Campomaiorense somou cinco presenças na I Liga |
Fundado a 1 de julho de 1926 e
intimamente ligado à família Nabeiro, fundadora e dona da Delta Cafés, o Sporting
Clube Campomaiorense competiu na I
Liga durante cinco temporadas (1995-96 e entre 1997-98 e 2000-01) e atingiu
a final da Taça
de Portugal em 1998-99.
Hoje já sem futebol sénior, o
último clube alentejano a competir no primeiro
escalão tornou-se um cliente habitual das provas nacionais a partir do
final da década de 1940, mas só meio século depois atingiu a elite.
Além da participação no patamar
maior do futebol português e da caminhada até ao Jamor, os galgos
conquistaram o título nacional da II Divisão B em 1991-92 e sagraram-se
campeões da II
Liga em 1996-97.
Em 2002, um ano após a segunda
descida à II
Liga, a formação
de Campo Maior extinguiu o futebol profissional. Em 2006-07 a equipa sénior
foi reativada e cinco temporadas depois chegou mesmo a sagrar-se campeã
distrital da AF
Portalegre, mas não usufruíram do direito de subir à III Divisão Nacional.
Pouco depois, em 2013, a equipa sénior voltou a ser desativada.
11. Isaías (57 jogos)
Isaías |
Avançado móvel, chegou ao Campomaiorense
já na fase final da carreira, à beira de completar 37 anos, após uma passagem
bastante bem-sucedida pelo Benfica,
na qual conquistou dois campeonatos e uma Taça
de Portugal, e depois de, ao serviço do Coventry City, se ter tornado no
primeiro futebolista brasileiro a atuar na Premier League desde que o campeonato
inglês ganhou essa designação, em 1992.
Apesar da veterania, o profeta brilhou
na primeira época em Campo Maior, tendo apontado 14 golos em 26 jogos (23 a
titular) no campeonato. O FC
Porto foi uma das suas vítimas, num empate a dois golos no Estádio
Capitão César Correia. Porém, também apontou um hat trick ao Sp.
Braga e bisou ao Farense em
jornadas consecutivas, o que ajudou o clube a obter a melhor classificação de
sempre da sua história, o 11.º lugar.
Em 1998-99 perdeu um pouco de
gás, tendo apenas apontado quatro golos em 31 encontros (26 a titular). Ainda
assim, brilhou nas eliminatórias da Taça
de Portugal, marcando quatro golos que ajudaram a colocar os alentejanos no
Jamor.
“Tenho uma história que acho
muito boa, de quando eu jogava no grande Campomaiorense.
Fomos jogar a Braga e quando chegámos ao hotel, o motorista do autocarro teve
de fazer uma manobra. Engatou a mudança para trás e ouviu-se um grito louco
dentro do autocarro, que deixou toda a gente assustada. Era o mister João
Alves, a gritar “pára, pára, pára! Que merda é essa? Para trás não!”. Aí
tivemos de descer todos do autocarro para o motorista fazer a tal manobra. O
mister era muito supersticioso…”, recordou, ao portal Relato.
Após a final o pé-canhão regressou
ao Brasil, onde terminou a carreira.
10. Rogério Matias (57 jogos)
Rogério Matias |
Disputou o mesmo número de jogos
de Isaías, mas amealhou mais 373 minutos em campo – 417 contra 4344.
Lateral esquerdo formado no Benfica,
passou por Amora,
Académica,
União
de Coimbra e Maia antes de ingressar no Campomaiorense
no verão de 1998.
Em duas épocas no Alto Alentejo
amealhou 57 encontros (54 a titular) e marcou um golo (ao Sp.
Braga, em setembro de 1999), ajudando os galgos
a assegurar a permanência em ambas as ocasiões e a chegar à final da Taça
de Portugal em 1998-99.
Valorizado pelas boas campanhas
em Campo Maior, deu o salto para o Vitória
de Guimarães no verão de 2000. Posteriormente, tornou-se internacional A.
9. Nuno Luís (57 jogos)
Nuno Luís |
Disputou o mesmo número de jogos
de Isaías e Rogério Matias, mas amealhou mais minutos em campo: 4719.
Lateral direito internacional
jovem português e formado no Sporting
ao lado de Beto, Nuno Valente, Silas
e Porfírio, passou pela Académica
antes de ingressar no Campomaiorense
em 1994-95, época marcada pela subida à I
Liga.
Na temporada que se seguiu atuou
em 27 partidas (26 a titular) no primeiro
escalão e marcou dois golos, diante de União
de Leiria e Salgueiros,
insuficientes para evitar a despromoção.
Em 1996-97 sagrou-se campeão da II
Liga e na época seguinte participou em 30 jogos (27 a titular) e marcou um
golo ao Marítimo no patamar
maior do futebol português, ajudando os galgos
a assegurar a permanência.
No verão de 1998 transferiu-se
para o Salamanca, então na I
Liga Espanhola.
