Dez figuras marcantes da história do Salgueiros |
Fundado a 8 de dezembro de 1911
por um grupo de operários e na altura com a denominação Sport
Grupo Salgueiros, em referência à fábrica com o mesmo nome, onde
trabalhavam quase todos os fundadores e atletas do clube, o entretanto
denominado Sport
Comércio e Salgueiros somou 24 presenças na I
Divisão e uma participação na Taça
UEFA.
Desde sempre um clube muito
popular, ao contrário dos vizinhos FC
Porto e Boavista
que tiveram uma origem mais elitista, o clube
de Paranhos mudou de nome para Sport
Porto e Salgueiros porque era visto como um simples grupo de rua, também
porque as suas cores eram o vermelho e o branco, como o Benfica.
A base social de apoio dos salgueiristas
foi reforçada em 1920, quando se fundiu com o Sport Comércio. "Seria após
esta fusão que o Sport
Comércio e Salgueiros entraria no caminho do crescimento, obtendo melhores
resultados desportivos e muito maior popularidade nas décadas de 1920 e
1930", afirmou o investigador João Nuno Coelho ao Diário
de Notícias, sobre um clube que conquistou o seu primeiro título
importante em 1918, o Campeonato Regional do Porto.
Embora os portuenses
se tenham estreado na I
Divisão na década de 1940 e passado pelo primeiro
escalão também nas de 1950 e 1960, só se tornaram presença habitual no patamar
maior do futebol português a partir de 1980, ganhando notoriedade com boas
classificações no campeonato, como o 5.º lugar que valeu o apuramento para as
competições europeias em 1991.
Em termos de Taça
de Portugal, o melhor que os salgueiristas
conseguiram foi chegar aos quartos de final em 1951-52, 1957-58, 1964-65 e
2001-02.
Depois de duas décadas entre os
grandes, fazendo-lhes a vida negra em muitos jogos emocionantes no velhinho
Campo Vidal Pinheiro, o clube foi afetado por uma gravíssima crise financeira
que levou mesmo à extinção e ao renascimento com outro nome, o Salgueiros
1911.
10. Fernando Almeida (126 jogos)
Fernando Almeida |
Avançado brasileiro de baixa estatura (1,74 m) recrutado ao Atlético
Goianense no verão de 1994, esteve seis épocas em Vidal Pinheiro.
Entre 1994 e 2000 amealhou 126 jogos (95 a titular) e 20 golos na I
Liga, tendo contribuído ativamente para duas das melhores classificações de
sempre do Salgueiros,
o 6.º lugar em 1996-97 e o 8.º em 1997-98.
Após essa meia dúzia de anos em Paranhos, transferiu-se para o Maia numa
altura em que já tinha um espaço muito reduzido na equipa.
Mais tarde, numa altura em que já tinha mais de 40 anos, voltou a
representar os salgueiristas
entre 2008 e 2010 nos distritais da AF
Porto.
9. Renato (141 jogos)
Renato |
Defesa central formado no Salgueiros,
transitou para a equipa principal em 1991-92.
Embora não tivesse participado na eliminatória da Taça
UEFA diante do Cannes de Zinédine Zidane, foi ganhando paulatinamente o seu
espaço no onze inicial, tendo amealhado um total de 141 jogos (131 a titular) e
três golos entre 1991 e 1998. Em 1996-97 contribuiu para a obtenção de um
honroso 6.º lugar.
“O Renato fez a formação comigo e acabámos por jogar juntos no Sporting.
A gente chamava-o de sono, porque ele era sempre tranquilo, sempre na paz.
Mesmo que fosse o último homem da defesa, ele fazia as coisas com uma calma
extraordinária. Porque era muito bom tecnicamente, conseguia sair a jogar na
boa. Mas, às vezes, irritava-nos. Porque, imagina lá, dois ou três gajos em
cima dele e o Renato com aquele ar zen. Que figura, estou a reviver agora esses
momentos de aflição. Nós à espera de um chuto para a frente e ele a manter a
bola como se estivesse à vontade”, contou Ricardo
Sá Pinto ao Maisfutebol
em março de 2020.
Em março de 1998 transferiu-se para o Sporting,
onde reencontrou o treinador Carlos Manuel, com o qual tinha iniciado a época
em Vidal Pinheiro, deixando os salgueiristas
a escassos pontos dos lugares de acesso às competições europeias.
