sexta-feira, 3 de novembro de 2023

Onze ideal de jogadores que passaram por Vitória FC e Barreirense

Vitória de Setúbal e Barreirense competem no Campeonato de Portugal
Vitória de Setúbal e Barreirense já não medem forças, em jogos oficiais, desde fevereiro de 1987, quando ambos os emblemas militavam na antiga II Divisão Nacional, mas já coincidiram em 18 épocas na I Divisão e até se defrontaram no extinto Campeonato de Portugal, nas décadas de 1920 e 1930.
 
Dois dos clubes mais bairristas, populares e históricos do distrito de Setúbal, o Vitória tem tido nos seus quadros jogadores que já tinham pertencido ao Barreirense e vice-versa. Geralmente, os futebolistas que representaram ambos os emblemas tiveram nos alvirrubros uma rampa de lançamento para os sadinos ou, por outro lado, chegaram ao Barreiro após não vingarem nos vitorianos ou na curva descendente de uma carreira que contou com uma passagem pelo Bonfim.
 
Vale por isso a pena conferir o nosso onze ideal de futebolistas que passaram pelos dois clubes, distribuídos em campo num 4x3x3.
 
 

Jorge Martins (guarda-redes)

Jorge Martins
Guarda-redes natural de Alhos Vedros, jogou nas camadas jovens do Real da Baixa da Banheira antes de ingressar na formação do Barreirense em 1970-71, tendo transitado para a equipa principal duas épocas depois.
Depois de ter feito a estreia pelos alvirrubros a 10 de junho de 1973, aos 18 anos, quando ainda tinha idade de júnior, haveria de permanecer no Dom Manuel de Mello até 1977, quando se mudou para o Vitória de Setúbal.
No Bonfim dividiu a titularidade com António Vaz em 1977-78, tendo atuado em 14 jogos e sofrido 15 golos na I Divisão.
Seguiram-se dois anos no Barreirense, tendo atuado em 30 jogos e sofrido 45 golos no primeiro escalão em 1978-79, não conseguindo impedir a despromoção à II Divisão. Por outro lado, os bons desempenhos conduziram-no à estreia pela seleção nacional de sub-21 em novembro de 1978.
Na temporada seguinte não conseguiu evitar a descida à III Divisão, mas a boa época no plano individual catapultou-o para o Benfica.
Após praticamente duas épocas sem jogar na Luz, Jorge Martins deu um passo atrás e rumou ao Farense, que competia na II Divisão. Não podia ter corrido melhor. Os algarvios foram promovidos e o guarda-redes valorizou-se, transferindo-se novamente para o Vitória de Setúbal no verão de 1983.
Em mais dois anos na baliza sadina amealhou 58 encontros e 68 golos sofridos, afirmando-se como titular ao ponto de ter sido convocado para o Euro 1984.
Depois de cinco temporadas fantásticas no Belenenses, que incluíram a conquista de uma Taça de Portugal e participação em jogos das competições europeias, regressou ao Vitória no verão de 1989 para somar mais 90 encontros oficiais e 106 golos sofridos ao longo de três anos, os últimos da carreira, não conseguindo impedir a despromoção à II Liga em 1990-91.
 
 
 

Jorge Ferreira (defesa central)

Jorge Ferreira
Defesa central nascido em Angola, mas desde tenra idade radicado na margem sul do Tejo, passou pelas camadas jovens de Desportivo de Portugal e Galitos antes de ingressar nos juvenis do Barreirense em 1982-83.
Ainda antes de transitar para a equipa principal somou cinco internacionalizações pela seleção portuguesa de sub-18, tendo depois confirmado todo o seu potencial durante os quatro anos que representou os seniores alvirrubros, entre 1984 e 1988, sempre na II Divisão Nacional. Em junho de 1987 representou a seleção de sub-21 no Torneio de Toulon.
Valorizado pelas boas campanhas no Dom Manuel de Mello, deu o salto para o Vitória de Setúbal no verão de 1988 e permaneceu no Bonfim ao longo de quatro temporadas, tendo amealhado cerca de 150 jogos e dois golos nesse período. Paralelamente, somou mais uma internacionalização pelos sub-21, em fevereiro de 1989, e enquanto jogador dos sadinos atuou por quatro vezes pela seleção nacional AA, entre agosto de 1989 e outubro de 1990.
Após encerrar a carreira de futebolista, foi treinador adjunto da equipa principal do Barreirense em 2009-10 e 2010-11.
 
