O cabo-verdiano que jogou nos três grandes e levou Angola à primeira fase final. Quem se lembra de Carlos Alhinho?
Carlos Alhinho representou FC Porto, Benfica e Sporting
Possante defesa central cabo-verdiano
(1,86 m), veio para Portugal para estudar na Universidade de Coimbra, chegando
a cursar Engenharia Técnica Agrária e Educação Física e Desporto, mas enquanto
fazia o seu percurso académico foi-se evidenciando na equipa principal da… Académica.
Em 1968-69 esteve na caminhada
até à final da Taça
de Portugal (na qual não jogou), na época seguinte ajudou os estudantes
a atingir os quartos de final da Taça
das Taças e em 1970-71 contribuiu para o honroso quinto lugar que valeu o
apuramento para a Taça
UEFA, mas não conseguiu evitar a despromoção à II Divisão em 1972. Após a descida de divisão deu o
salto para o Sporting
e beneficiou da chegada de Mário Lino ao comando técnico dos leões
para se afirmar como titular, tendo vencido a Taça
de Portugal em 1972-73 e a dobradinha na temporada que se seguiu.
Forte na marcação e muito
assertivo, chegou com naturalidade à seleção
nacional A, pela qual somou 14 internacionalizações entre março de 1973 e
maio de 1982 – depois de quatro jogos pelos sub-21 e um pela seleção B.
Após 101 jogos e três golos de
leão ao peito entre 1972 e 1975, esteve com um pé em Espanha, mas acabou por ser
transferido para o FC
Porto juntamente com Dinis. “Assinei pelo Atlético
Madrid, mas houve problemas, porque assinaram, ao mesmo tempo, com outro
central [Luís Pereira], titular da seleção
brasileira. Ora, de acordo com a lei espanhola, só dava para jogar com três
estrangeiros e, como já havia [o argentino] Ayala e [o brasileiro] Levinha, a
corda rebentou pelo lado mais fraco. O português saiu, duas semanas depois.
Tive de regressar a Portugal, mas o Sporting
já estava reforçado no centro da defesa, com Zezinho, Amândio e José Mendes”,
explicou. Acabou por ficar apenas um ano
nas Antas (22 jogos/0 golos), tendo depois ingressado no Betis
de Sevilha e posteriormente no Benfica:
“Tive um azar dos diabos. O general Franco morreu e entrou tudo em polvorosa.
Era a altura ideal para regressar a Portugal.” Haveria de ficar quatro anos na Luz,
ainda que com empréstimos aos belgas do Racing White Molenbeek e aos
norte-americanos dos Boston Tea Men pelo meio, tendo vencido dois campeonatos
(1976-77 e 1980-81), duas Taças
de Portugal (1979-80 e 1980-81) e uma Supertaça
Cândido de Oliveira (1980) e somado 90 partidas e dois golos de águia ao
peito. “Quando cheguei à Luz
[em outubro de 1976], o Benfica
estava a dez pontos do Sporting
e a nove do FC
Porto. No final da época, fomos campeões com nove pontos de avanço sobre o Sporting,
depois de 25 jogos seguidos sem perder (22 vitórias e três empates). Foi um dos
melhores campeonatos da história. O grupo era formidável. Mortimore lançou os
jovens Chalana,
José Luís, Eurico,
Alberto, Bastos Lopes e ainda tinha jogadores experientes, como eu, Toni,
Nené, Bento, José
Henrique”, recordou.
Após terminar a ligação aos encarnados
ainda jogou mais três épocas na I
Divisão, ao serviço de Portimonense
e Farense,
tendo pendurado as botas em 1984, aos 35 anos, encerrando assim uma carreira
que o levou a ser considerado o melhor futebolista cabo-verdiano do século XX. Sem tempo a perder, iniciou logo
a seguir o seu percurso como treinador, ao leme do Lusitano
de Évora na II Divisão Nacional. Depois foi selecionador de Cabo
Verde, guiou o Académico
de Viseu à I
Divisão em 1988, comandou Penafiel
e Portimonense
e levou pela primeira vez a seleção
de Angola para uma fase final, a da Taça das Nações Africanas em 1996. Posteriormente comandou o Badajoz
e trabalhou em vários clubes do Médio Oriente. Em 31 maio de 2008, abriu as portas
de um elevador no sexto andar num hotel em Benguela e, perante a ausência da
carruagem, sofreu uma queda de cinco andares, acabando por morrer. Tinha 59 anos.
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