Felgueiras competiu na I Liga em 1995-96 |
Fundado a 8 de maio de 1932 no Monte
de Santa Quitéria, o Futebol Clube de Felgueiras atingiu o ponto mais alto da
sua história, quando participou na I
Liga em 1995-96 sob o comando técnico de Jorge
Jesus, também ele em estreia no primeiro
escalão.
Embora remetidos para os
campeonatos distritais da AF
Porto até ao início da década de 1980, os felgueirenses chegaram à III
Divisão Nacional em 1982, à II Divisão em 1984 e à II
Liga em 1992 antes de atingirem o patamar
maior do futebol português. Paralelamente, chegaram aos oitavos de final da
Taça
de Portugal em 1995-96, 1999-00 e 2002-03.
Depois da participação na I
Liga, seguiram-se nove épocas na II
Liga, problemas financeiros e a extinção do futebol sénior. Entretanto, foi
criado o Clube Académico de Felgueiras, que em 2014-15 incorporou o Futebol
Clube Felgueiras, gerando o Futebol Club de Felgueiras 1932.
A competir desde 2013-14 no Campeonato
de Portugal, o emblema da sub-região do Tâmega vai procurando regressar às
ligas profissionais.
Vale por isso a pena recordar os
dez jogadores com mais jogos pelo Felgueiras na I
Liga.
10. Amaral (23 jogos)
Após terminar a sua ligação aos
encarnados, assinou pelo Felgueiras no verão de 1995. Na única temporada que
passou no Estádio Dr. Machado de Matos disputou 23 jogos (15 a titular) e
apontou quatro golos na I
Liga, diante de Boavista,
Sp.
Braga, Farense
e Gil
Vicente, todos na primeira volta e ainda assim insuficientes para evitar a
queda a pique na segunda volta e a consequente despromoção.
“Para mim foi uma temporada que
me correu muito bem a nível pessoal. Em termos de Felgueiras também foi muito
falada, mas a verdade é que, no final, não conseguimos o que queríamos”, contou
ao Observador.
Embora essa tivesse sido uma das
épocas mais consistentes da sua carreira, não guardou boas recordações de Jorge
Jesus. “O treinador estava a começar a ter sucesso e a treinar na I
Liga. Tinha os seus defeitos e as suas virtudes. Tive um outro problema com
ele, mas são coisas do futebol. Não quis voltar a ser treinado por ele. Ainda
me convidou para o Estrela
da Amadora, mas não aceitei. Preferi ficar onde estava em vez de trabalhar
com ele”, afirmou ao Diário de Notícias o antigo
internacional jovem português, que ainda jogou na I
Liga por Belenenses,
Vitória
de Setúbal e Santa
Clara, antes de acabar nas divisões inferiores.
9. Abel Silva (23 jogos)
Abel Silva |
Disputou o mesmo número de jogos
de Amaral,
mas amealhou mais 262 minutos em campo – 1504 contra 1242.
Mais um jogador campeão mundial
de sub-20 em 1989, neste caso um lateral direito formado no Benfica,
mas que não conseguiu vingar na equipa principal das águias.
Depois de uma passagem não muito bem-sucedida pelo Vitória
de Setúbal, assinou pelo Felgueiras em 1995.
Na única época que passou no
clube da sub-região do Tâmega disputou 23 jogos (17 a titular) na I
Liga, mas mostrou-se impotente para evitar a despromoção.
Após a descida de divisão
transferiu-se para o Campomaiorense.
8. Zé Carlos (26 jogos)
Zé Carlos |
Guarda-redes internacional
brasileiro, marcou presença em competições como o Mundial 1990, as Copas
América 1987 e 1989 e os Jogos Olímpicos 1988 e defendeu a baliza do Flamengo
entre 1984 e 1991.
Já trintão, entrou no futebol
português pela porta do Farense
em 1992, tendo ainda passado pelo Vitória
de Guimarães antes de reforçar o Felgueiras no início da temporada 1995-96.