 

Francisco Silva (defesa central)

Francisco Silva
Defesa central setubalense e internacional jovem português, representou a equipa principal do Vitória de Setúbal em mais de 125 jogos entre 1977 e 1984, sempre na I Divisão, naqueles que foram os seus primeiros anos de carreira.
Seguiram-se três anos na Académica e um no Fafe antes de representar o Barreirense na II Divisão Nacional em 1988-89.
Após pendurar as botas regressou ao Vitória, tendo trabalhado quinze anos (1994 a 2009) como treinador das camadas jovens dos sadinos.
 
 


Paulo Filipe (lateral direito)

Paulo Filipe
Jogador polivalente, capaz de atuar como central, lateral direito e médio defensivo, entra nestas contas enquanto dono do lado direito da linha defensiva.
Produto da formação sadina e internacional sub-18 por Portugal, transitou para a equipa principal em 1997-98, mas foi na época seguinte, que ficou marcada pelo primeiro apuramento do Vitória para as competições europeias em um quarto de século, que se conseguiu afirmar. Nas duas temporadas que se seguiram perdeu algum espaço, mas entre 1997 e 2001 amealhou 71 jogos e dois golos com a camisola verde e branca, a maior parte na I Liga.
Após passagens por Sp. Espinho, Torreense e Alverca, representou o Barreirense na primeira metade da temporada 2005-06, não indo além de sete jogos em todas as competições numa época em que os alvirrubros militavam na II Liga.
Após terminar a carreira trabalhou no Barreirense como treinador das camadas jovens e adjunto na equipa principal entre 2013 e 2018.
 
 

José Luís (lateral esquerdo)

José Luís
Lateral/extremo nascido em Cabo Verde, baixo (1,73 m), mas bastante potente e capaz de jogar nas duas alas, entrou em Portugal como voluntário para a Marinha e começou a jogar futebol ao serviço do União de Montemor, tendo ainda passado pelo Juventude de Évora antes de ingressar no Vitória de Setúbal no verão de 1978.
Em duas temporadas no Bonfim, nas quais atuou quase sempre como lateral esquerdo, amealhou mais de 50 encontros e um golo em todas as competições, valorizando-se ao ponto de dar o salto para o FC Porto.
Porém, não vingou nas Antas, tendo representado Sanjoanense, Lusitano de Évora, Farense e novamente Juventude de Évora antes de se ter transferido para o Barreirense no verão de 1986, já com 35 anos, para vestir a camisola alvirrubra durante uma temporada na II Divisão Nacional.


 

Nunes (médio defensivo)

Nunes
Médio defensivo natural de Manteigas, mas radicado na margem sul do Tejo desde tenra idade, jogou nos juvenis do Vinhense antes de ingressar nos juniores do Barreirense em 1978-79, tendo transitado para a equipa principal na época seguinte, marcada pela despromoção à III Divisão Nacional. Porém, em 1980-81 contribuiu para a subida à II Divisão.
No verão de 1982 transferiu-se para o Vitória de Setúbal, clube pelo qual amealhou 60 partidas e dois golos ao longo de duas temporadas, período no qual também somou as primeiras internacionalizações pelas seleções de sub-21, olímpica e AA.
Entretanto passou por Benfica e Marítimo antes de regressar ao Bonfim em 1990. Embora tivesse voltado à seleção nacional, desceu à II Liga na época em que voltou a Setúbal. Nesta segunda passagem pelos sadinos, entre 1990 e 1995, totalizou 103 encontros e seis remates certeiros, tendo contribuído para a promoção à I Divisão em 1992-93, enquanto na temporada de despedida, 1994-95, voltou a mostrar-se impotente para impedir a descida à II Liga.
 
