Despromovido ao Campeonato de
Portugal por decisão da direção da Liga Portugal em virtude de se encontrar no
penúltimo lugar da II
Liga à data da suspensão dos campeonatos, o Clube
Desportivo Cova da Piedade vai regressar a um patamar competitivo no qual
competiu por três vezes na sua história.
Fundado a 28 de janeiro de 1947
na sequência da fusão entre o União Piedense Futebol Clube (também conhecido
por epíteto “Espanhóis”, devido às cores dos equipamentos) e o Sporting Clube
Piedense, o Desportivo,
como é conhecido localmente, viveu o momento mais alto da sua história em 2016,
quando se sagrou vencedor do Campeonato de Portugal e ascendeu pela primeira
vez a uma liga profissional, a II
Liga.
Três anos antes, os piedenses
competiam nos campeonatos
distritais da Associação de Futebol de Setúbal, mas foi nas antigas II
Divisão (Zona Sul) e III Divisão que passou grande parte da sua história. Em
1947-48 e em 1970-71 sagraram-se mesmo campeões da III Divisão.
Em três temporadas de Campeonato
de Portugal, 69 futebolistas jogaram pelo Cova
da Piedade no terceiro escalão. Vale por isso a pena recordar os dez que o
fizeram por mais vezes.
10. André Ceitil (45 jogos)
André Ceitil |
Médio natural de Almada, dividiu
a formação entre Pescadores da Costa da Caparica, Benfica,
Almada, Vitória
de Setúbal e Rio
Ave, mas foi o Cova
da Piedade que o acolheu no início do seu trajeto no futebol sénior, em
2014-15.
A primeira época serviu para
ganhar embalagem numa nova categoria, tendo disputado 14 jogos (12 a titular) e
marcado um golo, ao Fabril.
“Foi algo que aconteceu naturalmente. Conhecia bem o treinador principal e com
o trabalho que apresentei na pré-época fui conquistando o meu espaço.
Conseguimos o objetivo da manutenção e consegui jogar muito tempo, para
surpresa minha porque era o meu primeiro ano como sénior e jogava com jogadores
como o Nuno Abreu, Nuno Gomes, Ricardo Aires, entre outros”, contou ao site Domínio
de Bola.
Porém, foi na temporada seguinte
que se afirmou, tendo participado em 31 encontros (28 a titular) e somado dois
remates certeiros, ambos na fase de promoção, nos duelos com União
de Leiria e Praiense, contribuindo ativamente para a inédita promoção à II
Liga. Também em 2015-16 esteve em evidência ao marcar o golo da vitória num
jogo épico na Taça
de Portugal diante do Alcanenense, no qual os piedenses
estiveram a perder por 0-3 e conseguiram vencer por 4-3.
Apesar de ter sido uma peça
importante para a subida de divisão, permaneceu no Campeonato de Portugal ao
serviço do Sintrense.
“Na altura demorei muito tempo a definir a minha vida, fiquei à espera do Cova
da Piedade e quando, por fim, as coisas não se solucionaram, todos os
clubes de II
Liga já estavam a treinar e já tinham praticamente fechado o plantel”,
recordou.
Entretanto passou por Farense,
Leixões, pelos romenos do Universitatea Cluj e desde janeiro que representa o Vilafranquense.
9. França (46 jogos)
França |
Médio defensivo natural de
Almada, com precisão de passe, qualidade a pautar o jogo da equipa a partir de
terrenos mais recuados, cultura tática, agressividade e capacidade para
recuperar a bola, tem feito toda a carreira em clubes da margem
sul.
Depois de Pescadores e Monte de
Caparica, reforçou o Cova
da Piedade no verão de 2012, contribuindo com uma dezena de golos para a
conquista do título
distrital e consequente promoção ao então denominado Campeonato Nacional de
Seniores.
Na primeira época no CNS disputou
27 jogos (26 a titular) e marcou quatro golos, frente a Ferreiras, Moura,
Esperança Lagos e Quarteirense. Em 2014-15 perdeu alguma influência, não indo
além de 19 encontros (11 a titular) e um golo, ao Sacavenense.
Depois voltou à I
Distrital da AF Setúbal para acumular mais subidas de divisão: em 2017-18
pelo Amora,
em 2018-19 pelo Fabril
e ao que tudo indica em 2019-20 pelo Oriental
Dragon.
8. Filipe Falardo (47 jogos)
Filipe Falardo |
Médio ofensivo que fez parte da
formação no Sporting,
integrou a equipa de juniores do Alverca
que conquistou o título nacional em 2001-02 e somou nove internacionalizações pelas
seleções jovens, foi uma espécie de promessa adiada do futebol português, que
nunca foi além da II
Liga. Ainda assim, foi sempre um futebolista que qualquer equipa da II
Divisão B/Campeonato de Portugal gostam de ter nos seus quadros.
