O central de Monte Gordo que disputou 126 jogos na I Divisão. Quem se lembra de João Armando?
João Armando brilhou no Paços de Ferreira entre 1999 e 2003
Um dos jogadores algarvios com
melhor carreira nas últimas décadas, um defesa central natural de Monte Gordo,
concelho de Vila Real de Santo António, que cresceu nas camadas jovens do Lusitano
VRSA.
Após transitar para a equipa principal
em 1990-91, época marcada pela única
participação do emblema raiano na II Liga, foi ganhando o seu espaço no
onze nas temporadas seguintes na II Divisão B, fazendo-se valer da agilidade,
segurança e regularidade que oferecia. Após duas épocas ao serviço do Benfica
Castelo Branco na II B, entrou na I
Liga pela porta da União
de Leiria em 1995-96. Contribuiu para um honroso 7.º lugar e para a
caminhada até às meias-finais da Taça
de Portugal, mas sentiu dificuldades em afirmar-se como titular. Na temporada seguinte foi mais
vezes escolhido para o onze inicial e até marcou o golo solitário de uma
vitória sobre o Sporting,
o seu primeiro remate certeiro no primeiro
escalão, mas não conseguiu impedir a descida de divisão. “Claro que foi um
grande momento para mim marcar o golo da vitória sobre um grande. Nesse ano,
penso que não houve estabilidade. Não digo da parte da direção ou da parte financeira,
porque nesse aspeto cumpriram sempre enquanto lá estive. Mas tivemos três
treinadores nessa época, as coisas simplesmente não saíam e não surgiam, e
quando acordámos já foi tarde, porque fizemos um ponta final muito boa, mas não
conseguimos a permanência”, recordou ao blogue Prémio
Carreira em dezembro de 2016.
Em 1997-98, a época em que foi
menos utilizado no emblema
da cidade do Lis, sagrou-se campeão da II
Liga e ajudou os leirienses
a atingir novamente as meias-finais da Taça
de Portugal. À procura de mais tempo de jogo, conseguiu-o
no Penafiel,
na II
Liga, em 1998-99, antes de se mudar para o clube em que mais se
notabilizou, o Paços
de Ferreira. Em quatro anos na Capital do
Móvel, foi sempre titular indiscutível no eixo defensivo ao lado de Adalberto,
com o qual formou uma dupla de sucesso que conseguiu o título de campeão da II
Liga em 1999-00 e honrosas classificações na I
Liga como o 9.º lugar em 2000-01, o 8.º em 2001-02 e o 6.º em 2002-03.
Nesse período somou 126 jogos e cinco golos pelos pacenses,
tendo atingido as meias-finais da Taça
de Portugal em 2002-03.
“A minha passagem pelo Paços
foi marcante a todos os níveis. Fui pai uns meses antes de ir para Paços,
quando estava em Penafiel, e tive toda a estabilidade tanto a nível emocional,
como futebolístico e familiar. (…) Mas foram três épocas [na I
Liga] magníficas, em que fazia em média trinta jogos por temporada,
falhando sempre alguns jogos, porque tendo em conta a minha posição, acabava
sempre por estar suspenso em uma ou outra ocasião. Foram três anos nos quais
atingi o auge da minha carreira, numa cidade fantástica e num clube fantástico,
que cumpre sempre com as suas obrigações, e acabámos por fazer história na II
Liga, porque a catorze jornadas do fim estávamos perto de descer, e ainda
fomos campeões nacionais. E não esqueço, também, as vitórias sobre os três
grandes na primeira época que fizemos na I
Liga [2000-01]”, lembrou.
Apesar do estatuto que tinha na
equipa, despediu-se do patamar
maior do futebol português ao fim de 126 jogos e três golos em 2003, quando
tinha 30 anos, e voltou ao seu Algarve
para vestir a camisola do Portimonense.
Talvez tivesse a expetativa de subir de divisão, mas acabou por descer à II
Divisão B, ainda que essa descida tivesse sido anulada em virtude da
despromoção administrativa do Salgueiros. Seguiu-se um ano no Académico
de Viseu antes do regresso definitivo ao futebol
algarvio para defender as cores do Imortal
(2005-06) e do seu Lusitano
VRSA (2006 a 2008 e 2012-13). Após pendurar as botas trabalhou
como treinador, essencialmente nas camadas jovens ou como adjunto de equipas
principais em vários clubes do Algarve,
e como segurança.
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