sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Hoje faz anos o herói do Belenenses na final da Taça de Portugal de 1989. Quem se lembra de Juanico?

Juanico representou o Belenenses entre 1987 e 1991
Entre os adeptos do Belenenses, ninguém esquece aquela tarde de 28 de maio de 1989, sobretudo o golo da vitória por 2-1 sobre o Benfica, que valeu a conquista da terceira e última Taça de Portugal aos azuis do Restelo, ao minuto 81: na execução de um livre direto, Juanico encheu o pé direito e fez a bola embater na trave e entrar na baliza de Silvino. “Já tinha feito golos do género, mas este ainda hoje é falado”, disse o autor da proeza ao Diário de Notícias em março de 2018.
 
Embora tenha apontado o golo decisivo, não se considera um herói. “Fomos todos heróis, porque só com a vontade e humildade que tínhamos é que podíamos ganhar ao Benfica. O Jorge Martins [guarda-redes do Belenenses] fez uma exibição tremenda. Curiosamente, os autores dos golos, eu e o Chico Faria, fomos do Rio Ave para o Belenenses”, lembrou, recordando a festa que se seguiu. “Não dá para explicar. Foi uma alegria tremenda, que só quem passa por ela é que pode explicar. No final desse jogo, tinha 14 pessoas à minha espera para jantar, mas o presidente do Belenenses [Mário Rosa Freire] marcou mesa num restaurante. Eu disse-lhe que não ia jantar com eles, porque tinham vindo pessoas do Norte para me ver jogar e estar comigo, mas o presidente disse para eu levar essas pessoas, e levei”, afirmou, puxando a cassete atrás.
 
 
“Nos quatro anos em que estive no Belenenses [1987 a 1991], andámos sempre lá em cima”, atirou, acerca de um clube que o marcou. “Vestir aquela camisola deu-me muitas alegrias e muitas coisas boas. Foram quatro anos acima da média. Tínhamos uma grande equipa e com grandes treinadores. Era uma equipa fabulosa, com alguns craques e homens que sabiam o que faziam em campo”, recordou, nostálgico, com saudades do bastante bem-humorado Marinho Peres.
 
“Houve uma vez em que fomos 17 jogadores para estágio, numa altura em que só 16 entravam na ficha de jogo. O Carlos Ribeiro gostava bastante de batatas fritas, mas não podia comer antes dos jogos. Contudo, o Marinho Peres disse ao Carlos para comer batatas fritas à vontade porque ia para a bancada. Foi uma risota enorme”, contou, acerca de um treinador com o qual tem muitas histórias. “Teríamos de estar só uma hora para falar do Marinho, mas também do Jaime e do Sobrinho”, aditou, bem-disposto.
 
 
O que Juanico também não esquece são as jornadas europeias memoráveis, entre as quais a vitória sobre o Barcelona no Restelo, em 1987-88, e a eliminação do então detentor da Taça UEFA, o Bayer Leverkusen, em 1988-89. “Jogar em Camp Nou deixou saudades, foi algo fabuloso. O Barcelona tinha uma grande equipa, com Zubizarreta, Schuster e Lineker. Sofremos dois golos nos últimos minutos. No Restelo, tivemos a oportunidade de os eliminar. Marcámos um golo cedo, pelo Mapuata, e dispusemos de muitas ocasiões”, recordou, acerca do duelo com os catalães.
 
 
 
“Frente ao Leverkusen, o nosso treinador era o John Mortimore, que me marcou bastante. Taticamente era fabuloso, estudou muito bem o adversário e ganhámos por 1-0 na Alemanha, com golo do Mladenov, e em Belém, com golo do Adão”, lembrou, entusiasmado.
 
 
 
Durante as quatro temporadas em que representou o Belenenses, Juanico conseguiu tornar-se internacional A, tendo atuado por uma vez de quinas ao peito, em junho de 1989. “Perdemos por 4-0 frente ao Brasil, no Maracanã. O Brasil tinha uma grande equipa, inaugurou o marcador pelo Bebeto e a seguir aconteceu o autogolo do Sobrinho. Mas foi uma grande sensação jogar por Portugal, ser titular e logo num estádio daqueles”, recordou.
 
 
Se ter jogado pela seleção nacional foi um ponto alto na carreira, não ter vestido as cores do clube da terra foi a maior mágoa. “Percorri as camadas jovens todas do Vitória de Guimarães, tive uma semana à experiência na equipa principal, e era uma coisa que eu queria, mas não consegui. Todos conhecem e falam do Vitória de Guimarães. Houve uma oportunidade quando estava no Belenenses, mas acabei por ficar”, lamentou o antigo centrocampista, que iniciou o percurso como sénior nos distritais da AF Braga com a camisola dos Caçadores das Taipas (1978 a 1980), estreou-se nos patamares nacionais ao serviço do Vizela (1980 a 1983) e teve no Varzim (1983-84) e no Rio Ave (1984 a 1987) as primeiras aventuras na I Divisão.
 
Após deixar o Restelo, jogou pela última vez no primeiro escalão pelo Penafiel (1991-92), passou pelo Moreirense (1992-93), voltou por duas vezes aos Caçadores das Taipas (1993-94 e 1996-97) e representou os Sandinenses (1994 a 1996) antes de pendurar as botas, aos 38 anos.
 


 






  

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