sexta-feira, 21 de maio de 2021

Os 9 guarda-redes que marcaram golos na I Divisão portuguesa

Os nove guarda-redes que conseguiram marcar golos na I Divisão
De baliza a baliza, numa ida desesperada à área adversária ou na conversão de uma bola parada. Ver um guarda-redes a marcar um golo é raríssimo, mas aconteceu por 13 vezes durante as 86 edições da I Divisão portuguesa.

Feitas as contas, em média acontece uma vez em seis anos e meio, embora essa seja uma façanha que já não se assiste há mais de 16 anos, desde 7 de março de 2004. O primeiro, esse, remonta a 23 de março de 1958.

Olhando para a lista de guardiões que faturaram no campeonato português, dois fizeram-no por… três vezes. Ou seja, esses dois guarda-redes marcaram tantos golos na I Liga lusa quanto… Cristiano Ronaldo em 28 jogos.

Os clubes que beneficiaram com golos de guarda-redes foram Beira-Mar e União de Leiria, ambos com três a seu favor. Por outro lado, Sporting e Benfica nunca tiveram essa sorte. Em sentido contrário, o Sp. Braga foi o clube mais vitimado por esta raridade, tendo sofrido dois golos.

Vale por isso a pena recordar a restrita lista de guarda-redes que marcaram golos na I Divisão, por ordem cronológica.


Acúrcio

Acúrcio
Belenenses 1-3 FC PORTO (23 de março de 1958)
O jogo que marcou a primeira vitória de sempre do FC Porto no terreno do Belenenses. Depois de um autogolo de Mário Paz ter adiantado os portistas logo aos dois minutos, pouco depois o guarda-redes dos dragões, Acúrsio, surpreendeu tudo e todos com um remate de baliza a baliza.
“Coube a Acúrsio o golpe do desafio. Recebendo a bola dum colega, bateu o esférico com um pontapé longo. José Pereira saiu, e foi, de novo surpreendido, não tendo Jaburu tocado sequer na bola. Um golpe raríssimo”, podia ler-se na crónica da revista Sport Ilustrado.
No mesmo jogo, o guardião fraturou um braço e foi assim que defendeu a baliza dos azuis e brancos durante a última meia hora.

Recorte do Sport Ilustrado


Dinis Vital

Dinis Vital
LUSITANO ÉVORA 3-0 Barreirense (26 de setembro de 1965)
Foi preciso esperar mais sete anos para se assistir a um golo de um guarda-redes na I Divisão. Logo à 3.ª jornada do campeonato de 1965-66, o Lusitano Évora obteve o primeiro triunfo da temporada através de uma entrada sensacional na receção ao Barreirense.
Depois de Coró ter inaugurado o marcador logo no primeiro minuto, o guardião Dinis Vital surpreendeu tudo e todos logo a seguir. “O lance foi curioso. Vital pôs a bola em jogo com um longo pontapé que a levou à baliza do Barreirense. Bráulio pretendeu socá-la e deu-lhe o caminho da rede!”, descreveu o Diário de Notícias.

Recorte do Diário de Notícias


Bento

Manuel Bento
BARREIRENSE 4-1 Académica (4 de janeiro de 1970)
Se em 1965 o Barreirense sofreu um golo de baliza a baliza, cinco anos depois foi beneficiado por um, apontado pelo lendário Manuel Bento, então um jovem de 21 anos a dar os primeiros passos no emblema do Barreiro. Numa fase em que o jogo com a Académica estava empatado a um golo, o futuro guardião do Benfica encheu o pé e bateu Viegas.
“Um golo invulgaríssimo: depois de ter encaixado a bola, o guarda-redes do Barreirense bateu-a no solo e, perto do limite frontal da sua grande área, pontapeou-a, com muita força, na direção do meio-campo antagonista. Talvez até por influência do vento, o esférico foi cair na linha média da Académica – e com tal força que nenhum jogador de qualquer dos lados tentou disputá-lo. Pareceu, pois, que ele iria ser recolhido por Viegas, que, entretanto, abandonara as suas redes, saindo ao encontro da bola. Mas Viegas adiantou-se demais e, apenas com aquele toque no terreno, a bola passou-lhe por cima, muito por cima, e entrou nas balizas da briosa, dando origem a grandes manifestações de regozijo dos jogadores barreirenses, para com o seu feliz guarda-redes”, descreveu o jornal A Bola.

Caricatura do golo de Manuel Bento


Azevedo

Carlos Azevedo
Sp. Espinho 1-3 ORIENTAL (16 de março de 1975)
Num jogo entre duas equipas na cauda da tabela classificativa, o fator surpresa e o vento sopraram a favor do Oriental, que se colocou em vantagem à passagem do quarto de hora por intermédio de um golo do seu guarda-redes.
“Azevedo e o vento e depois o alento”, era o título da crónica do jogo no Diário de Notícias. “Colocando a bola na frente com um pontapé longo e beneficiando do vento o keeper do Oriental acabou por marcar o primeiro golo da partida, uma vez que Aníbal deixou que o esférico batesse junto à baliza à sua guarda, tocando-lhe já sobre a linha de golo de encontro à barra, acabando por entrar”, podia ler-se na descrição do golo.

