Fundado a 1 de junho de 1946, o Ginásio
Clube de Alcobaça resultou da fusão do Alcobaça Futebol Clube (fundado em 1918)
e do Clube Desportivo Comércio e Indústria de Alcobaça (1932) e conheceu o
ponto alto da sua história em 1982, quando subiu à I Divisão e chegou às
meias-finais da Taça
de Portugal.
Nesse ano, o Ginásio venceu ao sprint uma corrida renhida com a
Académica de Coimbra – na altura com a designação de Académico – pelo primeiro
lugar da II Divisão – Zona Centro, terminando o campeonato com os mesmos 46
pontos dos estudantes, numa luta que se estendeu à secretária, devido a um jogo
entre a briosa e o Guarda que teve de ser repetido.
Numa primeira instância os
estudantes até beneficiaram da decisão da Federação Portuguesa de Futebol, mas
os alcobacenses venceram o recurso que lhes permitiu uma presença inédita entre
a elite do futebol nacional. Pelo meio, houve um protesto da decisão inicial
que interrompeu a clássica de ciclismo Porto-Lisboa. “Em protesto com a decisão
federativa os nossos adeptos decidiram cortar a Estrada Nacional e interromper
a corrida. Ficou o pelotão ali parado em frente ao Mosteiro de Alcobaça.
Lembro-me de o falecido Rui Tovar, em reportagem para a RTP, de microfone na
mão, espantado com aquilo. Coisa inédita: uma corrida de ciclismo ser
interrompida por causa do futebol. Apesar da confusão, explicámos com calma os
motivos do nosso protesto aos ciclistas, eles perceberam e até ficaram do nosso
lado quando ouviram a história”, recordou ao Maisfutebol o guarda-redes Horácio
Luís.
Paralelamente, os ginasistas
tiveram um percurso brilhante na Taça
de Portugal, tendo eliminado os mais conceituados Atlético, Farense
e Rio
Ave na caminhada até às meias-finais, etapa em que os azuis foram
eliminados com uma derrota tangencial diante do Sporting
em Alvalade (1-2).
Em 1982-83, na única época na I
Divisão, o Ginásio de Alcobaça concluiu o campeonato na 16.ª e última posição,
com 15 pontos – na altura em que a vitória valia dois pontos -, fruto de quatro
vitórias, sete empates e 19 derrotas, tendo marcado 20 golos e sofrido 56.
Três anos depois, o emblema do
distrito de Leiria desceu da II à III Divisão. E desde 1997 que tem alternado
entre o último patamar nacionais e os campeonatos distritais.
Nessa única presença, 20
futebolistas representaram o clube no patamar maior do futebol português. Vale
por isso a pena recordar os 11 que o fizeram por mais vezes.
11. José Romão (22 jogos)
José Romão |
Começamos por um dos nomes mais
sonantes, ainda que mais pelo percurso de treinador do que de jogador. Extremo
natural de Beja, chegou a Alcobaça no verão de 1981 para jogar na II Divisão,
já depois de ter representado o Vitória
de Guimarães no primeiro escalão, além de ter passado por Desp. Beja, Fafe,
Penafiel
e Riopele.
Na época de estreia efetuou 27
jogos (26 a titular) e marcou sete golos na campanha que culminou na promoção à
elite do futebol português, tendo ainda participado na caminhada até às meias-finais
da Taça
de Portugal. Na temporada seguinte, na I Divisão, disputou 22 encontros (19
a titular), não tendo faturado uma única vez.
Depois mudou-se para o Vizela,
clube pelo qual encerrou a carreira de jogador e iniciou a de treinador em
1984.
10. Domingos (22 jogos)
Domingos |
Disputou 22 jogos tal como José
Romão, mas amealhou mais 333 minutos em campo – 1864 contra 1531. Guarda-redes
nascido em Angola,
radicou-se no início da década de 1970 na região
Oeste, tendo passado por Nazarenos, e Caldas
antes de chegar pela primeira vez ao Ginásio de Alcobaça em 1979-80.