Após experiências no Olivais e
Moscavide, Fátima, Atlético, Pinhalnovense
e Farense,
assim como nos campeonatos de Roménia e Chipre, reforçou o Cova
da Piedade no verão de 2014. Logo na temporada de estreia brilhou, participando
em 29 jogos (28 a titular) e marcado oito golos, frente a Fabril
(três), Sacavenense (dois), União de Montemor (dois) e Sintrense.
Em 2015-16 perdeu influência no
meio-campo de Sérgio Boris, não indo além de 17 encontros (14 a titular), mas
ainda assim contribuiu com três golos, entre os quais um no jogo que ditou a
subida à II
Liga, frente aos açorianos do Angrense.
Depois pendurou as botas.
7. Diogo Caramelo (48 jogos)
Diogo Caramelo |
Avançado móvel formado no Benfica,
foi contratado pelo Cova
da Piedade no verão de 2014 depois de experiências não muito bem-sucedidas
no Real
SC e no Ribeirão.
Embora tivesse sido mais
utilizado como suplente utilizado (26 vezes) do que como titular (22), foi
quase sempre convocado por Sérgio Bóris durante os dois anos em que vestiu a camisola
azul e grená. Na primeira época disputou 27 jogos (16 a titular) e marcou
três golos, a Pinhalnovense,
Malveira
e Sacavenense. Na temporada seguinte perdeu influência, mas ainda assim
conseguiu competir em 21 partidas (seis a titular), participando na caminhada
que culminou com a promoção à II
Liga.
Desde então que tem representado
clubes dos distritos de Lisboa e Setúbal.
Depois de Barreirense,
Malveira
e Loures
no Campeonato de Portugal, representou Fabril
e Atlético nos campeonatos distritais. Na próxima época continuará a vestir as
cores do emblema de Alcântara no Pro-Nacional da AF Lisboa.
6. Hugo Rosa (50 jogos)
Hugo Rosa |
Avançado formado no Cova
da Piedade, teve de esperar até aos 31 anos até poder representar o clube
na categoria sénior, depois de experiências nos campeonatos nacionais com as
camisolas de Pescadores da Costa da Caparica, Casa
Pia, Real
SC, Atlético e Oriental.
De regresso aos piedenses
em janeiro de 2013, contribuiu com nove golos para o título
distrital e para a consequente promoção ao então denominado Campeonato
Nacional de Seniores, o que lhe valeu o prémio de melhor jogador do ano no
clube. “Voltei em janeiro ao clube do coração, foi uma felicidade enorme por
ter sido ainda útil na conquista do título de campeão”, afirmou na gala de
entrega dos prémios.
Depois, em 2013-14 disputou 23
jogos (21 a titular) e apontou nove golos no CNS, enquanto na temporada
seguinte faturou por sete vezes em 28 encontros (26 a titular).
Entretanto fez uma pausa de dois
anos no futebol e voltou a jogar m 2017-18 pelo Amora,
contribuindo mais uma vez para a conquista de um título
distrital.
Haveria de pendurar as botas no
início de 2019, ano em que representou a equipa de futebol de praia do Cova
da Piedade.
5. Jessy (53 jogos)
Jessy Neves |
Extremo angolano desde tenra
idade radicado em Almada, fez toda a formação no Beira-Mar
Almada, clube que lhe abriu as portas do futebol sénior, mas no verão de
2012 mudou-se para o Cova
da Piedade.
Logo na época de estreia assumiu
um papel importante na equipa, contribuindo com sete golos para a promoção dos piedenses
ao Campeonato Nacional de Seniores. Na temporada seguinte deu um ar de sua
graça no CNS ao apontar oito golos em 29 jogos (20 a titular), mas em 2014-15
perdeu alguma influência na equipa, tendo apenas disputado 24 encontros (16 a
titular) e somado dois remates certeiros.
Depois representou Casa
Pia e Loures
no Campeonato de Portugal e ajudou o Amora
a sagrar-se campeão distrital em 2017-18 naquela que foi a última época da
carreira, pendurando as botas aos 26 anos para se dedicar ao ramo imobiliário.
4. Luís Dias (59 jogos)
Luís Dias |
Lateral direito formado no Sporting,
foi uma espécie de reforço de luxo do Cova
da Piedade em 2014-15, uma vez que tinha passado as três épocas anteriores
com grande utilização na II
Liga com a camisola do Atlético, já depois de ter atuado nos campeonatos da
Bulgária e da Roménia.
Titular indiscutível nos dois
anos passados no Municipal
José Martins Vieira, foi uma peça imprescindível na época de consolidação
dos piedenses
no Campeonato de Portugal, em 2014-15, tendo disputado 27 jogos, e manteve a
influência na temporada seguinte, contribuindo para a promoção à II
Liga com três golos em 32 partidas (31 a titular).
