Hoje faz anos a antiga promessa que foi cinco vezes operado ao joelho antes dos 25 anos. Quem se lembra de Russiano?
Russiano esteve vinculado ao Vitória de Setúbal entre 2005 e 2007
Foi, em tempos, uma promessa do
futebol português. Começou a formação no Benfica
ao lado de João Pereira e Ruben
Amorim e concluiu-a no FC
Porto, chegando a treinar na equipa principal, com Deco e às
ordens de José
Mourinho. Foi internacional sub-19 (por duas vezes) e ainda jogou na I
Liga com a camisola do Vitória
de Setúbal, mas cinco operações ao joelho entre os 20 e os 24 anos nunca
lhe permitiram mostrar tudo o que valia.
Filho de António Russiano, antigo
avançado de Vitória
de Guimarães, Académica,
União
de Leiria e Barreirense,
entre outros, este extremo canhoto nasceu a 19 de novembro de 1984 no Montijo e
passou pelas camadas jovens de águias,
sadinos
e dragões. Quando transitou para sénior passou
pelas equipas B de FC
Porto e Académica
e também pelo Olivais e Moscavide na II Divisão B antes de regressar ao Vitória
de Setúbal no verão de 2005. Ainda que mais utilizado na equipa B, disputou
cinco jogos pela equipa principal dos setubalenses
ao longo de dois anos, tendo participado na caminhada até à final da Taça
de Portugal em 2005-06. “Uma das memórias de que tenho
mais orgulho é representar o Vitória
de Setúbal e chegar à final da Taça.
Trouxe-me experiência com jogadores de grande classe e qualidade como o Sandro,
o Bruno
Ribeiro, o Ricardo
Chaves. Foram experiências vividas que me fizeram evoluir a nível pessoal
como jogador”, contou ao portal Bola
na Rede em abril de 2025. A primeira de cinco operações ao
joelho entre os 20 e os 24 anos afastou-o dos relvados durante a segunda metade
da temporada 2006-07. Depois de recuperar, Carlos
Carvalhal “trouxe as suas ideias e os seus jogadores”, o que levou Pedro Russiano
a emigrar.
Começou pelo Gela, da Serie C2
italiana. “Quando me falaram em ir jogar para Itália e jogar no estrangeiro, a
principal coisa que me fez ir foi a parte monetária. Quando lá cheguei percebi
o que é jogar num campeonato como a Serie C, mesmo sendo a 3ª Divisão. São
equipas muito competitivas e bem montadas defensivamente, bem organizadas. Não
se veem muitos jogadores italianos fora de Itália porque a Serie B e Serie C
são campeonatos competitivos que pagam muito bem e onde é muito difícil de
entrar. Tive um grande crescimento na parte física com muito trabalho de
ginásio. Antes de chegar a Itália, foram raras as vezes em que fui ao ginásio.
Foi um contexto totalmente diferente, tivemos uma pré-época de um mês fechados
em Catania. De manhã preparávamos a parte física e à tarde a parte
técnico-tática. Foi um campeonato que me trouxe um grande desenvolvimento na
parte física, com o crescer da massa muscular. Uma das grandes mudanças era o
uso da ciência. Estavam muito mais adiantados que nós, o que me fez crescer
muito”, recordou o antigo flanqueador, que vivia na Sicília, perto da praia.
Pedro Russiano com a camisola dos sadinos em 2005-06
Entretanto, problemas de salários
em atraso levaram-no a experimentar o futebol do Bahrain, onde jogou no Al
Riffa, então comandado pelo português José Garrido, e teve um choque cultural: “Por
vezes o treino era às 19h30 e eles chegavam às 19h45. Tínhamos de comer num
refeitório antes de disputar a Taça da Ásia e como à entrada do refeitório
havia uma cabeça de porco ninguém comia ali. Só comia eu, os treinadores, o
sérvio Mladan [Jovancic] e o camaronês Moustapha [Belibi]. Foram cinco dias
antes de jogar contra o South China e eles sem aparecerem. Antes do jogo não
faziam qualquer refeição porque havia uma cabeça de porco à entrada do
refeitório hotel.” No final dessa época de 2009-10
foi novamente operado, o que o levou a decidir finalizar a carreira e tirar um
curso superior. “Já tinha acabado o contrato e não queria ser operado no
Bahrain, então fiz a operação com o doutor Noronha. Ele disse-me que
conseguiria recuperar o joelho, mas que ia ficar sempre a 80% e não a 100%.
Decidi que era melhor começar a jogar em Portugal, numa competição que não
fosse tão exigente porque não conseguia fazer todos os treinos da semana. Fazia
normalmente três treinos por semana e recuperava muito antes dos jogos para
conseguir jogar. Fui jogar para Loulé, no Louletano,
e ao mesmo tempo comecei a estudar Desporto e Educação Física”, contou
Russiano, que pendurou as botas em 2013, aos 28 anos.
Entretanto, iniciou o seu
percurso em equipas técnicas em 2014-15, no Amora,
como preparador físico, função que veio a desempenhar no Gil
Vicente, no Olímpico
do Montijo e na B SAD. A carreira como treinador
principal foi iniciada no Amora
em 2018-19, mas levou algum tempo até saborear o sucesso. Esteve ao leme do Juventude
de Évora entre 2021 e 2024, não conseguindo impedir a despromoção aos
distritais após duas boas classificações na série mais a sul do Campeonato
de Portugal. Em 2024-25 venceu o Campeonato
de Portugal pela outra equipa da cidade alentejana, o Lusitano,
e a consequente promoção à Liga 3. Esse bom trabalho levou-o ao Penafiel,
da II
Liga, mas os maus resultados precipitaram a sua saída após apenas seis
jogos, em setembro. Um mês depois, voltou ao Lusitano
de Évora.
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