As 10 figuras que mais vestiram a camisola da CUF na I Divisão |
Fundado a 27 de janeiro
de 1937, o Grupo
Desportivo Fabril do Barreiro está longe dos tempos de glória
que viveu quando competia sob a designação de Grupo
Desportivo da CUF, nomeadamente entre as décadas de 1950 e 1970.
Foi nessa altura que o
clube do Lavradio,
que entre 1978 e 2000 se chamou Quimigal,
participou de forma consecutiva por 22 vezes na I Divisão (entre
1954-55 e 1975-76), depois de em 1942-43 se ter estreado no patamar
maior futebol português com o nome de Unidos
Futebol Clube do Barreiro. Embora estejam há quase 45 anos
afastados da elite, os fabrilistas
estão ainda entre os 20 clubes com mais presenças no primeiro
escalão.
Entre as principais
façanhas do emblema do concelho do Barreiro
estão um terceiro lugar (à frente do Sporting), em 1964-65, e dois
quartos, em 1961-62 e 1971-72, com este último a dar acesso à Taça
UEFA.
Vale por isso a pena
recordar os dez futebolistas com mais jogos pela CUF
na I Divisão.
10. Uria (176 jogos)
Uria |
Extremo de posição,
Emídio Simões Uria chegou ao Lavradio
no verão de 1958 para reforçar a CUF,
oriundo do Estoril
Praia, quando tinha 23 anos. Ficou no clube durante nove
temporadas, tendo feito parte da equipa que em 1964-65 ficou em
terceiro lugar no campeonato. A sua melhor época foi, porém, em
1961-62, quando marcou 10 golos e ajudou os fabrilistas
a obter um muito honroso quarto lugar. Em dezembro de 1965 esteve na
célebre eliminatória da Taça
das Cidades com Feiras frente ao Milan, tendo cumprido os 90
minutos nos três jogos.
A 8 dezembro de 1960 foi
selecionado para representar a seleção nacional B num particular
diante de França, no Jamor.
9. José Monteiro (178 jogos)
José Monteiro |
Nascido na cidade
angolana
de Benguela, o médio direito José Monteiro reforçou a CUF
no arranque da época 1965-66, quando tinha 24 anos, depois de cinco
temporadas de escassa utilização no Sporting e de uma no Sporting
de Luanda. Na estreia pelos fabrilistas
no campeonato, a 16 de janeiro de 1966, marcou numa derrota em casa
com o Benfica. Seguiram-se mais oito épocas no Lavradio,
tendo as melhores sido em 1971-72 e 1972-73, quando apontou 12 golos
no campeonato em cada uma delas. Em 1967-68 participou na
eliminatória da Taça
das Cidades com Feiras diante dos jugoslavos do Vojvodina e em
1972-73 nas rondas da Taça
UEFA frente aos alemães do Kaiserslautern e aos belgas do
Molenbeek. Após nove anos no Barreiro,
encerrou a carreira em 1974-75 ao serviço do Oriental.
8. Fernando Oliveira (188 jogos)
Fernando Oliveira |
Fernando
Oliveira, ou apenas Fernando,
nasceu em Oliveira do Douro, no concelho de Vila Nova de Gaia, passou
pelo Vilanovense e fez a estreia na I Divisão ao serviço do Varzim,
mas foi com a camisola da CUF
que se notabilizou no futebol português. Médio ofensivo ou
avançado, chegou ao Lavradio
com 23 anos, no verão de 1964, e desatou a marcar golos logo na
primeira época, tendo apontado 15 e ajudado os fabrilistas
a obter a melhor classificação de sempre no primeiro escalão, o
3.º lugar. Na época seguinte não marcou tantos golos, mas brilhou
na célebre eliminatória diante do AC Milan na Taça
das Cidades com Feiras, tendo inaugurado o marcador e conquistado
o penálti que deu o 2-0 final. Com o passar dos anos foi recuando no
terreno, em grande parte devido à eclosão de Manuel
Fernandes, mas ainda assim despediu-se dos relvados em 1973 com
60 golos na I Divisão com a camisola da CUF,
o que lhe valeu a liderança desse ranking, a par de Arsénio e José
Monteiro.
Após pendurar as botas
continuou no clube como adjunto de Fernando Caiado e em 1974-75 como
treinador principal, obtendo um oitavo lugar no campeonato. Porém,
não deu seguimento a essa carreira, preferindo a de empresário na
construção civil e sobretudo no ramo do comércio automóvel. Mais
tarde regressou ao futebol, mas como presidente
do Vitória de Setúbal.
