terça-feira, 10 de dezembro de 2024

O primeiro capitão e melhor marcador a erguer a Taça/Liga dos Campeões. Quem viu jogar José Águas?

José Águas fez mais golos do que jogos na I Divisão
A Taça/Liga dos Campeões Europeus é uma competição elitista, mas já muitos a venceram. E todos os anos um capitão de equipa ergue a orelhuda. Ao longo dos anos, alguns dos jogadores que venceram a prova sagraram-se também melhores marcadores da prova, como Di Stéfano, Puskás, Gerd Muller, Van Basten, Kaká e Cristiano Ronaldo. Mas só dois dos capitães de equipa que ergueram a troféu se sagraram também melhores marcadores: José Águas em 1960-61 e Karim Benzema em 2021-22.
 
Filho de um pugilista amador que trabalhava na fábrica de açúcar na Catumbela, Raúl António Águas, José Águas nasceu em Luanda e cresceu no Lobito, tendo perdido o pai muito cedo, aos três anos e meio. Durante a infância foi desenvolvendo o benfiquismo, idolatrando Rogério e Julinho.
 
Aos 15 anos passou a trabalhar como dactilógrafo na Robert Hudson, empresa concessionária da Ford, e tornou-se jogador da equipa da empresa. O seu talento foi revelado e não passou despercebido ao Lusitano do Lobito, que o recrutou.
 
Em 1950, pouco tempo após o Benfica vencer a Taça Latina, as águias então orientadas pelo inglês Ted Smith foram a Angola em digressão e defrontaram uma seleção local do Lobito. José Águas fez parte desse conjunto e bisou numa vitória por 3-1 sobre os encarnados. Depois do encontro, foi contratado pelo emblema lisboeta.
 
O FC Porto ainda o convidou para passar férias na Invicta e treinar-se no Campo da Constituição, mas já não havia nada a fazer. Chegou a Lisboa a 18 de setembro de 1950 e estreou-se seis dias depois, num empate a dois golos diante do Atlético na Tapadinha, naquela que foi a primeira vez que jogou num campo de relvado e com botas com pitões.
 
No jogo seguinte, faturou por quatro vezes numa goleada sobre o Sp. Braga no Campo Grande (8-2). Foi o início de uma história de 13 anos recheada de golos para um avançado com mais golos (291) do que jogos (281) na I Divisão. Foi melhor marcador do campeonato em cinco ocasiões (1951-52, 1955-56, 1956-57, 1958-59 e 1960-61), campeão nacional por cinco vezes (1954-55, 1956-57, 1959-60, 1960-61 e 1962-63), vencedor da Taça de Portugal em sete épocas (1950-51, 1951-52, 1952-53, 1954-55, 1956-57, 1958-59 e 1961-62) e sobretudo bicampeão europeu (1960-61 e 1961-62).
 
 
Na conquista continental de 1960-61, o “Cabecinha D’Oiro” marcou onze golos, incluindo um na vitória sobre o Barcelona na final de Berna (3-2), e ergueu o troféu na condição de capitão de equipa, uma façanha que só haveria de ser repetida por Karim Benzema mais de seis décadas depois.
 
Depois de 13 anos de águia ao peito, despediu-se da carreira de futebolista em 1963-64, ao serviço dos Áustria Viena.
 
Ao serviço da seleção nacional somou onze golos em 25 internacionalizações, não tendo marcado presença em qualquer fase final.
 
Após pendurar as botas tornou-se treinador, tendo orientado Atlético, Marítimo, Leixões, Oriental e Amora.
 
Viria a falecer em 10 de dezembro de 2000, aos 70 anos.
 
O seu filho, Rui Águas, defendeu as cores do Benfica entre 1985 e 1988 e entre 1990 e 1994. O sobrinho, Raul Águas, jogou pelos encarnados entre 1967 e 1971. 



 





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