Paulo Lima integra o plantel do Houston Dynamo |
O recente SuperDraft da Major
League Soccer colocou mais um futebolista português nos relvados
norte-americanos. Depois do lateral João Moutinho ter sido a primeira escolha
na edição de 2018, agora chegou a vez de Paulo Lima, desta feita na 32.ª
posição, ao merecer a confiança dos responsáveis do Houston Dynamo. Descubra
tudo sobre este centrocampista de 23 anos que tenta a sua sorte nos Estados
Unidos, através de uma entrevista exclusiva ao Soccer em Português.
O salto para os Estados Unidos
Longe de imaginar uma
oportunidade profissional do outro lado do Oceano Atlântico, Paulo Lima deu
início ao seu trilho futebolístico no Real
SC, de onde saltou aos 15 anos para ingressar na formação do Sporting.
Por lá ficou até ao seu último ano de júnior, em que foi emprestado ao Sacavenense.
Já em 2017 integrou-se facilmente no plantel do Sintrense,
que disputava o Campeonato
de Portugal, mas permanecer em território nacional nunca foi uma opção
preferencial. “Após ter saído do saído do Sporting,
estive um pouco perdido, viajando pela Europa, uma vez que o meu plano não era
ficar em Portugal. Fiz algumas captações e não tendo corrido como esperado
acabei mesmo por decidir ir para os Estados
Unidos”, explica Paulo Lima. O cenário de difícil conciliação
entre o futebol profissional e o ensino superior em Portugal e o caso de
sucesso do seu amigo João Moutinho, com quem jogou nas camadas jovens do Sporting,
foram fatores decisivos para esta decisão. Através da Sports4Me,
empresa portuguesa “especializada na preparação e colocação de jovens
atletas-estudantes no sistema universitário americano através de bolsas
desportivas e/ou académicas”, o objetivo concretizou-se.
Paulo Lima aceitou uma bolsa
da Providence College, instituição de ensino conceituada do Estado de Rhode
Island já com vários laços a Portugal, realidade que pesou na hora de
tomar uma decisão. “O treinador-adjunto era português, Providence tinha
uma grande comunidade portuguesa e até jogadores portugueses, portanto a
escolha não foi muito difícil”. Aqui completou a sua licenciatura em
Ciências Sociais, revelando-se bastante satisfeito com o percurso universitário
percorrido. “Tive dois anos em que tirei aulas aleatórias de forma que
pudesse experimentar vários campos de estudo e ver com qual me identificava
mais. Sempre fui uma pessoa que se preocupou com problemas sociais e foi mais
por isso que escolhi Ciências Sociais. Gostei deste curso porque era
abrangente. Tinha a possibilidade de escolher vários departamentos das ciências
sociais e escolhi Economia, Ciência Política e Sociologia, por isso foi bom ter
essa diversidade de conhecimento no curso”.
E como era a vida na cidade de
Providence, capital do Estado de Rhode Island? “A cidade de Providence
apesar de ser pequena é muito acolhedora. Tem diversidade racial e
fica perto de outros grandes estados como Nova Iorque. Sendo uma cidade
com uma grande comunidade portuguesa e cabo-verdiana,
não foi difícil encontrar pessoas com quem me pudesse relacionar, mesmo na
escola. Ainda que não tivesse saído muito da faculdade, havia muita vida fora
da faculdade. Restaurantes diversos, um grande centro comercial mesmo perto da
faculdade, bares e um parque para passear eram os principais pontos de atração
para estudantes”.
Paulo Lima traça-nos também um
breve retrato do futebol universitário norte-americano, após 50 partidas a
titular, treze golos e seis assistências ao serviço dos Providence Friars. “O
futebol universitário é claramente diferente do futebol a que estava acostumado
em Portugal. Primeiramente só se joga de agosto até dezembro, dependendo do
sucesso da universidade no torneio nacional. Segundo, joga-se de três em três
dias, portanto é um campeonato extremamente agressivo para os atletas porque a
recuperação entre jogos é mínima e os jogos são intensos. O estilo de jogo em
si também é diferente do futebol que se joga em Portugal, mas isto também
varia entre equipas e conferências. Algumas equipas jogam mais direto, outras
gostam de jogar bom futebol e outras nem sequer tentam jogar. Mas como sempre
me disseram, um bom jogador joga em qualquer lado, portanto com o tempo
consegui adaptar-me”.