8. Torrão (61 jogos)
Torrão |
Médio de características
defensivas que passou pelas camadas jovens do Sporting
e que chegou a jogar pela seleção nacional sub-21, iniciou a formação e o
percurso como sénior no Vilafranquense e representou Lourinhanense,
Salgueiros
e União de Lamas antes de assinar pelo Campomaiorense
no verão de 1999.
Nas duas temporadas que passou em
Campo Maior totalizou 61 encontros (60 a titular) e um golo (ao Farense,
em dezembro de 2020) na I
Liga, não conseguindo evitar a despromoção ao segundo
escalão em 2001.
Consumada a descida de divisão,
transferiu-se para o Alverca.
7. Beke (64 jogos)
Beke |
Defesa central sem grande
currículo no Brasil, chegou pela primeira vez a Campo Maior em janeiro de 1998,
efetuou três jogos (dois a titular) no espaço de um mês e não mais foi
utilizado, tendo voltado ao Porto de Pernambuco.
Voltaria no verão de 1999, desta
vez para se fixar de pedra e cal no eixo defensivo dos alentejanos,
tendo disputado 29 encontros (todos a titular) e marcado três golos, frente a
Marítimo, Sp.
Braga e União
de Leiria.
Na temporada seguinte até
participou em mais encontros, 32 (sempre como titular), e marcou um golo
ao Alverca na
última jornada, mas insuficiente para evitar a derrota e a descida de divisão.
Haveria de continuar mais um ano
em Campo Maior, na II Liga, mas depois da extinção do futebol profissional
nos alentejanos continuou
a jogar no segundo
escalão com a camisola do Salgueiros. Entretanto também representou o Olivais e
Moscavide e depois voltou ao Brasil.
6. Sousa (72 jogos)
Sousa |
Médio angolano que concluiu a
formação no Sporting
ao lado de Rui Correia e José Lima, passou pelos seniores de Alverca
e Vialonga antes de reforçar o Campomaiorense
no verão de 1989, na altura para competir na III Divisão Nacional.
Na primeira época no clube ajudou
os galgos
a subir à II Divisão B e na segunda esteve à beira da promoção à II
Liga, algo que só veio a acontecer em 1992.
Como não há duas sem três, esteve
em 1995 na promoção à I
Liga, patamar em que em 1995-96 atuou em 22 jogos (20 a titular), não
conseguindo evitar a descida de divisão.
E 1996-97 não só voltou a
festejar uma subida ao primeiro
escalão como se sagrou campeão da II
Liga.
Entre 1997 e 2000 amealhou mais
50 partidas (40 a titular) e dois golos no patamar
maior do futebol português, tendo contribuído para a caminhada até à final
da Taça
de Portugal em 1998-99.
Paralelamente, tornou-se internacional
angolano, tendo participado no CAN 1998.
Em janeiro de 2001 mudou-se para
o vizinho O
Elvas, depois de meio ano sem jogar em Campo Maior.
5. Vítor Manuel (74 jogos)
Vítor Manuel |
Médio que fez toda a formação e
iniciou o seu percurso como sénior no Desp.
Aves, passou dois anos no Belenenses
antes de ingressar no Campomaiorense
no verão de 1995, inicialmente por empréstimo dos azuis
do Restelo.
Na primeira época ao serviço dos galgos
atuou em 25 jogos (17 a titular) na I
Liga e marcou um golo ao… Belenenses,
insuficiente para evitar a despromoção.
Em 1996-97 ajudou o emblema
alentejano a sagrar-se campeão na II
Liga e nas duas temporadas que se seguiram somou 49 encontros (38 a
titular) e seis golos no primeiro
escalão, contribuindo ainda para a caminhada até à final da Taça
de Portugal em 1998-99.
No verão de 1999 transferiu-se
para o Farense.
4. Welington (77 jogos)
Wellington |
Avançado móvel, capaz de atuar
nas alas ou no eixo do ataque, reforçou o Campomaiorense
no verão de 1997, proveniente do Ferroviário, do Ceará.
Em Campo Maior nunca foi
propriamente um titular indiscutível, mas era quase sempre utilizado. Na época
de estreia disputou 25 encontros (15 a titular) e marcou dois golos, a Desp. Chaves e Boavista, ajudando os alentejanos a
obter a melhor classificação de sempre na I Liga, o 11.º lugar.
Em 1998-99 continuou a alternar
entre a titularidade (10 vezes) e o papel de suplente utilizado (19), tendo
apontado três golos - a Académica, Rio Ave e Benfica –
e participado na caminhada até à final da Taça
de Portugal. Na época seguinte foi utilizado em 24 encontros (11 a
titular), amealhando mais três remates certeiros, frente a Sp.
Braga, Santa
Clara e Belenenses.
Em 2000-01 representou o
Albacete, na II liga espanhola, mas temporada que se seguiu voltou ao Estádio
Capitão César Correia para a última época dos galgos
no futebol profissional.