Depois dessa época mudou-se para
o Rio
Ave, mas voltou em 1981-82 para contribuir para subida de divisão e para a
caminhada até às meias-finais da Taça
de Portugal. Na temporada seguinte disputou 22 jogos (21 a titular) e
sofreu 38 golos.
Haveria de ficar mais um ano no
clube, rumando depois aos alentejanos
de O Elvas, pelos quais voltaria a jogar na I Divisão.
9. Modas (24 jogos)
Modas |
Mais um alentejano,
este natural de Évora, e que formou com José Romão, de Beja, o corredor direito
dos azuis. Ao Ginásio de Alcobaça chegou em 1981-82, depois de uma década ao
serviço do Juventude Évora.
Logo nessa temporada contribuiu
para a subida à I Divisão e para a caminhada até às meias-finais da Taça
de Portugal. Na época seguinte, entre a elite do futebol português,
participou em 24 partidas (22 a titular).
Haveria de continuar no clube
alcobacense por mais um ano, voltando depois ao seu Alentejo
para representar Lusitano Évora, Juventude Évora, Atlético Reguengos, Sp. Viana
do Alentejo e Mourão.
8. Russo (25 jogos)
Russo |
Central brasileiro que no país
dele tinha representado clubes como Vasco, Criciúma, Vitória e Bahia, chegou a
Portugal e ao Ginásio Alcobaça no verão de 1982, afirmando-se logo como um
titular indiscutível na equipa da região
Oeste.
Nessa temporada na I Divisão
disputou 25 jogos (24 a titular), mas na época seguinte manteve-se no clube
apesar da despromoção à II Divisão.
Depois disso voltou ao primeiro escalão
do futebol português para vestir as camisolas de Vizela
e Marítimo.
7. Nelito (25 jogos)
Nelito |
Disputou 25 jogos tal como Russo,
mas esteve em campo mais 49 minutos – 2226 contra 2177. Avançado nascido em Angola,
surgiu na equipa principal do Belenenses
em 1976-77 e, entretanto, passou por Gil
Vicente, O Elvas e Cova
da Piedade antes de reforçar o Ginásio de Alcobaça em 1981-82, quando os
azuis atuavam na II Divisão.
Logo nessa época contribuiu com 10
golos para a subida de divisão e ainda brilhou na Taça
de Portugal ao marcar um golo ao Juventude Évora que deu o apuramento para
os quartos de final e faturou em Alvalade nas meia-final frente ao Sporting.
Na temporada seguinte, disputou
25 jogos e somou seis remates certeiros que fazem dele o melhor marcador de
sempre dos ginasistas na I Divisão. Rio
Ave, Benfica
(dois), Amora
e Sp. Espinho (dois) foram as vítimas de Nelito.
Apesar da despromoção, continuou
no patamar maior do futebol português ao serviço do Salgueiros e depois com a
camisola do Vizela.
6. João Cabral (26 jogos)
João Cabral |
Avançado cabo-verdiano, chegou ao
Ginásio Alcobaça no verão de 1981, proveniente do Cartaxo, e foi importante
para a subida à I Divisão (ao marcar 10 golos) e para a caminhada até às
meias-finais da Taça
de Portugal.
Entre a elite do futebol
português manteve o papel titular nos azuis, tendo disputado 26 jogos (22 a
titular) e somado quatro remates certeiros, um dos quais em Alvalade frente ao Sporting.
Os outros foram apontados a Boavista, Estoril
e FC
Porto.
A boa campanha valeu-lhe a
continuidade na I Divisão ao serviço do Vitória
de Setúbal, ainda que a experiência no Bonfim
não tivesse corrido propriamente bem.
