Hoje faz anos o neerlandês disciplinador que guiou o FC Porto a uma dobradinha. Quem se lembra de Co Adriaanse?
Co Adriaanse comandou o FC Porto em 2005-06
Foi o escolhido por Pinto
da Costa para orientar o FC
Porto após uma época desastrosa na ressaca da conquista do título europeu
de 2003-04 e desde cedo que fez jus à fama de disciplinador: dispensou o peso
pesado Jorge Costa, incompatibilizou-se com vários jogadores brasileiros do
plantel – ficou para a história uma vigorosa repreensão a Léo
Lima durante um treino aberto no estágio de pré-época –, tirou Vítor
Baía da baliza para lá colocar Helton e saiu em rota de colisão com a
administração portista
a poucos dias do início da temporada 2006-07. Apesar de problemático, foi
bem-sucedido, tendo vencido a dobradinha em 2005-06.
Antes de se tornar treinador, foi
um defesa central com uma carreira modesta, tendo vestido a camisola do Utrecht
ao longo de seis épocas antes de pendurar as botas aos 29 anos. Como técnico iniciou-se no Zilvermeeuwen
em 1979, tendo depois trabalhado como scout e treinador nas camadas jovens
do AZ
Alkmaar e treinador das equipas principais do Zwolle e do Den Haag antes de
voltar ao futebol de formação na conceituada academia do Ajax. Um dos seus trabalhos mais
vistosos foi ao serviço do Willem II entre 1997 e 2000, tendo apurado o
conjunto de Tilburg pela primeira vez para as competições europeias desde 1963
graças ao quinto lugar no campeonato
neerlandês em 1997-98 e posteriormente para a Liga dos
Campeões em virtude do brilhante segundo lugar de 1998-99.
Seguiu-se o regresso ao Ajax,
marcado por maus resultados e declarações polémicas, como quando se referiu ao
presidente do PSV,
Harry van Raaij, como um “abajur falante”, ou como quando comentou a possível
contratação de Marco van Basten como seu sucessor: “Um bom cavalo não se torna
um bom cavaleiro.” Acabou por correr bem melhor a
aventura no AZ
entre 2002 e 2005. Depois de um quinto lugar no campeonato de 2003-04 que
apurou a equipa à Taça
UEFA, guiou o conjunto
de Alkmaar até às meias-finais da prova europeia na época seguinte, tendo
sido eliminado pelo Sporting
ao cair do pano do prolongamento, e ao terceiro lugar na liga
neerlandesa em 2004-05. Seguiu-se o tal ano no FC
Porto, que desportivamente só pecou pela má campanha na Liga dos
Campeões, uma vez que os dragões
foram últimos classificados do seu grupo, atrás do Inter
de Milão, do Rangers
e do modesto Artmedia da Eslováquia. Após a eliminação europeia e, no entender
do clube, frases mal reproduzidas por parte da comunicação social, os azuis
e brancos promoveram um blackout que durou até ao último jogo da
época, a final da Taça
de Portugal. Mesmo sendo líder do campeonato,
foi alvo de uma emboscada por parte de um grupo de adeptos, supostamente
ligados aos Super Dragões, que dispararam um very-light contra o carro
do treinador em janeiro de 2006. Na origem do ataque esteve a implementação de
um sistema tático que gerou muita desconfiança, mas que, quando consolidado,
embalou os portistas para as conquistas dessa época: o 3x3x4.
A 9 de agosto de 2006, a dez dias
da Supertaça
Cândido de Oliveira, decidiu apresentar a demissão, alegando “falta de
confiança” na direção de Pinto
da Costa, depois de a insistência na contratação de um avançado não ter
sido bem acolhida pelo presidente
portista. Mais tarde, Adriaanse foi condenado pela FIFA a indemnizar o FC
Porto em mais de um milhão de euros, por quebra indevida de contrato. Voltou aos bancos ainda no decorrer
da época 2006-07 para orientar os ucranianos do Metalurh Donetsk, passou pelos
qataris do Al-Sadd em 2007-08, venceu o campeonato austríaco pelo Red Bull
Salzburgo em 2008-09, foi selecionador olímpico do Qatar entre janeiro de 2010
e março de 2011 e conquistou uma Supertaça dos Países Baixos pelo Twente em
2011. O seu último trabalho no futebol
foi como consultor técnico do Utrecht em 2014-15.
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