Ao serviço do emblema duriense disputou
27 jogos e sofreu 35 golos na I
Liga antes de deixar o clube a poucos meses do final da época para
regressar ao Flamengo. Quando Zé Carlos se despediu do Estádio Dr. Machado de
Matos, a formação comandada por Jorge
Jesus ocupava o 14.º lugar, com quatro pontos de vantagem sobre a primeira
abaixo da chamada linha de água.
Viria a falecer em julho de 2009,
aos 47 anos, vítima de cancro.
7. Vicente (27 jogos)
Em 1995-96 atuou em 27 partidas
(24 a titular) pelos durienses no primeiro
escalão, mas mostrou-se impotente para impedir a despromoção.
Após a descida de divisão
permaneceu mais duas épocas no clube, ambas na II
Liga, regressando depois ao Varzim, clube pelo qual tinha passado durante o
seu período formativo.
6. Costa (27 jogos)
Costa |
Disputou o mesmo número de jogos
de Vicente, mas amealhou mais 209 minutos em campo – 2170 contra 1961.
Mais um jogador titulado ao
serviço das seleções jovens nacionais, neste caso um médio defensivo formado no
Sp.
Braga e no FC
Porto e campeão europeu de sub-17 em 1989.
Sem espaço na equipa principal
dos dragões,
passou por Nacional
e Ovarense
antes de assinar pelo Felgueiras no verão de 1994, tendo contribuído para a
subida à I
Liga logo na primeira época no clube.
Em 1995-96, já no primeiro
escalão, atuou em 27 encontros (26 a titular), mas mostrou-se impotente
para evitar a despromoção.
Apesar da descida de divisão,
valorizou-se e convenceu o FC
Porto a resgatá-lo, ainda que não viesse a ter grande êxito nas Antas.
5. Rui Gregório (29 jogos)
Rui Gregório |
Defesa central com um longo
trajeto no Belenenses,
ainda que nem sempre como titular, chegou ao Felgueiras no verão de 1995, já
depois de ter passado por Vitória
de Setúbal e Tirsense.
Ao serviço do emblema duriense
fez talvez a sua melhor época na I
Liga, tendo sido titular nos 29 jogos que disputou, ainda que sem conseguir
evitar a despromoção.
Após a descida de divisão
permaneceu mais dois anos no clube, ambos na II
Liga, tendo regressado depois ao Belenenses.
4. Sérgio Conceição (30 jogos)
Sérgio Conceição |
Sérgio
Conceição fez uma grande carreira internacional, na qual se inclui a
presença no Euro 2000 e no Mundial
2002 e as conquistas de três campeonatos nacionais ao serviço do FC
Porto e de um campeonato
italiano, duas Taças de Itália, uma Taça das Taças e uma Supertaça Europeia
com a camisola da Lazio.
No entanto, antes de se afirmar
nas Antas e de dar o salto para a Série
A passou por três empréstimos, o último dos quais ao Felgueiras em 1995-96,
que marcou a estreia do extremo natural de Coimbra na I
Liga.
“Eu tinha boas relações com o FC
Porto e sugeri a contratação do Sérgio
ao Jorge
Jesus, que deu de imediato o aval. E a verdade que é acabou por ser um
jogador importantíssimo para nós, a ponto de no ano a seguir ele se ter fixado
como titular indiscutível do FC
Porto”, revelou Sidónio Ribeiro, que na altura desempenhava o cargo de
chefe do departamento de futebol do Felgueiras, ao Diário
de Notícias.
Sob a orientação de Jorge
Jesus, explodiu no Estádio Dr. Machado de Matos ao atuar em 30 encontros
(todos a titular) e apontar quatro golos no primeiro
escalão, diante de Desp.
Chaves, Farense,
Estrela
da Amadora e União
de Leiria.
