Paulo Futre esteve perto de ganhar a Bola de Ouro em 1987 |
Mundialista quando ainda não era
moda Portugal ir a mundiais, campeão europeu pelo FC
Porto quando ninguém acreditava nos dragões,
bem-sucedido no estrangeiro quando nenhum futebolista português o tinha conseguido e admirado por sportinguistas,
benfiquistas
e portistas
como poucos o terão sido, o extremo montijense Paulo Futre quebrou barreiras ao
longo de uma carreira que as lesões não deixaram ser mais longa.
Em velocidade ou em drible curto,
mas sempre com a bola colada ao pé esquerdo, El Portugués, como ficou conhecido em Espanha,
foi uma personalidade rebelde, que não se escondia em campo e que também não
evitava o confronto fora das quatro linhas: foi de encontro a treinadores,
presidentes, o governo que o queria a cumprir serviço militar obrigatório e até
à Igreja que o via como mau exemplo por estar junto e ter filhos sem casar.
No dia em que o antigo jogador de
Sporting,
FC
Porto, Atlético
Madrid, Benfica,
Marselha, Reggiana, AC
Milan, West
Ham e Yokohama Flügels comemora o 55.º aniversário, vale a pena recordar os
dez jogos mais marcantes da carreira de Futre, por ordem cronológica.
27 de maio de 1987 – Taça
dos Campeões Europeus (final)
Privado do goleador Fernando Gomes (e do central Lima Pereira), o
treinador portista
Artur Jorge apostou numa dupla de ataque móvel composta por Futre e Madjer para
ferir a defesa do Bayern
Munique. No entanto, a aposta demorou a surtir efeito, uma vez que Ludwig
Kögl deu vantagem aos germânicos aos 25 minutos.
Tudo mudou na segunda parte. Num slalom
que orgulharia Maradona, Futre arrancou com a bola à entrada do meio-campo alemão,
tirou dois adversários do caminho, tabelou com Jaime Magalhães para ludibriar
mais um oponente e ainda driblou mais dois defesas antes de rematar… ao lado. “A
jogada minha vida. O FC
Porto ganhou e fomos campeões contra todas as apostas, mas esta maldita
bola não entrou”, recordou anos mais tarde.
Não marcou Futre, marcaram Madjer (de calcanhar) e Juary, mas o extremo
montijense valorizou-se, passou a ser alvo da cobiça de alguns dos melhores
clubes da Europa, transferiu-se para o Atlético
Madrid meses depois e no final do ano foi segundo classificado na Bola de
Ouro a escassos 15 pontos do holandês Ruud Gullit (AC
Milan).
7 de novembro de 1987 – Liga
Espanhola (10.ª jornada)
Quando Paulo Futre passou pela primeira vez pelo Atlético
Madrid, não encontrou uma conjuntura nada fácil para se notabilizar em Espanha:
no Barcelona
havia o Dream Team orientado por
Johan Cruyff e no Real
Madrid pontificava a Quinta del
Buitre, uma geração fantástica de canteranos
como Butragueño, Sanchís, Míchel e Martín Vázquez.
No primeiro dérbi de Madrid para
o montijense, o Atlético
goleou por 4-0 no Bernabéu, com um golo de Futre – os outros foram de Julio Salinas
e López Ufarte (dois). “Uma goleada histórica. A partir desse jogo, todos os merengues
passaram a considerar-me o inimigo público número 1 do Real
Madrid”, contou no livro El Portugués.
3 de dezembro de 1988 – Liga
Espanhola (14.ª jornada)
Mais um dérbi em que Futre esteve em evidência, desta vez por participar
numa “caldeirada”, um termo que o próprio gosta muito de usar.
Já depois de Paco Llorente ter
adiantado os merengues
e Manolo empatado para os colchoneros,
Futre surge isolado pela esquerda, mas o guarda-redes Buyo consegue chegar mais
rápido à bola e tenta sair a jogar. Porém, o português não desistiu do lance e
ambos foram de encontro um ao outro de uma forma muito estranha. Com ambos
caídos, Buyo começa a rebolar para perto de Futre. Nesse momento, o jogador rojiblanco
Orejuela chega perto de ambos e Buyo começou a retorcer-se de dor sem que,
aparentemente, alguém lhe tivesse tocado. No entanto, o guarda-redes blanco
conseguiu iludir o árbitro, que mostrou o cartão vermelho direto a Orejuela.