Após passagens por Vitória
de Setúbal e Leixões
e um longo trajeto na União
de Leiria, regressou ao Salgueiros
em 2008-09 para competir nos distritais da AF
Porto.
Após pendurar as botas, desempenhou as funções de treinador das camadas
jovens e da equipa principal e coordenador técnico no clube entre 2009 e 2015.
8. Leão (152 jogos)
Leão |
Médio de características defensivas formado maioritariamente no Salgueiros
depois de ter jogado ao lado de Nélson e Folha nos iniciados do FC
Porto, transitou para a equipa principal em 1989-90, época marcada pela
conquista do título nacional da II Divisão e consequente subida à I
Divisão.
Entre 1990 e 1998, Leão amealhou um total de 152 encontros (121 a
titular) e um golo (ao Sp. Espinho, em 1992-93) no primeiro
escalão, tendo contribuído para a obtenção da melhor classificação de
sempre do clube em 1990-91, um quinto lugar que valeu um inédito apuramento
para a Taça
UEFA.
“[O Leão era] Um médio mais defensivo, forte a roubar e a entregar, com
capacidade de passe longo muito boa. Gostava de variar o jogo com diagonais
longas e fazia-o como ninguém. Também gostava de ir à bola, porque um, gostava
de duelos e dois, tinha empatia com a bola. Como se isso fosse pouco, jogava
sempre simples, nunca inventava”, descreveu Ricardo
Sá Pinto ao Maisfutebol
em março de 2020.
Em março de 1998 seguiu viagem com Renato para o Sporting,
onde reencontrou o treinador Carlos Manuel, com o qual tinha iniciado a época
em Vidal Pinheiro.
Após encerrar a carreira de jogador iniciou a de treinador, tendo
orientado os juniores salgueiristas
em 2008-09 e assumido a função de técnico-adjunto na equipa principal do clube
em 2011-12.
7. Jorginho (161 jogos)
Jorginho |
O eterno capitão, um extremo que passou pelo Foz e pelo Boavista
antes de chegar a Vidal Pinheiro, mas que acabou por representar o Salgueiros
ao longo de 12 temporadas.
Em 1981-82 ajudou os salgueiristas
a subir à I
Divisão, patamar em que totalizou 161 jogos (146 a titular) e três golos
entre 1982 e 1988.
Após a descida à II Divisão permaneceu mais dois anos no clube,
despedindo-se com a conquista do título nacional do segundo escalão e
consequente subida à I
Divisão em 1990.
Depois de encerrar a carreira de jogador continuou ligado ao emblema
de Paranhos enquanto treinador, assumindo as funções de adjunto nos
juniores e na equipa principal desde 2010 até aos dias de hoje.
6. Vinha (166 jogos)
Vinha |
Médio/avançado cabo-verdiano de elevada estatura (1,93 m), chegou pela
primeira vez ao Salgueiros
no verão de 1990, proveniente do Atlético.
Durante a primeira passagem por Vidal Pinheiro, entre 1990 e 1993,
totalizou 65 encontros (54 a titular) e dez golos na I
Divisão, tendo contribuído com sete remates certeiros para a obtenção
melhor classificação de sempre do clube em 1990-91, o 5.º lugar que valeu o
apuramento para a Taça
UEFA. Duas épocas depois marcou, ao
cair do pano, o golo que garantiu a permanência e atirou o Sp. Espinho para a II
Liga.
“No Salgueiros
fui sempre médio, mas em alguns jogos, na hora do desespero, os treinadores
metiam-me lá na frente para aproveitar a minha altura”, recordou ao Maisfutebol
em outubro de 2019.
No verão de 1993 deu o salto para o FC
Porto, mas um ano depois regressou a Paranhos para mais quatro temporadas
no primeiro
escalão, nas quais amealhou 101 partidas (47 a titular) e nove golos,
ajudando o Salgueiros
a alcançar um honroso 6.º lugar em 1996-97.
Em meados de 1998 transferiu-se para o Paços
de Ferreira.
5. Milovac (199 jogos)
Stevan Milovac |
Defesa central sérvio, chegou ao Salgueiros
em janeiro de 1990, proveniente do Vojvodina. “Até hoje não sei como fui lá
parar. Veja bem: eu fui campeão nacional da Jugoslávia em 1989, joguei a Taça
dos Campeões Europeus nos meses seguintes e em janeiro de 1990 estava a
jogar na II Divisão de Portugal, muitas vezes em campos pelados. O Zoran
Filipovic fez-me o convite, disse-me que a equipa ia subir de divisão e o
Dragan, que tinha sido meu colega de equipa e que já estava no Salgueiros,
disse-me muito bem do clube e do país. Decidi aceitar o desafio. Não havia
empresários, pensei pela minha cabeça”, contou ao Maisfutebol
em dezembro de 2020.