O papel decisivo da Sports4Me
O êxito desportivo e académico de
Paulo Lima nos Estados
Unidos é apenas um exemplo bem-sucedido entre dezenas de atletas
que a empresa Sports4Me apoia desde
2016, tendo já inclusive alcançado um valor global de bolsas académicas e
desportivas atribuídas superior a 10 milhões de dólares. “O nosso
principal foco não são os atletas que chegam a profissionais. Se chegarem, é
bom para ambos, mas o nosso grande objetivo é garantir o seu enquadramento
académico e desportivo, para que a taxa de retenção permaneça elevada”,
explica João Pedro Carvalho, fundador e diretor-geral da Sports4Me. “Outro
dado importantíssimo é a nossa taxa de colocação altíssima. Para mim, o sucesso
não deve ser medido pelo número de atletas que vão, mas pelo número de atletas
que ficam em terra. Felizmente, como trabalhamos com um número muito fechado de
atletas de futebol por ano (35 a 40), temos quase 90% de colocação, uma taxa
que mais ninguém pode dizer que tem”.
João Pedro Carvalho conta-nos um
pouco mais sobre o caso de sucesso de Paulo Lima. “Nós já tínhamos
muita informação sobre ele, e rapidamente começámos a falar com as principais
universidades, mas mais importante do que isso seria encontrarmos
universidades com o perfil desportivo do Paulo, até para melhorar a sua
adaptação, e para todos saírem beneficiados. Algo que foi muito importante e
que ajudou bastante foi o foco do Paulo nos estudos para os exames, porque a
Providence College exigia uma nota muito alta para ser admitido”.
Depois de João Moutinho e de
Paulo Lima, outros atletas portugueses podem estar brevemente em
condições de serem escolhidos em futuros Drafts da Major
League Soccer, muito provavelmente com o selo de garantia da
Sports4Me. “Entre os atletas que já estão nos Estados
Unidos, diria que nos próximos dois anos, se tudo correr bem, tenho quase a
certeza de que teremos dois, três atletas nossos nos Drafts”, atesta João
Pedro Carvalho.
Novo desafio em Houston
No passado dia 11 de janeiro,
durante mais uma edição do SuperDraft
da Major
League Soccer, Paulo Lima viu o seu percurso universitário de destaque ser
coroado com a seleção do Houston Dynamo, na 32.ª posição. Este emblema do
Texas tenta desesperadamente reerguer-se depois de ter falhado o
acesso aos playoffs seis vezes nos últimos sete anos. A
receita para 2022 consiste na aposta em Paulo Nagamura, técnico brasileiro com
pouquíssima experiência, que fez carreira nos Estados
Unidos como jogador. Paulo Lima terá uma tarefa difícil pela frente,
enfrentando uma concorrência de peso para a sua posição preferencial de
médio-defensivo. O português recém-chegado que se descreve como “um
médio-defensivo evoluído tecnicamente, que gosta de jogar para frente”,
procurará ganhar minutos com o argentino Matías Vera e o
internacional salvadorenho Darwin Cerén no mesmo plantel. Contudo, Paulo Lima
reconhece que as expectativas para o seu primeiro ano são “desenvolver
o máximo possível enquanto jogador nesta primeira fase como profissional,
melhorando os pontos fracos e reforçando os fortes, e tentar acumular minutos
de jogo, quer seja na primeira ou na segunda equipa, porque só jogando é que se
desenvolve realmente”. A equipa de reservas do Houston Dynamo que compete
no terceiro escalão norte-americano parece ser o destino mais
provável para Paulo Lima nos seus primeiros meses nos Estados
Unidos, cenário que lhe permitirá acumular largos minutos de jogo.
Consoante a qualidade da sua performance nas segundas linhas do Dynamo,
chamadas pontuais à primeira equipa não devem ser descartadas, pelo que vale a
pena acompanhar o crescimento deste jovem futebolista em território
norte-americano.
Trabalho realizado por António Ribeiro
Link original: http://www.socceremportugues.pt/paulo-lima-o-2o-portugues-seleccionado-no-draft-da-mls/
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