Amora e Vitória de Setúbal medem forças na Liga 3 |
Dois clubes do distrito
de Setúbal que já andaram entre a elite
do futebol português, embora com dimensões históricas bem distintas, Vitória
de Setúbal e Amora
coincidiram em três épocas na I
Divisão, uma na II
Liga, uma no Campeonato
de Portugal e agora na recém-criada Liga 3.
Em onze jogos entre as duas
equipas até este encontro da segunda volta da Série B da Liga 3, os sadinos
venceram oito e empataram três, não tendo sofrido qualquer derrota.
Ao longo desse percurso, os setubalenses
têm tido nos seus quadros jogadores que já tinham pertencido aos amorenses
e vice-versa.
Vale por isso a pena conferir o
nosso onze ideal de futebolistas que passaram pelos dois clubes, distribuídos
em campo num 3x5x2.
Vaz (guarda-redes)
Vaz |
Escolha dificílima, uma vez que
Joaquim Torres também era um sério candidato a ocupar a baliza deste onze.
Guarda-redes nascido em Penalva
do Castelo, no distrito de Viseu, Vaz saltou diretamente do clube local para o FC
Porto, mas sem espaço na Invicta acabou por se transferir para o Vitória
de Setúbal no verão de 1970.
Inicialmente suplente de Joaquim
Torres, ganhou a titularidade em 1971-72, época em que os sadinos
lograram a melhor classificação da sua história, o 2.º lugar. Na temporada que
se seguiu ajudou a equipa a chegar à final da Taça
de Portugal.
Oito anos e mais de 100 jogos
depois, transferiu-se para o Académico de Viseu em 1978, tendo ainda passado
pelo Sporting
antes de ingressar no Amora
em 1981-82, tendo atuado em 16 jogos e sofrido 19 golos na I
Divisão na época que passou ao serviço do emblema
do concelho do Seixal.
José Mendes (defesa central)
José Mendes |
Defesa central nascido em Setúbal
e formado no Vitória,
teve duas passagens pelo clube (1966-67 a 1974-75 e 1977-78 a 1979-80), com
dois anos no Sporting
pelo meio, tendo beneficiado do fim da lei da opção. Demorou alguns anos a assumir-se como peça
importante no Bonfim
e só em 1970-71 passou jogar com regularidade.
Ainda assim, este antigo defesa
central foi a tempo de integrar a história equipa que alcançou o 2.º lugar em
1971-72, de jogar a final da Taça
de Portugal em 1973, perdida ante o Sporting
em Alvalade,
e de participar em jogos históricos nas competições europeias frente a Spartak
Moscovo e Leeds, entre outros. Os bons desempenhos em cerca de 250 jogos pelo Vitória
levaram-no à seleção nacional, que representou por oito vezes.
Já na curva descendente da
carreira, quando já tinha 33 anos, mudou-se para o Amora,
tendo atuado em 17 encontros na I
Divisão naquela que foi a primeira participação dos azuis
da Medideira no primeiro
escalão, em 1980-81.
Viria a encerrar a carreira
noutro clube setubalense, o Comércio
e Indústria. Paralelamente, iniciou o seu trajeto como treinador, tendo
sido jogador-treinador dos sadinos
em 1978-79 e adjunto durante a década de 1980.
Rebelo (defesa direito)
Rebelo |
Contemporâneo e conterrâneo do
também José Mendes, com quem coincidiu na equipa principal do Vitória
em 11 temporadas. Somou os primeiros jogos em 1966-67, mas só em 1969-70 voltou
a jogar e apenas em 1970-71 se estabeleceu na equipa.
Também esteve na histórica época
do 2.º lugar, na final da Taça
de Portugal de 1972-73 e somou mais de 30 encontros pelos sadinos
nas competições europeias. Entre 1967 e 1980 disputou cerca de 270 jogos e
apontou três golos pela formação
setubalense, tendo durante esse trajeto amealhado oito internacionalizações
pela seleção nacional A.
No verão de 1980, quando estava
prestes a comemorar o 33.º aniversário, mudou-se para o Amora,
tendo ainda atuado em cerca de 50 partidas e marcado um golo pelos azuis
da Medideira em todas as provas.
Tó Sá (defesa esquerdo)
Tó Sá |
Embora fosse um lateral direito,
por uma questão de conveniência é adaptado ao lado esquerdo neste onze ideal, até
pela falta de alternativas credíveis.
