|
Futre ladeado pelo peruano Jaime Duarte e o mexicano Hugo Sánchez |
Paulo
Futre ainda era um menino de 18 anos que alternava entre o onze e o banco
de suplentes do
Sporting
quando, durante umas férias na localidade espanhola de Benidorm, recebeu uma
chamada de um secretário do clube a indicar que tinha recebido um convite para
representar uma seleção do mundo num jogo frente ao
Cosmos,
em Nova Iorque.
O
jovem
extremo ainda pensou tratar-se de uma brincadeira, pois ainda não tinha
feito nada de especial para pertencer a essa elite, mas era mesmo verdade.
Ainda tentava conquistar a titularidade no
Sporting
e foi chamado para jogar ao lado de vultos como Peter Shilton,
Franz
Beckenbauer, Rudi Krol, Dominique Rocheteau, Felix Magath,
Kevin
Keegan, Mario Kempes, Jean-Marie Pfaff e os portugueses
Rui
Jordão e Fernando Gomes a 22 de julho de 1984.
Futre
não foi titular e até pensava que não ia jogar um único minuto, mas foi lançado
pelo treinador brasileiro Telê Santana durante a segunda parte, quando o resultado
estava 1-1. “Garoto, você também joga de lateral esquerdo, não é?”, perguntou o
técnico. “Sim, mister. Já joguei a lateral esquerdo umas quinze vezes, mais
quatro ou cinco a central e uma vez a lateral direito, mas muito mal. Aí não me
ponha…”, respondeu o português. “Tudo mentira. Nunca tinha jogado à defesa.
Praticamente nunca tinha baixado do meio-campo. Era péssimo a defender. Mas
queria jogar. Nem que fosse a guarda-redes”, confessou o
extremo
montijense no livro
El Portugués. “Então, entra aí”, disse Telê
Santana.
O problema é que
Futre
não estava virado para defender durante a meia hora de jogo que tinha pela
frente. “Pensei logo que se o meu pai ali estivesse começava aos gritos para eu
atacar. Ou seja: a honra que senti por estar em campo ao lado daqueles deuses
da bola só durou um minuto”, lembrou.
“Mal recebia a bola, desatava a
correr pelo flanco e só parava lá à frente. Eles chamavam-me, recuava, pedia
desculpa (com as mãos no ar) e arrancava novamente para o ataque. Ataquei tanto
que, num desses lances, já estava a extremo direito. No lado oposto onde
deveria estar. Perdi a bola, o
Cosmos
armou um contra-ataque e fez o 2-1. A culpa foi totalmente minha. Fiquei sem o
esférico na direita e o golo foi pelo lado do lateral esquerdo fantasma. Onde
eu deveria estar. O
Beckenbauer
e o Krol vieram ao meio-campo discutir comigo. Os dois aos gritos. A dizerem
que eu tinha de defender. Respondi no meu inglês atabalhoado: ‘Eu
no
defense. Attack, attack. No defense.’”, contou
Futre,
que, reforce-se, tinha apenas 18 anos e ainda nem era titular indiscutível no
Sporting.
Sem comentários:
Enviar um comentário