quinta-feira, 16 de outubro de 2025

Os nove internacionais A por Portugal nascidos em… Cabo Verde

Oito dos jogadores nascidos em Cabo Verde que jogaram por Portugal
País independente de Portugal desde 5 de julho de 1975, Cabo Verde teve, antes e depois da declaração da independência, nove jogadores nascidos no seu território a jogar pela seleção portuguesa.
 
Numa altura em que os tubarões azuis acabaram de carimbar o primeiro apuramento da sua história para um Campeonato do Mundo, vale a pena recordar os jogadores nascidos em solo cabo-verdiano que atuaram pela principal equipa das quinas.
 


Ben David (seis internacionalizações entre 1950 e 1952)

Ben David
Avançado nascido no Mindelo, na ilha cabo-verdiana de São Vicente, começou a jogar futebol nos infantis do Clube Sportivo Mindelense, antes de o tio Alector Sena, jogador do Boavista, o levar para Lisboa, inicialmente para jogar na CUF e trabalhar como mecânico de automóveis.
Ainda estagiou no Sporting, mas acabou no Atlético, clube ao serviço do qual se notabilizou entre 1947 e 1955, período no qual apontou um total de 108 golos em 135 jogos. As suas temporadas de maior fulgor foram as de 1950-51 (26 golos) e 1951-52 (25), quando concluiu o campeonato da I Divisão como segundo classificado da tabela dos goleadores, primeiro atrás de Vasques e depois de José Águas.
Com naturalidade, surgiram as chamadas à seleção nacional portuguesa, tendo somado seis internacionalizações e marcado quatro golos, diante de Inglaterra (dois), País de Gales e Bélgica.
Em 1955 pendurou precocemente as botas, aos 29 anos, fruto de lesões nos joelhos, e iniciou a carreira de treinador, tendo trabalhado em diversos clubes açorianos. Mais tarde laborou na RTP Açores como responsável pelo programa Teledesporto.
Haveria de falecer em dezembro de 1978, em Ponta Delgada, na véspera de comemorar o seu 52.º aniversário.
 
 

Carlos Alhinho (14 internacionalizações entre 1973 e 1982)

Carlos Alhinho
Possante defesa central cabo-verdiano (1,86 m) natural da ilha de São Vicente e que começou a jogar futebol na Académica do Mindelo, veio para Portugal para estudar na Universidade de Coimbra, chegando a cursar Engenharia Técnica Agrária e Educação Física e Desporto, mas enquanto fazia o seu percurso académico foi-se evidenciando na equipa principal da… Académica.
Posteriormente vestiu as camisolas de Sporting, FC Porto e Benfica, tendo conquistado títulos nacionais e Taças de Portugal ao serviço de leões e águias.
Forte na marcação e muito assertivo, chegou com naturalidade à seleção principal portuguesa, pela qual somou 14 internacionalizações entre março de 1973 e maio de 1982 – depois de quatro jogos pelos sub-21 e um pela seleção B.
Mais tarde tornou-se treinador, chegando a exercer o cargo de selecionador de Cabo Verde entre 1985 e 1986 e entre 2003 e 2006. Também como selecionador, mas de Angola, levou pela primeira vez os palancas negras a uma fase final, a da Taça das Nações Africanas em 1996.
Em 31 maio de 2008, abriu as portas de um elevador no sexto andar num hotel em Benguela e, perante a ausência da carruagem, sofreu uma queda de cinco andares, acabando por morrer. Tinha 59 anos.
 
 
 

Óscar (uma internacionalização em 1978)

Óscar
Médio nascido na capital Praia, na ilha de Santiago, deu os primeiros passos na Académica da Praia e na Académica do Mindelo, ainda em Cabo Verde, antes de entrar no futebol português pela porta do Santa Maria, de Odivelas, em 1969-70.
Contudo, começou a evidenciar-se verdadeiramente no futebol português ao serviço do Sp. Covilhã na II Divisão Nacional, tendo saltado em 1976 para o Estoril Praia, a militar na I Divisão.
Um dos destaques dos canarinhos nas duas épocas que passou no António Coimbra da Mota, ainda representava os estorilistas quando foi chamado à seleção nacional A, tendo somado a única internacionalização da carreira a 8 de março de 1978, numa derrota às mãos de França no Parque dos Príncipes (0-2).
Depois desse jogo ainda venceu um campeonato pelo FC Porto e uma Supertaça pelo Boavista e defendeu as camisolas de clubes como Académica, Farense, Lusitano de Évora e Atlético, mas não voltou a jogar de quinas ao peito.
 
