quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Os 10 jogadores com mais jogos pelo Salgueiros na I Divisão

Dez figuras marcantes da história do Salgueiros
Fundado a 8 de dezembro de 1911 por um grupo de operários e na altura com a denominação Sport Grupo Salgueiros, em referência à fábrica com o mesmo nome, onde trabalhavam quase todos os fundadores e atletas do clube, o entretanto denominado Sport Comércio e Salgueiros somou 24 presenças na I Divisão e uma participação na Taça UEFA.
 
Desde sempre um clube muito popular, ao contrário dos vizinhos FC Porto e Boavista que tiveram uma origem mais elitista, o clube de Paranhos mudou de nome para Sport Porto e Salgueiros porque era visto como um simples grupo de rua, também porque as suas cores eram o vermelho e o branco, como o Benfica.
 
A base social de apoio dos salgueiristas foi reforçada em 1920, quando se fundiu com o Sport Comércio. "Seria após esta fusão que o Sport Comércio e Salgueiros entraria no caminho do crescimento, obtendo melhores resultados desportivos e muito maior popularidade nas décadas de 1920 e 1930", afirmou o investigador João Nuno Coelho ao Diário de Notícias, sobre um clube que conquistou o seu primeiro título importante em 1918, o Campeonato Regional do Porto.
 
Embora os portuenses se tenham estreado na I Divisão na década de 1940 e passado pelo primeiro escalão também nas de 1950 e 1960, só se tornaram presença habitual no patamar maior do futebol português a partir de 1980, ganhando notoriedade com boas classificações no campeonato, como o 5.º lugar que valeu o apuramento para as competições europeias em 1991.
 
Em termos de Taça de Portugal, o melhor que os salgueiristas conseguiram foi chegar aos quartos de final em 1951-52, 1957-58, 1964-65 e 2001-02.
 
Depois de duas décadas entre os grandes, fazendo-lhes a vida negra em muitos jogos emocionantes no velhinho Campo Vidal Pinheiro, o clube foi afetado por uma gravíssima crise financeira que levou mesmo à extinção e ao renascimento com outro nome, o Salgueiros 1911.
 
Vale por isso a pena recordar os dez jogadores com mais jogos pelo Velho Salgueiral na I Divisão.
 
 

10. Fernando Almeida (126 jogos)

Fernando Almeida
Avançado brasileiro de baixa estatura (1,74 m) recrutado ao Atlético Goianense no verão de 1994, esteve seis épocas em Vidal Pinheiro.
Entre 1994 e 2000 amealhou 126 jogos (95 a titular) e 20 golos na I Liga, tendo contribuído ativamente para duas das melhores classificações de sempre do Salgueiros, o 6.º lugar em 1996-97 e o 8.º em 1997-98.
Após essa meia dúzia de anos em Paranhos, transferiu-se para o Maia numa altura em que já tinha um espaço muito reduzido na equipa.
Mais tarde, numa altura em que já tinha mais de 40 anos, voltou a representar os salgueiristas entre 2008 e 2010 nos distritais da AF Porto.
 
 
 

9. Renato (141 jogos)

Renato
Defesa central formado no Salgueiros, transitou para a equipa principal em 1991-92.
Embora não tivesse participado na eliminatória da Taça UEFA diante do Cannes de Zinédine Zidane, foi ganhando paulatinamente o seu espaço no onze inicial, tendo amealhado um total de 141 jogos (131 a titular) e três golos entre 1991 e 1998. Em 1996-97 contribuiu para a obtenção de um honroso 6.º lugar.
“O Renato fez a formação comigo e acabámos por jogar juntos no Sporting. A gente chamava-o de sono, porque ele era sempre tranquilo, sempre na paz. Mesmo que fosse o último homem da defesa, ele fazia as coisas com uma calma extraordinária. Porque era muito bom tecnicamente, conseguia sair a jogar na boa. Mas, às vezes, irritava-nos. Porque, imagina lá, dois ou três gajos em cima dele e o Renato com aquele ar zen. Que figura, estou a reviver agora esses momentos de aflição. Nós à espera de um chuto para a frente e ele a manter a bola como se estivesse à vontade”, contou Ricardo Sá Pinto ao Maisfutebol em março de 2020.
Em março de 1998 transferiu-se para o Sporting, onde reencontrou o treinador Carlos Manuel, com o qual tinha iniciado a época em Vidal Pinheiro, deixando os salgueiristas a escassos pontos dos lugares de acesso às competições europeias.
Após passagens por Vitória de Setúbal e Leixões e um longo trajeto na União de Leiria, regressou ao Salgueiros em 2008-09 para competir nos distritais da AF Porto.
Após pendurar as botas, desempenhou as funções de treinador das camadas jovens e da equipa principal e coordenador técnico no clube entre 2009 e 2015.
 
