Hoje faz anos o herói do Belenenses na final da Taça de Portugal de 1989. Quem se lembra de Juanico?
Juanico representou o Belenenses entre 1987 e 1991
Entre os adeptos do Belenenses,
ninguém esquece aquela tarde de 28 de maio de 1989, sobretudo o golo da vitória
por 2-1 sobre o Benfica,
que valeu a conquista da terceira e última Taça
de Portugal aos azuis
do Restelo, ao minuto 81: na execução de um livre direto, Juanico
encheu o pé direito e fez a bola embater na trave e entrar na baliza de Silvino.
“Já tinha feito golos do género, mas este ainda hoje é falado”, disse o autor
da proeza ao Diário
de Notícias em março de 2018.
Embora tenha apontado o golo
decisivo, não se considera um herói. “Fomos todos heróis, porque só com a
vontade e humildade que tínhamos é que podíamos ganhar ao Benfica.
O Jorge
Martins [guarda-redes do Belenenses]
fez uma exibição tremenda. Curiosamente, os autores dos golos, eu e o Chico
Faria, fomos do Rio
Ave para o Belenenses”,
lembrou, recordando a festa que se seguiu. “Não dá para explicar. Foi uma
alegria tremenda, que só quem passa por ela é que pode explicar. No final desse
jogo, tinha 14 pessoas à minha espera para jantar, mas o presidente do Belenenses
[Mário Rosa Freire] marcou mesa num restaurante. Eu disse-lhe que não ia jantar
com eles, porque tinham vindo pessoas do Norte para me ver jogar e estar
comigo, mas o presidente disse para eu levar essas pessoas, e levei”, afirmou,
puxando a cassete atrás.
“Nos quatro anos em que estive no
Belenenses
[1987 a 1991], andámos sempre lá em cima”, atirou, acerca de um clube que o
marcou. “Vestir aquela camisola deu-me muitas alegrias e muitas coisas boas.
Foram quatro anos acima da média. Tínhamos uma grande equipa e com grandes
treinadores. Era uma equipa fabulosa, com alguns craques e homens que sabiam o
que faziam em campo”, recordou, nostálgico, com saudades do bastante
bem-humorado Marinho
Peres. “Houve uma vez em que fomos 17
jogadores para estágio, numa altura em que só 16 entravam na ficha de jogo. O
Carlos Ribeiro gostava bastante de batatas fritas, mas não podia comer antes
dos jogos. Contudo, o Marinho
Peres disse ao Carlos para comer batatas fritas à vontade porque ia para a
bancada. Foi uma risota enorme”, contou, acerca de um treinador com o qual tem
muitas histórias. “Teríamos de estar só uma hora para falar do Marinho,
mas também do Jaime e do Sobrinho”, aditou, bem-disposto.
O que Juanico
também não esquece são as jornadas europeias memoráveis, entre as quais a
vitória sobre o Barcelona
no Restelo, em 1987-88, e a eliminação do então detentor da Taça
UEFA, o Bayer
Leverkusen, em 1988-89. “Jogar em Camp Nou deixou saudades, foi algo
fabuloso. O Barcelona
tinha uma grande equipa, com Zubizarreta,
Schuster e Lineker.
Sofremos dois golos nos últimos minutos. No Restelo, tivemos a oportunidade de
os eliminar. Marcámos um golo cedo, pelo Mapuata, e dispusemos de muitas
ocasiões”, recordou, acerca do duelo com os catalães.
“Frente ao Leverkusen,
o nosso treinador era o John
Mortimore, que me marcou bastante. Taticamente era fabuloso, estudou muito
bem o adversário e ganhámos por 1-0 na Alemanha, com golo do Mladenov,
e em Belém, com golo do Adão”, lembrou, entusiasmado.
Durante as quatro temporadas em
que representou o Belenenses,
Juanico
conseguiu tornar-se internacional A, tendo atuado por uma vez de quinas ao
peito, em junho de 1989. “Perdemos por 4-0 frente ao Brasil,
no Maracanã. O Brasil
tinha uma grande equipa, inaugurou o marcador pelo Bebeto e a seguir aconteceu
o autogolo do Sobrinho. Mas foi uma grande sensação jogar por Portugal,
ser titular e logo num estádio daqueles”, recordou.
Se ter jogado pela seleção
nacional foi um ponto alto na carreira, não ter vestido as cores do clube
da terra foi a maior mágoa. “Percorri as camadas jovens todas do Vitória
de Guimarães, tive uma semana à experiência na equipa principal, e era uma
coisa que eu queria, mas não consegui. Todos conhecem e falam do Vitória
de Guimarães. Houve uma oportunidade quando estava no Belenenses,
mas acabei por ficar”, lamentou o antigo centrocampista, que iniciou o percurso
como sénior nos distritais da AF
Braga com a camisola dos Caçadores
das Taipas (1978 a 1980), estreou-se nos patamares nacionais ao serviço do Vizela
(1980 a 1983) e teve no Varzim
(1983-84) e no Rio
Ave (1984 a 1987) as primeiras aventuras na I
Divisão. Após deixar o Restelo, jogou pela
última vez no primeiro
escalão pelo Penafiel
(1991-92), passou pelo Moreirense
(1992-93), voltou por duas vezes aos Caçadores
das Taipas (1993-94 e 1996-97) e representou os Sandinenses (1994 a 1996)
antes de pendurar as botas, aos 38 anos.
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