 

Paris (uma internacionalização em 1983)

Paris
Defesa central natural da ilha de São Vicente, era o mais novo de três irmãos futebolistas, tendo migrado para Portugal à boleia dos manos Manuel e Cândido.
Fez a formação no Messinense e no Estrela de Portalegre, um pouco por onde os irmãos iam jogando, mas a verdade é que, dos três, acabou por ser o que mais se notabilizou, tendo superado a centena de jogos na I Divisão, ao serviço de Estoril, Sp. Braga e Salgueiros durante as décadas de 1970 e 1980.
Em fevereiro de 1983, quando representava os bracarenses, somou a única internacionalização que tem no currículo pela seleção principal portuguesa, tendo atuado numa vitória sobre a Alemanha no Restelo (1-0). Nos meses que se seguiram, ainda no mesmo ano, amealhou quatro internacionalizações pela seleção olímpica.
 
 

Oceano (54 internacionalizações entre 1985 e 1998)

Oceano
Médio defensivo nascido na ilha de São Vicente, mudou-se para Portugal com a família ainda em criança, tendo começado a jogar futebol nos iniciados do Almada aos 13 anos, a meio da década de 1970, na altura como… extremo esquerdo.
Do conjunto da margem sul do Tejo mudou-se para o Odivelas, tendo ainda passado pelo Nacional da Madeira antes de iniciar uma longa ligação ao Sporting no verão de 1984 – representou o emblema de Alvalade entre 1984 e 1991 e entre 1994 e 1998, com uma interrupção de três anos para vestir a camisola da Real Sociedad.
Num ápice, estreou-se também de quinas ao peito, tendo feito o primeiro de 54 jogos pela seleção nacional a 30 de janeiro de 1985, numa derrota caseira ante a Roménia (2-3). Ao longo desse percurso internacional, que só terminaria em 1998 e que contou com uma participação no Euro 1996, o centrocampista apontou oito golos.
Após pendurar as botas voltou a estar ligado à Federação Portuguesa de Futebol nas funções de selecionador de sub-21 (2009 e 2010) e sub-20 (desde 2023).
 
      
 
 

Neno (nove internacionalizações entre 1989 e 1996)

Neno
Guarda-redes nascido na Cidade Velha, na ilha de Santiago, Adelino Barros, conhecido como Neno no futebol, rumou a Portugal ainda bastante jovem, tendo concluído a formação e iniciado o percurso como sénior no Barreirense.
De lá saltou para o Vitória de Guimarães em 1984 e da cidade-berço para o Benfica no ano seguinte, na altura para concorrer com o lendário Manuel Bento.
Após dois anos sem jogar na Luz, passou pelo Vitória de Setúbal antes de relançar a carreira novamente no emblema vimaranense entre 1988 e 1990, o que lhe permitiu estrear-se pela seleção nacional A em junho de 1989, numa goleada sofrida às mãos do Brasil no Maracanã (0-4).
Voltaria a defender a baliza do Benfica entre 1990 e 1995 e novamente a do Vitória de Guimarães entre 1995 e 1999, quando pendurou as luvas, aos 37 anos. Nas fases de maior fulgor foi sendo chamado à equipa das quinas, pela qual atuou mais oito vezes entre 1991 e 1996.
Conhecido como "o guarda-redes cantor" ou "o Julio Iglesias da baliza", Neno chegou a partilhar o palco com o músico espanhol e em 1996 lançou mesmo um álbum, Neno Neno Neno.
Morreu precocemente em junho de 2021, aos 59 anos, vítima de doença súbita.
 