 
 

8. Leão (152 jogos)

Leão
Médio de características defensivas formado maioritariamente no Salgueiros depois de ter jogado ao lado de Nélson e Folha nos iniciados do FC Porto, transitou para a equipa principal em 1989-90, época marcada pela conquista do título nacional da II Divisão e consequente subida à I Divisão.
Entre 1990 e 1998, Leão amealhou um total de 152 encontros (121 a titular) e um golo (ao Sp. Espinho, em 1992-93) no primeiro escalão, tendo contribuído para a obtenção da melhor classificação de sempre do clube em 1990-91, um quinto lugar que valeu um inédito apuramento para a Taça UEFA.
“[O Leão era] Um médio mais defensivo, forte a roubar e a entregar, com capacidade de passe longo muito boa. Gostava de variar o jogo com diagonais longas e fazia-o como ninguém. Também gostava de ir à bola, porque um, gostava de duelos e dois, tinha empatia com a bola. Como se isso fosse pouco, jogava sempre simples, nunca inventava”, descreveu Ricardo Sá Pinto ao Maisfutebol em março de 2020.
Em março de 1998 seguiu viagem com Renato para o Sporting, onde reencontrou o treinador Carlos Manuel, com o qual tinha iniciado a época em Vidal Pinheiro.
Após encerrar a carreira de jogador iniciou a de treinador, tendo orientado os juniores salgueiristas em 2008-09 e assumido a função de técnico-adjunto na equipa principal do clube em 2011-12.
 
 

7. Jorginho (161 jogos)

Jorginho
O eterno capitão, um extremo que passou pelo Foz e pelo Boavista antes de chegar a Vidal Pinheiro, mas que acabou por representar o Salgueiros ao longo de 12 temporadas.
Em 1981-82 ajudou os salgueiristas a subir à I Divisão, patamar em que totalizou 161 jogos (146 a titular) e três golos entre 1982 e 1988.
Após a descida à II Divisão permaneceu mais dois anos no clube, despedindo-se com a conquista do título nacional do segundo escalão e consequente subida à I Divisão em 1990.
Depois de encerrar a carreira de jogador continuou ligado ao emblema de Paranhos enquanto treinador, assumindo as funções de adjunto nos juniores e na equipa principal desde 2010 até aos dias de hoje.
 

 

6. Vinha (166 jogos)

Vinha
Médio/avançado cabo-verdiano de elevada estatura (1,93 m), chegou pela primeira vez ao Salgueiros no verão de 1990, proveniente do Atlético.
Durante a primeira passagem por Vidal Pinheiro, entre 1990 e 1993, totalizou 65 encontros (54 a titular) e dez golos na I Divisão, tendo contribuído com sete remates certeiros para a obtenção melhor classificação de sempre do clube em 1990-91, o 5.º lugar que valeu o apuramento para a Taça UEFA.  Duas épocas depois marcou, ao cair do pano, o golo que garantiu a permanência e atirou o Sp. Espinho para a II Liga.
“No Salgueiros fui sempre médio, mas em alguns jogos, na hora do desespero, os treinadores metiam-me lá na frente para aproveitar a minha altura”, recordou ao Maisfutebol em outubro de 2019.
No verão de 1993 deu o salto para o FC Porto, mas um ano depois regressou a Paranhos para mais quatro temporadas no primeiro escalão, nas quais amealhou 101 partidas (47 a titular) e nove golos, ajudando o Salgueiros a alcançar um honroso 6.º lugar em 1996-97.
Em meados de 1998 transferiu-se para o Paços de Ferreira.
 
