terça-feira, 9 de setembro de 2025

O húngaro que morreu em campo, a sorrir, com a camisola do Benfica. Quem se lembra de Fehér?

Miklós Fehér morreu quando tinha apenas 24 anos
O FC Porto abriu-lhe as portas do futebol português, mas foi no Salgueiros e no Sp. Braga que mostrou ser goleador e no Benfica que ficou imortalizado com um busto e a propriedade eterna da camisola 29, infelizmente pelos piores motivos, uma morte prematura após cair inanimado em campo, de águia ao peito, aos 24 anos.
 
Nascido em 20 de julho de 1979 em Tatabánya, no noroeste da Hungria, iniciou a carreira e começou a dar nas vistas ao serviço do Győri ETO, pelo qual se estreou durante a temporada de 1995-96, quando tinha apenas 16 anos. Depois de 23 golos em 62 jogos no campeonato húngaro ao longo de três temporadas e após ter participado no Europeu de sub-18 e ser eleito melhor jovem futebolista húngaro do ano em 1997, foi detetado pelo departamento de prospeção do FC Porto, que o contratou no verão de 1998.
 
 
Tapado por Mário Jardel e com a concorrência de Artur, Quinzinho, Mielcarski, Alessandro, Romeu e Domingos, teve de se contentar com apenas 18 jogos às ordens de Fernando Santos na equipa principal dos dragões no primeiro ano e meio em Portugal, nos quais apontou dois golos, tendo chegado a jogar pelos bês portistas na antiga II Divisão B.
 
 
 
Apesar da escassa utilização, tornou-se internacional A pela Hungria a 10 de outubro de 1998, tendo coroado a estreia com um golo, numa goleada sobre o Azerbaijão em Baku (4-0), a contar para a fase de qualificação para o Euro 2000.
 
 
Na segunda metade de 1999-00 esteve emprestado ao Salgueiros. Em Vidal Pinheiro, sob o comando de Vítor Manuel, teve os primeiros momentos de grande brilho no futebol português, ao apontar sete golos em 16 jogos, entre os quais cinco remates certeiros em 14 partidas no campeonato que se revelaram decisivos para a obtenção da permanência.
 
 
 
Na temporada seguinte foi novamente cedido, desta feita ao Sp. Braga, tendo confirmado no Minho todos os atributos exibidos em Paranhos. Em 2000-01 somou um total de 14 golos em 26 partidas na I Liga, ajudando os arsenalistas então comandados por Manuel Cajuda a conseguir um brilhante quarto lugar no campeonato.
 
  
 
Entretanto, foi reforçando o estatuto na seleção magiar, nomeadamente devido a um hat trick à Lituânia, numa goleada em Kaunas (6-1), na fase de qualificação para o Mundial 2002.
 
 
Esperava-se que 2001-02 fosse finalmente a temporada de afirmação de Fehér nas Antas, onde já não morava Jardel. Porém, estava em final de contrato, rejeitou as várias propostas de renovação e era agenciado por José Veiga, empresário em rotura com o FC Porto, um cocktail que lhe valeu a despromoção à equipa B dos dragões.
 
Na altura falou-se de que teria um acordo para reforçar o Atlético Madrid, mas cedo se começou a rumorar uma possível transferência para o Benfica assim que terminasse o vínculo com os azuis e brancos, uma possibilidade inclusivamente adiantada por Pinto da Costa.
 
Fehér veio mesmo a assinar pelo Benfica no verão de 2002, uma mudança que raramente é pacífica, mas que neste caso meteu a justiça pelo meio. Tudo porque o FC Porto reclamou uma indemnização de seis milhões de euros pela formação do jogador (quatro milhões iniciais mais um agravamento de 50 por cento por as águias não terem comunicado a contratação do avançado no prazo de 15 dias). O processo só ficou resolvido em 2014, quando os encarnados pagaram pouco mais de 913 mil euros aos portistas.
 
Com a concorrência de Nuno Gomes e Sokota na frente de ataque, Fehér nunca se conseguiu afirmar como titular no Benfica, não indo além de oito golos em 37 jogos em cerca de ano e meio.
 
   
 
Numa altura em que se falava de um possível empréstimo ao Marítimo, então comandado por Manuel Cajuda, Fehér foi lançado pelo treinador benfiquista José Antonio Camacho durante a segunda parte de um difícil encontro em Guimarães, numa noite chuvosa, e acabou por fazer a assistência para o único golo da partida, apontado por Fernando Aguiar. Ao cair do pano, o húngaro viu um cartão amarelo por retardar um lançamento lateral por parte de um jogador do Vitória, sorriu e caiu subitamente no relvado. Companheiros de equipa desataram a chorar compulsivamente, enquanto médicos e bombeiros insistiam em manobras de reanimação. Entretanto, o jogador foi levado para o hospital debaixo de cânticos de incentivo. Ainda nessa noite de 25 de janeiro de 2004, o óbito foi declarado às 23h10 pelo Hospital Nossa Senhora da Oliveira, de Guimarães.
 
 
O corpo de Fehér esteve em câmara-ardente no átrio do Estádio da Luz para que os adeptos pudessem prestar uma derradeira homenagem. Na ocasião, o futebol português uniu-se como raras vezes aconteceu, tendo representantes de clubes rivais marcado presença no velório.
 
Entretanto, o Benfica tomou a decisão de retirar a camisola número 29, que Fehér envergava, e colocou um busto do atleta junto à porta 18 do estádio. Os encarnados instituíram ainda o prémio Miklós Fehér em parceria com a antiga escola do futebolista em Gyor, na Hungria, com o intuito de manter bem viva a memória do jogador.
 




  




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