 
 

Nélson (Quatro internacionalizações entre 2009 e 2012)

Nélson
Lateral direito nascido na Ilha do Sal, começou a jogar futebol ainda em Cabo Verde, no Batuque, tendo entrado no futebol português pela porta do Vilanovense em 2000. A partir daí, foi sempre a subir: Salgueiros, Boavista e Benfica.
Em dezembro de 1995, numa altura em que já jogava de águia ao peito, adquiriu nacionalidade portuguesa, a tempo de integrar a seleção portuguesa de sub-21 que viria a disputar o Campeonato da Europa da categoria, em casa, em 2006. No mesmo ano foi pela primeira vez convocado para a seleção nacional, ainda por Luiz Felipe Scolari, para uma receção ao Cazaquistão a contar para a fase de qualificação para o Euro 2008, mas não saiu do banco.
Foi necessário esperar até março de 2009, numa altura em que já representava os espanhóis do Betis, que se estreou pelos AA pela mão de Carlos Queiroz, num particular diante da África do Sul. Depois disso jogou mais três vezes de quinas ao peito, todas em amigáveis já com Paulo Bento como selecionador, em 2011 e 2012.
 
 

Rolando (21 internacionalizações entre 2009 e 2018)

Rolando
Defesa central nascido na ilha de São Vicente, deu os primeiros pontapés na bola no Batuque. Aos 15 anos, rumou a Portugal pela mão do empresário João Cardoso da Silva para jogar no Campomaiorense, numa altura em que os pais biológicos viviam em Madrid.
Em 2003, quando ainda não tinha nacionalidade portuguesa, chegou a treinar no Boavista e a estar no radar no Benfica, mas os axadrezados tinham excesso de estrangeiros e Rolando acabou por assinar pelo Belenenses, quando ainda era júnior.
Entretanto transitou para a equipa principal dos azuis do Restelo, estabeleceu-se rapidamente como titular e tornou-se cidadão português em 2006, a tempo de representar a seleção nacional de sub-21 nos Campeonatos da Europa da categoria em 2006 e 2007.
No verão de 2008 mudou-se para o FC Porto e também se estabeleceu rapidamente como titular num eixo defensivo que tinha ficado sem Pepe, transferido na mesma altura para o Real Madrid.
Igualmente nesse ano estreou-se nos convocados da seleção nacional A pela mão de Carlos Queiroz, mas não saiu do banco na goleada sofrida às mãos do Brasil (2-6) a 19 de novembro, pelo que teve de esperar até fevereiro de 2009 para alcançar a primeira de 21 internacionalizações. Ao longo desse percurso marcou presença nas fases finais do Mundial 2010 e do Euro 2012.
 
 

Gelson Martins (21 internacionalizações entre 2016 e 2018)

Gelson Martins
Extremo nascido na Cidade da Praia, mas radicado em Portugal desde tenra idade, começou a jogar futebol no Futebol Benfica, de onde se mudou para as camadas jovens do Sporting em 2010.
Em outubro de 2012 tornou-se internacional jovem português, quando tinha 17 anos, iniciando aí um longo percurso de 67 jogos pelas diversas seleções nacionais, desde os sub-18 aos AA.
Numa altura em que já brilhava na equipa principal dos leões e já havia marcado presença em torneios como o Europeu de sub-19 em 2014 e o Mundial de sub-20 em 2015, estreou-se pela seleção principal em outubro de 2016, numa goleada sobre Andorra em Aveiro (6-0). Nos dois anos que se seguiram continuou a ser presença habitual nos convocados de Fernando Santos, tendo participado na Taça das Confederações em 2017 e no Mundial 2018.
No verão de 2018 transferiu-se para o Atlético Madrid na sequência da invasão à Academia do Sporting e ainda foi chamado para os compromissos da seleção em setembro desse ano, mas a pouca utilização que estava a ter nos colchoneros retirou-o do lote de eleitos. A até então sua promissora trajetória no futebol foi estagnando e até regredindo, tendo passado sem brilho pelo Mónaco antes de se fixar nos gregos do Olympiakos em 2023.
 
  



 




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