 
 

5. Milovac (199 jogos)

Stevan Milovac
Defesa central sérvio, chegou ao Salgueiros em janeiro de 1990, proveniente do Vojvodina. “Até hoje não sei como fui lá parar. Veja bem: eu fui campeão nacional da Jugoslávia em 1989, joguei a Taça dos Campeões Europeus nos meses seguintes e em janeiro de 1990 estava a jogar na II Divisão de Portugal, muitas vezes em campos pelados. O Zoran Filipovic fez-me o convite, disse-me que a equipa ia subir de divisão e o Dragan, que tinha sido meu colega de equipa e que já estava no Salgueiros, disse-me muito bem do clube e do país. Decidi aceitar o desafio. Não havia empresários, pensei pela minha cabeça”, contou ao Maisfutebol em dezembro de 2020.
“[Quando cheguei a Portugal] Encontrei um campo cheio de lama. Nem me queria acreditar. Até perguntei ao diretor se aquilo era o campo de treinos e ele disse-me ‘não, não, é aqui que o Salgueiros joga’. Nessa altura do ano chovia muito e tínhamos de ir treinar muitas vezes a um pelado em Rio Tinto. Nunca me habituei, não foram tempos fáceis, andava sempre arranhado. Aliás, o primeiro jogo que eu vi ao vivo foi um Peniche-Salgueiros, também num campo pelado. ‘Meu deus, onde eu me vim meter’. Aquilo era muito rápido, nada a ver com o futebol jugoslavo. Pensei que não ia ser nada fácil para mim. Nesse ano jogámos no Mangualde, Oliveira do Bairro, sempre em pelados”, acrescentou Milovac, que logo na primeira meia época em Portugal contribuiu para a conquista do título nacional da II Divisão e para a consequente promoção ao primeiro escalão.
Entre 1990 e 1997 amealhou um total de 199 partidas (197 a titular) e 13 golos ao serviço da formação de Paranhos na I Divisão, tendo contribuído para melhor classificação de sempre do clube em 1990-91, o 5.º lugar que valeu o apuramento para a Taça UEFA
“A equipa era muito boa. O Filipovic soube escolher bem os jugoslavos e o resto da malta era tudo uma família. Éramos muito unidos, como se fossemos só um homem. O Salgueiros nunca pensou ser possível ficar no quinto lugar. Foi um sucesso fantástico. Nos outros clubes havia salários em atraso, no Salgueiros nunca tive um pagamento em falta. Tudo o que foi combinado comigo foi sempre cumprido”, recordou, nostálgico.
Em 1997, numa altura em que já vinha a perder algum espaço na equipa, decidiu pendurar as botas, aos 35 anos. “Só tenho pena de não ter ficado no Salgueiros mais anos. Fiz mal. Nenhum clube me marcou tanto como o Salgueiros. Acredito que a entrada do treinador Carlos Manuel foi má para mim.  Ele entrou com o peito cheio, aberto, queria-se mostrar. Tirou logo da equipa o Pedro Espinha e a mim. Eu tinha sido sempre titular, tinha grande influência e aquilo marcou-me negativamente. Acho que havia outras razões por trás. O Filipovic [colega de Carlos Manuel no Benfica] sabia muitas coisas sobre ele e ele sabia que eu era muito amigo do Filipovic. Não vale a pena falar mais coisas sobre o Carlos Manuel. Mas acho que teve mais a ver com isso do que com a minha idade. Ele dizia que eu era velho… o Salgueiros estava mal, em 15.º ou 16.º, o Carlos acabou por me dar a titularidade e no último jogo, se o Abílio tivesse marcado o penálti em Faro, tínhamos ido outra vez à Taça UEFA. Reconquistei o meu lugar. Há coisas que não se explicam”, lamentou.
 
 
 
 

4. Abílio (216 jogos)

Abílio Novais
O melhor marcador de sempre do Velho Salgueiral na I Divisão, com 35 golos.
Médio de baixa estatura (1,65 m) que concluiu a formação no FC Porto, clube que chegou a representar enquanto sénior após passagens por Oliveirense e Leixões, ingressou no Salgueiros durante o verão de 1991, proveniente dos dragões.
Ao longo da primeira passagem por Vidal Pinheiro, entre 1991 e 1994, totalizou 81 jogos (75 a titular) e nove golos na I Divisão, tendo participado no duplo confronto com os franceses do Cannes na Taça UEFA logo na época de estreia.
Em 1994-95 representou ao Belenenses, mas na temporada seguinte regressou a Paranhos para mais quatro temporadas de bom nível no primeiro escalão, nas quais amealhou 135 partidas (134 a titular) e 26 golos. Em 1996-97 contribuiu para a obtenção de um honroso 6.º lugar, mas na última jornada do campeonato desperdiçou em Faro que daria a quinta posição e o consequente apuramento para a Taça UEFA aos salgueiristas.
“Cerebral, tecnicamente muito evoluído, com qualidade absurda tanto no passe curto como no passe longo. Embora não fosse bom defensivamente, tinha uma excelente reação à perda de bola e era, claramente, um virtuoso na bola parada. Aliás, é ele quem nos salva da descida de divisão em 1992, como autor daquele golo na Luz. Acabou 1-1, porque o Isaías faz o empate perto do fim, e quem desceu foi o Torreense. Dentro do balneário, uma grande companhia, sempre espirituoso”, descreveu Ricardo Sá Pinto ao Maisfutebol em março de 2020.
No verão de 1999 transferiu-se para o Campomaiorense.
 