A partir de então, as confusões
entre Futre e Buyo tornaram-se um clássico dentro do próprio clássico. “Nos
jogos entre Atlético
e Real,
estivemos sempre envolvidos em confusões. Chegámos a uma altura em que já nem
nos cumprimentávamos dentro de campo. Uma vez, encontrei-o no aeroporto quando
eu ia para Portugal representar a seleção. Ficámos frente a frente e nem fomos
capazes de dar um aperto de mão. Nunca falámos um com o outro durante as nossas
carreiras. E hoje somos grandes amigos. Quando há um dérbi, vamos juntos às
televisões e às rádios para relembrarmos as nossas guerras”, contou o
montijense no livro El Portugués.
25 de abril de 1990 – Liga
Espanhola (36.ª jornada)
Atlético
Madrid 3-1 Logroñés
O dia em o Estádio Vicente Calderón vaiou Futre.
Revoltado com o despedimento do treinador Javier Clemente, o
internacional luso confronta o presidente Gil y Gil e ambos trocam insultos.
“Então vai apanhar no cu”, disse o líder colchonero.
“Não, vá você apanhar no cu. Não aguento mais isto. Enquanto você aqui estiver,
não jogo mais”, ripostou o jogador.
Nos dias que se seguiram, Gil levava a cabo, através da imprensa, um
ataque serrado a Futre, que começou a inventar indisposições para não treinar e
manteve a greve. “Para se vingar, [Gil] conseguiu pôr todos os adeptos contra
mim, acusando-me de falta de profissionalismo, dizendo que eu me recusava a
jogar e que não queria saber do Atlético.
E comecei a ter problemas quando entrava e saía dos treinos. Pontapés no carro,
cuspidelas, insultos, tentativas de agressão, etc.”, contou Futre no livro El Portugués.
Para evitar males maiores, numa altura em que já era ameaçado de morte,
decidiu regressar num jogo em casa, frente ao Logroñés. “Assim que a bola veio
para mim, o estádio começou a assobiar-me. O meu estádio. Os meus adeptos. Os
adeptos que me amavam. Foi a primeira e única vez que tal coisa me aconteceu.
Durou toda a primeira parte. Para nosso azar, o Logroñés marca um golo logo na
primeira vez que foi à nossa baliza. Quando a bola voltou para mim, pior ainda.
Assobiadela geral! O público pelo qual eu tinha dado o máximo em todos os
jogos. A camisola pela qual deixava tudo em campo”, recordou.
Roberto Marina empatou para o Atlético
à beira do intervalo, mas a caminho do balneário Futre voltou novamente a ser
alvo de insultos e ameaças. Enraivecido, o jogador gritou que não jogava mais,
atirou uma marquesa contra um vido e pegou numa bota e partiu os espelhos do
lavatório. Já no chuveiro, o português foi acalmado pelo massagista Hélder
Martins, natural do Samouco, que o convenceu a voltar para dentro de campo na
segunda parte. “Não faças por ti, não faças pelos teus filhos, nem faças por
mim: faz pelos meus filhos”, apelou, com as lágrimas nos olhos e a voz
emocionada. “Pelos teus filhos faço”, respondeu o craque colchonero.
Futre surpreendeu então o novo treinador Joaquin Peiró, que já tinha
preparado a substituição, e subiu ao relvado. “Recomeça a partida. Uso o peito
para intercetar um alívio de cabeça à entrada da área deles e, sem pensar duas
vezes, disparo de primeira. À inglesa. A bola entra não ângulo. Um dos grandes
golos da minha carreira. Sem dar qualquer hipótese a Islas, guarda-redes
internacional argentino. Quando vi que a bola entrou, virei-me para a tribuna
presidencial, onde estava Gil y Gil, apontei o dedo e dediquei-lhe o golo:
‘Para ti, filho da puta.’ Todos os telejornais abriram com essa imagem. O golo
fez-me sentir muita confiança e dei mais um a marcar até pedir a substituição
(ganhámos 3-1). Encostei-me no flanco oposto ao banco de suplentes para ter de
atravessar o estádio todo. O Calderón levantou-se em êxtase. ‘Fica, fica. Fica,
fica’. Os mesmos adeptos que me queriam matar minutos antes, tinham voltado a
estar comigo”, lembrou.