No entanto, a convivência entre Conceição
e Jesus
nem sempre foi fácil. “Num dos primeiros jogos da temporada, o Jorge
Jesus substituiu o Sérgio,
que não gostou da decisão do treinador e, como retaliação, atirou uma garrafa
de água na direção do treinador”, contou o antigo dirigente. “O Sérgio
foi chamado pelo Jorge
Jesus, que o avisou de que quem mandava na equipa era ele e, como tal, não
queria ver repetido aquele comportamento”, adiantou Sidónio Ribeiro, que também
teve uma conversa com o extremo: “Multei-o em 30% do ordenado e disse-lhe que
lhe devolvia o dinheiro se ele começasse a jogar bem. Acabei por lhe devolver o
dinheiro porque ele foi um dos melhores jogadores da equipa.”
Valorizado apesar da despromoção,
conseguiu o bilhete de regresso ao FC
Porto no final dessa época.
3. Leal (32 jogos)
Depois de uma passagem pelo Belenenses,
reforçou o Felgueiras no verão de 1995, quando já tinha 30 anos, e mostrou no
emblema duriense que ainda tinha muito para dar ao futebol, tendo sido titular
nos 32 jogos que disputou na I
Liga, apesar da despromoção.
Leal até poderia ter chegado aos
33 encontros no campeonato nessa época, não fosse uma reação que desagradou a Jorge
Jesus. “Tenho uma história em Felgueiras que me recordo perfeitamente e eu
até era um jogador que Jorge
Jesus gostava muito. Recordo-me que, num treino, o Jorge
Jesus, por uma reação minha, menos boa com ele, porque estava cansado, nas
vésperas de uma deslocação à Luz, ele não me convocou", recordou à Lusa em setembro de 2017.
Após a descida de divisão
transferiu-se para o Estrela
da Amadora, onde voltaria a ser orientado por Jorge
Jesus entre 1998 e 2000.
2. Lewis (33 jogos)
Lewis |
A grande figura da única presença
do Felgueiras na I
Liga.
Extremo canhoto mais de 30 vezes
internacional por Trindade e Tobago e que marcou presença na Gold Cup 1991,
entrou no futebol português pela porta da Académica
no verão de 1990, na companhia dos compatriotas Latapy e Clint.
Depois de quatro temporadas de
bom nível em Coimbra,
transferiu-se para o Felgueiras em 1994, tendo sido um dos destaques da
campanha que culminou na subida à I
Liga, ao apontar nove golos.
Em 1995-96, no primeiro
escalão, explodiu: 33 jogos (32 a titular) e 15 golos. Nessa época, apenas
o portista
Domingos (25 golos) e o benfiquista
João Vieira Pinto (18) marcaram mais do que ele no patamar
maior do futebol português. Leça,
FC
Porto (três), Boavista,
Estrela
da Amadora (dois), Campomaiorense (dois), Farense,
Benfica,
Gil
Vicente, Salgueiros
(dois) e União
de Leiria foram as vítimas de Lewis.
Apesar do grande desempenho no Estádio
Dr. Machado de Matos, teve de esperar mais meio ano antes de dar o salto para o
Boavista.
Passou também por Desp.
Chaves, Estrela
da Amadora e União de Lamas, mas sem mostrar o brilho patenteado ao serviço
do emblema duriense.
1. Acácio (33 jogos)
Acácio |
Disputou o mesmo número de jogos
de Lewis, mas amealhou mais 202 minutos em campo – 2910 contra 2708.
Defesa central natural de Arouca,
subiu a pulso na carreira, desde os distritais à I
Liga. Quando chegou ao Felgueiras, no verão de 1992, o emblema duriense
tinha acabado de subir à II
Liga.
Na terceira época no Estádio Dr.
Machado de Matos festejou a inédita promoção ao primeiro
escalão, patamar em que disputou 33 jogos (todos como titular) em 1995-96,
mostrando-se impotente para evitar a despromoção.
Valorizado apesar da descida de
divisão e dos seus quase 32 anos, continuou a jogar na I
Liga, mas com a camisola do Farense.
Após ano e meio em Faro
regressou ao Felgueiras em janeiro de 1998 para competir cerca de quatro meses
na II
Liga.
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