sábado, 1 de fevereiro de 2025

Hoje faz anos o campeão europeu pelo FC Porto que devolveu o Sporting aos títulos. Quem se lembra de Inácio?

Augusto Inácio é ídolo tanto no FC Porto como no Sporting
Lateral esquerdo lisboeta formado no Sporting, muito seguro, regular e com capacidade ofensiva, estreou-se pela equipa principal aos 20 anos, a 5 de abril de 1975, tendo sido lançado por Fernando Riera para o lugar do amigo Fernando Tomé nos minutos finais de uma goleada à Académica, em Coimbra, para a Taça de Portugal (1-4).
 
Cerca de mês e meio depois alcançou as primeiras internacionalizações da carreira, pela seleção de sub-21 no Torneio de Toulon.
 
Na temporada seguinte conquistou um lugar no onze como lateral direito, função que desempenhou durante dois anos apesar de ser canhoto, e foi assim que chegou à seleção nacional A, pela qual se estreou numa vitória sobre Chipre em Limassol (1-2) em dezembro de 1976, em partida a contar para a fase de apuramento para o Mundial 1978.
 
Na época 1977-78 não só se fixou no lado esquerdo do setor defensivo, roubando a titularidade ao brasileiro Da Costa, como conquistou o primeiro troféu da carreira, a Taça de Portugal.
 
Mais adiante, foi um dos esteios da equipa leonina que em 1979-80 venceu o campeonato nacional e da que em 1981-82 conquistou a dobradinha.
 
 
Após o sucesso coletivo de 1982, divergências contratuais levaram-no a deixar o Sporting e a assinar pelo FC Porto juntamente com o central Eurico, despedindo-se ao fim de 206 jogos e sete golos. Augusto Inácio ainda pediu ao emblema de Alvalade para lhe pagar dois mil contos por ano quando tinha uma proposta de cinco mil contos por ano dos dragões, mas os responsáveis verde e brancos recusaram e deram-lhe carta branca para assinar pelos portistas.
 
Nas Antas manteve o nível exibicional, agora de azul e branco, e reforçou o estatuto na seleção nacional, tendo sido chamado para o Mundial do México, em 1986, que marcou o ponto final na sua carreira internacional (de 25 partidas), devido ao Caso Saltillo.
 
 
Coletivamente conquistou títulos atrás de títulos na Invicta: três campeonatos (1984-85, 1985-86 e 1987-88), duas Taças de Portugal (1983-84 e 1987-88), duas Supertaças (1984 e 1986), uma Taça dos Campeões Europeus (1986-87), uma Taça Intercontinental (1987) e uma Supertaça Europeia (1987). Foi utilizado em 197 encontros e somou quatro remates certeiros.
 
 
Em 1989 encerrou a carreira de futebolista e arrancou a de treinador, também no FC Porto, tendo conquistado o título nacional de juniores logo na sua primeira época como técnico, em 1989-90.
 
Em 1991-92 assumiu o comando do Rio Ave na II Liga, tendo orientado uma equipa com vários ex-juniores portistas, tais como Rui Jorge, Cao, Tulipa, Bino e Jorge Silva, mas falhou a subida de divisão.
 
Entretanto voltou às Antas para ser adjunto de Carlos Alberto Silva, Tomislav Ivic e Bobby Robson, tendo contribuído para o início da sequência do pentacampeonato (1994-95 a 1998-99).
 
Em 1996 deixou novamente o FC Porto e somou algumas experiências pouco conseguidas ao leme de Felgueiras, Marítimo e Desp. Chaves. No comando dos insulares ainda conseguiu o apuramento para a Taça UEFA em 1998, mas deixou os Barreiros pela porta pequena.
 
Apesar de um currículo como treinador não muito atrativo, foi convidado pelo presidente José Roquete para treinar o Sporting no final de setembro de 1999, com a missão de orientar interinamente a equipa até à chegada de um novo técnico, de quem seria adjunto. Mas as coisas começaram a correr-lhe muito bem, apesar das expetativas baixas até dos próprios dirigentes, e conseguiu ainda em 1999-00 levar os leões ao título nacional que lhes escapava há 18 anos e à final da Taça de Portugal.
 
 
Embora tivesse sido elevado ao estatuto de herói e vencido o Prémio Stromp na categoria Técnico – tornou-se o primeiro a conseguir a distinção como jogador e treinador, depois de a ter ganho como futebolista em 1978 –, foi despedido em dezembro de 2000, após uma derrota pesada às mãos do Benfica de José Mourinho na Luz (3-0), no culminar de uma crise diretiva e de uma revolução no plantel que não correu bem. Nos dias que se seguiram ainda foi readmitido e definitivamente despedido.
 
“O Pedro Barbosa fez-me a cama. Eu sei que fez. Mais tarde é que soube. E pela forma como ele agiu juntamente com o Duque percebi, não posso estar a garantir, mas acho que à custa daquilo o Pedro Barbosa ganhou mais dois anos de contrato. Acho. É uma dedução apenas. O Pedro Barbosa fez tudo para a gente perder o jogo na Luz, quando foi o 3-0. Fez tudo. Fez tudo para vir para a rua e o Coroado mais tarde veio contar-me que ele fez tudo para vir para a rua. O Coroado estava a fugir dele, ele é que estava atrás do árbitro, já tinha um amarelo. Nós a perder 1-0 e em cima do Benfica para 1-1 e fiquei sem ele? Depois, no contra-ataque, o João Tomás, 2-0, 3-0. Depois do jogo, o Pedro Barbosa estava lá em cima no balneário e quando íamos entrar ele estava a bater as palmas e a dizer: ‘Malta, eu assumo’. Subi as escadas, fui direito a ele e chamei-lhe tudo. ‘Meu grande filho da puta, mas tu assumes o quê? Vais dizer para os jornais que foste tu o culpado, o único culpado da derrota? És tu que vais dizer isso ou dizes isso aqui para inglês ver? És um capitão de merda, não vales uma merda’. O Duque ficou do lado dele. Pronto, está tudo feito. Depois há a história rocambolesca do é despedido, depois volta...já é outra história”, contou à Tribuna Expresso em fevereiro de 2018.
 
 
Haveria de prosseguir a carreira em emblemas de menor dimensão, com resultados para todos os gostos. Guiou o Vitória de Guimarães ao quarto lugar na I Liga em 2002-03, tornou-se no primeiro treinador a ser campeão da I e da II Ligas ao vencer o título do segundo escalão pelo Beira-Mar em 2005-06 e conquistou a Taça da Liga pelo Moreirense em 2016-17, mas a verdade é que saiu dos três clubes na mó de baixo. Lá fora treinou Pep Guardiola no Al Ahli do Qatar (em 2004-05) e venceu ainda uma Supertaça de Angola pelo Interclube (2008). O último clube que orientou foram os brasileiros do Avaí em 2020.
 
Paralelamente, foi diretor geral de futebol do Sporting durante a presidência de Bruno de Carvalho, entre 2013 e 2015, e desempenhou o papel de comentador na SIC e na Sporting TV






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