segunda-feira, 23 de junho de 2025

Hoje faz anos o malabarista sul-africano que não chegou a jogar pelo FC Porto. Quem se lembra de Mandla Zwane?

Mandla Zwane jogou em Portugal entre 1994 e 1996
Julho de 1994, arranque da pré-época do FC Porto de Bobby Robson, à procura de reconquistar o título nacional que o Benfica havia acabado de vencer. Entre os reforços, vários desconhecidos, como Walter Paz, Roberto Mogrovejo, Etienne N’Tsunda e Mandla Zwane, este último um avançado sul-africano de 21 anos e de baixa estatura (1,68 m) proveniente dos Orlando Pirates.
 
“Fiz dois jogos no Orlando Pirates e o Marcelo Houseman [empresário argentino] pegou em mim e levou-me para a Holanda. Fui ao Feyenoord fazer testes, mas acabei por viajar para Portugal. Cheguei às Antas e assinei por três anos, com o N´Tsunda. Nunca ninguém me tinha visto a jogar e eu também não conhecia ninguém”, começou por contar ao Maisfutebol em fevereiro de 2016.
 
Atacante habilidoso – chegou a ganhar “esmolas a dar toques numa bola de trapos” nas ruas de Zola, no Soweto –, foi recebido por alguns dos líderes do balneário portista: “Cheguei às Antas e o Jorge Costa veio ter comigo. Estava com o Domingos e o Paulinho Santos. Disse-me que o mister Robson queria conhecer-me, mas para eu ter cuidado, porque ele era um homem muito duro. E eu lá fui, ao gabinete do senhor Robson, com os três.”
 
Sem conhecer o treinador inglês, acreditou tratar-se do homem de fato de treino e boné que lhe foi apresentado. “Nem olhou para mim. Só disse: ‘Senta-te!’. Eu olhei para o Jorge Costa, já a tremer, mas ele fechou a porta e saiu. Fiquei sozinho com o senhor Robson. Quer dizer, com aquele que eu pensava ser o senhor Robson. O homem começa aos berros e a bater na mesa. Dizia que eu tinha de jogar bem e que dava cabo de mim se eu falhasse. Eu acho que estive quase a desmaiar. Passados uns minutos, a porta abre-se e entram todos às gargalhadas. O homem de boné era o guarda-redes, o Baía”, prosseguiu.
 
Simpático, Zwane conquistou rapidamente companheiros de equipa e o verdadeiro Bobby Robson. “No final do primeiro treino fiquei a dar toques na bola. Eu era um malabarista incrível, fazia o que queria. Quando dei por ela, estava o plantel todo à minha volta, a bater palmas, e eu a fazer habilidades. O mister Robson veio dar-me um abraço: ‘Mandela, és a minha pérola! A partir de hoje quero que faças sempre isso no início do treino, para animar os teus colegas’”, recordou.
 
A verdade é que, durante meio, o sul-africano não foi mais do que o animador de serviço, não tendo sido utilizado em qualquer jogo, em grande parte por culpa da regra que limitava o número de jogadores estrangeiros, numa altura em que no plantel portista havia Drulovic, Emerson, Kostadinov, Latapy, Kulkov e Iuran. A solução encontrada foi um empréstimo ao Penafiel, então na II Liga, tendo sido utilizado pelos durienses em dez jogos (quatro a titular) até ao final da época 1994-95.

 
Apesar da moral dada por Robson em vários telefonemas – “Mandela, um dia vais ser tu e mais dez no FC Porto”, dizia-lhe o inglês –, a verdade é que na temporada seguinte voltou a ser cedido, desta feita ao Gil Vicente, a competir na I Liga. Contudo, foi utilizado somente em seis partidas (três a titular) pelo emblema barcelense.
 
Em junho de 1996 rescindiu com o FC Porto aventurou-se pelos campeonatos da Malásia e Mali antes de voltar à África do Sul, onde se despediu dos relvados em 2008, aos 35 anos. 







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