Dez jogadores marcantes na história do Tondela |
Fundado a 6 de junho de 1933, o
Clube Desportivo de Tondela nasceu após dois clubes da então vila de Tondela, o
Tondela Foot-Ball Club e o Operário Atlético Clube, rivais que se entenderam
para dar origem a um clube mais grandioso e que adotaria as cores verde e
amarela do município.
Após três participações na III
Divisão Nacional ao longo da década de 1950, os beirões só se tornaram uma
presença assídua nas competições nacionais a partir do final dos anos 1970.
No entanto, foi já em pleno
século XXI que os tondelenses protagonizaram uma ascensão meteórica na
hierarquia do futebol português, uma vez que saíram da I Divisão Distrital da
AF Viseu em 2005 e atingiram a I
Liga dez anos depois, num percurso em que os auriverdes conquistaram os
títulos nacionais da III Divisão (2008-09) e da II
Liga (2014-15). No palmarés do autoproclamado “Maior das Beiras” constam
ainda cinco títulos distritais da AF Viseu (1940-41, 1941-42, 1949-50, 1985-86
e 2004-05).
A este percurso ascendente
seguiram-se sete participações consecutivas no primeiro
escalão, com o Tondela a obter em 2017-18 a melhor classificação da sua
história, o 11.º lugar.
Este trajeto entre a elite vai
ser interrompido este ano, com a descida à II
Liga. No entanto, foi também em 2022 que o clube viveu o melhor momento da
sua história, a presença na final da Taça
de Portugal – com derrota ante o FC
Porto no Jamor (1-3).
Numa altura em que está de
regresso à II
Liga, vale a pena recordar os dez jogadores com mais jogos pelo Tondela no segundo
escalão.
10. Boubacar (52 jogos)
Boubacar |
Possante médio defensivo
internacional pela Guiné-Conacri, entrou no futebol português pela porta do Pinhalnovense,
tendo ainda passado por Praiense e Gondomar, pelos turcos do Kartalspor e pelos
alemães do Karlsruher B antes de ingressar no Tondela no verão de 2012.
Em duas temporadas na Beira Alta
amealhou 52 jogos (43 a titular) e quatro golos na II
Liga, ajudando a consolidar os auriverdes no segundo
escalão.
Valorizado pelas boas campanhas
no clube, deu o salto para o Nacional,
então na I
Liga, em 2014. “A minha ligação contratual ao Tondela irá terminar, mas
jamais esquecerei este clube por tudo o que representou na minha carreira até
hoje, desde que assinei contrato. Para sempre serei um seguidor atento do
futuro do Tondela, que não tenho dúvidas que alcançará grandes feitos por toda
a organização que tem. Os amigos que fiz em Tondela ficarão para a vida e são
como minha família. Parto para um novo projeto, mas o Tondela faz parte de mim
e levo-vos no coração. Um grande abraço do Boubacar”, afirmou na hora da
despedida, citado pelas plataformas digitais dos tondelenses.
9. Tozé Marreco (67 jogos)
Tozé Marreco |
O melhor marcador de sempre do
Tondela na II
Liga, com 30 golos.
Carismático ponta de lança
natural de Miranda do Corvo, no distrito de Coimbra, e formado na Académica,
passou pelos holandeses do Zwolle, pelos espanhóis do Alavés,
pelos búlgaros do Lokomotiv Mezdra, pelos suíços do Servette e também por Pampilhosa,
Desp.
Aves, União da Madeira, Naval e Beira-Mar
antes de assinar pelo Tondela no verão de 2013.
Em meia época de auriverde
disputou 22 jogos (20 a titular) e apontou sete golos na II
Liga, diante de Sp.
Braga B, Marítimo, Oliveirense
(dois), Desp.
Chaves, Atlético
e Trofense,
até ser emprestado ao Olhanense,
então no primeiro
escalão, em janeiro de 2014.
Em 2014-15 voltou aos beirões e
fê-lo em grande estilo, ao apontar 23 golos (em 45 partidas, 42 das quais a
titular) que não só fizeram dele um dos melhores marcadores do campeonato – em
igualdade com Erivelto Silva, do Sp.
Covilhã -, mas que também ajudaram os tondelenses a alcançar a inédita
promoção à I
Liga. Leixões,
Académico Viseu, Feirense,
Marítimo B (dois golos), União da Madeira (três), Santa
Clara, Oriental
(dois), Farense
(dois), Beira-Mar
(dois), Desp.
Chaves, Sp.
Braga B, Trofense
(dois), Sporting
B, Vitória
de Guimarães B e Portimonense
(dois) foram as vítimas de Tozé Marreco.
Consumada a subida de divisão, o
avançado foi a pé de Miranda do Corvo a Fátima e depois transferiu-se para os
belgas do Mouscron. “Obviamente, é uma decisão muito difícil mas para mim fazia
sentido fechar este ciclo; o trabalho mais difícil e que era o objetivo
principal está feito- o Tondela está na I
Liga! Agradecer a todos os meus colegas e equipa técnica que me permitiram
ter esta época inesquecível. À estrutura do Tondela que sempre que confiou em
mim eu não deixei ficar mal. Aos adeptos, que sempre apoiaram, o meu obrigado”,
escreveu nas redes sociais, na hora da despedida.
