O canhoto que se fez homem no FC Porto e afirmou no Sporting. Quem se lembra de Rui Jorge?
Rui Jorge somou 45 internacionalizações pela seleção nacional
Um dos melhores laterais
esquerdos de sempre do futebol português, um jogador regular, raçudo,
equilibrado, defensivamente competente e com personalidade forte, mas
simultaneamente dotado de vocação ofensiva e de qualidade de execução, que se
fez homem e internacional A no FC
Porto, mas que se afirmou e viveu os momentos mais altos da carreira no Sporting.
Natural de Vila Nova de Gaia, fez
toda a formação nos dragões,
mas foi emprestado ao Rio
Ave então orientado por Augusto Inácio, que já o havia treinado nos
juniores portistas,
na sua primeira época de sénior, em 1991-92. “Vi o Rui Jorge pela primeira vez
nos juvenis do FC
Porto. Deparei-me com um menino que atuava a extremo-esquerdo. Mais tarde,
quando fui treinar os juniores portistas,
entregaram-me uma lista da qual ele não constava. Estava dispensado. Lembrei-me
dos jogos dos juvenis e disse que queria vê-lo antes da decisão. No primeiro
ano de juniores o titular era o Álvaro Gregório. No ano seguinte, por ocasião
de ida à Venezuela, agarrou o posto, jamais o largando. No Rio
Ave, já como sénior, fez bela época, dando a imagem de que podia tornar-se
grande jogador”, recordou Inácio ao jornal Record
em março de 2004. Depois regressou às Antas para ir
progressivamente ganhando o seu espaço, tendo vivido a melhor temporada de azul
e branco em 1993-94, quando foi utilizado em 40 encontros em todas as
competições. Curiosamente, essa foi a única temporada em seis que passou no
plantel principal do FC
Porto em que não festejou a conquista do campeonato. De resto, foi sempre a
somar: cinco títulos nacionais (1992-93, 1994-95, 1995-96, 1996-97 e 1997-98),
duas Taças
de Portugal (1993-94 e 1997-98), três Supertaças
(1993, 1994 e 1996), 134 jogos e quatro golos. Pelo meio marcou presença no
Campeonato da Europa de sub-21 e nos Jogos Olímpicos em 1996 somou as duas
primeiras internacionalizações pela seleção
nacional A, frente à Noruega
em abril de 1994 e diante da Ucrânia em outubro de 1996.
Depois de duas épocas na sombra
de Fernando Mendes no FC
Porto, transferiu-se para o Sporting
no verão de 1998 no âmbito de uma troca pouco habitual no futebol português,
que levou ainda Bino para Alvalade
e Costinha e Peixe para a Invicta. Dos quatro, Rui Jorge foi o que mais beneficiou
com o negócio. “Ele é um ganhador, tinha uma carreira brilhante. Vinha já com
uma carreira recheada de títulos e era um jogador que trazia muita qualidade.
Ficámos contentes por tê-lo ali do nosso lado”, afirmou Pedro Barbosa ao Expresso
em agosto de 2016.
Se em 1998-99 alternou entre a
titularidade e o banco de suplentes e entre as posições de lateral e extremo,
na temporada que se seguiu afirmou-se em definitivo de leão
ao peito, sobretudo após reencontrar Augusto Inácio, que sucedeu ao italiano Giuseppe
Materazzi no comando técnico, contribuindo ativamente para a conquista
do título nacional, que fugia aos verde
e brancos há 18 anos. As boas exibições permitiram-lhe também regressar à seleção
após mais de três anos de ausência e marcar presença no Euro
2000.
Após o Campeonato
da Europa recebeu em Alvalade
a concorrência do homem que lhe fazia sombra na seleção
nacional, Dimas,
mas ganhou a posição no clube e, consequentemente, também na equipa
das quinas, tendo inclusivamente sido o titular nos três jogos de Portugal
no Mundial
2002 e na partida inaugural do Euro 2004. No Sporting
contribuiu para o triplete em 2002 e para a caminhada até à final da Taça
UEFA em 2004-05, despedindo-se dos leões
no verão de 2005, aos 32 anos, após terminar contrato, ao fim de 243 partidas e
cinco golos com a camisola verde
e branca.
Em 2006 terminou a carreira de
futebolista e iniciou a de treinador no Belenenses.
Sem comentários:
Enviar um comentário