terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Hoje faz anos o herói de Alkmaar e desempregado que virou finalista europeu. Quem se lembra de Miguel Garcia?

Miguel Garcia somou 80 jogos e dois golos pelo Sporting entre 2003 e 2007
Defesa alentejano que começou por ser central, mas que fez praticamente toda a carreira como lateral direito, nasceu em Moura e começou a jogar futebol nas camadas jovens do Moura Atlético Clube, de onde saltou em 1997 para o clube do coração, o Sporting, quando tinha 14 anos e era iniciado, depois de ter brilhado no Torneio Lopes da Silva.
 
Em janeiro de 2001 somou a primeira de 39 internacionalizações pelas seleções jovens, no caso a de sub-17, e em 2002-03 integrou a equipa B do emblema leonino, tendo transitado para o plantel principal na época seguinte. Fernando Santos apostou nele e concedeu-lhe a titularidade no lado direito da defesa durante praticamente toda a época, batendo a concorrência do também jovem Mário Sérgio, que havia sido contratado ao Paços de Ferreira.
 
Após a conclusão das competições de clubes ajudou a seleção portuguesa de sub-21 a alcançar o terceiro lugar no Campeonato da Europa, disputado na Alemanha, e o consequente apuramento olímpico, o que lhe valeu a distinção com o Prémio Stromp na categoria “Especial Europeu”. No entanto, não foi convocado para os Jogos de Atenas.
 
Em 2004-05, a chegada de Rogério retirou-lhe margem de manobra, mas ainda assim conseguiu ser utilizado em 23 jogos, tendo vivido o inferno, o céu e… novamente o inferno: falhou o penálti, no desempate com o Benfica na Luz que ditou a eliminação da Taça de Portugal; marcou o golo ao cair do pano, em Alkmaar, que valeu o apuramento para a final da Taça UEFA; e foi titular nos dois jogos mais marcantes dessa época pela negativa, a derrota na Luz na penúltima jornada do campeonato que praticamente entregou o título nacional ao Benfica, e a final da Taça UEFA perdida em Alvalade para os russos do CSKA Moscovo.
 
 
Mas por muitos dissabores que tenha vivido e por muito que o Sporting tenha perdido essa final semanas depois, Miguel Garcia é sobretudo recordado como o herói de Alkmaar nessa noite de 5 de maio de 2005, na qual até faturou pela primeira vez pela equipa principal dos leões. “É um momento que marcou a minha carreira e que marcou todos os sportinguistas. Já lá vão muitos anos. Foi o momento mais alto da carreira, não só por ter marcado o golo, mas por ter jogado a final. Mas claro que me lembro e de vez em quando vou ao computador ver e ainda me arrepiou”, afirmou ao jornal A Bola em julho de 2015.
 
 
Na primeira metade da temporada seguinte até começou por dividir a titularidade com Rogério, mas a chegada de Abel em janeiro de 2006, numa altura em que já era Paulo Bento quem estava no comando técnico, afastou-o completamente do onze inicial. Em 2006-07, a tendência manteve-se, mas serviu de consolação a estreia na Liga dos Campeões e a conquista da Taça de Portugal.
 
 
No verão de 2007 mudou-se para os italianos do Reggina, mas uma grave lesão afastou-o dos relvados durante praticamente dois anos, tendo estado completamente inativo durante a temporada 2008-09.
 
 
Desacreditado e desempregado, surgiu a treinar no Estágio do Jogador, iniciativa do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol, na pré-época de 2009-10. “Eu estava com 26 anos, já ninguém acreditava em mim, pensavam o Miguel já foi operado duas vezes, o Miguel já não joga há um ano e tal, se o contratarmos vai dizer que lhe dói o joelho. O Vitória de Setúbal não me quis, Leixões não me quis, a União de Leiria não me quis e por aí fora. Acho que fui oferecido a toda a gente e ninguém me queria”, recordou, em entrevista à Tribuna Expresso, em janeiro de 2019.
 
Entretanto, foi contratado pelo Olhanense, então comandado por Jorge Costa. Depressa mostrou não ter perdido qualidades, até porque só esteve meia época nos algarvios, pois valorizou-se e deu o salto para o Sp. Braga em janeiro de 2010, na mesma altura em que João Pereira se transferiu dos bracarenses para o Sporting, a tempo de ajudar os arsenalistas a sagrarem-se vice-campeões nacionais.
 
No entanto, foi na época seguinte que se afirmou no Minho, após a saída de Filipe Oliveira para o Parma. O lateral alentejano foi, em 2010-11, um dos esteios da equipa que sob a orientação de Domingos Paciência se apurou para fase de grupos da Liga dos Campeões e chegou à final da Liga Europa, perdida para o FC Porto em Dublin (0-1).
 
Dois anos depois de ter estado desempregado, foi ganhar muito dinheiro para a Turquia, onde representou o Orduspor, uma mudança que talvez o tenha prejudicado em termos de seleção nacional A, pois desapareceu um pouco do radar e acabou por nunca chegar a ser convocado, numa altura em que até não abundavam jogadores para a posição.
 
Em 2013-14 representou o Maiorca na II Liga Espanhola e depois foi para a Índia, onde jogou nos últimos anos de carreira, tendo pendurado as botas no final de 2015, aos 32 anos.
 
Após terminar o percurso como futebolista licenciou-se em gestão imobiliária e abriu uma empresa de investimento em propriedades.
 


 



 

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