Dez futebolistas que ficaram na história do Portimonense na I Divisão |
Fundado a 14 de agosto de 1914
num sapateiro por um grupo de amigos que decidiu formar um clube de futebol, o Portimonense
Sporting Clube nasceu na loja do sr. Amadeu Andrade, onde ficou logo
definido que o equipamento seria composto por camisolas às riscas verticais
pretas e brancas.
Campeão do Algarve
pela primeira vez em 1937, os alvinegros
desde tenra idade que ambicionou a promoção à I
Divisão, mas depois de algumas tentativas frustradas, entre as quais uma
final perdida com a Académica em Alvalade em 1949, a desejada subida à elite
do futebol português aconteceu em 1976.
Dois anos depois o Portimonense
foi despromovido, mas voltou ao primeiro
escalão em 1979 para ficar durante onze temporadas consecutivas, atingindo
o maior feito da sua história em 1984-85 ao alcançar o quinto lugar no
campeonato e um consequente inédito apuramento europeu.
Seguiu-se um período de duas
décadas sem grande sucesso a partir de 1990, tendo a equipa principal oscilado
entre a II Liga e a II Divisão B até regressar à I
Liga em 2010-11. A estadia no patamar
maior do futebol nacional foi apenas de uma época, mas depois os algarvios
só tiveram de esperar meia dúzia de anos para voltar a estar entre os melhores.
Após duas épocas tranquilas a
meio da tabela em 2017-18 e 2018-19, a formação
de Portimão foi despromovida na época seguinte, de nada valendo uma vitória
sobre o Desp.
Aves na derradeira jornada.
Durante 17 presenças na I
Divisão, 252 futebolistas representaram o Portimonense.
Vale por isso a pena recordar os dez que o fizeram por mais vezes.
10. Rúben Fernandes (86 jogos)
Rúben Fernandes |
Um filho da terra e um produto da
formação do clube. Defesa canhoto e polivalente, capaz de atuar no eixo
defensivo e no lado esquerdo da linha mais recuada, foi pela primeira vez
convocado para um jogo da equipa principal aos 17 anos, em abril de 2004, mas
teve de adiar a estreia por mais quatro meses e esperar meia dúzia de anos para
jogar na I
Liga.
Após seis temporadas na II Liga –
quatro no Portimonense
e duas no Varzim -, este internacional jovem português disputou 20 jogos (19 a
titular) e marcou um golo ao FC
Porto pelos marafados
em 2010-11, não evitando a despromoção.
Após a descida de divisão
continuou no clube por mais duas épocas, na II Liga, e, entretanto, passou pelo
Estoril
e pelos belgas do Sint-Truiden antes de regressar a Portimão
em 2017, para acompanhar os alvinegros
no regresso ao primeiro
escalão.
Entre 2017 e 2019 disputou um
total de 66 encontros (65 a titular) e marcou quatro golos, frente a Boavista, FC
Porto, Desp.
Aves e Moreirense, contribuindo para duas temporadas tranquilas a meio da
tabela.
Depois saiu de forma inesperada
para o Gil
Vicente.
9. Aurélio (86 jogos)
Aurélio |
Disputou 86 jogos tal como Rúben
Fernandes, mas amealhou mais 69 minutos em campo – 7512 contra 7443.
Mais um defesa, mas este natural
da cidade brasileira do Rio de Janeiro e com passagem pelo Portimonense
no final da década de 1980 e no início da de 1990. Desenvolvido em jovem pelo
Vasco da Gama, chegou a Portugal em janeiro de 1986 pela porta do Marítimo, na
altura cedido pelos vascaínos.
Após época e meia nos Barreiros
mudou-se para Portimão,
onde rapidamente conquistou um lugar no eixo defensivo. Em três épocas na I
Divisão pelos algarvios somou
86 jogos, dos quais apenas um como suplente utilizado, e apontou um golo,
curiosamente numa deslocação ao terreno do… Marítimo, na jornada inaugural do
campeonato 1988-89. Paralelamente, ajudou os alvinegros
a chegarem às meias-finais da Taça
de Portugal na temporada de estreia, em 1987-88.
Após a descida à II Liga
continuou no Portimonense
por mais dois anos, encerrando o seu trajeto no Algarve com
a descida à II Divisão B. Depois mudou-se para os alentejanos do
Campomaiorense, contribuindo para a promoção à I
Liga em 1995.
Com a missão cumprida, encerrou a
carreira em 1996 no campeonato de Hong Kong, ao serviço do South China.
8. João Cardoso (87 jogos)
João Cardoso |
Outro defesa central. Já com
experiência de I
Divisão adquirida ao serviço do (seu) Vitória
de Setúbal e do Montijo, chegou a Portimão
no verão de 1977.
