Dez jogadores que dignificaram o Belenenses na II Liga |
Fundado a 23 de setembro
de 1919 depois de entusiásticas reuniões num banco de jardim na
zona de Belém, o Clube
de Futebol “Os Belenenses” pouco tempo depois da extinção
daquele que viria a ser o seu gene aglutinador, o Sport União
Belenense.
Rapidamente os azuis
se tornaram num dos principais emblemas do futebol português. Na
década de 1920 iniciaram um percurso que os levaria à conquista de
seis Campeonatos de Lisboa (1925-26, 1928-29, 1929-30, 1931-32,
1943-44 e 1944-45) e três Campeonatos de Portugal (1926-27, 1928-29
e 1932-33).
Entretanto foi criada a I
Divisão e o emblema
da Cruz de Cristo continuou a perfilar-se como um candidato aos
primeiros lugares. Em 1945-46 sagrou-se mesmo campeão nacional,
tendo ainda concluído a prova em 2.º lugar em quatro ocasiões
(1936-37, 1944-45, 1954-55 e 1972-73) e na 3.ª posição por 14
vezes (1939-40, 1940-41, 1941-42, 1942-43, 1946-47, 1947-48, 1948-49,
1952-53, 1955-56, 1956-57, 1958-59, 1959-60, 1975-76 e 1987-88) ao
longo de 77 presenças – a última aqui considerada é a de
2017-18, antes de cisão definitiva entre clube e SAD.
Em termos de II
Liga, o Belenenses
soma cinco participações, tendo conquistado o título de campeão
em 2012-13 e subido à I
Liga enquanto segundo classificado em 1991-92 e 1998-99.
Paralelamente, os azuis
do Restelo conquistaram a Taça
de Portugal por três vezes, em 1941-42, 1959-60 e 1988-89, e
chegaram à final por mais cinco ocasiões (1939-40, 1940-41,
1947-48, 1985-86 e 2006-07).
10. Kay (35 jogos)
Kay |
Disputou o mesmo número
de jogos de Nélson Lenho, mas amealhou mais 168 minutos em campo –
3105 contra 2937.
Defesa central
cabo-verdiano
formado no Benfica
ao lado de Tiago Pinto, Miguel Vítor, Sílvio e Miguel
Rosa, passou pelos seniores de Tourizense, Tabuense, Mineiro
Aljustrelense e Operário Lagoa antes de ingressar no Belenenses
no verão de 2012.
Na primeira época no
Restelo atuou em 35 partidas (todas como titular) na II
Liga e apontou cinco golos, diante de Oliveirense,
Freamunde, Feirense,
Sporting
B e Trofense,
contribuindo para a conquista do título de campeão do segundo
escalão e para a caminhada até às meias-finais da Taça
de Portugal. Paralelamente, estreou-se pela seleção
principal de Cabo Verde.
Em 2013-14 acompanhou os
azuis
no regresso à I
Liga, transferindo-se no final dessa temporada para os romenos do
Universitatea Craiova.
9. Mourtala Diakité (35 jogos)
Mourtala Diakité |
Defesa central/médio
defensivo maliano de elevada estatura (1,88 m), entrou no futebol
português pela porta do Beira-Mar,
tendo ainda passado por Boavista
e pelos romenos do Dínamo Bucareste antes de ingressar pela primeira
vez no Belenenses
a meio da época 2008-09.
Se na primeira temporada
no Restelo a despromoção à II
Liga foi revertida na secretaria, em 2009-10 viu mesmo consumada
a descida de divisão, apesar de ter passado a segunda metade dessa
época no Marítimo.
Após uma passagem pelo
futebol
chinês, regressou ao emblema
da Cruz de Cristo em 2012-13 para participar em 35 encontros
(todos como titular) no segundo
escalão e apontar cinco golos, frente a União da Madeira,
Tondela
(dois), Freamunde e Feirense,
contribuindo para a conquista do título de campeão da II
Liga e para a caminhada até às meias-finais da Taça
de Portugal.
Haveria de permanecer no
clube até janeiro de 2014, quando se transferiu para o Benfica de
Luanda.
8. Tiago Silva (37 jogos)
Tiago Silva |
Médio que passou pelas
camadas jovens do Benfica
mas que concluiu a formação no Belenenses,
transitou para a equipa principal em 2012-13.
