terça-feira, 22 de julho de 2025

O cabo-verdiano que jogou nos três grandes e levou Angola à primeira fase final. Quem se lembra de Carlos Alhinho?

Carlos Alhinho representou FC Porto, Benfica e Sporting
Possante defesa central cabo-verdiano (1,86 m), veio para Portugal para estudar na Universidade de Coimbra, chegando a cursar Engenharia Técnica Agrária e Educação Física e Desporto, mas enquanto fazia o seu percurso académico foi-se evidenciando na equipa principal da… Académica.
 
Em 1968-69 esteve na caminhada até à final da Taça de Portugal (na qual não jogou), na época seguinte ajudou os estudantes a atingir os quartos de final da Taça das Taças e em 1970-71 contribuiu para o honroso quinto lugar que valeu o apuramento para a Taça UEFA, mas não conseguiu evitar a despromoção à II Divisão em 1972.
 
Após a descida de divisão deu o salto para o Sporting e beneficiou da chegada de Mário Lino ao comando técnico dos leões para se afirmar como titular, tendo vencido a Taça de Portugal em 1972-73 e a dobradinha na temporada que se seguiu.
 
 
Forte na marcação e muito assertivo, chegou com naturalidade à seleção nacional A, pela qual somou 14 internacionalizações entre março de 1973 e maio de 1982 – depois de quatro jogos pelos sub-21 e um pela seleção B.
 
 
Após 101 jogos e três golos de leão ao peito entre 1972 e 1975, esteve com um pé em Espanha, mas acabou por ser transferido para o FC Porto juntamente com Dinis. “Assinei pelo Atlético Madrid, mas houve problemas, porque assinaram, ao mesmo tempo, com outro central [Luís Pereira], titular da seleção brasileira. Ora, de acordo com a lei espanhola, só dava para jogar com três estrangeiros e, como já havia [o argentino] Ayala e [o brasileiro] Levinha, a corda rebentou pelo lado mais fraco. O português saiu, duas semanas depois. Tive de regressar a Portugal, mas o Sporting já estava reforçado no centro da defesa, com Zezinho, Amândio e José Mendes”, explicou.
 
Acabou por ficar apenas um ano nas Antas (22 jogos/0 golos), tendo depois ingressado no Betis de Sevilha e posteriormente no Benfica: “Tive um azar dos diabos. O general Franco morreu e entrou tudo em polvorosa. Era a altura ideal para regressar a Portugal.”
 
Haveria de ficar quatro anos na Luz, ainda que com empréstimos aos belgas do Racing White Molenbeek e aos norte-americanos dos Boston Tea Men pelo meio, tendo vencido dois campeonatos (1976-77 e 1980-81), duas Taças de Portugal (1979-80 e 1980-81) e uma Supertaça Cândido de Oliveira (1980) e somado 90 partidas e dois golos de águia ao peito. “Quando cheguei à Luz [em outubro de 1976], o Benfica estava a dez pontos do Sporting e a nove do FC Porto. No final da época, fomos campeões com nove pontos de avanço sobre o Sporting, depois de 25 jogos seguidos sem perder (22 vitórias e três empates). Foi um dos melhores campeonatos da história. O grupo era formidável. Mortimore lançou os jovens Chalana, José Luís, Eurico, Alberto, Bastos Lopes e ainda tinha jogadores experientes, como eu, Toni, Nené, Bento, José Henrique”, recordou.
 
 
Após terminar a ligação aos encarnados ainda jogou mais três épocas na I Divisão, ao serviço de Portimonense e Farense, tendo pendurado as botas em 1984, aos 35 anos, encerrando assim uma carreira que o levou a ser considerado o melhor futebolista cabo-verdiano do século XX.
 
Sem tempo a perder, iniciou logo a seguir o seu percurso como treinador, ao leme do Lusitano de Évora na II Divisão Nacional. Depois foi selecionador de Cabo Verde, guiou o Académico de Viseu à I Divisão em 1988, comandou Penafiel e Portimonense e levou pela primeira vez a seleção de Angola para uma fase final, a da Taça das Nações Africanas em 1996.
 
Posteriormente comandou o Badajoz e trabalhou em vários clubes do Médio Oriente.
 
Em 31 maio de 2008, abriu as portas de um elevador no sexto andar num hotel em Benguela e, perante a ausência da carruagem, sofreu uma queda de cinco andares, acabando por morrer. Tinha 59 anos. 



 



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