 
 

Câmpora (médio centro)

Câmpora
Médio uruguaio que no seu país representou o Nacional de Montevideu, passou pelos brasileiros do Sport Recife antes de ingressar no Barreirense no verão de 1970, estreando-se oficialmente logo com um golo no célebre jogo frente ao Dínamo Zagreb no Dom Manuel de Mello, a contar para a 1.ª eliminatória da Taça das Cidades com Feira.
Ao longo da primeira passagem pelo Barreiro, de duas temporadas, amealhou 45 jogos e 14 golos em todas as competições. “O Câmpora tinha um pontapé forte e ficou histórico o golo que marcou no jogo que fizemos na UEFA”, recordou o antigo dirigente do Barreirense, António Libório, em declarações ao Correio da Manhã.
Valorizado, deu o salto para o Vitória de Setúbal, clube que representou entre 1972 e 1975, período no qual totalizou 79 encontros e 13 golos em provas oficiais, tendo contribuído para a obtenção do 3.º lugar na I Divisão e para as caminhadas até aos quartos de final da Taça UEFA em 1972-73 e 1973-74, assim como para a campanha até à final da Taça de Portugal em 1972-73.
Após esses três anos no Bonfim, voltou a representar o Barreirense entre 1975 e 1979, tendo contribuído para a promoção à I Divisão em 1977-78.
Haveria de continuar radicado no Barreiro, onde casou, foi pai e montou um negócio na área da construção civil. Viria a falecer em setembro de 2010, aos 65 anos, vítima de enfarte.
 
 
 

Zé Pedro (médio ofensivo)

Zé Pedro
Médio ofensivo possante (1,86 m), com visão de jogo apurada e refinada qualidade técnica natural do Montijo, dividiu a formação entre Os Pelezinhos, Benfica e Montijo, tendo dado os primeiros passos no futebol sénior ao serviço do emblema montijense antes de ser recrutado pelo Barreirense no verão de 1997.
Maioritariamente titular desde a primeira época no Barreiro, foi paulatinamente ganhando cada vez mais estatuto na equipa, até explodir definitivamente em 2001-02, temporada em que apontou dez golos no campeonato. Três anos antes fez parte da equipa que ficou a apenas um ponto de subir à II Liga. No total, em cinco anos com a camisola alvirrubra atuou em 148 jogos e apontou 23 golos na II Divisão B.
Valorizado pelas excelentes temporadas no Barreirense, nomeadamente a última, deu o salto para o Boavista no verão de 2002, numa altura em que os axadrezados eram vice-campeões nacionais.
Acabou por não vingar no Bessa, tendo passado meio ano na Ovarense antes de representar pela primeira vez pelo Vitória de Setúbal, na altura ainda por empréstimo dos boavisteiros, em 2003-04, época na qual somou 34 jogos e oito golos, tendo contribuído para a promoção à I Liga.
Depois de meia dúzia de temporadas no Belenenses, voltou a vestir a camisola dos sadinos entre 2010 e 2013, já trintão, tendo somado mais 52 encontros e três remates certeiros pelo emblema setubalense.
Após encerrar a carreira tornou-se treinador. Presentemente dirige precisamente a equipa principal do Vitória no Campeonato de Portugal.
 
 
 

Vitinha (avançado)

Vitinha
Extremo direito natural de Lisboa que concluiu a formação no Benfica, despontou no Estoril e tornou-se internacional sub-20 antes de ingressar no Vitória de Setúbal no verão de 1983.
Ao longo de quatro temporadas no Bonfim somou 100 jogos e onze golos. Se em 1983-84 contribuiu para o 5.º lugar na I Divisão, duas épocas depois mostrou-se impotente para impedir a despromoção à II Divisão, despedindo-se em 1986-87 com a subida ao primeiro escalão.
Após deixar os sadinos representou Farense, novamente Estoril e Amora antes de vestir a camisola do Barreirense em 1992-93, temporada marcada por um 3.º lugar na Zona Sul da II Divisão B.
 
 
 

Cardoso Pereira (avançado)

Cardoso Pereira
Avançado natural de Setúbal que tinha a alcunha de “Sarrabuga”, começou por jogar no futebol no São Domingos, de Setúbal, na época 1934-35.
Apesar da muita cobiça de vários clubes, foi o Barreirense que o conseguiu contratar em 1939, afirmando-se ao longo de quatro temporadas no emblema alvirrubro ao ponto de a revista Stadium o ter chamado, em março de 1942, de “Peyroteo do outro lado do Tejo”. Depois de uns impressionantes 19 golos em 22 jogos na I Divisão em 1941-42, na época seguinte contribuiu para a conquista do título nacional da II Divisão, brilhando na final diante da Sanjoanense ao apontar seis golos (!) na vitória por 6-1.
Em 1943 regressou à cidade do Sado para representar o Vitória durante sete temporadas, tendo contribuído para a conquista do Campeonato de Setúbal em 1943-44, 1944-45, 1945-46 e 1946-47 sempre com muitos golos.


