quinta-feira, 3 de março de 2022

Onze ideal de jogadores que passaram por Vitória FC e Alverca

Vitória de Setúbal e Alverca medem forças na Liga 3
Dois clubes que já andaram entre a elite do futebol português, embora com dimensões históricas bem distintas, Vitória de Setúbal e Alverca coincidiram em três temporadas na I Liga e em duas na II Liga entre a segunda metade da década de 1990 e o início do século XXI.
 
Em dez jogos entre as duas equipas até este segundo reencontro na Liga 3, os sadinos venceram oito, empataram um e perderam outro.
 
Ao longo desse percurso, os setubalenses têm tido nos seus quadros jogadores que já tinham pertencido aos ribatejanos e vice-versa. Vale por isso a pena conferir o nosso onze ideal de futebolistas que passaram pelos dois clubes, distribuídos em campo num 4x4x2 clássico.
 

Miguel Lázaro (guarda-redes)

Miguel Lázaro
Sem querer ser indelicado, é justo dizer que a posição da guarda-redes é aquela em que este onze ideal não está tão bem servido.
Afinal, Miguel Lázaro nunca chegou a disputar um jogo oficial pelo Vitória de Setúbal, apesar de ter integrado os quadros dos sadinos durante cinco anos e meio (de meados de 2013 a dezembro de 2018), e defendeu a baliza no Alverca em 40 jogos não no período áureo dos ribatejanos, mas sim numa fase em que os alverquenses estavam a reaparecer nos campeonatos nacionais (de janeiro de 2019 a meados de 2020).
 
 
 

Ricardo Carvalho (defesa central)

Ricardo Carvalho
Se Miguel Lázaro é uma espécie de patinho feio deste onze, o senhor que se segue é apenas um dos melhores defesas portugueses de todos os tempos e um campeão europeu por clubes e seleções.
No entanto, Ricardo Carvalho era apenas um jovem de 21 anos à procura de ganhar rodagem para integrar o plantel principal do FC Porto quando foi emprestado ao Vitória de Setúbal em 1999-00, já depois de um empréstimo ao Leça e de uma época em branco nas Antas. Nessa temporada no Bonfim em que amealhou 28 jogos e dois golos em todas as competições, não conseguindo evitar a descida à II Liga.
“O [mister] Carlos Cardoso era da velha escola. Era mais físico, mais corrida, mais esse género. Com o Rui Águas era mais moderno, com mais bola, com joguinhos que toda a gente gosta mais. Mas tanto com um como com o outro joguei e cresci como jogador. Na altura tinha dois colegas, o Frechaut e o Mário Loja, que já conhecia da seleção de sub-21, por isso foi mais fácil a entrada no balneário. Também acabei por ter boa relação com o Hélio, que era o capitão da nossa equipa”, contou à Tribuna Expresso em janeiro de 2021.
Na época seguinte foi cedido ao Alverca, numa aventura em que atuou em 32 encontros em todas as provas e marcou um golo ao Sp. Braga, tendo depois conseguido conquistar um lugar no plantel portista. “O clube fez uma boa campanha, na altura o presidente era o Luís Filipe Vieira, foi o ano também em que o Mantorras "explodiu" e fizemos uma boa campanha. Penso que terminámos em 10.º lugar, o que para o Alverca foi muito bom”, recordou.
 
 

Veríssimo (defesa central)

Veríssimo
Central natural de Vila Franca de Xira, notabilizou-se com a camisola do Alverca, um dos clubes do seu concelho. Depois de ter passado grande parte da formação no Benfica e de se ter estreado pela equipa principal das águias em março de 1996, foi cedido na segunda metade desse ano aos ribatejanos.
No arranque da época 1999-00 voltou a Alverca e por lá ficou durante cinco anos, quatro dos quais na I Liga. No total, amealhou 192 encontros e três golos pelos alverquenses em todas as competições.
Depois transferiu-se para o Vitória de Setúbal, clube pelo qual haveria de conquistar uma Taça de Portugal e chegar a mais uma final. Entre 2004 e 2007 totalizou 74 partidas pelos sadinos nas várias provas, incluindo Taça UEFA.
 