8. Márcio Sousa (73 jogos)
Márcio Sousa |
Médio ofensivo que chegou a ser
uma das maiores promessas no futebol português, ao ponto de ser apelidado de
“Maradoninha” ou “Maradona de Guimarães”. Em
2003, saltou para a ribalta ao marcar em Viseu os dois golos a Espanha que
deram o título europeu de sub-17 a Portugal.
Porém, passou ao lado da carreira
que todos previam, tendo passado por FC
Porto B, Sp.
Covilhã, Vizela,
Rio Maior, Nelas, Penafiel
e Esmoriz antes de iniciar a ligação ao Tondela no verão de 2010, numa altura
em que os beirões militavam na II Divisão B. “O convite do Tondela apareceu um
pouco à semelhança do que recebi do Esmoriz no ano antes: eles ligaram-me e
conheciam-me porque na época anterior tinha jogado contra eles e chegámos a
acordo”, contou ao portal Conversas
Redondas em março de 2020.
Em 2011-12 ajudou os auriverdes a
subirem à II
Liga, patamar em que amealhou 73 partidas (54 a titular) e três golos pelo
clube ao longo de três temporadas, tendo contribuído para a promoção à I
Liga em 2015, numa fase em que até era bastante pouco utilizado.
"Comecei a perceber que o
Tondela não ambicionava ficar apenas pela II Divisão B, mas também tinha de ter
alicerces para a casa ficar perfeita. Assim foi. Criei laços e tenho por lá
pessoas que são praticamente família. Para mim, o presidente Gilberto Coimbra
foi o grande obreiro na chegada do clube à I
Liga. Foi um marco histórico, já que era um clube que poucos conheciam e,
de um momento para o outro, começou a ser falado", recordou ao jornal Record
em maio de 2022.
Após a inédita subida ao primeiro
escalão mudou-se para o Farense.
“É lógico que, na altura, fiquei com um pouco de mágoa porque achava que depois
de tudo o que fiz pelo clube merecia essa oportunidade de jogar na I
Liga. Mas por outro lado, são coisas do futebol e olho para isso de uma
forma natural. A vida é mesmo assim e o Tondela ficou no meu coração de igual
forma”, confessou.
7. Deyvison (73 jogos)
Deyvison |
Disputou o mesmo número de jogos
de Márcio Sousa, mas amealhou mais 1403 minutos em campo – 6252 contra 4849.
Defesa central brasileiro formado
no América Mineiro e recrutado aos turcos do Kartalspor, ingressou no Tondela
no verão de 2013.
Em duas temporadas na Beira Alta
amealhou 73 partidas (70 a titular) e três golos na II
Liga, ajudando os auriverdes a sagrarem-se campeões do segundo
escalão e a alcançarem uma inédita promoção ao primeiro
escalão.
Consumada a subida de divisão,
transferiu-se para o Marítimo.
6. Pica (80 jogos)
Pica |
Defesa central alentejano,
natural de Moura, e que concluiu a formação no Vitória
de Setúbal, passou por clubes como O
Elvas, Ribeirão, Varzim e Moreirense
antes de ingressar no Tondela no verão de 2011, numa altura em que o clube
militava na II Divisão B.
Na primeira época na Beira Alta,
por empréstimo do Moreirense,
contribuiu para a subida à II
Liga. Nas três temporadas que se seguiram totalizou 80 encontros (71 a
titular) e três golos no segundo
escalão, tendo contribuído para a inédita promoção ao primeiro
escalão em 2015.
Após a subida de divisão
permaneceu mais dois anos nos auriverdes. Em outubro de 2016, num jogo da Taça
da Liga frente ao Feirense,
foi guarda-redes durante cerca de um quarto de hora após a expulsão de Ricardo
Janota. “O Tondela é o clube que me tem dado mais alegria, mais estabilidade e
que me fez crescer em todos os sentidos, tanto como homem, como profissional.
Depois a parte social, o carinho que as pessoas do clube e os habitantes de
Tondela me têm dado ao longo destes anos tem um significado enorme para mim e
que vou guardar para sempre: este é o clube da minha vida e da minha carreira”,
afirmou em junho de 2016, após uma renovação de contrato.
No verão de 2017 transferiu-se
para o vizinho Académico Viseu.
5. Pedro Araújo (84 jogos)
Pedro Araújo |
Lateral esquerdo internacional
jovem português natural de Barcelos e formado no Sporting
ao lado de José Fonte, Cristiano
Ronaldo, João
Moutinho e Silvestre Varela, jogou na I
Liga ao serviço do Penafiel
e passou ainda por clubes como Olivais e Moscavide, Beira-Mar,
Gil
Vicente e Trofense
antes ingressar no Tondela no verão de 2012.
Em três temporadas ao serviço do
emblema beirão amealhou 84 partidas (82 a titular) e um golo (ao Arouca, em
janeiro de 2013) na II
Liga, contribuindo para a inédita promoção ao primeiro
escalão em 2015.
Após a subida de divisão
regressou ao Penafiel.