Na primeira época disputou 29 (dos
30) jogos no campeonato, todos na condição de titular, mas foi impotente para
evitar a despromoção.
Na época seguinte continuou no Portimonense
e ajudou o clube a sagrar-se campeão nacional da II Divisão e a conseguir a
consequente subida ao primeiro
escalão.
Seguiram-se mais duas temporadas
na I
Divisão, nas quais disputou um total de 58 partidas (sempre a titular),
ajudando os algarvios
a alcançarem o honroso oitavo lugar em ambas.
Depois voltou ao Vitória
de Setúbal.
7. Balacó (95 jogos)
Balacó |
Para não variar, mais um defesa
central, que também chegou a Portimão
já com experiência de I
Divisão, neste caso adquirida ao serviço do Sp. Espinho, clube que deixou
para reforçar os algarvios
no verão de 1983.
Num total de quatro temporadas no
Portimonense
disputou um total de 95 jogos (93 a titular) e apontou quatro golos, todos em
1984-85, época marcada pela obtenção do histórico quinto lugar. Com Manuel José
ao leme, Balacó marcou a Salgueiros, Varzim e Vizela.
Em 1985-86 foi utilizado nos 180
minutos da eliminatória europeia frente ao Partizan Belgrado (1-0 em Portimão
e 0-4 em Belgrado) e na época que se seguiu ajudou os alvinegros
a atingirem as meias-finais da Taça
de Portugal.
Jogador com bastante mais raça do
que técnica, deixou o clube em 1987 mas continuou no Algarve
ao serviço do Louletano.
6. Tião (98 jogos)
Tião |
Médio carioca, natural de
Valenças, fez boa parte da carreira no futebol português, ao qual chegou nos
últimos meses de 1977 pela porta do Portimonense.
Estreou-se à 8.ª jornada, pegou de estaca e não mais perdeu o lugar no onze de
Mário Lino, tendo disputado os 23 jogos que restavam até ao final do campeonato
e apontado dois golos, nas vitórias caseiras sobre Feirense e Sporting.
Ainda assim, não conseguiu ajudar os algarvios a
evitar a despromoção.
No entanto, na temporada seguinte
contribuiu para a conquista do título nacional da II Divisão e consequente
subida ao patamar
maior do futebol português, no qual jogou com a camisola
alvinegra por mais quatro anos, embora tenha perdido o estatuto de titular
indiscutível. Nesse período, participou 75 jogos (56 a titular) e marcou nove
golos, entre os quais nas receções a FC
Porto e Sporting
em 1982. Paralelamente, contribuiu para a caminhada até às meias-finais
da Taça
de Portugal em 1982-83.
Depois mudou-se para o Estoril,
permanecendo na I
Divisão mais uma época. Seguiram-se passagens por Estrela
da Amadora, Recreio
de Águeda, Pessegueirense e Oliveirense, tendo encerrado a carreira de
jogador e iniciado a de treinador no clube de Oliveira de Azeméis.
Viria a falecer em agosto de
2014, aos 64 anos.
5. Joaquim Murça (102 jogos)
Joaquim Murça |
Desta vez, um lateral esquerdo, irmão
mais novo do antigo jogador portista Alfredo Murça e que chegou ao Portimonense
no verão de 1979, proveniente do Sporting,
tendo rapidamente assumido a titularidade nos alvinegros,
então recém-promovidos à I
Divisão.
Em quatro temporadas em Portimão,
disputou um total de 102 jogos (90 a titular) e apontou seis golos, ajudando os
algarvios
não só a fazerem épocas tranquilas no primeiro
escalão do futebol português como também a alcançarem as meias-finais da Taça
de Portugal em 1982-83. Relativamente aos golos marcados, Amora
e Académico Viseu em 1980-81, Académico Viseu e Sp.
Braga na época seguinte e Benfica
e Rio
Ave em 1982-83 foram as vítimas de Joaquim Murça.
As boas campanhas no Portimonense
valeram-lhe também duas internacionalizações pela seleção nacional AA, tendo
sido utilizado nos jogos particulares frente ao Brasil em maio de 1982 e à
Alemanha em fevereiro de 1983.
4. José Pedro (105 jogos)
José Pedro |
Lateral/extremo direito natural da
zona de Aveiro tal como Balacó, reforçou o Portimonense
no verão de 1987, proveniente do Lusitânia Lourosa.
Numa altura em que os algarvios
já estavam a sentir mais dificuldades em manter-se na I
Divisão do que sentiam no início da década de 1980, José Pedro atuou num
total de 105 partidas (66 a titular) no primeiro
escalão e apontou nove golos – Académica em 1987-88, Belenenses,
Sporting
e Fafe
na época seguinte e Marítimo, Sp.