23 de março de 1991 – Liga
Espanhola (27.ª jornada)
Burgos 1-1 Atlético
Madrid
O dia em que Futre recusou ser substituído e quase provocou um enfarte ao
treinador Tomislav Ivić.
Na altura, Johan Cruyff treinava o Barcelona
e foi operado ao coração por causa do stress da profissão e, na sequência desse
problema, deixou de fumar e passou a ir para o banco de chupa-chupa, o que
causou um grande impacto na sociedade espanhola.
Entretanto, um canal de televisão fez um programa em que todas as semanas
seguia um treinador, que era ligado antes do jogo para lhe serem analisadas as
alterações de ritmo cardíaco. Naquele sábado de 23 de março de 1991, foi a vez
de Ivic.
“Entrámos na segunda parte empatados. De repente, o coração de Ivic
disparou. Os cardiologistas que estavam no estúdio ficam em pânico. ‘O que
passou aqui? Isto é o risco máximo. Pode ter um enfarte agora mesmo. Qual o
motivo para isto?’. Foram buscar as imagens e descobriram a causa. A 20 minutos
do fim, Ivic queria fazer uma substituição. Eu vi a placa levantada com o
número 10. Para eu sair. Nem pensar. Estava no lado oposto do banco, levantei a
mão e gritei para Ivic: ‘Eu não saio. Vou continuar a jogar. Tire outro.’ O
Ivic, de joelhos, aos gritos. ‘Tens de sair. Sai já daí.’ O árbitro a mesma
coisa. ‘Português, tens de sair.’: ‘Não. Não vou a lado nenhum. Daqui não
saio’. E fiquei lá dentro. O Ivic quase a morrer. Quase a ter um colapso”,
contou Futre no livro El Portugués.
“No último minuto, tive um azar tremendo: fiz um remate ao poste, que
seria o golo da nossa vitória. Mas esse lance seria a minha desculpa para a
imprensa. Depois do jogo, todos os jornalistas entraram em campo. ‘Porque não
saíste? Foi a primeira vez que isto se passou no futebol.’ Resposta: ‘Estava
com fé em marcar o golo da vitória. Não viram que atirei ao poste?!’ Safei-me
daquele ataque dos media logo ali no
relvado”, acrescentou, dando também conta da raiva de Ivic e Gil y Gil.
27 de junho de 1992 – Taça do
Rei (final)
No ano anterior, Paulo Futre conquistou a sua primeira de duas Taças do
Rei frente ao Maiorca, mas a segunda foi mais especial, até porque foi frente
ao grande rival Real
Madrid em pleno Santiago Bernabéu. “Cheio. Dividido ao meio. Os nossos
adeptos num lado. Os deles no outro. Uma metade colchonera.
Outra metade merengue”,
recordou no livro El Portugués.
Aos sete minutos, Schuster inaugurou o marcador de livre direto. À
passagem da meia hora, surgiu o génio de Futre. “Eu marquei o segundo num dos
melhores golos da minha carreira. Certamente aquele que me deu mais prazer. E
fiz um grande túnel sobre o Chendo (que era sempre o meu marcador direto).
Enrique Ortego, grande jornalista espanhol, imortalizou esse lance no jornal do
dia seguinte. Escreveu: ‘Valeu a pena vir da final do Euro 92, entre a
Dinamarca e a Alemanha [realizada na véspera], para ver o túnel do século.’ O
túnel do século. Que orgulho senti”, contou.
“No final, subi à tribuna para receber a taça das mãos do rei Juan
Carlos. Era capitão de equipa. O rei disse-me algo que jamais hei de esquecer.
Palavras que ainda hoje guardo no meu coração. ‘Fizeste um grande jogo e quero
que saibas que fico muito honrado por entregar esta taça a um português.’ E
falou em português correto, consequência de ter vivido muitos anos no nosso
país. Foi a primeira vez que um jogador português recebeu um troféu das mãos do
rei de Espanha.
Depois, levantei a Taça e apontei-a na direção dos adeptos do Atlético.
