Sem o historial do Olhanense nem as
individualidades do Alverca, o Real
Sport Clube surge em meados de dezembro em igualdade pontual com os
algarvios na liderança da Série D do Campeonato de Portugal, envergando o
estatuto de segundo melhor ataque - 36 golos, menos dois do que o Olhanense -, a terceira melhor defesa - nove golos
sofridos, apenas superados pelos sete do Oleiros e os oito do Vizela - e o
melhor momento de forma - sete vitórias consecutivas e 12 jogos sem perder – entre
as 72 equipas das quatro séries.
Na turma
do concelho de Sintra não há grandes craques, mas existe um coletivo muito
bem trabalhado e com as doses certas de irreverência e maturidade. Hugo Martins
assumiu o comando técnico a meio de outubro, em substituição de António
Pereira, e alterou a face da equipa, transformando um conjunto aparentemente
talhado para transições rápidas numa formação que gosta de progredir no terreno
de forma apoiada, com futebol de ligação, e de controlar e dominar os jogos
através da posse de bola.
Apesar de alguns pormenores
técnicos de encher o olho por parte de Felipe Ryan, da influência de Ruizinho
na construção de jogo, da dinâmica que Márcio Meira imprime, da velocidade de
João Ventura ou do pontapé-canhão de Morgado, o que salta mais à vista são as
ideias muito bem definidas nos vários momentos do jogo a eficácia com que os
jogadores as interpretam.
A organização ofensiva caracteriza-se
pelo ataque posicional, mas com grande uma dinâmica que confunde os
adversários, com os dois médios (geralmente Ruizinho e Morgado) a alternarem
entre quem baixa até perto dos defesas para construir jogos e os homens de
apoio ao ponta de lança (como Márcio Meira, Felipe Ryan e João Ventura) a
trocarem constantemente de posição entre eles, confundido as marcações.
Onze que defrontou o Sintra Football a 15 de dezembro |
Embora possua um modelo de jogo
bem definido e trabalhado, a equipa vai mostrando capacidade para o ajustar
consoante a necessidade. Em situação vantajosa no resultado, os realistas exibem
a maturidade necessária para baixar o ritmo e trocar a objetividade por um
futebol mais especulativo. É muito interessante a forma como a formação
do concelho de Sintra consegue subtilmente quebrar o ritmo do jogo e atrair
a subida do bloco contrário para depois apostar num ataque mais vertical para
aproveitar eventuais desequilíbrios na organização defensiva do adversário.
Depois de uma experiência pouco
afirmativa na II Liga em 2017-18 e de ter falhado o playoff de promoção nas últimas jornadas da fase regular depois de
a justiça desportiva ter tirado e repostos pontos ao Casa
Pia, o Real
Sport Clube está de volta à luta e com uma pujança assinalável.
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