 

Edinho (avançado)

Edinho
Simpatizante desde sempre do Vitória de Setúbal por influência do pai, que representou os sadinos na década de 1970, jogou pela primeira vez pelo emblema vitoriano enquanto iniciado, em 1995-96.  “O meu pai foi com 17 anos para o clube, então cresci a ver o que era o Vitória”, afirmou ao portal do Sindicato de Jogadores.
No entanto, para chegar à equipa principal do conjunto setubalense, teve de subir a pulso na carreira, desde os distritais até à I Liga. Depois de concluir a formação e iniciar o percurso como sénior no Almada, teve uma passagem discreta pelo Barreirense em 2002-03, não indo além de 18 jogos e dois golos.
Seguiram-se passagens por Sp. Braga, Paços de Ferreira e Gil Vicente antes de ser emprestado pelo bracarenses ao Vitória na primeira metade da época 2007-08, tendo marcado nove golos em 23 jogos e contribuído para uma caminhada que haveria de culminar na conquista da Taça da Liga e no apuramento para a Taça UEFA antes de se mudar para os gregos do AEK Atenas durante mercado de inverno. “Fiquei magoado com o presidente [da comissão de gestão, Carlos Costa] porque não teve uma atitude correta comigo. Deixou passar a mensagem de que eu é que quis ir embora quando na verdade o que aconteceu foi uma boa oportunidade para o Vitória de Setúbal encaixar algum dinheiro no final da época. Os adeptos ficaram a pensar que eu fui ingrato e isso não é verdade. Fiquei magoado por isso, mas não guardo rancor nenhum”, lamentou.
Mais tarde tornou-se internacional português e representou clubes como Málaga, PAOK, MarítimoAcadémica, novamente Sp. Braga e dois emblemas turcos antes de regressar ao Vitória de Setúbal em 2016-17. Nesta segunda passagem pelo Bonfim amealhou 71 jogos e 19 golos, ajudando os vitorianos a chegar à final da Taça da Liga em 2017-18.
Na hora da saída, revelou alguma mágoa. “A saudade estará presente todos dias, assim como o calor e o carinho de todos estes adeptos sadinos que me mostraram cada vez que orgulhosamente vesti esta camisola sagrada. Foi e será sempre um orgulho para mim este Enorme Vitória FC. Acho que merecia outro respeito por tudo que já dei ao Vitória, não me querendo bastava dizer ao invés de mandarem recados, 'se não assinaram é porque não querem ficar!' Eu entendi as entrelinhas e vi que não contavam comigo”, escreveu nas redes sociais.
No verão de 2023 pendurou as botas e regressou ao Vitória para assumir as funções de diretor técnico.
 
 
 

Manuel de Oliveira (treinador)

Manuel de Oliveira
Histórico treinador do futebol português que se estreou ao leme de uma equipa precisamente no clube no qual encerou a carreira de futebolista, a CUF, comandou LeixõesBelenenses e Sanjoanense antes de assinar pelo Barreirense, tendo contribuído para a promoção à I Divisão em 1968-69 e para um brilhante quarto lugar no primeiro escalão em 1969-70, a melhor classificação de sempre dos alvirrubros no patamar maior do futebol português.
Depois de passagens por FarenseOlhanenseLusitano de Évora e Beira-Mar regressou ao Barreirense em 1977-78 para contribuir para mais uma subida à I Divisão. Contudo, na época seguinte não conseguiu livrar o conjunto do Barreiro da despromoção, naquela que foi a última participação do clube no patamar maior do futebol português.
Depois de comandar Marítimo, Portimonense e União de Leiria dirigiu o Vitória de Setúbal entre 1982 e 1986, já numa fase de menor fulgor dos sadinos. Em 1985-86 ficou mesmo associado à despromoção à II Divisão, que colocou um ponto final a um período de 24 anos consecutivos na I Divisão. A meio dessa temporada deixou os setubalenses e regressou uma última vez ao Barreirense, que na altura militava na II Divisão Nacional.







 

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