Braga, União da Madeira (dois) e Estrela
da Amadora foram as vítimas de José Pedro.
Se por um lado ajudou os alvinegros
a atingirem as meias-finais da Taça
de Portugal em 1987-88, dois anos depois foi impotente para evitar a
despromoção à II Liga, patamar competitivo em que haveria de jogar com a camisola
preta e branca em 1990-91, antes de se mudar para o Marítimo.
3. Nivaldo (109 jogos)
Nivaldo |
Médio defensivo natural de
Ferreiros, Pernambuco, passou por clube como o Sport Recife e Cruzeiro antes de
aterrar em Portugal no verão de 1980 para reforçar o Vitória
de Guimarães. Após quatro anos no D.
Afonso Henriques deu o salto para o Benfica,
rejeitando então uma proposta mais vantajosa do Portimonense.
Porém, não foi feliz nas águias
e um ano depois mudou-se mesmo para o Algarve.
Com a camisola
alvinegra disputou 109 encontros (105 a titular) e marcou cinco golos,
entre os quais um ao Sporting
e outro ao FC
Porto, ao longo de quatro temporadas na I
Divisão, tendo conquistado o estatuto de capitão. Logo na época de estreia
participou na célebre eliminatória europeia com o Partizan, tendo jogado tanto
na vitória caseira por 1-0 como na derrota por 0-4 sofrida em Belgrado.
Contribuiu ainda para as caminhadas até às meias-finais da Taça
de Portugal em 1986-87 e 1987-88.
No verão de 1989 mudou-se para
a União
de Leiria, então na II Divisão. Já o Portimonense
sentiu a ausência do seu capitão nas épocas anteriores e acabou por cair no
segundo escalão.
2. Teixeirinha (112 jogos)
Teixeirinha |
Lateral luso-angolano,
carismático, formado e revelado pelo Estoril,
trocou os canarinhos
pelo Portimonense
no verão de 1984.
Titular indiscutível durante os
quatro anos que passou em Portimão,
disputou um total de 112 jogos (111 a titular) na I
Divisão. Na época de estreia foi um dos esteios da equipa orientada por
Manuel José que alcançou o quinto lugar e consequente apuramento para a Taça
UEFA, tendo participado depois na eliminatória com o Partizan.
“Foi o ano de estreia do Portimonense
na Taça
UEFA e como tal foi também o primeiro jogo fora. Só foi pena termos perdido
por 4-0, um resultado marcante, que acabou por ditar o nosso afastamento das
competições europeias”, afirmou ao Bancada,
recordando o encontro da segunda-mão, em Belgrado.
Nas temporadas que se seguiram
foi importante nas caminhadas dos alvinegros
até às meias-finais da Taça
de Portugal em 1986-87 e 1987-88. “O Portimonense
tinha uma bela equipa nessa altura com jogadores como Dinis e Simões”, lembrou.
Embora muito utilizado, em 1988
colocou um ponto final na ligação ao clube e rumou ao Louletano,
então na II Divisão.
1. Skoda (159 jogos)
Skoda |
Médio esquerdo natural de Faro,
começou a jogar no Farense,
passou pelo Boavista e reforçou o Portimonense
no verão de 1984, a tempo de participar na campanha que culminou com a obtenção
do quinto lugar e no consequente apuramento europeu em 1984-85 e participou na
eliminatória da Taça
UEFA diante do Partizan.
Em meia dúzia de anos ao serviço
dos alvinegros
na I
Divisão disputou 159 jogos (153 a titular) e apontou oito golos – Desp.
Chaves e Desp.
Aves em 1985-86, Sp.
Braga e O Elvas na época seguinte, Sp.
Covilhã em 1987-88, Vitória
de Guimarães na temporada que se seguiu e Beira-Mar e Estrela
da Amadora em 1989-90 foram as vítimas de Skoda, que ganhou essa alcunha
por gostar muito dos automóveis Skoda.
Paralelamente tornou-se no
primeiro jogador algarvio
a chegar à seleção nacional AA como jogador do Portimonense
e contribuiu para as campanhas até às meias-finais da Taça
de Portugal em 1986-87 e 1987-88.
Haveria de continuar no clube até
1993, tendo descido à II Liga e à II Divisão B antes de se despedir dos marafados
e da carreira de futebolista com a promoção à II Liga. “Tenho uma ligação muito
forte a Portimão,
pois fui bem-recebido e a família adaptou-se facilmente. As pessoas gostaram do
meu trabalho e acabei por representar o Portimonense
por nove épocas, até ao final da minha carreira”, contou ao Record.
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