7. Vieira Dias (188 jogos)
Vieira Dias |
Embora tenha disputado
188 jogos como Fernando
Oliveira, atuou durante mais 53 minutos com a camisola da CUF,
que vestiu pela primeira vez em 1961-62, depois de ter passado pelo
Benfica e pelo Atlético. Na época de estreia, o médio ajudou a
equipa a concluir o campeonato num bastante honroso quarto lugar, até
então a melhor classificação de sempre do clube. Também esteve na
campanha que culminou no último degrau do pódio, em 1964-65, e em
dois dos três jogos frente ao AC Milan em dezembro de 1965. No duelo
com os italianos no Estádio
Alfredo da Silva, teve receio de assumir a grande penalidade que
haveria de ser convertida no capitão Abalroado e que daria o 2-0 aos
fabrilistas.
As suas épocas mais produtivas foram as de 1963-64 e 1965-66, tendo
apontado seis golos em ambas.
José Maria |
6. José Maria (191 jogos)
Guarda-redes natural do
Estoril,
chegou ao Lavradio
no verão de 1954 proveniente do Estoril
Praia. Nas duas primeiras épocas viveu na sombra de Libânio e
em 1957-58 e 1958-59 sentiu dificuldades em impor-se perante António
Gama, mas depois afirmou-se como titular indiscutível dos
fabrilistas
até 1966-67, quando pendurou as botas, ajudando os fabrilistas
a obter classificações bastante honrosas nesse período, incluindo
o terceiro lugar em 1964-65 e o quarto em 1961-62. Nos 191 jogos que
disputou, sofreu 288 golos.
5. Durand (196 jogos)
Durand |
Defesa de posição,
Durand reforçou a CUF
na época 1957-58, quando tinha 22 anos, depois de ter passado pelas
reservas do Sporting. Esteve ligado aos fabrilistas
durante 11 anos, embora não tivesse disputado qualquer encontro em
1960-61. Neste período apenas marcou um golo, numa vitória caseiro
sobre o Sp.
Braga (3-1) em janeiro de 1959. Esteve, por isso, na campanha que
culminaram no terceiro lugar em 1964-65 e no quarto em 1961-62 e
participou na célebre eliminatória da Taça
das Cidades com Feiras diante do AC Milan, tendo cumprindo os 270
minutos da ronda europeia.
4. Abalroado (226 jogos)
Abalroado |
Um dos mais míticos
jogadores a ter jogado pela CUF.
Natural de Évora, este lateral esquerdo passou pelos juniores do
emblema do Lavradio
antes de se estrear pela equipa principal em 1958-59, iniciando aí
um longo e bonito trajeto no Alfredo
da Silva, sempre na I Divisão. Tal como outros jogadores que
integram esta lista, esteve nas campanhas que culminaram no terceiro
lugar em 1964-65 e no quarto em 1961-62, além de ter cumprido os 270
minutos da eliminatória europeia frente ao AC Milan, apontando o
segundo golo da equipa, de grande penalidade, assumindo a conversão
do penálti perante a indecisão de Espírito Santo e Vieira Dias.
Era, na altura, o capitão de equipa.
Em 1969 deixou o clube
mas manteve-se no Barreiro
ao serviço do vizinho Luso, nas II e III Divisões. Pelo meio
representou o Torres Novas e teve uma curta experiência como
treinador para tentar salvar, sem sucesso, a CUF
da descida à II Divisão, em 1975-76, mas foi em 1979 e no Campo da
Quinta Pequena que pendurou as botas, em 1979.
3. José Palma (226 jogos)
José Palma |
Mais um defesa com muitos
anos de ligação ao clube, neste caso um central que vestiu a
camisola da CUF
entre 1954 e 1965. Antes, esteve na Alemanha ao serviço da seleção
nacional de sub-18 no Torneio Internacional de Juniores de 1954,
antecessor do Campeonato da Europa de sub-18, e haveria também de
representar a seleção de sub-21. No Alfredo
da Silva brilhou durante onze temporadas, especialmente nas dez
primeiras, em que foi titular indiscutível, ajudando os fabrilistas
cimentarem-se na primeira metade da tabela e a obterem um quarto
lugar em 1961-62.
