Benfica e Boavista já se defrontaram quase 130 vezes |
Há muito que os jogos entre Benfica
e Boavista
ganharam o estatuto de clássico de futebol português. Afinal, ambos já se
defrontaram em quase 130 ocasiões, incluindo três finais da Taça
de Portugal e jogos decisivos para a atribuição do título nacional.
Os primeiros confrontos oficiais
remontam a 1945-46, quando os axadrezados
participaram pela primeira vez na I
Divisão, mas foi a partir da década de 1990 que os clássicos entre águias
e boavisteiros
começaram realmente a fazer faísca.
Entre tantos duelos, vale a pena
ver aqui a nossa seleção dos dez mais marcantes, por ordem cronológica.
14 de junho de 1975 – Taça
de Portugal (final)
É habitual dizer-se que os clubes nortenhos ganharam novo alento após o
25 de abril de 1974. No caso do Boavista,
o primeiro grande troféu – assim como a primeira presença nos quatro primeiros lugares
do campeonato
– foi conquistado precisamente no ano a seguir à revolução.
Em pleno Estádio
José Alvalade, naquela que foi a primeira final da Taça
de Portugal disputada fora do Jamor desde 1961, os axadrezados
orientados por José Maria Pedroto chegaram à primeira vintena de minutos a
vencer por 2-0, com golos de Mané (15’) e João Alves (17’). O Benfica
do jugoslavo Milorad Pavic ripostou à passagem da hora de jogo, através de um
remate certeiro de Rui Jordão, mas mostrou-se incapaz de operar a reviravolta,
falhando assim a conquista da dobradinha.
10 de abril de 1993 – I
Divisão (27.ª jornada)
Um jogo muito quentinho, com três expulsões e cinco golos em pleno
Estádio do Bessa.
O Boavista
de Manuel José foi a primeira equipa a marcar, através do brasileiro Marlon
Brandão logo aos dois minutos. Contudo, o Benfica
de Toni deu a volta ao resultado, chegando à hora de jogo não só em vantagem
(de 1-3) no resultado, com golos do soviético Sergei Yuran (14’ e 47’) e do
brasileiro Isaías (58’), mas também em número de homens em campo, uma vez que
Caetano tinha sido expulso aos 27’.
Contudo, a última meia hora foi de muito sofrimento para as águias,
que ficaram reduzidas a dez unidades aos 65’, devido à expulsão do central
Hélder, e depois a apenas nove jogadores, uma vez que o guarda-redes Neno viu o
cartão vermelho direto… numa altura em que os encarnados
já tinham esgotado as substituições.
Posto isto, o médio Paulo Sousa chamou a si as luvas, virou a camisola de
Neno do avesso e foi para a baliza. Não conseguiu impedir o golo de penálti de
Artur, precisamente a castigar a falta que valeu a expulsão ao guardião benfiquista,
mas a partir daí defendeu todas as bolas que foram na direção da baliza,
ajudando os benfiquistas
a segurar a vitória.
10 de junho de 1993 – Taça
de Portugal (final)
Um hino ao futebol, até porque há 29 anos que não se marcavam sete ou
mais golos numa final da Taça
de Portugal.
Precisamente dois meses após a batalham campal no Bessa, o Benfica
apresentou-se no Jamor com uma verdadeira equipa de sonho, com jogadores como
Mozer, Stefan Schwarz, Paulo Sousa, Vítor Paneira, Rui Costa, Paulo
Futre, João
Vieira Pinto e Rui Águas – e ainda havia Isaías no banco.
A goleada começou a ser construída pouco depois da meia hora, com Vítor
Paneira a inaugurar o marcador aos 32 minutos e João
Vieira Pinto a aumentar a vantagem aos 35’. À beira do intervalo, Marlon
Brandão reduziu para os axadrezados.
No início do segundo tempo, Futre
deixou as águias
a vencer por 3-1, mas Tavares reduziu a vantagem benfiquista
para apenas um golo aos 57 minutos. Até final, só deu Benfica:
William desperdiçou uma grande penalidade (65’), mas mais uma vez Futre
(70’) e Rui Águas (88’) sentenciaram o resultado. Pelo meio, o boavisteiro
Garrido foi expulso por acumulação de amarelos (84’).
A grande figura do golo foi mesmo Paulo
Futre, que além dos dois golos fez uma assistência e sofreu uma falta que
deu origem a um penálti. Uma vez mais aí estava eu. Nos grandes momentos. Fui o
homem do jogo. A minha melhor exibição de águia
ao peito numa tarde perfeita. Nem sonhada podia ser melhor. Foi também a minha
partida de despedida do Benfica com a conquista do único título que me faltava no futebol
português”, narrou no livro El Portugués, dando conta de vários
meses de salários em atraso, na antecâmara do célebre verão quente de 1993.
10 de junho de 1997 – Taça
de Portugal (final)
Uma final que servia para salvar a época. O Benfica
de Manuel José tinha terminado o campeonato
em 3.º lugar, a 27 pontos (!) do campeão FC
Porto e a 14 do vice Sporting.
Já o Boavista
de Mário Reis não foi além de um desapontante 7.º lugar.