Lateral direito formado no Cova
da Piedade, chegou ao Amora
no verão de 1990, proveniente do Pescadores.
Em quatro temporadas na Medideira, Tó Sá viveu duas subidas à II
Liga e uma descida à II Divisão B, tendo amealhado mais de 120 partidas e
cinco golos pelos amorenses.
Valorizado pelas boas campanhas,
deu em 1994 o salto para o Vitória
de Setúbal, clube pelo qual amealhou 65 jogos oficiais e três golos ao
longo de três temporadas, tendo vivido uma subida à I
Liga e uma descida à II
Liga.
Formosinho (médio centro)
Formosinho |
Médio setubalense e formado no Vitória,
transitou para a equipa principal em 1974-75, já depois da era dourada dos sadinos,
não chegando a tempo de disputar finais da Taça
de Portugal nem de jogar nas competições europeias. Na primeira passagem
pelos seniores do clube, entre 1974 e 1979, participou em mais de 80 partidas,
apontou oito golos e tornou-se internacional sub-21.
Entretanto passou dois anos no
Varzim antes de ingressar no Amora
em 1981-82, temporada em que participou em 24 jogos e marcou um golo ao Sp.
Espinho no campeonato.
Após a aventura na Medideira
regressou ao Bonfim
para jogar durante mais cinco anos com a camisola verde e branca, tendo
amealhado mais de uma centena de encontros e seis golos entre 1982 e 1987, não
conseguindo evitar o regresso dos vitorianos
à II Divisão, em 1986, depois de 25 anos consecutivos no patamar
maior do futebol português.
A seguir a encerrar a carreira de
jogador, iniciou a de treinador, tendo orientado o Amora
em 1993-94 e 1994-95 e a equipa B do Vitória
de Setúbal em 2005-06.
Mário Narciso (médio centro)
Mário Narciso |
Mais um médio setubalense e
formado no Vitória,
que transitou para a equipa principal em 1972-73, época em que somou dois jogos
e um golo e que ficou marcada pela caminhada até à final da Taça
de Portugal.
Em 1980-81 ingressou no Amora,
tendo atuado em 28 jogos e marcado oito golos no campeonato naquela que foi a
época de estreia dos azuis
da Medideira na I
Divisão.
Na temporada seguinte representou
o Vitória
de Guimarães e em 1982-83 voltou ao Vitória
de Setúbal para participar em 17 partidas e faturar por uma vez.
Após pendurar as botas tornou-se
adjunto de Quinito, tendo trabalhado nos sadinos
em 1990-91. Mais tarde, iniciou no Vitória
um trajeto glorioso como treinador de futebol de praia, tendo conquistado dois
títulos nacionais. Hoje é selecionador nacional e tem no currículo troféus como
dois Mundiais (2015 e 2019), uma Taça da Europa (2016) e uns Jogos Europeus
(2019).
Paralelamente, desempenhou as
funções de cobrador de quotas do Vitória
de Setúbal. “As pessoas da minha faixa etária e as mais velhas conhecem o Narciso
como jogador e por estar ligado às cobranças. O pessoal mais novo já me vê mais
como o selecionador de futebol de praia. Já é 50/50. Uns quando me veem
perguntam-me pelo Vitória,
outros perguntam quando é que a seleção joga”, contou ao Diário de Notícias em novembro de
2019.
Vítor Baptista (médio ofensivo)
Vítor Baptista |
O Maior. Quando se pergunta a um vitoriano
qual o melhor jogador da história do clube, o mais provável é ouvir-se uma de
três respostas: Jacinto
João, Yekini ou Vítor Baptista.
Médio ofensivo/avançado nascido
em Setúbal e formado no Vitória,
subiu à equipa principal em 1967-68, época marcada pela caminhada até à final
da Taça
de Portugal pela quarta vez consecutiva. Mesmo numa equipa a viver um
período fantástico, Vítor Baptista foi ganhando paulatinamente o seu espaço ao
longo de quatro temporadas no plantel principal, tendo amealhado 95 jogos e 41
golos em todas as provas entre 1967 e 1971. Em 1970-71 estreou-se pela seleção
nacional A e ficou a um golo de se sagrar no melhor marcador do campeonato,
tendo sido apenas superado pelo benfiquista
Artur Jorge, que somou 23 remates certeiros.