Conhecendo a rivalidade entre os dois emblemas, e o grande espírito de
sofrimento dos colchoneros,
percebi que aquele título iria ser sempre recordado como um dos episódios mais
bonitos da vida do clube e daquelas pessoas. Atingi o meu êxtase. Senti mais
emoção em ganhar este título do que quando conquistei a Champions
pelo FC
Porto”, acrescentou, dando costa do “outro grande prazer” que teve nessa
noite: marcar um golo a Paco Buyo.
21 de março de 1993 – I
Divisão (25.ª jornada)
Em janeiro de 1993, o Atlético
Madrid vivia um momento muito complicado, em virtude dos graves problemas
financeiros que o presidente Gil y Gil atravessava. Os jogadores estavam com
salários em atraso e a única forma de sair do buraco era vender Futre. No
entanto, na altura ainda não existia a lei Bosman e o mercado de inverno só
funcionava para jogadores que quisessem voltar ao seu país.
Para que não se descobrissem os reais motivos da saída do jogador
português, Futre e Gil y Gil concordaram em criar um falso desentendimento e
usar os meios de comunicação social para chamarmos tudo um ao outro, algo muito
normal na relação entre os dois e que certamente não seria olhado com
desconfiança.
“Enquanto Gil y Gil for presidente, não visto mais esta camisola”, atirou
o montijense. Um dia depois, Benfica
e Sporting
apareceram na corrida. Futre agradeceu ao Benfica
e chegou a acordo com o Sporting,
então presidido por Sousa Cintra, que acertou com o presidente colchonero
a forma como iria pagar ao Atlético.
Futre, que na altura poderia ter de cumprir serviço militar, falou dessa
possibilidade a Sousa Cintra, que desvalorizou a questão. No entanto, na manhã
seguinte Futre foi para o aeroporto e o presidente do Sporting
nunca apareceu. “Deixou-me pendurado. A mim e ao Atleti.
E só conseguimos resolver o impasse devido ao interesse e seriedade das pessoas
do Benfica”,
contou o atacante, que custou aos cofres encarnados
(e aos da RTP…) 3,5 milhões de euros
a pronto.
Numa altura em que já levava mais de um mês de águia
ao peito, defrontou o Sporting
na Luz. “Quando estava ao serviço dos dragões,
na primeira vez que defrontei o Sporting,
prometi jogar contra John Toschack. Nunca contra o clube onde nasci para o
futebol. Desta vez foi igual, mas mudou a personagem. Em vez de Toschack era
Sousa Cintra. O grande culpado por eu não ter regressado a Alvalade
e pela vida horrível que estava a ter em Portugal. E fiz um grande jogo. Era um
jogador dos grandes momentos. Sempre adorei essa pressão. A pressão de não
poder falhar nas batalhas mais importantes”, começou por recordar.
“Na primeira parte, passei pelo meu marcador direto, ultrapassei o
guarda-redes e rematei de um ângulo que parecia impossível. Bola ao poste.
Teria sido um golo de outro mundo. No segundo tempo, contudo, chegou o momento
que todos benfiquistas
desejavam e todos os sportinguistas
queriam evitar. João Pinto fez uma grande jogada, serviu-me e rematei colocado
fora da área. Um bonito golo, tanto pela iniciativa do João como pela minha
finalização. O único golo do jogo. As primeiras páginas do dia seguinte
escreveram que joguei de raiva. Sim, é verdade. Mas apenas em relação a Cintra.
Nunca contra o Sporting.
E depois do jogo estava feliz. Não por vencer os leões,
mas por saber que Sousa Cintra não iria dormir nessa noite”, concluiu.
10 de junho de 1993 – Taça
de Portugal (final)
Em onze jogos pelo Benfica
no campeonato, Futre venceu nove e empatou dois. E ainda ganhou ao Vitória
de Guimarães nas meias-finais da Taça
de Portugal. Ainda assim, a boa meia época na Luz não chegou para se sagrar
campeão.
“Sobrava a final da Taça
de Portugal. Contra o Boavista.
A última oportunidade de conquistar um troféu nessa temporada. Marquei dois
golos, fiz uma assistência e sofri uma grande penalidade. Ganhámos 5-2. Uma vez
mais aí estava eu. Nos grandes momentos. Fui o homem do jogo. A minha melhor
exibição de águia ao peito numa tarde perfeita. Nem sonhada podia ser melhor.