“[Quando cheguei a Portugal] Encontrei um campo cheio de lama. Nem me
queria acreditar. Até perguntei ao diretor se aquilo era o campo de treinos e
ele disse-me ‘não, não, é aqui que o Salgueiros
joga’. Nessa altura do ano chovia muito e tínhamos de ir treinar muitas vezes a
um pelado em Rio Tinto. Nunca me habituei, não foram tempos fáceis, andava
sempre arranhado. Aliás, o primeiro jogo que eu vi ao vivo foi um Peniche-Salgueiros,
também num campo pelado. ‘Meu deus, onde eu me vim meter’. Aquilo era muito
rápido, nada a ver com o futebol jugoslavo. Pensei que não ia ser nada fácil
para mim. Nesse ano jogámos no Mangualde, Oliveira do Bairro, sempre em pelados”,
acrescentou Milovac, que logo na primeira meia época em Portugal contribuiu
para a conquista do título nacional da II Divisão e para a consequente promoção
ao primeiro
escalão.
Entre 1990 e 1997 amealhou um total de 199 partidas (197 a titular) e 13
golos ao serviço da formação
de Paranhos na I
Divisão, tendo contribuído para melhor classificação de sempre do clube em
1990-91, o 5.º lugar que valeu o apuramento para a Taça
UEFA.
“A equipa era muito boa. O Filipovic soube escolher bem os jugoslavos e o
resto da malta era tudo uma família. Éramos muito unidos, como se fossemos só
um homem. O Salgueiros
nunca pensou ser possível ficar no quinto lugar. Foi um sucesso fantástico. Nos
outros clubes havia salários em atraso, no Salgueiros
nunca tive um pagamento em falta. Tudo o que foi combinado comigo foi sempre
cumprido”, recordou, nostálgico.
Em 1997, numa altura em que já vinha a perder algum espaço na equipa,
decidiu pendurar as botas, aos 35 anos. “Só tenho pena de não ter ficado no Salgueiros
mais anos. Fiz mal. Nenhum clube me marcou tanto como o Salgueiros.
Acredito que a entrada do treinador Carlos Manuel foi má para mim. Ele entrou com o peito cheio, aberto,
queria-se mostrar. Tirou logo da equipa o Pedro Espinha e a mim. Eu tinha sido
sempre titular, tinha grande influência e aquilo marcou-me negativamente. Acho
que havia outras razões por trás. O Filipovic [colega de Carlos Manuel no Benfica]
sabia muitas coisas sobre ele e ele sabia que eu era muito amigo do Filipovic.
Não vale a pena falar mais coisas sobre o Carlos Manuel. Mas acho que teve mais
a ver com isso do que com a minha idade. Ele dizia que eu era velho… o Salgueiros
estava mal, em 15.º ou 16.º, o Carlos acabou por me dar a titularidade e no
último jogo, se o Abílio tivesse marcado o penálti em Faro, tínhamos ido outra
vez à Taça
UEFA. Reconquistei o meu lugar. Há coisas que não se explicam”, lamentou.
4. Abílio (216 jogos)
Abílio Novais |
O melhor marcador de sempre do Velho
Salgueiral na I
Divisão, com 35 golos.
Médio de baixa estatura (1,65 m) que concluiu a formação no FC
Porto, clube que chegou a representar enquanto sénior após passagens por Oliveirense
e Leixões,
ingressou no Salgueiros
durante o verão de 1991, proveniente dos dragões.
Ao longo da primeira passagem por Vidal Pinheiro, entre 1991 e 1994,
totalizou 81 jogos (75 a titular) e nove golos na I
Divisão, tendo participado no duplo confronto com os franceses do Cannes na
Taça
UEFA logo na época de estreia.
Em 1994-95 representou ao Belenenses,
mas na temporada seguinte regressou a Paranhos para mais quatro temporadas de
bom nível no primeiro
escalão, nas quais amealhou 135 partidas (134 a titular) e 26 golos. Em
1996-97 contribuiu para a obtenção de um honroso 6.º lugar, mas na última
jornada do campeonato desperdiçou em Faro que daria a quinta posição e o consequente
apuramento para a Taça
UEFA aos salgueiristas.