4. Tiago Barros (86 jogos)
Tiago Barros |
Médio canhoto nascido em Aveiro e
formado no Beira-Mar
que chegou a jogar pelos aurinegros
na I
Liga, assinou pelo Tondela no início de 2012, na altura para competir na II
Divisão B, tendo ajudado os beirões a ascender logo nesse ano à II
Liga.
Seguiram-se três temporadas em
que amealhou 86 jogos (53 a titular) e onze golos no segundo
escalão, contribuindo para a inédita promoção à I
Liga em 2015.
Consumada a subida de divisão,
transferiu-se para o Penafiel.
3. Cláudio Ramos (90 jogos)
Cláudio Ramos |
Talvez o jogador mais emblemático
de sempre do Tondela, pelos nove anos de casa, pelas defesas impossíveis que
ajudaram o clube a chegar à elite e manter-se por lá e por ser o único jogador
da história do emblema beirão a ser convocado à seleção principal portuguesa.
Natural do Touro, concelho de
Vila Nova de Paiva, concluiu a formação no Vitória
de Guimarães, que o catapultou para as seleções jovens, mas que não teve
espaço para ele na equipa principal. Após um empréstimo ao Amarante, Cláudio
Ramos foi cedido aos tondelenses em 2011-12 e, embora tivesse sido
maioritariamente suplente de Avelino, contribuiu nessa época para a promoção à II
Liga.
Seguiram-se três épocas no segundo
escalão, nas quais totalizou 90 encontros e 96 golos sofridos, ajudando os
auriverdes a subir à I
Liga em 2015.
Entre 2015 e 2020 foi um dos
esteios do Tondela, que com maior ou menor dificuldade foi conseguindo
assegurar a permanência no patamar
maior do futebol português. Só em 2015-16, quando teve a concorrência do
inglês Matt Jones, é que viu a titularidade verdadeiramente ameaçada. “Talvez
por também ser a minha região acabei por ficar sempre por aqui e ainda bem”,
assumiu o guardião, que detém o recorde de mais jogos consecutivos na I
Liga: 103.
Paralelamente, foi três vezes
convocado por Fernando Santos para compromissos da seleção nacional no segundo
semestre de 2018, tendo chegado a defrontar a Escócia em outubro desse ano.
No verão de 2020 deu o salto para
o FC
Porto. “Nove épocas, 267 jogos, muitas defesas e conquistas depois chegou a
hora de fazermos uma pausa na nossa ligação. Um até já porque sabemos que um
dia vamos voltar a encontrar-nos. Boa sorte para o futuro e obrigado por tudo
Cláudio”, escreveu o Tondela nas redes sociais, na hora da despedida.
2. Piojo (99 jogos)
Piojo |
Carismático avançado argentino
que fez praticamente toda a carreira em Portugal, passou por Portimonense,
Silves,
Atlético,
Imortal
e Benfica
Castelo Branco antes de ingressar no Tondela no verão de 2008.
Na primeira época na Beira Alta
festejou a primeira de três promoções, à II Divisão B. Três épocas depois, em
2011-12, saboreou a subida à II
Liga, mantendo o registo de mais de dez golos por temporada.
Já entre 2012 e 2015 totalizou 99
partidas (80 a titular) e 25 remates certeiros no segundo
escalão, contribuindo para a promoção à I
Liga.
No culminar deste percurso
ascendente, ainda fez a estreia no patamar
maior do futebol português em 2015-16, mas com menos utilização do que em
épocas anteriores.
1. Fábio Pacheco (108 jogos)
Fábio Pacheco |
Médio de características
defensivas formado no Paços
de Ferreira, foi sucessivamente emprestado pelos pacenses assim
que subiu a sénior, tendo passado por Rebordosa e Oliveirense
antes de ser cedido ao Tondela em 2011-12.
A primeira época correu tão bem,
com muitos minutos de jogo e a subida à II
Liga, que o centrocampista acabou por ficar na Beira Alta a título
definitivo a partir da temporada seguinte.
Entre 2012 e 2015 amealhou 108
encontros (97 a titular) e oito golos no segundo
escalão, ajudando os auriverdes a lograrem a inédita promoção à I
Liga.
Após a subida de divisão
transferiu-se para o Vitória
de Setúbal. "É com saudade que termino um ciclo de 4 anos num clube em que fui muito feliz. Cresci como jogador e como homem. Levo comigo amigos para a vida e o símbolo do Tondela no coração. Fico feliz por ter contribuído para o sucesso do clube e por termos conquistado o objetivo de chegar à I Liga. Aos adeptos um enorme obrigado por todo o carinho que sempre tiveram comigo, foram excecionais. O vosso apoio foi fundamental para que fizéssemos história. Continuem sempre unidos a apoiar a equipa, nada disto seria possível sem vocês! Obrigado a toda a estrutura do clube desde direção, posto médico, técnicos de equipamentos e funcionários por todos estes anos de alegrias, convivência e amizade. Um último agradecimento, não menos importante, ao grupo de trabalho, porque sem dúvida fomos todos uns campeões!", escreveu no Facebook na hora da despedida.
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