vez na I Liga, aos 23 anos, iniciando bastante cedo a fase descendente da carreira. Em 2001-02 ainda competiu na II Liga ao serviço da Ovarense, mas depois continuou o seu percurso em emblemas algarvios longe das divisões profissionais, nomeadamente Lagoa, Quarteirense e Almancilense.
 
“Em cada golo do Gonçalo pensei no seu pai, um ex-futebolista profissional que ontem chorou a cada golo do seu filho pródigo. Eu vi jogar Manuel Ramos. Era pequenino, muito mexido, rápido e agressivo. Jogava sempre pelo lado direito, marcava golos e entusiasmou durante três ou quatro épocas os adeptos do Farense. Muito jovem, e já na primeira divisão, não faltava quem apostasse no seu sucesso. Nas bancadas do São Luís houve quem dissesse que o Ramos poderia chegar muito longe, quem sabe ao Benfica, ao FC Porto ou ao Sporting, quem sabe ter uma carreira no estrangeiro, o céu era o limite para aquele pequeno alentejano da Amareleja.  Manuel cresceu na ideia de que poderia vir a ganhar muito dinheiro no futebol.  Nessa esperança teve os seus filhos.  Nessa esperança nasceu Gonçalo. Foi uma triste coincidência pois os sonhos do pai começaram a desvanecer-se por essa altura. Foi desaparecendo dos olhares.  Deixou de jogar na I Divisão. Deixou de ganhar o dinheiro que um dia pareceu poder estar ao seu alcance.  Teve de se fazer à vida, arranjar outros trabalhos, zelar para que a sua família, os seus filhos, para que o pequeno Gonçalo não tivesse que passar por necessidades.  O Manuel teve sucesso.  Nunca lhes faltou nada”, escreveu o escritor Luís Osório em dezembro de 2022.







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