O húngaro que morreu em campo, a sorrir, com a camisola do Benfica. Quem se lembra de Fehér?
Miklós Fehér morreu quando tinha apenas 24 anos
O FC
Porto abriu-lhe as portas do futebol português, mas foi no Salgueiros
e no Sp.
Braga que mostrou ser goleador e no Benfica
que ficou imortalizado com um busto e a propriedade eterna da camisola 29,
infelizmente pelos piores motivos, uma morte prematura após cair inanimado em
campo, de águia ao peito, aos 24 anos.
Nascido em 20 de julho de 1979 em
Tatabánya, no noroeste da Hungria, iniciou a carreira e começou a dar nas
vistas ao serviço do Győri ETO, pelo qual se estreou durante a temporada de
1995-96, quando tinha apenas 16 anos. Depois de 23 golos em 62 jogos no
campeonato húngaro ao longo de três temporadas e após ter participado no
Europeu de sub-18 e ser eleito melhor jovem futebolista húngaro do ano em 1997,
foi detetado pelo departamento de prospeção do FC
Porto, que o contratou no verão de 1998.
Tapado por Mário
Jardel e com a concorrência de Artur,
Quinzinho, Mielcarski,
Alessandro, Romeu e Domingos, teve de se contentar com apenas 18 jogos às
ordens de Fernando Santos na equipa principal dos dragões
no primeiro ano e meio em Portugal, nos quais apontou dois golos, tendo chegado
a jogar pelos bês portistas
na antiga II Divisão B.
Apesar da escassa utilização, tornou-se
internacional A pela Hungria
a 10 de outubro de 1998, tendo coroado a estreia com um golo, numa goleada
sobre o Azerbaijão em Baku (4-0), a contar para a fase de qualificação para o Euro
2000.
Na segunda metade de 1999-00
esteve emprestado ao Salgueiros.
Em Vidal Pinheiro, sob o comando de Vítor Manuel, teve os primeiros momentos de
grande brilho no futebol português, ao apontar sete golos em 16 jogos, entre os
quais cinco remates certeiros em 14 partidas no campeonato que se revelaram
decisivos para a obtenção da permanência.
Entretanto, foi reforçando o
estatuto na seleção
magiar, nomeadamente devido a um hat trick à Lituânia, numa goleada em
Kaunas (6-1), na fase de qualificação para o Mundial
2002.
Esperava-se que 2001-02 fosse
finalmente a temporada de afirmação de Fehér
nas Antas, onde já não morava Jardel.
Porém, estava em final de contrato, rejeitou as várias propostas de renovação e
era agenciado por José Veiga, empresário em rotura com o FC
Porto, um cocktail que lhe valeu a despromoção à equipa B dos dragões. Na altura falou-se de que teria
um acordo para reforçar o Atlético
Madrid, mas cedo se começou a rumorar uma possível transferência para o Benfica
assim que terminasse o vínculo com os azuis
e brancos, uma possibilidade inclusivamente adiantada por Pinto
da Costa. Fehér
veio mesmo a assinar pelo Benfica
no verão de 2002, uma mudança que raramente é pacífica, mas que neste caso
meteu a justiça pelo meio. Tudo porque o FC
Porto reclamou uma indemnização de seis milhões de euros pela formação do
jogador (quatro milhões iniciais mais um agravamento de 50 por cento por as águias
não terem comunicado a contratação do avançado no prazo de 15 dias). O processo
só ficou resolvido em 2014, quando os encarnados
pagaram pouco mais de 913 mil euros aos portistas. Com a concorrência de Nuno Gomes
e Sokota na frente de ataque, Fehér
nunca se conseguiu afirmar como titular no Benfica,
não indo além de oito golos em 37 jogos em cerca de ano e meio.
O corpo de Fehér
esteve em câmara-ardente no átrio do Estádio
da Luz para que os adeptos pudessem prestar uma derradeira homenagem. Na
ocasião, o futebol português uniu-se como raras vezes aconteceu, tendo
representantes de clubes rivais marcado presença no velório. Entretanto, o Benfica
tomou a decisão de retirar a camisola número 29, que Fehér
envergava, e colocou um busto do atleta junto à porta 18 do estádio.
Os encarnados
instituíram ainda o prémio Miklós
Fehér em parceria com a antiga escola do futebolista em Gyor, na Hungria,
com o intuito de manter bem viva a memória do jogador.
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