 

Abel Silva (lateral direito)

Abel Silva
Lateral direito campeão mundial de sub-20 em 1989 e formado no Benfica, não conseguiu vingar na equipa principal das águias e por isso teve de procurar melhor sorte noutras paragens.
No início de 1995, após meio ano sem jogar na Luz, transferiu-se para o Vitória de Setúbal e rapidamente ganhou um lugar no onze sadino, tendo atuado em dez partidas, mas acabou por se mostrar impotente para evitar a descida à II Liga.
Seguiram-se passagens por Felgueiras, Campomaiorense e Estoril. No verão de 1998 ingressou no Alverca, que na altura tinha acabado de subir pela primeira vez à I Liga. Em dois anos no Ribatejo amealhou 40 partidas as competições.
 
 


Nandinho (lateral esquerdo)

Nandinho
Lateral esquerdo nascido em Setúbal e formado maioritariamente no Vitória, foi obrigado a procurar outras paragens quando transitou para sénior, tendo representado Estrela Vendas Novas, Maia e Salgueiros nos primeiros anos de carreira.
Em 2003-04 ingressou no Alverca, então orientado por José Couceiro (já lá vamos…), e participou em 14 partidas em todas as provas numa campanha que culminou na descida à II Liga.
Apesar da despromoção, seguiu com o treinador para o Vitória de Setúbal. Ao longo de três anos na equipa principal do clube que o formou amealhou 80 partidas e um golo (à Académica, em 2006-07), venceu uma Taça de Portugal em 2004-05, foi finalista vencido na edição seguinte e jogou na Taça UEFA.
“O Vitória já não ganhava uma taça há 38 anos. Foi um marco grande. Uma loucura, Setúbal em peso, uma cidade inteira a ir para o Jamor, foi tudo maravilhoso. Tivemos duas finais seguidas, com duas idas à Europa pelo meio. O Vitória de Setúbal projetou-me no estrangeiro. Tivemos situações não muito boas. Acontecia os clubes estarem com salários em atraso. Isto prova o valor que a equipa tinha, a vontade dos jogadores”, contou ao Maisfutebol em novembro de 2017, revelando que Scolari o chegou a observar com o intuito de chamar à seleção nacional.
 
 
 

Paulo Filipe (médio defensivo)

Paulo Filipe
Jogador polivalente, capaz de atuar como central, lateral direito e médio defensivo, entra nestas contas enquanto trinco.
Produto da formação sadina e internacional sub-18 por Portugal, transitou para a equipa principal em 1997-98, mas foi na época seguinte, que ficou marcada pelo primeiro apuramento do Vitória para as competições europeias em um quarto de século, que se conseguiu afirmar. Nas duas temporadas que se seguiram perdeu algum espaço, mas entre 1997 e 2001 amealhou 71 jogos e dois golos com a camisola verde e branca, a maior parte na I Liga.
Após passagens por Sp. Espinho e Torreense, ingressou no Alverca em 2004-05, numa temporada em que atuou em 35 partidas e marcou dois golos em todas as competições, ajudando a assegurar em campo uma permanência de que os ribatejanos não usufruíram porque decidiram extinguir o futebol sénior.
 
 

Hugo Leal (médio centro)

Hugo Leal
Antiga promessa do futebol português e campeão europeu de sub-16 em 1996, estreou-se pela equipa principal do Benfica quando tinha apenas 16 anos, em abril de 1997, e foi emprestado ao Alverca menos de meio ano depois, numa altura em que os ribatejanos eram a equipa-satélite das águias. Nessa temporada ao serviço dos alverquenses disputou 21 jogos e três golos em todas as provas, tendo contribuído para a primeira subida à I Liga da história do clube.
“Como o Benfica tinha uma parceria com o Alverca, com idade de júnior fui jogar com os seniores do Alverca para a segunda divisão. Permitia-me jogar ao fim de semana também pelo Benfica. Joguei num e noutro e no ano seguinte joguei só pelo Benfica”, recordou à Tribuna Expresso em julho de 2017.
Entretanto afirmou-se na Luz, tornou-se internacional A e passou por clubes como Atlético Madrid, Paris Saint-Germain, FC Porto e Sp. Braga.
Já na curva descendente da carreira representou o Vitória de Setúbal durante duas temporadas, entre 2010 e 2012, período no qual amealhou 52 partidas e dois golos com a camisola verde e branca em todas as competições.
“Apanhei uns quantos [treinadores]. Tive Manuel Fernandes no primeiro ano. Houve faltas de pagamento. Houve situações constrangedoras de gente que não tinha como sobreviver e isso fez com que me desgastasse muito. Sofri um bocadinho também com o mal dos outros”, confessou.
 
