quarta-feira, 24 de dezembro de 2025

Hoje faz anos o major que foi presidente do Boavista e da Liga. Quem se lembra de Valentim Loureiro?

Valentim liderou os axadrezados entre 1978 e 1980 e entre 1983 e 1997
Excêntrico, arrojado e polémico, mas também versátil e pai de um Boavistão que se intrometeu entre os três grandes e veio a ganhar o título nacional em 2000-01. Foi militar, político, empresário e dirigente desportivo.
 
Nasceu a 24 de dezembro de 1938 em Calde, no concelho de Viseu, onde estudou na Escola Comercial e Industrial, mas foi na área metropolitana do Porto que ganhou notoriedade entre as décadas de 1970 e 2000.
 
Embora se tivesse matriculado no Instituto Comercial do Porto, acabou por ingressar na Academia Militar, onde terminou o Curso Superior de Administração Militar em 1959. Como oficial do Exército Português fez duas comissões de serviço em Angola, onde em 1965 foi implicado no Caso das Batatas, a sua primeira grande polémica. Em causa o roubo de rações (as tais “batatas”) do Exército para proveito próprio durante a Guerra Colonial, numa altura em que era capitão – ficou então conhecido como o “capitão das batatas”. Na sequência desse escândalo, foi expulso da vida militar, mas acabou reintegrado em 1980, tendo passado à situação de reserva com a patente de major.
 
Militante do Partido Social Democrata (PSD) desde 1974, ajudou a implementar o partido no norte do país, embora tivesse decidido apoiar Mário Soares nas duas candidaturas a Presidente da República, em 1986 e 1991. Em 1993 foi pela primeira vez eleito presidente da Câmara Municipal de Gondomar, tendo renovado os mandatos em 1997, 2001, 2005 e 2009, nas duas últimas ocasiões já sem o apoio do PSD, na sequência do seu envolvimento no processo Apito Dourado (já lá vamos…). Mais tarde, voltou a ser candidato independente às autárquicas de 2017, mas não foi além de um terceiro lugar.
 
 
Paralelamente, fez um longo percurso como dirigente desportivo, primeiro como presidente da direção do Boavista entre 1978 e 1980 e entre 1983 e 1997 – pelo meio, esteve no cargo Eduardo Taveira da Mota. Sob a sua liderança, os axadrezados venceram duas Taças de Portugal (1978-79 e 1991-92), outras tantas Supertaças (1979 e 1992), tendo ainda atingido a final da Taça em 1992-93 e os quartos de final da Taça UEFA em 1993-94.
 
Entretanto, foi eleito presidente da direção da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (e por inerência vice-presidente da Federação Portuguesa de Futebol) a 10 de fevereiro de 1989, tendo exercido o cargo até 1994. Voltou a desempenhar a função entre dezembro de 1996 e outubro de 2006.
 
Nesse âmbito, foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem do Mérito, por Mário Soares, a 18 de setembro de 1989, e condecorado com a Medalha de Mérito Desportivo, por Cavaco Silva, em 1990.
 
Pelo meio, foi Cônsul da Guiné-Bissau no Porto entre 1982 e 1999 e esteve envolvido em várias polémicas, com o Apito Dourado à cabeça. Chegou a ser detido pela Polícia Judiciária por suspeitas da prática de crimes como falsificação de documentos, corrupção desportiva e tráfico de influências. Nas escutas telefónicas na origem do processo, posteriormente, divulgadas integralmente no Youtube, foi apanhado a discutir nomeações de árbitros e castigos com presidentes de clubes, entre os quais o portista Pinto da Costa, e outros agentes. Contudo, foi absolvido dos crimes de que havia sido acusado, após interpor recurso a invocar a nulidade das escutas.
 
    
 
Também foi investigado por agressões a Ricardo Bexiga, vereador do PS na Câmara Municipal de Gondomar e deputado à Assembleia da República, após a ex-mulher de Pinto da Costa, Carolina Salgado, ter assumido a responsabilidade do recrutamento dos agressores e atribuído a combinação do crime a Valentim Loureiro e Pinto da Costa. Porém, o processo foi arquivado pelo Ministério Público devido a falta de provas.
 
 
Também foi acusado de um crime de burla qualificada em coautoria no caso da Quinta do Ambrósio, um imóvel localizado em Fânzeres que no espaço de seis dias foi vendido pela proprietária ao advogado e amigo do major Laureano Gonçalves por 1,072 milhões de euros, deixou de ser do domínio da Reserva Agrícola Nacional e objeto da celebração de um contrato-promessa de compra e venda com a Sociedade de Transportes Coletivos do Porto, que menos de um ano depois viria a comprar o terreno por quatro milhões de euros. O negócio, segundo a acusação, teria rendido cerca de três milhões de euros aos arguidos. Mas, uma vez mais, Valentim Loureiro foi absolvido.
 
  







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