Valorizado, deu o salto para o Benfica,
clube ao serviço do qual teve momentos de brilho ao longo de sete anos. Porém, em 1978-79 voltou ao Bonfim
para atuar em 18 partidas e faturar por sete vezes.
Seguiram-se passagens por Boavista
e pelos norte-americanos do San Jose Earthquakes antes de ingressar no Amora
em 1980-81, na temporada de estreia dos amorenses
na I
Divisão e numa altura em que o jogador já caminhava para o 32.º
aniversário. Já em curva descendente na carreira, não foi além de seis jogos no
campeonato.
“O Vítor fez seis/sete jogos pelo
Amora
só. Assisti a episódios inacreditáveis. Aturei-lhe muitas maluquices, nos
treinos, nos jogos e nos estágios. Vi-o várias vezes drogado. No hotel em Troia
era sempre a mesma coisa. Ia para a varanda, fechava a janela e eu só via fumo,
fumo e mais fumo. Vinha para dentro e já nem falava. Não adiantava dizer-lhe
nada”, recordou Mário
Narciso ao Maisfutebol em março de 2013.
“Ele chegava já de manhã
transtornado aos treinos. Num deles, estávamos a fazer trabalho de resistência
em redor do relvado. O estádio estava em obras. Estávamos esgotados e o Vítor
ainda não tinha aparecido. De repente olho para a parte de trás do pelotão e lá
estava ele, de bicicleta. Tinha-a roubado ao pedreiro que andava por lá. [O
treinador José Moniz] gritou com ele, claro, e o Vítor só dizia: professor,
tenho muitas voltas em atraso. Deixe-me pedalar à vontade para recuperar”,
acrescentou.
Em outubro de 2019, quase 20 anos
após a sua morte, deu o nome a um campo de futebol em Setúbal.
Diamantino Miranda (extremo)
Diamantino |
Extremo direito natural de
Sarilhos Pequenos, no concelho da Moita, fez a formação no Vitória
de Setúbal e transitou para a equipa principal em 1976-77, tendo feito a
estreia pelos seniores aos 16 anos e 11 meses, numa visita à Académica.
No final dessa época de estreia, na qual atuou em 17 partidas e apontou um
golo, deu o salto para o Benfica,
clube pelo qual ainda cumpriu dois anos de júnior.
Sem espaço na Luz, transferiu-se
para o Amora
no início da temporada 1980-81, a primeira dos azuis
da Medideira na I
Divisão, disputou 22 encontros e apontou cinco golos.
Após um ano no emblema
do concelho do Seixal rumou ao Boavista
e depois voltou ao Benfica,
clube que haveria de representar até 1990, com duas finais da Taça
dos Campeões Europeus, uma final da Taça
UEFA, um Campeonato da Europa e um Mundial pelo meio.
No verão de 1990 regressou ao Vitória,
aos 31 anos, tendo cumprido 72 jogos e 12 golos em todas as provas ao longo de
três épocas, a primeira na I
Divisão e as duas últimas na II
Liga, tendo-se despedido dos relvados com uma subida ao primeiro
escalão.
Após pendurar as botas tornou-se
treinador, tendo passado pelo comando técnico do Vitória
em 1994-95 e em 2002-03, já depois de ter sido adjunto de Raúl Águas em
1993-94. “Foi no Vitória
que comecei a jogar, em 1973, e foi no Vitória
que acabei a minha carreira de jogador e comecei a de treinador… apesar de
algumas peripécias pelo meio. Por isso, nunca poderei desligar-me daquele
clube, daquela cidade, daquelas gentes que muito me dizem”, afirmou ao Record em maio de 2005.
Jaime das Mercês (extremo)
Jaime das Mercês |
Médio ofensivo/extremo natural da
Cova
da Piedade, não muito longe da Amora,
transitou dos juniores para os seniores em 1981, estreando-se na I
Divisão ainda com 17 anos, numa derrota caseira com o Vitória
de Setúbal (0-1). A ampará-lo em campo teve o irmão Hélder das Mercês, 11
anos mais velho.
Apesar da tenra idade, foi
titular nos 24 encontros que disputou nessa temporada, tendo apontado um golo,
à União
de Leiria. Paralelamente, passou a ser chamado regularmente à seleção
nacional de sub-18, pela qual jogou ao lado de jogadores como Venâncio e Futre.