 
 

Manú (extremo)

Manú
Extremo nascido em Setúbal, fez grande parte da formação no Vitória entre 1992 e 1993, tendo ainda passado pelo “O Sindicato” antes de concluir o processo formativo no Alverca em 2000-01.
Em maio de 2002 estreou-se na equipa principal dos ribatejanos com um golo ao Sp. Braga, na derradeira jornada da I Liga e numa altura em que a despromoção estava já consumada. Porém, nas duas épocas que se seguiram foi ganhando paulatinamente o seu espaço, amealhando mais quatro dezenas de partidas e três golos pelos alverquenses antes de dar o salto para o Benfica em 2004.
Sem conseguir afirmar-se nas águias, Manú passou pelo Estrela da Amadora e pelo Marítimo, assim como pelos campeonatos de Itália (Série B), Grécia, Polónia, China e Chipre antes de regressar ao Vitória de Setúbal no verão de 2004, numa fase em que estava prestes a comemorar o 32.º aniversário. “É um grande orgulho voltar à minha cidade e ter oportunidade de representar, de novo e ao fim de alguns anos, o maior emblema a sul do Tejo”, afirmou, aquando da apresentação. “Nasci e cresci em Setúbal e foi no Vitória que dei os primeiros pontapés na bola. Foi também aqui que comecei a ver futebol. Quando surgiu a oportunidade nem sequer pensei duas vezes. Joguei no Vitória entre os 6 e os 12 anos e agora tenho o privilégio de representar a equipa principal. É um orgulho tremendo”, acrescentou, em entrevista ao Record.
Apesar das expetativas, a aventura correu-lhe mal, não indo além de 13 jogos, zero golos e… duas expulsões ao longo de cerca de cinco meses.
 
 
 

Zé Rui (extremo)

Zé Rui
Extremo internacional cabo-verdiano formado no Alverca, afirmou-se na equipa principal dos ribatejanos entre 2002 e 2004, período no qual amealhou 36 jogos e dois golos em todas as provas.
Valorizado pelas boas campanhas no Ribatejo, apesar da descida à II Liga na despedida, deu o salto para o Benfica, clube pelo qual não chegou a jogar. Na primeira época de vínculo aos encarnados foi emprestado ao Vitória de Setúbal e, ainda que fosse perdendo algum fulgor no decorrer da temporada, amealhou 26 partidas e três golos em todas as competições, tendo conquistado a Taça de Portugal.
“Na altura, o Trapattoni tinha ganho o campeonato, o Benfica queria fazer a dobradinha e o Vitória de Setúbal estragou a festa. Até hoje lembro isso. Não joguei a final, mas contribuí. Gostei muito”, recordou ao Maisfutebol em abril de 2019.
 
 
 

Ladji Keita (avançado)

Ladji Keita
Possante avançado senegalês (1,88 m), entrou no futebol português pela porta do Alverca em fevereiro de 2005, proveniente dos franceses do AS Valence, tendo apontado sete golos em 13 jogos que ajudaram os ribatejanos a assegurar em campo a permanência na II Liga, apesar de o clube ter extinguido o futebol sénior no final dessa época.
Entretanto passou pelo Rio Ave e pelo futebol cipriota antes de chegar ao Bonfim no verão de 2009. Numa temporada marcada por enormes dificuldades financeiras e desportivas, Ladji Keita foi decisivo para que a equipa conseguisse assegurar a permanência e, consequentemente, para que o clube tivesse mais algum tempo se pudesse reorganizar depois de ter estado à beira de ser extinto. Dez golos em 28 jogos foi o registo deste atacante, de longe o melhor marcador dos sadinos em 2009-10.
Valorizado pela boa campanha, deu o salto para o Sp. Braga sem que os setubalenses recebessem qualquer compensação financeira, numa situação que resultou num diferendo entre o clube o empresário José Caldeira. Os vitorianos alegavam que o avançado terá renovado ao aceitar a opção no contrato quando assinou por uma época, o agente dizia que o emblema sadino devia ter proposto a renovação em janeiro.
 
