quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

Um pequeno bombardeiro e três grandes tiros ao lado. Os italianos que jogaram no Benfica antes de Belotti

Quatro italianos jogaram no Benfica antes de Belotti
A história de jogadores italianos no Benfica é uma história recente, que teve início já neste século, e ainda curta, com apenas quatro futebolistas transalpinos a jogar de águia ao peito antes de Andrea Belotti, ponta de lança de 31 anos cedido pelo Como no mercado de inverno. Mas é já uma história que conta com um ídolo e três atletas que não deixaram saudades, ainda que por motivos diferentes.
 
Curiosamente, dois dos que não deixaram saudades sagraram-se campeões nacionais pelos encarnados, sendo que um deles até tem um bicampeonato no currículo. Já o tal que se tornou ídolo deixou a Luz ao fim de dois anos de mãos a abanar.
 
Emanuele Pesaresi
O verão de 2001 foi o primeiro que teve Manuel Vilarinho na presidência e Luís Filipe Vieira como homem-forte do futebol encarnado. Depois do sexto lugar da época anterior, o Benfica estava sob enorme pressão para remodelar o seu plantel e trazer jogadores que devolvessem esperança aos adeptos. Nesse defeso foram contratados Mantorras, Simão Sabrosa, Drulovic e Zahovic, por exemplo.
Por empréstimo da Lazio chegou ainda o lateral esquerdo Emanuele Pesaresi, internacional jovem por Itália que havia passado por clubes importantes como Sampdoria ou Nápoles, mas que teimava em não se afirmar em lugar algum. Na Luz não foi diferente.
Tapado por Cabral, Marco Caneira e Armando Sá, não foi além de 12 jogos de águia ao peito, tendo conseguido ser expulso tanto na estreia, um empate a dois golos no terreno do Varzim, como na despedida, uma vitória caseira sobre o Boavista (2-1) no jogo que deu o título ao… Sporting. “Joguei pouco, sim, mas fui feliz em Lisboa. Fiz bons amigos. Eu e o Porfírio, lembra-se, éramos os bons malucos daquele balneário”, contou ao Maisfutebol em junho de 2017.
“Eu era muito jovem e entrei numa grande aventura. Fiz uma excelente pré-época, mas fui expulso logo no primeiro jogo e a minha imagem ficou marcada por isso. Precipitei-me, fiz penálti e perdemos uma vantagem de dois golos. (…) Tive o infortúnio do cartão vermelho, depois uma lesão e mais tarde disseram-me que preferiam apostar em jogadores que não fossem emprestados. Se calhar os adeptos não gostaram do que fiz, mas fui sempre honesto”, acrescentou.
Após essa época prosseguiu a carreira no seu país, muito mais na Serie B do que no primeiro escalão do futebol transalpino.
 
 
 
Fabrizio Miccoli
Quatro anos depois, o Benfica voltou a recorrer aos serviços de um jogador italiano por empréstimo, mas desta feita correu melhor. Fabrizio Miccoli, avançado de baixa estatura (1,68 m) internacional pela squadra azzurra, estava sem espaço na Juventus, mas havia feito grandes temporadas na Serie A ao serviço de Perugia e Fiorentina, tendo chegado à Luz no verão de 2005, numa altura em que os encarnados se preparavam para voltar a participar na Liga dos Campeões.
Em dois anos de águia ao peito não apresentou números propriamente estratosféricos, somente 19 golos em 56 jogos, e não conquistou qualquer troféu, mas deixou muitas saudades.
Na caminhada benfiquista até aos quartos de final da Champions em 2005-06, por exemplo, marcou o golo que desbloqueou a difícil receção ao Lille no jogo de abertura (1-0) e foi o autor do remate acrobático que sentenciou a memorável vitória sobre o Liverpool em Anfield (0-2), nos oitavos de final.
“A Juventus quis enviar-me para Inglaterra, mas encontrei a opção do Benfica com o meu agente. Foi a experiência mais bonita que eu poderia imaginar. Eu sabia que iria para uma grande equipa, mas foi realmente incrível”, afirmou à série GoalCar, em que ex-jogadores falam enquanto viajam de carro, em dezembro de 2022.
 
 
 
Bryan Cristante
Sete anos após a partida definitiva de Miccoli, chegou à Luz o médio Bryan Cristante, grande promessa do futebol italiano e também do AC Milan, ao ponto de se ter tornado no mais jovem jogador a atuar pelos milaneses na Liga dos Campeões.
Ainda assim, o Benfica conseguiu contratá-lo a 1 de setembro de 2014, por uma verba a rondar os cinco milhões de euros.
Mas aquele que poderia ter sido um grande golpe no mercado, com os olhos postos no futuro, revelou-se uma deceção. O centrocampista não foi além de 19 jogos e um golo pelos encarnados ao longo dos quatro anos de contrato, sendo que apenas integrou o plantel durante um ano e meio, até janeiro de 2016. Ainda assim venceu dois campeonatos e duas Taças da Liga.
Mas a carreira de Cristante revelou que o seu problema em Lisboa não foi a falta de qualidade. Tanto assim foi que brilhou no empréstimo à Atalanta, no início da era Gasperini, conseguindo mesmo estrear-se pela seleção principal de Itália quando ainda estava cedido pelas águias à equipa de Bérgamo, em outubro de 2017.
“Não me importava de voltar, é uma experiência que gostava de repetir. Fui para um dos maiores clubes da Europa, pela história e pelos resultados. Com 19 anos fiz 15 jogos, quase todos como titulares. Não me lembra que os vários clubes europeus tenham tantos jovens a jogar como titulares. Depois houve a mudança de treinador e decidi por outro rumo à carreira”, afirmou, sobre o Benfica, em junho de 2018.
Já depois de ter assinado a título definitivo pela Atalanta, que pagou 9,5 milhões ao Benfica pela transferência, e de posteriormente se ter mudado para a AS Roma, venceu o Euro 2020 (ao lado de Belotti, em 2021) e foi convocado para o Campeonato da Europa de 2024.
 
 
 
Cher Ndour
Mais recentemente, foi a vez de Cher Ndour jogar pela equipa principal do Benfica. Médio de elevada estatura (1,90 m) formado nas camadas jovens da Atalanta e internacional jovem por Itália, chegou ao Benfica no verão de 2020 e começou por integrar as equipas de juniores, sub-23 e B. Tornou-se mesmo no mais jovem jogador a jogar pelo Benfica B, estreando-se em maio de 2021, aos 16 anos e 279 dias.
Por essas formações secundárias dos encarnados amealhou um total de cerca de 100 jogos ao longo de três anos, mas pela equipa principal acabou por apenas atuar 15 minutos, tendo entrado na reta final de uma goleada ao Vitória de Guimarães no início de 2023, a poucos meses de terminar contrato.
Esses minutos em campo permitiram-lhe ser campeão nacional em 2022-23, mas não foram suficientes para o convencer a renovar, tendo assinado pelo Paris Saint-Germain no verão de 2023. “Foram três anos de crescimento e aprendizagem que ficarão para sempre marcados na minha carreira e na minha vida. Dei sempre tudo por esta camisola, até ao último segundo”, escreveu nas redes sociais aquando da despedida.
No entanto, pouco jogou pelo emblema da capital francesa, que o emprestou a Sp. Braga e Besiktas antes de o transferir para a Fiorentina.  
 



 

 






 

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