terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Chineses obrigam Sintrense a queimar sete substituições em dois meses

Hao Gao foi quatro vezes titular e sempre substituído na primeira parte

Já ultrapassou o ponto em que podemos apelidar a situação de coincidência. Em oito jogos do Campeonato de Portugal desde 27 de outubro, o Sintrense efetuou nove substituições até ao apito inicial da segunda parte e sete delas foram de jogadores chineses, aparentemente retirados de campo após cumprirem os 'mínimos olímpicos'.


Neste período, que por acaso até tem coincidido com a fase de maior fulgor da equipa de Tiago Zorro, que atravessa uma série de seis vitórias consecutivas, o recorde de presença de um jogador chinês da formação de Sintra no interior das quatro linhas foi obtido na 8.ª jornada, quando Mingao Ma aguentou toda a primeira parte do empate a dois golos no terreno do Mineiro Aljustrelense. Nas duas rondas seguintes, o mesmo jogador foi substituído aos 30 minutos na receção ao Alverca (1-2) e 25’ na visita ao Sintra Football (1-0).

E quando Mingao Ma saiu da equipa para não mais voltar, entrou prontamente em cena Hao Gao, outro avançado e cujo recorde de permanência em campo é de 31 minutos, na visita ao Fabril (3-1), tendo até aproveitado a meia horinha a que teve direito para marcar um golo. Nos outros três jogos que disputou, curiosamente todos em casa, saiu aos 20’ (!) diante do Lusitano Évora (1-0) e aos 28’ frente a Sacavenense (3-1) e 1º Dezembro (1-0), todos entre a 11.ª e 15.ª jornada. E já deu para perceber que pouco importa se o Sintrense está a ganhar, perder ou empatar: é para tirar o jogador chinês de campo por volta da meia hora e pronto!

Já aqui falei do que se passa na equipa principal do Cova da Piedade e este é mais um caso de um projeto que passa pela valorização de jogadores chineses com o objetivo de os transferir para o superinflacionado mercado chinês.

Se tivermos em conta que cada clube da Superliga Chinesa apenas pode ter quatro estrangeiros no plantel e apenas três em campo em simultâneo e que há escassez de futebolistas daquele país com experiência em ligas profissionais da Europa, o modelo de negócio parece bem delineado e exequível, o que permitiria um encaixe que para a SAD do Sintrense cairia que nem um Euromilhões.

O problema é a deturpação da competição e a perversidade a que chegou a cada vez maior sobreposição do futebol-negócio ao mérito desportivo, até num patamar não profissional. Ainda há espaço para o futebol que aprendi a amar?

















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