“Cerebral, tecnicamente muito evoluído, com qualidade absurda tanto no
passe curto como no passe longo. Embora não fosse bom defensivamente, tinha uma
excelente reação à perda de bola e era, claramente, um virtuoso na bola parada.
Aliás, é ele quem nos salva da descida de divisão em 1992, como autor daquele
golo na Luz. Acabou 1-1, porque o Isaías faz o empate perto do fim, e quem
desceu foi o Torreense.
Dentro do balneário, uma grande companhia, sempre espirituoso”, descreveu Ricardo
Sá Pinto ao Maisfutebol
em março de 2020.
No verão de 1999 transferiu-se para o Campomaiorense.
3. Rui França (217 jogos)
Rui França |
Médio de características defensivas que jogou ao lado de Bandeirinha nos
juvenis do FC
Porto, ingressou no Salgueiros
em 1982-83, proveniente do Estarreja.
Entre 1982 e 1988 amealhou um total de 127 jogos (116 a titular) e cinco
golos na I
Divisão, não conseguindo evitar a despromoção na sexta época no primeiro
escalão.
Em 1989-90 ajudou a formação
de Paranhos a conquistar o título nacional da II Divisão e a alcançar a
consequente promoção ao patamar
maior do futebol português, tendo nas três épocas que se seguiram
totalizado 90 partidas (todas como titular) e um golo na I
Divisão, com direito a apuramento para a Taça
UEFA em 1991.
No verão de 1993 transferiu-se para o Beira-Mar.
2. Madureira (243 jogos)
Madureira |
Guarda-redes de baixa estatura (1,79 m), à moda antiga, começou a
carreira no Leixões
e passou por Boavista
e Académico de Viseu, mas foi no Salgueiros
que verdadeiramente se notabilizou.
Entre 1984, ano em que chegou a Paranhos, e 1988, quando os salgueiristas
desceram à II Divisão, amealhou 127 partidas e 186 golos sofridos no primeiro
escalão.
Após uma curta passagem pelo Rio
Ave, regressou a Vidal Pinheiro em 1989-90 para contribuir para a conquista
do título nacional da II Divisão e para a consequente promoção à I
Divisão, patamar em que acumulou mais 116 encontros e 153 golos sofridos
entre 1990 e 1996, ajudando o emblema
portuense a alcançar o inédito para as competições europeias em 1991.
“[O Madureira era] Um dos mais experientes da equipa, dava-nos muita
segurança. Era bastante comunicativo e um guarda-redes seguro, embora não fosse
um prodígio de técnica ou a sair dos postes, à boa maneira dos portugueses.
Colocava-se bem na baliza e fez uma carreira apreciável na I
Divisão”, descreveu Ricardo
Sá Pinto ao Maisfutebol
em março de 2020.
Em 1996 pendurou as luvas, mas continuou a trabalhar no clube enquanto
treinador de guarda-redes.
1. Pedro Reis (340 jogos)
Pedro Reis |
Defesa central de baixa estatura (1,77 m), despontou no Leça
e foi de lá que se transferiu para o Salgueiros
em 1987-88, uma época de má memória para a formação
de Paranhos pois culminou na descida à II Divisão.
Nessa temporada, Pedro Reis (ou simplesmente Pedro) estreou-se no primeiro
escalão, tendo atuado em 29 partidas (28 a titular) e marcado um golo ao Sp.
Covilhã.
Após a despromoção permaneceu no
clube e em 1989-90 festejou a conquista do título nacional da II Divisão e
consequente subida à I
Divisão, patamar em que este defesa amealhou um total de 311 jogos (308 a
titular) e seis remates certeiros ao longo de dez temporadas. Em 1990-91 foi um
dos esteios da equipa que alcançou o inédito apuramento para a Taça
UEFA.
Em meados de 2000 pendurou as
botas, aos 33 anos, despedindo-se da carreira num jogo histórico, a derrota
ante o Sporting
(0-4) que permitiu aos leões
conquistar o título nacional que lhes fugia há 18 anos.
“[O Pedro era] o nosso capitão e
líder da defesa. Muito inteligente, posicionava-se bem e nunca se deixava ser
apanhado em contrapé. Além disso, tinha grande mobilidade”, descreveu Ricardo
Sá Pinto ao Maisfutebol
em março de 2020.
Após pendurar as botas, Pedro
Reis tornou-se treinador, tendo orientado a equipa principal dos salgueiristas
nos distritais da AF
Porto entre 2008 e 2010.
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