Em outubro de 1958 foi
capa da revista desportiva Sport Ilustrado, que o descreveu
como “o jovem e categorizado defesa-central da CUF
– um astro do futuro”. No texto, podia ler-se: “Palma, da CUF,
com 22 anos de idade, é um produto cem por cento barreirense. É um
futebolista de certa personalidade. Titular indiscutível da famosa
equipa de juniores da época 1953-1954 que na Alemanha teve uma
atuação notável, Palma foi um júnior excecional. Nele vivia o
instinto do jogador servido por um tecnicismo apreciável. Tem o
sentido do lugar; a perceção clara do lance; o golpe de vista que
define um jogador. Dotado de détente, essencial no lugar,
Palma na galeria dos jovens poderá conquistar uma posição
interessante. O magnifico júnior, de longe o melhor da defesa
portuguesa, autoritário, rápido e evoluído, vai renascer? Os
últimos jogos indicam melhoria. Tem sido um dos baluartes da CUF.
Continua sereno, lúcido. Sabendo do oficio. Menos ligeiro, mas com
noção da entrega para os médios, ou aliviando largo, para os
flancos. O instinto não feneceu, os reflexos reaparecem. Palma,
grande futebolista aos 18 anos, um caso especial na categoria júnior,
se treinar com entusiasmo, poderá no mundo do futebol português
ser, de novo, um jogador inigualável. Tem 22 anos, e uma experiência
larga. Na elite do futebol nacional o barreirense da CUF,
único clube que conheceu tem o direito e obrigação de mostrar que
as virtudes juvenis de 1954, não desapareceram. Com magnificas
condições atléticas, servido por um poder de elevação
clarividente e técnico, Palma na era do 4x2x4, poderá ascender a
plano de realce. Acreditamos na sua evolução. Sabemos que como
júnior brilhou. A qualidade do seu futebol está ressurgindo por uma
preparação intensa. Conhecendo o posto, e colocando-se, com calma,
na zona de tiro Palma na plêiade de defesas nacionais poderá
reconquistar o cetro. O Grande público não o aplaude, porque
pertence a uma simpática agremiação, mas sem as massas dos
grandes. Palma vai ser o astro do futuro. Assim esperamos!”
2. Arnaldo (236 jogos)
Arnaldo |
Médio centro natural de
Bissau, Arnaldo passou pela CUF
em dois momentos: primeiro em 1963-64 e 1964-65, oriundo dos
guineenses dos Balantas; e depois entre 1968-69 e 1975-76, após
passagens por Vilanovense, Leixões e Riopele. No Lavradio
esteve nas campanhas que levaram os fabrilistas
ao terceiro lugar em 1964-65, ao quarto em 1971-72 e às meias-finais
da Taça de Portugal em 1968-69 e 1972-73, mas também na descida de
divisão em 1975-76. No melhor e no pior, portanto. Ainda assim, a
sua melhor época foi em 1973-74, quando marcou 13 golos no
campeonato e foi chamado a jogar pela seleção nacional num
particular com Inglaterra (0-0) no Estádio da Luz, a 3 de abril de
1974, ao lado de nomes como Vítor Damas, Humberto Coelho, Toni,
Octávio Machado, Rui Jordão, Jacinto
João e Vítor Baptista.
A Lei da Opção, que
obrigava os jogadores em final de contrato a renovar desde que o
clube quisesse ficar com eles, tirou-lhe a possibilidade de trocar o
emblema do Barreiro
por um de maior dimensão. Só haveria de sair da CUF
após a despromoção, em 1976, para representar o Montijo,
na I Divisão. Depois ajudou Barreirense
(1977-78) e Amora (1979-80) a subir ao primeiro escalão e passou
ainda por União de Almeirim, Estrela de Vendas Novas e Seixal antes
de pendurar as botas nos distritais de Beja, com a camisola do
Vilafradense, aos 43 anos. Na fase final da carreira, conciliou o
futebol com um trabalho como segurança nos estádios.
Morreu jovem, aos 55
anos, a 24 de maio de 1999.
1. Medeiros (236 jogos)
Medeiros |
Atuou em 236 jogos tal
como Arnaldo, mas amealhou mais 44 minutos do que o médio guineense.
António Medeiros, açoriano natural de Angústias, na cidade da
Horta, ilha do Faial, jogava no eixo do ataque ou... no eixo da
defesa. Depois de várias épocas no Angústias Atlético Clube,
chegou ao Lavradio
no verão de 1960 para 11 épocas ao serviço da CUF.
A sua melhor época em termos de golos foi a de 1961-62, quando
apontou 11 no campeonato e ajudou os fabrilistas
a obter o 4.º lugar – logo a seguir foi a de 1963-64, em que
faturou por dez vezes. Também contribuiu na caminhada até ao último
degrau do pódio em 1963-64 e atuou nos 270 minutos da eliminatória
europeia diante do AC Milan em dezembro de 1965. Em 1971 emigrou para
o Canadá, onde representou os Toronto Metros até 1974.
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