Hoje faz anos que morreu o brasileiro do Vitória SC que não sujava os calções. Quem se lembra de Caio Júnior?
Caio Júnior apontou 42 golos em 128 jogos pelo Vitória de Guimarães
Um daqueles jogadores que
passeavam classe, com um futebol à base de uma refinada relação com bola, e que
por isso saía do relvado da mesma forma com que entrava: com o equipamento
imaculado, raramente sujo, o que sobressaía ainda com a camisola e os calções
brancos do Vitória
de Guimarães.
Passou – ou melhor: brilhou! – cinco
anos na cidade-berço, entre 1987 e 1992. Um período dourado do ponto de vista
coletivo, com conquista do primeiro grande troféu do clube, a Supertaça
Cândido de Oliveira de 1988, uma final da Taça
de Portugal (1988), um quarto lugar na I
Divisão (1989-90) e sucessivas participações europeias. E uma fase também
grandiosa a nível individual para Caio Júnior, que até nem esteve nos jogos da Supertaça,
mas apontou 42 golos em 128 jogos de rei ao peito. “Cheguei em 1987 a Guimarães, com
um ano de atraso. Devia ter ido antes, mas o Grémio
não deixou. O Ademir
Alcântara foi sozinho. O senhor Pimenta
Machado [antigo presidente] viu-me num Gre-Nal
e assinei por quatro temporadas. Fui com o Bené e o René”, contou ao Maisfutebol
em março de 2016.
“Fiz uma grande dupla com o Chiquinho
Carlos, mais tarde com o Ziad. E também com o Décio António. Mas as minhas
melhores temporadas foram a quarta e quinta em Guimarães, com o João
Alves [1990-91 e 1991-92]”, prosseguiu, curiosamente sobre épocas em que
apenas apontou seis e cinco golos, respetivamente.
Cerebral, repentino, eficaz e
subtil, Caio Júnior representou ainda Estrela
da Amadora (1992 e 1994) e Belenenses
(1994-95). As passagens pelos três clubes portugueses tiveram um denominador
comum: João
Alves. “Foi meu treinador em Guimarães, no Estrela
e no Belenenses.
Foi ele que me recuou no terreno, para segundo avançado, e que melhor percebeu
o meu futebol”, contou o brasileiro, que pelos amadorenses
foi campeão da II
Liga em 1992-93 e semifinalista da Taça
de Portugal na época seguinte.
Mais discreta foi a passagem pelo
Restelo: dois golos em 13 jogos entre dezembro de 1994 e maio de 1995.
Mas antes de chegar a Portugal, o
atacante era já um jogador com créditos firmados no Brasil. Venceu a Taça
Libertadores pelo Grémio
em 1983, no primeiro ano da carreira, e mais tarde conquistou três campeonatos
gaúchos (1985, 1986 e 1987).
Após deixar o futebol luso, em
1995, regressou ao Brasil para terminar o seu percurso como futebolista e construir
uma interessante carreira de treinador. Treinou Palmeiras,
Flamengo,
Botafogo
e Grémio,
chegou a ser selecionador brasileiro e levou a Chapecoense à final da Copa
Sul-Americana de 2016. Quando viajava para a Colômbia
para defrontar o Atlético
Nacional na primeira-mão da final, o avião que transportava a comitiva caiu,
a 28 de novembro, e Caio Júnior morreu, tal como outras 70 pessoas, incluindo
19 jogadores da equipa de Chapecó. Antes da tragédia, soltou uma frase
arrepiante: “se morresse amanhã, morreria feliz.”
Sem comentários:
Enviar um comentário