Nessa temporada
afirmou-se de imediato na equipa principal então comandada por
Mitchell van der Gaag, tendo atuado em 37 partidas (36 a titular) na
II
Liga e apontado quatro golos, diante de Santa
Clara, Tondela,
Penafiel
e Atlético,
ajudando os azuis
do Restelo a sagrarem-se campeões nacionais do segundo
escalão e a chegarem às meias-finais da Taça
de Portugal. Paralelamente, tornou-se internacional sub-20
português, tendo em 2013 participado no Torneio de Toulon e no
Campeonato do Mundo da categoria.
Haveria de permanecer
vinculado ao emblema
da Cruz de Cristo até 2018, mas passou os últimos dois anos
emprestado ao Feirense.
Entretanto, tornou-se internacional sub-21 e olímpico, tendo marcado
presença nos Jogos do Rio em 2016.
7. Abel Camará (38 jogos)
Abel Camará |
Avançado que dividiu a
formação entre Real
SC, Oeiras
e Belenenses,
foi convocado pela primeira vez para a equipa principal em maio de
2009, por Rui Jorge, quando ainda era júnior.
Na temporada seguinte foi
emprestado ao Estrela
da Amadora, então na II Divisão B, regressando ao Restelo em
2010-11.
Entre agosto de 2010 e
janeiro de 2012 totalizou 38 partidas (23 a titular) e oito golos na
II
Liga, tendo depois sido emprestado ao Beira-Mar
até junho de 2013. Paralelamente, tornou-se internacional sub-21 por
Portugal, ainda que mais tarde tivesse optado por representar a
seleção
principal da Guiné-Bissau.
Em 2013-14 esteve cedido
aos romenos do Petrolul Ploiesti, tendo voltado a representar o
emblema
da Cruz de Cristo entre 2014 e 2017, ainda que com um empréstimo
aos sauditas do Al-Faisaly pelo meio. Em 2014-15 contribuiu para o
apuramento para a Liga
Europa.
Apesar da longa ligação
ao clube de Belém, a relação não teve um final feliz. “Esta é
a minha oitava época de ligação ao Os
Belenenses. Cheguei em 2008, para o escalão de juniores, para
uma equipa que, treinada pelo atual selecionador de sub-21, ficou em
terceiro lugar na zona Sul do campeonato nacional. Desde então,
servi a equipa sénior, na primeira e na segunda divisão, e estive
cedido a outros clubes (…). E a verdade é que aguentei muito.
Desde a época em que regressei da cedência ao Petrolul, em 2014-15.
Nessa temporada, convém recordar, conseguimos o apuramento para a
Liga
Europa, mas também não me esqueço de que fui insultado logo no
primeiro jogo de preparação, contra o Oriental.
O grupo e toda a estrutura, liderada pela presidente Rui Pedro
Soares, não deixaram que um pequeno grupo de gente que se assume
como anti-Belenenses
SAD me incomodasse ou desestabilizasse a equipa e, pouco a pouco,
fomos superando o sucedido”, contou num comunicado divulgado em
maio de 2017.
“Este ódio por parte
dessa pequena fação vem da época 2011/12. No final de um jogo
contra o Sp. Covilhã, alguns adeptos manifestaram a sua legítima
insatisfação, mas houve então um grupo que resolveu rodear e
insultar a mãe do nosso capitão da altura, Sérgio Barge. Nesse
momento resolvi intervir, separei as pessoas e acalmei a situação,
tendo posteriormente sido acusado de ter agredido esses adeptos. Até
hoje, contudo, ninguém o provou nem apresentou queixa. Se tivesse
havido incorreto da minha parte, por que não teriam apresentado
queixa? Na semana seguinte, jogámos contra o Trofense
e infelizmente perdemos. No final do encontro, e como sempre sucede -
como sucedeu, de resto, no último domingo -, alguns dos meus
familiares e amigos aguardaram a minha saída do estádio. Mais uma
vez, um grupo de adeptos acusou-os de agressão e de terem mostrado
facas e armas. Até hoje, mais uma vez, ninguém o provou nem
apresentou queixa. E após cada jogo no Restelo os mesmos familiares
e amigos continuam a aguardar a minha saída, exatamente no mesmo
local”, prosseguiu.
“Infelizmente, por
razões que realmente me ultrapassam e que até hoje não consigo
entender, a situação tomou outros caminhos e um pequeno grupo de
desordeiros espera sempre uma falha minha para me atacar e
desestabilizar, como voltou a acontecer no jogo deste domingo, contra
o Paços
de Ferreira. Não conseguem, desde logo porque serão sempre mais
os que me apoiam dos que os que me assobiam. E porque tenho uma
personalidade forte e saio sempre de cabeça erguida, seja de um jogo
ou de um treino, e com a consciência de tudo ter dado pelo
Belenenses.