3. Jorginho (90 jogos)
Jorginho |
Extremo nascido em Setúbal e
formado no Vitória
local, passou pelo Desp. Beja antes de ingressar no Campomaiorense
em 1996-97, época marcada pela conquista do título de campeão da II
Liga e consequente promoção ao primeiro
escalão.
Entre 1997 e 2001 amealhou 90
encontros (66 a titular) e 14 remates certeiros na I
Liga, ajudando os galgos
a chegar à final da Taça
de Portugal em 1998-99. Porém, duas épocas depois mostrou-se impotente para
evitar a descida de divisão.
Após a despromoção à II
Liga permaneceu mais um ano no clube, tendo rumado à Académica
quando o emblema
alentejano extinguiu o futebol profissional.
Porém, após passagens por
Académico de Viseu, Imortal e Maia, voltou a representar a formação
de Campo Maior entre 2008 e 2013, tendo conquistado o título distrital da AF
Portalegre em 2011-12.
2. Paulo Sérgio (105 jogos)
Paulo Sérgio |
Guarda-redes natural do Barreiro
e que iniciou a carreira no Vitória
de Setúbal, ingressou no Campomaiorense
em 1995-96.
Na primeira época em Campo Maior
viveu na sombra de Álvaro, tendo apenas participado em dez jogos na I
Liga e sofrido 21 golos, mostrando-se impotente para evitar a descida à II
Liga.
Em 1996-97 reconquistou espaço,
tendo nessa temporada festejado o título de campeão do segundo
escalão e o consequente regresso ao primeiro.
Entre 1997 e 2001 somou mais 95
partidas e 149 golos sofridos no patamar
maior do futebol português. Se em 1998-99 participou na caminhada até à
final da Taça
de Portugal, em 2000-01 não conseguiu evitar mais uma despromoção.
Após nova descida de divisão permaneceu
mais um ano no clube, tendo rumado ao Beira-Mar
quando o emblema
alentejano extinguiu o futebol profissional.
“Em Campo Maior fui encontrar uma
realidade diferente. O clube tinha acabado de subir de divisão, não tinha o
estatuto de um Vitória
de Setúbal, mas acabei por encontrar o que sempre me deu mais estabilidade:
boas pessoas, uma vila do "outro mundo", recheada de humildade, e
acabei por ficar durante sete épocas, cinco na I
Liga e duas na II
Liga. Passei belos momentos no Campomaiorense,
vi o clube crescer, participei ativamente nesse crescimento, conseguimos
levá-lo a uma final da Taça
de Portugal, fomos campeões da II
Liga, enfim, muitas alegrias passadas no Alentejo.
Não é de admirar que uma pessoa com 31 anos, e com o estatuto que tinha, com o
compromisso que tinha, voltasse a cara a uma instituição e a pessoas que me
deram muito, e abandonasse o projeto. Foi o que fiz quando o clube caiu na II
Liga, em que mesmo tendo convites dos melhores clubes portugueses, optei,
juntamente com o clube, por assinar por mais quatro anos. Infelizmente, somente
um foi cumprido, com o fim do clube nas competições profissionais”, contou ao
portal Prémio
Carreira em outubro de 2016.
1. Laelson (126 jogos)
Laelson |
Extremo rápido e de baixa
estatura (1,62 m), foi uma das principais figuras dos tempos áureos do Campomaiorense.
Ao longo de quatro temporadas consecutivas, entre 1997 e 2001, foi quase sempre
titular indiscutível e apontou um total 21 golos no campeonato. E, com 126
partidas disputadas, foi o jogador dos galgos
com mais jogos na I Liga.
Proveniente do Porto de
Pernambuco tal como Beke, logo na época de estreia somou quatro remates
certeiros em 31 jogos (24 a titular), ajudando os alentejanos a
obterem a melhor classificação de sempre do clube, o 11.º lugar.
Na temporada seguinte melhorou os
registos, tendo disputado 32 jogos (28 a titular) e marcado seis golos no
campeonato. Paralelamente contribuiu com três golos na caminhada até à final
da Taça
de Portugal, incluindo os que garantiram as vitórias sobre Sp.
Braga e Penafiel nas primeiras eliminatórias.
Em 1999-00 mostrou-se mais uma
vez ao seu nível, disputando 30 partidas (29 a titular) e apontando cinco golos,
entre os quais um que valeu a vitória sobre o FC
Porto em Campo Maior, no célebre jogo da marcação serrada de José
Soares a Mário Jardel.
Na quarta e última época no
Estádio Capitão César Correia voltou a faturar por cinco vezes, novamente com
o FC
Porto entre as vítimas, e participou em 33 encontros (31 a titular),
mas foi impotente para evitar a despromoção.
Embora o Campomaiorense
tivesse descido, Laelson manteve-se na I Liga com a camisola do Vitória
de Guimarães. Em Portugal passaria ainda por Moreirense, Varzim, Atlético e Oliveira do Hospital antes de encerrar a
carreira no futebol brasileiro.
Sem comentários:
Enviar um comentário