 
 

Chiquinho Conde (avançado)

Chiquinho Conde
Avançado moçambicano, começou a carreira no Maxaquene, o mesmo clube que revelou Eusébio quando ainda se chamava Sporting de Lourenço Marques, e de lá saiu para o Belenenses em 1987, tendo ajudado o emblema do Restelo a conquistar a Taça de Portugal em 1988-89. Foi o primeiro moçambicano a jogar legalmente em Portugal após a independência do país.
Após três temporadas nos azuis e uma no Sp. Braga, avançou para a primeira de três passagens pelo Vitória, onde formou uma dupla diabólica no ataque com Yekini durante as temporadas 1992-93 e 1993-94. “Com ele era tudo fácil. Não parecia tecnicista, mas era muito poderoso. Muitas vezes ele sozinho amarrava os dois centrais e libertava-me. Marquei muitos golos assim. Foi um jogador fantástico, o melhor parceiro que tive. Dávamos muitas assistências um ao outro. Enfim, foi um período muito bom”, confessou em entrevista ao Maisfutebol, em julho de 2015.
Quase 30 golos depois, rumou ao Sporting, onde não foi feliz. Voltou ao Belenenses, mas sem o mesmo brilho, regressando depois ao Bonfim em 1996-97 para redescobrir a felicidade, apontando sete golos em 20 partidas na I Liga. “Era o meu clube talismã e fica na minha história. O Belenenses acolheu-me muito bem, mas em Setúbal vivi sete anos fantásticos”, contou.
Entretanto transferiu-se para os Estados Unidos, mas retornou a Setúbal em dezembro de 1997, para apontar quase 30 golos em dois anos e meio. Foi uma das figuras do 5.º lugar de 1998-99 que marcou o regresso às competições europeias 25 anos depois, mas acabou por sair após a despromoção à II Liga na época seguinte, com destino a Alverca.
No Ribatejo, numa altura em que já tinha 35 anos de idade, não foi além de 18 jogos e um golo ao Vitória de Guimarães. A concorrência, que dava pelo nome de Pedro Mantorras, não lhe deu grandes hipóteses.
Quase duas décadas depois, em 2018-19, regressou ao Vitória de Setúbal para orientar a equipa de sub-23 na Liga Revelação.
 
 
 

José Couceiro (treinador)

José Couceiro
Antigo defesa central, foi presidente do Sindicato dos Jogadores e diretor desportivo do Sporting antes de ingressar na administração da SAD do Alverca em 1999-00. Após três temporadas nos gabinetes, assumiu o comando técnico da equipa principal dos ribatejanos entre 2002 e 2004, tendo saboreado uma subida à I Liga e uma descida à II Liga, tendo averbado um total de 27 vitórias, outras tantas derrotas e 17 empates em 71 jogos.
“A equipa desceu de divisão, eu era administrador e coloquei o meu lugar à disposição, como é evidente. E os restantes administradores entenderam que eu devia ter um papel ainda mais preponderante. Disse-lhes que era impossível porque isso implicava entrar em áreas onde não devia entrar, nomeadamente na área técnica. Então propuseram-me ser eu a liderar a equipa técnica”, contou à Tribuna Expresso em julho de 2017.
“Nessa altura colocaram-me então a questão de ter esse papel quase de manager. Eu hesitei, porque é uma vida diferente, mesmo a nível familiar. Recebi um grande incentivo da minha mulher, a Clara, e na altura já tínhamos as três filhas. Ela disse-me que se eu gostava e se era uma coisa que me motivava, apoiava. E foi assim que comecei. Agarrei na equipa, tivemos que renegociar contratos, reduzir contratos, com um grupo de jogadores fantástico, cuja maioria ficou no Alverca, na II Liga, e nesse ano subimos de divisão”, acrescentou.
Apesar da despromoção, foi recrutado pelo Vitória de Setúbal e levou os sadinos aos primeiros lugares da tabela classificativa do primeiro escalão durante a primeira metade do campeonato, antes de dar o salto para o FC Porto. Nessa temporada, acabou também por estar associado à conquista da Taça de Portugal, embora tivesse sido José Rachão a comandar a equipa nas derradeiras eliminatórias e também na final.
Haveria de voltar ao comando técnico dos setubalenses em 2013-14, quando alcançou um honroso 7.º lugar no campeonato, e entre 2016 e 2018, tendo levado a equipa à final da Taça da Liga. Somando as três passagens pelo clube, somou 49 triunfos, 35 empates e 52 derrotas em 126 jogos.
 

















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