quarta-feira, 19 de novembro de 2025

Hoje faz anos a antiga promessa que foi cinco vezes operado ao joelho antes dos 25 anos. Quem se lembra de Russiano?

Russiano esteve vinculado ao Vitória de Setúbal entre 2005 e 2007
Foi, em tempos, uma promessa do futebol português. Começou a formação no Benfica ao lado de João Pereira e Ruben Amorim e concluiu-a no FC Porto, chegando a treinar na equipa principal, com Deco e às ordens de José Mourinho. Foi internacional sub-19 (por duas vezes) e ainda jogou na I Liga com a camisola do Vitória de Setúbal, mas cinco operações ao joelho entre os 20 e os 24 anos nunca lhe permitiram mostrar tudo o que valia.
 
Filho de António Russiano, antigo avançado de Vitória de Guimarães, Académica, União de Leiria e Barreirense, entre outros, este extremo canhoto nasceu a 19 de novembro de 1984 no Montijo e passou pelas camadas jovens de águias, sadinos e dragões.
 
Quando transitou para sénior passou pelas equipas B de FC Porto e Académica e também pelo Olivais e Moscavide na II Divisão B antes de regressar ao Vitória de Setúbal no verão de 2005. Ainda que mais utilizado na equipa B, disputou cinco jogos pela equipa principal dos setubalenses ao longo de dois anos, tendo participado na caminhada até à final da Taça de Portugal em 2005-06.
 
“Uma das memórias de que tenho mais orgulho é representar o Vitória de Setúbal e chegar à final da Taça. Trouxe-me experiência com jogadores de grande classe e qualidade como o Sandro, o Bruno Ribeiro, o Ricardo Chaves. Foram experiências vividas que me fizeram evoluir a nível pessoal como jogador”, contou ao portal Bola na Rede em abril de 2025.
 
A primeira de cinco operações ao joelho entre os 20 e os 24 anos afastou-o dos relvados durante a segunda metade da temporada 2006-07. Depois de recuperar, Carlos Carvalhal “trouxe as suas ideias e os seus jogadores”, o que levou Pedro Russiano a emigrar.
 
Começou pelo Gela, da Serie C2 italiana. “Quando me falaram em ir jogar para Itália e jogar no estrangeiro, a principal coisa que me fez ir foi a parte monetária. Quando lá cheguei percebi o que é jogar num campeonato como a Serie C, mesmo sendo a 3ª Divisão. São equipas muito competitivas e bem montadas defensivamente, bem organizadas. Não se veem muitos jogadores italianos fora de Itália porque a Serie B e Serie C são campeonatos competitivos que pagam muito bem e onde é muito difícil de entrar. Tive um grande crescimento na parte física com muito trabalho de ginásio. Antes de chegar a Itália, foram raras as vezes em que fui ao ginásio. Foi um contexto totalmente diferente, tivemos uma pré-época de um mês fechados em Catania. De manhã preparávamos a parte física e à tarde a parte técnico-tática. Foi um campeonato que me trouxe um grande desenvolvimento na parte física, com o crescer da massa muscular. Uma das grandes mudanças era o uso da ciência. Estavam muito mais adiantados que nós, o que me fez crescer muito”, recordou o antigo flanqueador, que vivia na Sicília, perto da praia.
 
Pedro Russiano com a camisola dos sadinos em 2005-06
No verão de 2008 esteve com um pé nos húngaros do Debreceni, depois de ter estado duas semanas à experiência, mas acabou por assinar pelos romenos do Gloria Buzau, então orientados por Álvaro Magalhães e com os portugueses Filipe Falardo, Jorge Tavares, Diogo Silva, Tiago Pires e Luís Dias no plantel.
 
Entretanto, problemas de salários em atraso levaram-no a experimentar o futebol do Bahrain, onde jogou no Al Riffa, então comandado pelo português José Garrido, e teve um choque cultural: “Por vezes o treino era às 19h30 e eles chegavam às 19h45. Tínhamos de comer num refeitório antes de disputar a Taça da Ásia e como à entrada do refeitório havia uma cabeça de porco ninguém comia ali. Só comia eu, os treinadores, o sérvio Mladan [Jovancic] e o camaronês Moustapha [Belibi]. Foram cinco dias antes de jogar contra o South China e eles sem aparecerem. Antes do jogo não faziam qualquer refeição porque havia uma cabeça de porco à entrada do refeitório hotel.”
 
No final dessa época de 2009-10 foi novamente operado, o que o levou a decidir finalizar a carreira e tirar um curso superior. “Já tinha acabado o contrato e não queria ser operado no Bahrain, então fiz a operação com o doutor Noronha. Ele disse-me que conseguiria recuperar o joelho, mas que ia ficar sempre a 80% e não a 100%. Decidi que era melhor começar a jogar em Portugal, numa competição que não fosse tão exigente porque não conseguia fazer todos os treinos da semana. Fazia normalmente três treinos por semana e recuperava muito antes dos jogos para conseguir jogar. Fui jogar para Loulé, no Louletano, e ao mesmo tempo comecei a estudar Desporto e Educação Física”, contou Russiano, que pendurou as botas em 2013, aos 28 anos.
 
 
Entretanto, iniciou o seu percurso em equipas técnicas em 2014-15, no Amora, como preparador físico, função que veio a desempenhar no Gil Vicente, no Olímpico do Montijo e na B SAD.
 
A carreira como treinador principal foi iniciada no Amora em 2018-19, mas levou algum tempo até saborear o sucesso. Esteve ao leme do Juventude de Évora entre 2021 e 2024, não conseguindo impedir a despromoção aos distritais após duas boas classificações na série mais a sul do Campeonato de Portugal.
 
Em 2024-25 venceu o Campeonato de Portugal pela outra equipa da cidade alentejana, o Lusitano, e a consequente promoção à Liga 3.
 
Esse bom trabalho levou-o ao Penafiel, da II Liga, mas os maus resultados precipitaram a sua saída após apenas seis jogos, em setembro. Um mês depois, voltou ao Lusitano de Évora.










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