Este domingo, à saída do estádio, quando esperava a minha
companheira, deparo-me com um grupo de desordeiros a insultar-me e a
tentar agredir-me. Um deles tentou inclusivamente agredir a minha
companheira, que está grávida. E isso eu não admito”, afirmou o
atacante, que disse estar de consciência tranquila.
6. Matt Jones (41 jogos)
Matt Jones |
Guarda-redes inglês
formado no West Bromwich e com passagem pelo futebol norte-americano,
entrou no futebol português pela porta do Santa
Clara, tendo ainda passado pelo União da Madeira antes de
ingressar no Belenenses
no verão de 2012.
Na primeira temporada no
Restelo atuou em 41 encontros e sofreu 40 golos na II
Liga, contribuindo para a conquista do título de campeão da
segundo
escalão e para a caminhada até às meias-finais da Taça
de Portugal. Os bons desempenhos valeram-lhe o prémio de melhor
guarda-redes da II
Liga em 2012-13.
Haveria de permanecer na
equipa até junho de 2015, tendo ainda sido emprestado a Tondela
e Philadelphia Union antes de terminar a ligação contratual ao
clube.
5. Arsénio (42 jogos)
Arsénio |
Extremo que jogou na
formação do FC
Porto, fez a estreia no futebol sénior ao serviço do Padroense,
chegou a jogar pelo Marítimo e passou pelo Ribeirão antes de
assinar pelo Belenenses
no verão de 2012.
Na primeira época no
Restelo participou em 42 encontros (27 a titular) na II
Liga e apontou cinco golos, frente a Feirense,
FC
Porto B, Marítimo, Arouca
e Benfica
B, contribuindo para a conquista do título de campeão da segundo
escalão e para a caminhada até às meias-finais da Taça
de Portugal.
Na temporada seguinte
continuou no plantel azul, mas foi perdendo espaço e acabou por ser
emprestado ao Moreirense,
clube pelo qual viria a assinar em 2014-15 a título definitivo.
4. Miguel Rosa (57 jogos)
Miguel Rosa |
Médio ofensivo formado
ao Benfica,
chegou ao Belenenses
emprestado pelas águias
no verão de 2010, já após ter estado cedido a Estoril
e Carregado.
Em duas épocas no
Restelo amealhou 57 partidas (56 a titular) e 17 golos na II
Liga, registo que faz dele o melhor marcador de sempre dos azuis
no segundo
escalão. Em 2010-11 foi eleito melhor jogador da II
Liga, ao passo que na temporada que se seguiu foi designado
futebolista revelação. “Foram anos maravilhosos”, recordou ao
portal
do clube em agosto de 2013.
Entretanto regressar aos
encarnados, mas haveria de voltar a envergar a camisola do Belenenses
entre 2013 e 2017 na I
Liga. “Tinha alguns amigos, entre os quais o Daniel Martins, o
Fernando Ferreira e o Fredy, a dizerem que me queriam ter como colega
de equipa. Isso também foi importante para mim”, contou na altura.
Em janeiro de 2018, numa
altura em que vinha a ser cada vez menos utilizado, transferiu-se
para o Cova
da Piedade. “'Quando eu estiver a morrer , não me levem ao
hospital , levem-me a Anfield , ali nasci e ali morrerei', Nunca esta
frase de Steven Gerrard quando deixou o Liverpool
fez tanto sentido para mim. Hoje é o dia em que digo 'até já' a
toda a nação Belenenses.
A grande questão aqui é que mais do que a minha nação, o
Belenenses
é a minha família e a família da minha família. Digo até já e
não adeus porque, e citando as mesmas palavras que Buffon usou para
a sua nação Italiana, sou um soldado e Belém é a minha pátria,
um soldado não deserta e quando me chamarem direi presente! O
futebol é feito de ciclos mas tenho a certeza que esta ligação não
tem sequer ciclos mas sim uma linha de continuidade emocional
infinita. É com a minha filha Carolina Rosa, sócia 7838 do
Belenenses,
ao colo que escrevo estas palavras, é a olhar para todos os troféus
individuais e conquistas coletivas que escrevo estas palavras. Foram
198 jogos, 45 golos, subidas de divisão, manutenções, uma média
de 30 batalhas por ano com a Cruz de Cristo ao peito”, escreveu no
Facebook
na hora da despedida.