Foi também a minha partida de despedida do Benfica
com a conquista do único título que me faltava no futebol português”, narrou no
livro El Portugués, dando conta de
vários meses de salários em atraso, na antecâmara do célebre verão quente de
1993.
Reggiana 2-0 Cremonese
Numa altura em que o joelho direito de Futre já dava problemas, transferiu-se
do Benfica
para o Marselha no verão de 1993, mas seis meses depois rebentou um escândalo
de corrupção que atirou o emblema francês para a II Liga e o internacional
português teve de encontrar uma solução.
Após recusar o Real
Madrid por amor ao Atlético,
apareceu a Reggiana, uma equipa modesta do campeonato italiano. “A mais modesta
onde iria jogar até então. Lutavam pela manutenção, estavam em último lugar e
ainda não tinham ganho qualquer jogo. Mas faziam parte da liga
italiana. O melhor campeonato do mundo naquele tempo”, reconheceu no livro El Portugués.
Três dias depois de chegar a
Reggio Emilia, joga pela primeira vez pela nova equipa. “A estreia no calcio. Faço um grande golo. Um golo à
Futre. E contraio a lesão mais grave de toda a minha carreira. Com 27 anos. Vou
do céu ao inferno em minutos”, contou o montijense, que sofreu uma rutura
parcial do tendão rotuliano, teve de ser operado no dia seguinte e só voltou a
jogar dez meses depois, mas… com dores. Nunca mais foi o mesmo.
17 de agosto de 1996 – Premier
League (1.ª jornada)
O jogo que Futre… nunca chegou a jogar.
Depois da Reggiana, o montijense assinou pelo AC
Milan, mas fez apenas um jogo oficial. As lesões não o deixaram jogar mais.
Depois ficou livre e tentou a sorte em Inglaterra,
no West
Ham, numa altura em que já estava com 30 anos e três cirurgias ao joelho em
cima.
Sem saber quanto mais tempo ia continuar a jogar, o internacional
português só fez uma exigência: jogar com a camisola 10. “Para mim, isso era
algo tão importante que fazia até questão de colocar uma cláusula no contrato
em que o meu vínculo só tinha validade se eu fosse o número 10. Eles aceitaram.
‘Claro que sim, grande Paulo Futre. Serás o 10. Sem qualquer problema”, contou
na autobiografia.
Depois de uma pré-temporada a jogar com a camisola 10, chega a estreia na
Premier
League, um dérbi londrino no campo do Arsenal,
o antigo Highbury. Depois de ter feito o aquecimento, regressou ao balneário e
deparou-se com a camisola 16 no seu cacifo.
Após ter confrontado árbitro, obrigado o árbitro a atrasar o início do
encontro e chamado o chamado ao balneário o presidente Peter Storie, que pediu
desculpa disse que afina o número 10 pertence ao John Moncur, um dos jogadores
mais antigos da equipa. Mas Futre não o deixou sem resposta: “Então, sendo
assim, nunca irei jogar com o 10. E vamos ter muitos problemas. Por isso, jogas
tu com o 16 – digo isto e enfio-lhe a camisola pela cabeça perante o olhar
incrédulo de todos os jogadores e do treinador. Era o culminar de um escândalo
mundial. Vesti-me, sem sequer tomar banho e saí do estádio. A [mulher] Isabel
vinha a entrar com o meu intérprete e motorista. O Amadeu Ficaram em estado de
choque. Estavam ali para me ver jogar e afinal eu apareci-lhes à frente.”
Devido à saída de Futre, entrou na convocatória um jovem defesa central
chamado Rio Ferdinand, que minutos antes do início do jogo já se encontrava…
bêbedo. “Tinha bebido três brandis com coca-cola quando entrou um funcionário
na sala dos jogadores para me dizer que eu tinha de me vestir porque tinha sido
convocado”, recordou o antigo futebolista inglês, confidenciando que “ainda
tinha um copo na mão”. “Estava no banco e só pensava: ‘por favor, não me mandes
entrar. Depois de três brandis não posso ir para o campo’. Mas acabei mesmo por
entrar”, lembrou.
Dias depois, o presidente garantiu a camisola 10 a Futre e o português
acabou por se estrear pelos hammers
numa receção ao Coventry City.
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