5. Alfredo (26 jogos)
Alfredo |
Disputou 26 jogos tal como João
Cabral, mas amealhou mais 152 minutos – 2340 contra 2188. Lateral esquerdo com
uma vasta experiência de I Divisão, adquirida ao serviço de Vitória
de Guimarães e Belenenses,
representou o Ginásio de Alcobaça apenas na época em que a equipa da região
Oeste militou no primeiro escalão, em 1982-83.
Nessa temporada disputou 26 jogos
e cumpriu os 90 minutos em todos. Curiosamente, os quatro encontros que falhou
foram os últimos, diante de Benfica,
Vitória
de Guimarães, Marítimo e FC
Porto.
Depois prosseguiu a carreira no
Desp. Chaves, clube pelo qual voltaria a jogar na I Divisão.
4. Jorge Oliveira (27 jogos)
Jorge Oliveira |
Médio ofensivo internacional sub-20
por Portugal, esteve no Campeonato do Mundo da categoria em 1979, quando
representava o Sanjoanense. Entretanto passou pelo Salgueiros e estreou-se na I
Divisão ao serviço do Ginásio de Alcobaça em 1982-83.
Nessa época não foi propriamente
um titular indiscutível, mas foi quase sempre utilizando, tendo disputado 27
jogos, 19 dos quais como peça do onze inicial.
Após a despromoção mudou-se para
a Académica – na altura sob a designação de Académico -, na II Divisão,
voltando ao primeiro escalão em 1984-85 ao serviço do Salgueiros.
3. Lelo (28 jogos)
Lelo |
Mais um alentejano
(de Évora), mas que ao contrário de José Romão e de Modas atuava no corredor
central, mais precisamente no meio-campo. Depois de ter feito parte do período
áureo do Juventude Évora, que esteve perto de subir à I Divisão no final da
década de 1970 e no início dos anos 1980, reforçou o Ginásio de Alcobaça no ano
em que os azuis militaram no primeiro escalão, em 1982-83.
Nessa temporada disputou 28 jogos
(27 a titular) e marcou um golo, ao Portimonense.
Apesar da despromoção, continuou no clube por mais um ano, voltando depois ao
Juventude Évora para ajudar os eborenses a ascender à II Divisão em 1985.
2. Cavungi (29 jogos)
Cavungi |
O nome mais mediático desta
lista, uma vez que era proveniente do Benfica,
clube pelo qual conquistou dois campeonatos e uma Taça
de Portugal. Extremo angolano,
reforçou o Ginásio de Alcobaça em 1982-83, quando a equipa da região
Oeste se preparava para se estrear na I Divisão.
Nessa época Cavungi disputou 29
jogos (25 a titular) e marcou três golos, todos em casa, no empate com o Portimonense
e nas vitórias sobre Amora
e Estoril,
mas ainda assim insuficientes para evitar a despromoção.
Haveria de continuar no clube por
mais um ano, mas depois prosseguiu a carreira em clubes como Leixões, Cova
da Piedade, Almancilense e Estrela de Vendas Novas.
1. Varela (29 jogos)
Varela |
Mais um alentejano,
este natural de Ponte de Sôr e defesa central de posição. Depois de várias
épocas na União
de Tomar, clube que o formou, chegou ao Ginásio de Alcobaça no verão de
1980 para jogar na II Divisão.
Na segunda época nos ginasistas,
em 1981-82, contribuiu para a inédita promoção à I Divisão e para a caminhada
até às meias-finais da Taça
de Portugal.
No primeiro escalão disputou 29
jogos tal como Cavungi, mas amealhou mais 500 minutos em campo – 2608 contra
2108 -, o que faz de Varela o jogador mais utilizado pelo emblema alcobacense entre
a elite do futebol português.
A boa época valeu-lhe o salto
para o FC
Porto, mas não chegou a estrear-se oficialmente pelos dragões, tendo depois
prosseguido a carreira em clubes como Varzim, Paredes, Felgueiras, Farense
e Guarda.
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