“Tinha o sonho de
atingir o numero de 200 jogos com a camisola deste enorme clube. Por
uma questão pura e única de gestão de carreira não o farei esta
época. Mas mesmo hoje tenho a certeza que um dia o farei. Não sei
se o Belenenses
foi o meu primeiro amor mas é claramente o amor da minha vida. Aqui
fiz-me homem, aqui cresci, aqui chorei, aqui fui feliz, aqui vivi. Ao
longo dos anos, muitos me perguntavam porque não aceitava as
propostas de outros clubes nacionais e internacionais, propostas onde
poderia ganhar 10 vezes mais financeiramente. Se pensei nelas? Claro.
Se hesitei na hora de decidir? Nunca. Sempre que a cada manhã
chegava ao Restelo e sentia toda a história e mística do clube
percebi cedo que a efemeridade não tem preço. Pertencer ao legado
de lendas como Matateu, Vicente ou Pepe... esse era o contrato da
minha vida, essa era a minha cadeira de sonho. Quando se falava em
ídolos, esses são os meus. Não consegui atingir certamente tão
lendário estatuto mas dei o meu melhor e fiz desse objetivo e
privilégio a minha grande ambição e fonte de inspiração. (...)
Orgulho em ser Belenenses
para sempre'. Miguel
Rosa, sócio número 7839”, concluiu.
3. Fernando Ferreira (63 jogos)
Fernando Ferreira |
Médio internacional
sub-18 português natural de Viseu e formado no Sporting
ao lado de Miguel Veloso, Silvestre Varela, João
Moutinho, Yannick
Djaló e Nani, passou por clubes como Casa
Pia, Sp. Espinho, Real
SC, Académico
de Viseu e Tondela
antes de ingressar no Belenenses
no verão de 2011.
Nas duas primeiras épocas
no Restelo amealhou 63 encontros (62 a titular) e onze golos na II
Liga, contribuindo para a conquista do título de campeão da
segundo
escalão e para a caminhada até às meias-finais da Taça
de Portugal em 2012-13.
Após a promoção à I
Liga permaneceu mais um ano no clube, rumando depois ao Marítimo,
numa altura em que treinava à parte.
2. Fredy (64 jogos)
Fredy |
Extremo angolano
que começou a jogar futebol nos Pescadores
da Costa de Caparica, ingressou nos infantis do Belenenses
em 2001-02, tendo transitado para a equipa principal em 2008-09,
quando ainda era júnior, na altura para jogar na I
Liga.
Embora não tivesse
conseguido impedir a despromoção à II
Liga em 2010, os bons desempenhos rapidamente lhe valeram a
chamada à seleção portuguesa de sub-21.
Entre 2010 e 2013
amealhou 64 partidas (52 a titular) e 12 golos no segundo
escalão, ajudando os azuis
do Restelo a sagrarem-se campeões nacionais da II
Liga e a chegarem às meias-finais da Taça
de Portugal em 2012-13. Pelo meio, esteve emprestado ao
Recreativo do Libolo no primeiro semestre de 2012, tendo conquistado
o campeonato
de Angola.
Após a promoção à I
Liga permaneceu mais um ano e meio em Belém, tendo regressado ao
Recreativo do Libolo em janeiro de 2015, numa altura em que já
tinha se tinha estado pela seleção principal de Angola.
Em 2017-18 regressou ao
Belenenses
e permaneceu meio ano na B SAD após a cisão entre clube e SAD dos
azuis.
1. Duarte Machado (74 jogos)
Duarte Machado |
Defesa
lateral capaz de jogar em ambos os corredores, jogou na formação do
Sporting
ao lado de Beto,
José Fonte, Miguel
Garcia, Hugo Viana, Ricardo
Quaresma e Cristiano
Ronaldo, teve de procurar a sorte nas divisões secundárias
assim que transitou a sénior. Depois de vestir as camisolas de União
de Santiago, Casa
Pia, Olivais e Moscavide e Fátima,
ingressou no Belenenses
no verão de 2010.
Em
três anos ao serviço dos azuis
do Restelo totalizou 74 jogos (70 a titular) na II
Liga, contribuindo para a conquista do título de campeão da
segundo
escalão e para a caminhada até às meias-finais da Taça
de Portugal em 2012-13.
Após
a promoção à I
Liga permaneceu mais um ano no clube, rumando depois ao
Olhanense.
"Ao jogador agradecemos o seu profissionalismo nas quatro épocas
em que representou o clube e os mais de cem jogos que disputou em
defesa do nosso emblema. Desejamos o maior sucesso na sua carreira e
no seu futuro, certos que teremos sempre um lugar no seu coração",
escreveu o emblema
da cruz de Cristo no Facebook, num mensagem de despedida.
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