Na época seguinte foi
maioritariamente titular, mas perdeu alguma influência. Voltou a disputar 24
jogos, mas seis foram na condição de suplente utilizado, tendo voltado a marcar
um golo, frente ao Portimonense.
Ainda assim foi chamado aos trabalhos da seleção sub-21, pela qual jogou ao
lado de Silvino, Bandeirinha, Alberto Bastos Lopes, Carlos Xavier e do então
companheiro de equipa Jorge Plácido (já lá vamos…).
Após a descida de divisão
prosseguiu a carreira no Belenenses,
onde se notabilizou e catapultou para a seleção nacional A. Depois de ajudar os
azuis
do Restelo a conquistar o título nacional da II Divisão, foi parte ativa
daquele que é considerado o melhor período do clube no pós-Matateu, no final da
década de 1980, coroado com a conquista da Taça
de Portugal em 1988-89.
No verão de 1992, depois de uma
temporada em que não foi muito utilizado em Belém, transferiu-se para o Vitória
de Setúbal, clube pelo qual disputou 32 jogos e apontou quatro golos em
todas as provas, ajudando os sadinos
a subir à I
Liga.
Haveria de regressar ao Amora
em 1994-95, então na II
Liga, depois de uma passagem de uma época pela Ovarense,
não conseguindo evitar a descida à II Divisão B. Entretanto passou por Desportivo
de Beja e Atlético
e chegou a encerrar a carreira em 1998.
No entanto, o então presidente do
Amora,
José Mendes, apelou-lhe ao coração e Jaime Mercês voltou à Medideira para em
março de 2000 para mais um ano e meio. “Cheguei a pensar que já estava acabado
para o futebol de onze e não pensava voltar a jogar a este nível. Mas como me
sinto em perfeitas condições físicas e acredito que posso fazer mais uma ou
duas épocas, resolvi aceitar a proposta do presidente. Aliás, o ingresso no Amora
deve-se à amizade com José Mendes, que me pediu para ajudar a equipa”, afirmou
ao Record.
Em três meses às ordens de Manuel
Bento não conseguiu evitar a descida à III Divisão, mas na época seguinte, em
grande parte com José Carvalho à frente da equipa, ajudou os amorenses
a sagrarem-se campeões e a voltarem à II B.
Após pendurar as botas continuou
a jogar futebol… de praia. Como treinador desta modalidade, orientou o Amora
naquela que foi a primeira participação do clube no Campeonato Nacional, em
2013.
José Rafael (avançado)
José Rafael |
Ponta de lança algarvio, natural
de Faro, despontou no Farense,
integrou as seleções jovens portuguesas e estreou-se na I
Divisão com a camisola do Portimonense
antes de chegar à Medideira, no verão de 1981.
Avançado irreverente e oportuno
na área, somou 12 golos em 50 jogos ao longo de dois anos no Amora,
tendo marcado numa vitória caseira sobre o FC
Porto (2-1) e em derrotas com Sporting
em Alvalade
(1-4) e Benfica em
casa (1-3). Porém, não conseguiu evitar a descida de divisão em 1983, ano em
que fez parte da seleção nacional que tentou o apuramento para os Jogos
Olímpicos de Los Angeles.
“Gostei bastante de jogar no Amora.
Tínhamos um bom lote de jogadores, malta nova com muito valor: vários acabaram
por chegar à seleção, como o Jaime, o Jorge Plácido, o Ribeiro, além de mim. Os
problemas nesse clube eram outros: a falta de pagamentos, por exemplo. Acabámos
por descer em 1982-83 por causa disso”, afirmou
a um blogue alusivo ao Farense em abril de 2014.
Apesar da despromoção,
valorizou-se e continuou na I
Divisão ao serviço do seu Farense,
do Boavista
e do Vitória
de Setúbal. Ao serviço dos sadinos
atuou em 20 partidas e faturou por seis vezes em todas as provas em 1987-88,
conseguindo mostrar o seu valor apesar da concorrência de Jordão e Manuel
Fernandes. “No Vitória
de Setúbal comecei bem, mas depois sofri uma lesão complicada numa
brincadeira com o Neno e acabei por perder o lugar”, recordou.