Recorte do Diário de Notícias


Quim

Quim
BEIRA-MAR 1-0 Tirsense (18 de março de 1990)
Foi preciso esperar mais 15 anos para assistir a novo golo apontado por um guarda-redes na I Divisão. O obreiro do feito foi Quim, guardião do Beira-Mar que antes do jogo até teve de passar por um momento caricato, tendo sido obrigado a trocar de camisola – uma verde por outra azul celeste - por imposição do árbitro Sepa Santos.
Depois, ao 41.º minuto da primeira parte, teve lugar o momento alto da tarde. “Aconteceu o insólito. O guarda-redes Quim (Beira-Mar) marcou um golo ao seu colega da baliza contrária, Lúcio, do Tirsense. Lance que deu a vitória aos aveirenses, tornando-se necessário recuar muito no tempo para se constatar situação semelhante”, escreveu o Diário de Notícias.



Guy Hubart

Guy Hubart
ESTRELA DA AMADORA 1-1 Desp. Chaves (29 de dezembro de 1994)
Foi preciso esperar seis décadas desde a implementação da I Divisão para se registar um golo de um guarda-redes sem ser de baliza a baliza. E também não foi na conversão de uma grande penalidade ou de um livre direto, mas sim de cabeça. Nunca mais aconteceu tal coisa no campeonato português.
A façanha foi da autoria do belga Guy Hubart, que nos últimos minutos de uma receção do Estrela da Amadora ao Desp. Chaves, face à desvantagem da sua equipa, subiu à área adversária num pontapé de canto e saltou ao segundo poste mais alto do que toda a gente para dar o empate aos amadorenses, então orientados por Fernando Santos.



Miroslav Zidnjak

Miroslav Zidnjak
UNIÃO DE LEIRIA 2-0 Marítimo (26 de janeiro de 1997)
Pela primeira vez, um guarda-redes marcou mais do que um golo na I Divisão. No caso deste croata, foram três, todos na mesma temporada, no espaço de pouco mais de um mês, e obtidos de grande penalidade, também algo inédito.
Neste jogo frente ao Marítimo, faltavam quinze minutos para o fim e os leirienses apenas venciam por 1-0, mas Zidnjak deixou a sua baliza deserta para marcar na dos madeirenses.
UNIÃO DE LEIRIA 2-3 Vitória de Guimarães (16 de fevereiro de 1997)
Miroslav Zidnjak tomou-lhe o gosto. Numa altura em que os leirienses perdiam por 1-2 e faltavam apenas cerca de 15 minutos para jogar, o treinador Quinito não voltou a hesitar e escolheu o seu guarda-redes para bater o penálti. E o croata voltou a converter em golo.
UNIÃO DE LEIRIA 1-2 Sp. Braga (2 de março de 1997)
Como não há duas sem três, Zidnjak marcou o terceiro golo nessa época no espaço de pouco mais de um mês – nem Cristiano Ronaldo fez melhor em 2002-03, a única temporada do internacional português na I Liga portuguesa. Nesta receção ao Sp. Braga, inaugurou o marcador pouco depois da hora de jogo. O problema foi que depois sofreu dois golos.


Palatsi

Jerôme Palatsi
Sp. Braga 3-3 BEIRA-MAR (17 de dezembro de 2000)
Mais um guarda-redes do Beira-Mar em evidência, dez anos depois de Quim. Os aveirenses perdiam por 2-0 em Braga quando o guardião francês aproveitou a ausência de Lobão e foi chamado a bater uma grande penalidade, tendo-a convertido em golo. Um golo que ajudou a formação de Aveiro a sair do Minho com pontos.
BEIRA-MAR 3-1 União de Leiria (7 de janeiro de 2001)
Na jornada seguinte, mais um golo. Quantos guarda-redes marcaram golos em jornadas consecutivas na I Liga portuguesa? Um: Jerôme Palatsi. Com os aveirenses a vencer em casa por 1-0, o guardião francês foi novamente chamado a converter um penálti à passagem da meia hora e voltou a marcar, dilatando a vantagem.
“A única ciência que existe é partir para o lance concentrado e de cabeça fria. Tudo o resto é secundário. Quando fui para marcar, tentei esquecer tudo. Olhei para o guarda-redes para ver o que ele fazia e procurei rematar forte. Como consegui, hoje o mister voltou a depositar confiança em mim. Nos treinos costumo marcar alguns penalties”, afirmou depois do encontro.
Moreirense 1-1 VITÓRIA DE GUIMARÃES (7 de março de 2004)



Ricardo

Ricardo
BOAVISTA 1-0 Beira-Mar (9 de maio de 2003)
Na mente de todos os adeptos de futebol em Portugal está ainda o golo de Ricardo que se seguiu à defesa sem luvas no desempate por grandes penalidades entre a seleção nacional e a congénere inglesa no Euro 2004. Mas um ano antes, ainda no Boavista, o guarda-redes internacional português marcou o único golo oficial da sua carreira, convertendo um penálti na vitória caseira dos axadrezados sobre o Beira-Mar.



















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