 
 

3. Rui França (217 jogos)

Rui França
Médio de características defensivas que jogou ao lado de Bandeirinha nos juvenis do FC Porto, ingressou no Salgueiros em 1982-83, proveniente do Estarreja.
Entre 1982 e 1988 amealhou um total de 127 jogos (116 a titular) e cinco golos na I Divisão, não conseguindo evitar a despromoção na sexta época no primeiro escalão.
Em 1989-90 ajudou a formação de Paranhos a conquistar o título nacional da II Divisão e a alcançar a consequente promoção ao patamar maior do futebol português, tendo nas três épocas que se seguiram totalizado 90 partidas (todas como titular) e um golo na I Divisão, com direito a apuramento para a Taça UEFA em 1991.
No verão de 1993 transferiu-se para o Beira-Mar.
 
 
 

2. Madureira (243 jogos)

Madureira
Guarda-redes de baixa estatura (1,79 m), à moda antiga, começou a carreira no Leixões e passou por Boavista e Académico de Viseu, mas foi no Salgueiros que verdadeiramente se notabilizou.
Entre 1984, ano em que chegou a Paranhos, e 1988, quando os salgueiristas desceram à II Divisão, amealhou 127 partidas e 186 golos sofridos no primeiro escalão.
Após uma curta passagem pelo Rio Ave, regressou a Vidal Pinheiro em 1989-90 para contribuir para a conquista do título nacional da II Divisão e para a consequente promoção à I Divisão, patamar em que acumulou mais 116 encontros e 153 golos sofridos entre 1990 e 1996, ajudando o emblema portuense a alcançar o inédito para as competições europeias em 1991.
“[O Madureira era] Um dos mais experientes da equipa, dava-nos muita segurança. Era bastante comunicativo e um guarda-redes seguro, embora não fosse um prodígio de técnica ou a sair dos postes, à boa maneira dos portugueses. Colocava-se bem na baliza e fez uma carreira apreciável na I Divisão”, descreveu Ricardo Sá Pinto ao Maisfutebol em março de 2020.
Em 1996 pendurou as luvas, mas continuou a trabalhar no clube enquanto treinador de guarda-redes.
 
 
 

1. Pedro Reis (340 jogos)

Pedro Reis
Defesa central de baixa estatura (1,77 m), despontou no Leça e foi de lá que se transferiu para o Salgueiros em 1987-88, uma época de má memória para a formação de Paranhos pois culminou na descida à II Divisão.
Nessa temporada, Pedro Reis (ou simplesmente Pedro) estreou-se no primeiro escalão, tendo atuado em 29 partidas (28 a titular) e marcado um golo ao Sp. Covilhã.
Após a despromoção permaneceu no clube e em 1989-90 festejou a conquista do título nacional da II Divisão e consequente subida à I Divisão, patamar em que este defesa amealhou um total de 311 jogos (308 a titular) e seis remates certeiros ao longo de dez temporadas. Em 1990-91 foi um dos esteios da equipa que alcançou o inédito apuramento para a Taça UEFA.
Em meados de 2000 pendurou as botas, aos 33 anos, despedindo-se da carreira num jogo histórico, a derrota ante o Sporting (0-4) que permitiu aos leões conquistar o título nacional que lhes fugia há 18 anos.
“[O Pedro era] o nosso capitão e líder da defesa. Muito inteligente, posicionava-se bem e nunca se deixava ser apanhado em contrapé. Além disso, tinha grande mobilidade”, descreveu Ricardo Sá Pinto ao Maisfutebol em março de 2020.
Após pendurar as botas, Pedro Reis tornou-se treinador, tendo orientado a equipa principal dos salgueiristas nos distritais da AF Porto entre 2008 e 2010. 













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