Jorge Plácido (avançado)
Jorge Plácido |
Avançado nascido em Luanda, mas
desde jovem radicado na margem
sul do Tejo, concluiu a formação e iniciou o percurso como futebolista
sénior no Amora
em 1981-82, numa temporada em que os azuis
de Medideira militavam na I
Divisão.
No verão de 1983, após 28 jogos,
quatro golos e uma descida de divisão pelos amorenses
em todas as provas, transferiu-se para o Vitória
de Setúbal já com o estatuto de internacional sub-21 português.
Em duas épocas ao serviço dos sadinos,
Jorge Plácido amealhou 54 partidas e uma dezena de remates certeiros em todas
as competições, rumando depois ao Desp.
Chaves. “Aprendi muito com o senhor Manuel de Oliveira no Vitória
de Setúbal. Eu exagerava um pouco no drible, adorava fintar e era ele que
me dava cabo da cabeça: ‘assim nunca vai ser futebolista, não passarás de um
jogador da bola’. Eu adorava imitar o Jacinto
João, um extremo fantástico, glória sadina”,
contou ao Maisfutebol
em março de 2020.
Jorge Jesus (treinador)
Jorge Jesus |
Jorge Jesus era apenas um médio
em final de carreira, ao serviço do modesto Almancilense, quando em 1990, aos
35 anos, recebeu uma proposta que lhe mudou a vida. “Estava na III Divisão e no
meu último ano de carreira enquanto jogador. Jogava no Almancilense, que é uma
equipa do Algarve
que não sei se ainda existe, e jogámos contra o Amora.
Quando acabou o jogo, o presidente do Amora,
que estava no banco, chamou-me e convidou-me: 'oh Jorge
Jesus, tu queres ser treinador do Amora?'.
Eu disse: 'treinador? Mas eu sou jogador, ainda agora estive a jogar, não sou
treinador'. Ele disse: 'tu estavas a jogar, mas percebi que tu é que eras o
treinador dentro do campo'. E é assim que começo a minha carreira de treinador.
Isto é no domingo, na segunda-feira penso e digo-lhe: 'aceito o seu desafio'.
Conclusão, o Amora
é que foi subir e o Almancilense não subiu nesse ano”, contou aos alunos Faculdade
de Motricidade Humana em 2013.
Na Medideira, Jorge
Jesus começou a colocar em prática ideias como o 3x4x3 inspirado no Barcelona
de Johan
Cruyff e a defesa à zona nas bolas paradas. “Os treinos dele estavam muito
à frente. No Amora,
já defendíamos à zona nos cantos – isto há 20 anos. As equipas dele trabalham
muito defensivamente, é difícil fazer-lhes golos, porque há uma sincronização
muito grande. Trabalha os pormenores como poucos”, contou o seu antigo jogador,
Rui Nascimento, ao Record.
Na primeira época no Amora,
em 1989-90, Jesus alcançou a subida à II Divisão B. Dois anos depois, logrou a
promoção à II
Liga. Haveria de se despedir do clube em 1993, após a descida à II Divisão
B.
Entretanto passou por Felgueiras,
União da Madeira e Estrela
da Amadora antes de orientar o Vitória
de Setúbal, clube que já tinha representado enquanto jogador, entre outubro
de 2000 e janeiro de 2002. Quando chegou ao Bonfim para
suceder a Rui Águas, o Vitória era
7.º classificado na II
Liga, tendo ainda perdido os dois primeiros jogos no campeonato. No
entanto, a partir daí a equipa desatou a ganhar e conseguiu a promoção à I
Liga nos minutos finais da última jornada, numa receção à Naval.
“Queria dedicar esta vitória a esta massa associativa. Esta cidade tem uma
paixão pelo futebol que, tirando Benfica, Sporting e FC
Porto, mais ninguém tem. Ninguém consegue arrastar tanta gente atrás como
o Vitória arrastou
aqui hoje, 30 mil pessoas, todos eles vitorianos.
Esta subida à I
Liga vai inteiramente para os sócios e simpatizantes”, afirmou Jorge
Jesus após o encontro decisivo.
Na época seguinte até nem começou
mal, tendo amealhado três vitórias nas primeiras cinco jornadas. No entanto,
depois não conseguiu evitar uma queda a pique que atirou a equipa para o 17.º
lugar e acabou por não resistir aos maus resultados, tendo sido substituído por
Luís Campos.
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