E foi precisamente após a festa
da subida que decidiu encerrar a carreira, aos 35 anos.
3. Pedro Alves (61 jogos)
Pedro Alves |
O único jogador desta lista
restrita que esteve na subida do Cova
da Piedade à II
Liga e que jogou pelo clube no segundo escalão. Embora tivesse jogado por Belenenses,
Estrela
da Amadora e Vitória
de Setúbal na I Liga, viveu talvez alguns dos momentos de maior brilho na carreira
nos piedenses,
que representou entre 2014 e 2018.
Em 2014-15 foi importante para a
consolidação da formação
azul e grená no Campeonato de Portugal, tendo disputado 30 jogos e sofrido
31 golos. Na época seguinte foi preponderante para a promoção à II
Liga, sofrendo apenas 23 golos em 31 partidas – o primeiro golo sofrido no
ano civil de 2016 aconteceu apenas a 28 de fevereiro. No jogo que deu o título
do Campeonato de Portugal ao clube
do concelho de Almada, foi o herói no desempate por grandes penalidades
diante do Vizela, tendo defendido dois penáltis.
Nas duas épocas seguintes foi
fundamental para garantir a permanência. Em 2016-17 foi mesmo totalista no
campeonato, tendo cumprido os 3780 minutos (42 jogos) da competição. Na
temporada que se seguiu, a última da carreira, foi por quatro vezes ao banco,
mas foi titular nas restantes 38 partidas.
“Quero agradecer a este clube,
aos seus dirigentes e associados o facto de me terem permitido representar o Cova
da Piedade nas últimas quatro temporadas”, disse Pedro Alves, em pleno
relvado, no final da última partida da carreira.
Após pendurar as luvas tornou-se
treinador de guarda-redes – função que chegou a desempenhar no Cova
da Piedade ainda quando jogava -, tendo já assumido essa função a tempo
inteiro no Belenenses
SAD e no Sporting,
enquanto elemento da equipa técnica de Silas.
2. Rúben Nunes (80 jogos)
Rúben Nunes |
Defesa/lateral direito que
dividiu a formação entre Pescadores, Benfica
e Vitória
de Setúbal, iniciou o seu trajeto no futebol sénior ao serviço do emblema
da Costa da Caparica, tendo passado para o Cova
da Piedade em 2012-13.
Na época de estreia ajudou os piedenses
a conquistar o título
distrital. Depois, seguiram-se três épocas no Campeonato de Portugal, quase
sempre como titular ao lado de Ricardo Aires, com o qual já tinha formado dupla
no eixo defensivo no Pescadores. Em 2013-14 disputou 22 jogos (18 a titular),
na época seguinte 26 (23 a titular) e em 2015-16, época marcada pela promoção à
II
Liga, esteve em 32 encontros (31 a titular) e marcou três golos, frente a
Almancilense e Barreirense
(dois).
Após a subida chegou a acompanhar
o clube
do concelho de Almada no segundo escalão, mas não chegou a jogar no
campeonato, tendo apenas atuado na Taça
de Portugal e na Taça da Liga, antes de sair em janeiro de 2017 para o Pinhalnovense.
“Guardo os anos fantásticos que passei e o facto de ter sido no Cova
da Piedade que realizei o meu sonho, de ser profissional de futebol.
Naturalmente custa sempre digerir quando lutamos tantos anos para atingir um
objetivo e quando o conseguimos não corre como esperamos. Sonhava continuar a
fazer história e ajudar o clube, mas assim não aconteceu. Tenho muito orgulho
de ter vestido aquela camisola”, afirmou o defesa ao Record.
Entretanto foi campeão distrital
pelo Amora
em 2017-18 e desde o verão do ano passado que está vinculado ao Loures.
Paralelamente é professor de educação física e personal trainer.
1. Ricardo Aires (88 jogos)
Ricardo Aires |
Defesa central campeão europeu de
sub-16 em 1995 ao lado de nomes como Marco Caneira ou Hugo Leal, chegou ao Cova
da Piedade já veterano, à beira dos 35 anos, depois de passagens por Belenenses,
Pescadores, Atlético, União Micaelense, Mafra, Odivelas e Olivais e Moscavide.
Apesar da veterania, foi titular
ao longo dos três anos passados no Municipal
José Martins Vieira, ajudando os piedenses
não só a consolidarem-se no Campeonato de Portugal como também a ascenderem à II
Liga. Entre 2013 e 2016, disputou 88 encontros no terceiro escalão, 84 a
titular, e marcou oito golos.
Depois voltou aos
distritais da AF Setúbal para representar Pescadores e Charneca
de Caparica, as últimas aventuras da longa carreira. Entretanto tornou-se
treinador e em 2018-19 desempenhou a função de adjunto da equipa principal do Cova
da Piedade.
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