Antes da partida, já se sabia que as duas principais figuras dos boavisteiros,
o médio ofensivo boliviano Erwin Sánchez e o avançado Nuno Gomes, estavam
comprometidas com o Benfica
para a época seguinte, o que levantava algumas dúvidas sobre se ambos tinham
condições psicológicas para ir a jogo.
Contudo, essas dúvidas foram dissipadas em menos de uma hora, uma vez que
Sánchez (aos oito minutos de livre direto e aos 59’ de penálti) e Nuno Gomes
(28’) foram precisamente os autores dos golos dos axadrezados.
Para as águias
faturaram Calado (35’) e o marroquino Abdelkrim El-Hadrioui (61’).
14 de março de 1999 – I
Liga (25.ª jornada)
A dez jornadas do fim do campeonato,
a luta pelo título estava ao rubro. O tetracampeão FC
Porto entrou para a 25.ª jornada com mais um ponto que Benfica
e Boavista,
mas os dragões
bateram a União
de Leiria nas Antas na véspera de um duelo entre águias
e axadrezados
na Luz.
Afirmativo, os axadrezados
foram atrás do segundo golo, enquanto os principais municiadores do ataque benfiquista,
João
Vieira Pinto e Karel Poborsky, estavam desinspirados. Souness ainda
experimentou trocar Nuno Gomes por Jorge Cadete, mas o único avançado destinar
a brilhar nessa noite foi Ayew, que bisou aos 66 minutos na sequência de várias
falhas da defesa encarnada.
Ao cair do pano, Luís Manuel fez o 0-3, através de um disparo de fora da área.
Após o apito final, Graeme Souness foi atingido por objetos atirados da
bancada por adeptos do Benfica.
Já Jaime Pacheco assumiu a candidatura ao apuramento para a Liga
dos Campeões, algo que viria a ser conseguido pela primeira vez na história
do Boavista.
25 de fevereiro de 2001 – I
Liga (22.ª jornada)
À entrada para o duelo entre os dois conjuntos na 22.ª jornada, no antigo
Estádio da Luz, os axadrezados
de Jaime Pacheco lideravam a tabela classificativa da I
Liga com mais dois pontos que as águias
de Toni – terceiro treinador a sentar-se no banco encarnado
nessa época, depois do alemão Jupp Heynckes e de José
Mourinho. Ou seja, um triunfo dos lisboetas
levá-los-ia à liderança.
Porém, num jogo muito tático, o resultado foi um empate a zero. Na melhor
oportunidade do encontro, o avançado benfiquista
Pierre Van Hooijdonk acertou no poste.
Assim, o Boavista
manteve-se de pedra e cal no primeiro lugar e venceu dez dos onze jogos
seguintes, até confirmar a conquista do inédito título nacional, ao passo que o
Benfica
só voltou a vencer por duas vezes nos 12 jogos que restaram até ao final do campeonato.
28 de abril de 2002 – I
Liga (33.ª jornada)
À entrada para a penúltima jornada, os leões
de Laszlo Bölöni lideravam o campeonato
com mais quatro pontos que o Boavista
de Jaime Pacheco, mas empataram a dois golos no Bonfim
na véspera de os axadrezados
entrarem em campo na Luz. Ou seja, só a vitória na capital mantinha os boavisteiros
na rota do título.
As coisas até começaram a correr bem ao Boavista,
graças a um golo de Erwin Sánchez de livre direto no final da primeira parte
(40 minutos). No entanto, o Benfica
de Jesualdo Ferreira operou a reviravolta no segundo tempo: Argel empatou, de
cabeça, na sequência de um livre de Drulovic (55’); e Mantorras, isolado, fez o
2-1 já na reta final do encontro (82’).
O apito final confirmou a conquista do título por parte do Sporting.
22 de maio de 2005 – I
Liga (34.ª jornada)
Mais um encontro que sentenciou a conquista do título, desta feita por
uma equipa que o jogou, o Benfica,
que não se sagrava campeão nacional desde 1993-94.
À entrada para a última jornada, as águias
de Giovanni Trapattoni lideravam o campeonato
com mais três pontos do que o FC
Porto, por isso, sabiam que empatar no Bessa seria suficiente.
Simão Sabrosa inaugurou o marcador aos 38 minutos para os encarnados,
na conversão de uma grande penalidade. Porém, o central brasileiro Éder Gaúcho
empatou o encontro para o Boavista
de Pedro Barny pouco depois (42’). A igualdade a um golo resistiu até ao apito
final.
Ali bem perto, no Dragão, os azuis
e brancos não foram além de um empate caseiro com a Académica
(1-1).
2 de fevereiro de 2007 – I
Liga (17.ª jornada)
Com pontaria a mais, as águias
acertaram quatro vezes no ferro: aos 30 minutos, por Katsouranis; aos 43’, mais
uma vez por intermédio do médio grego; aos 51’, novamente por Katsouranis; e
por Luisão, aos 61’.
Caso tivesse materializado alguma dessas situações, os encarnados
ficariam a apenas dois pontos do líder FC
Porto. Assim, foram ultrapassados pelo Sporting,
que ascendeu ao segundo lugar.
14 de janeiro de 2017 – I
Liga (17.ª jornada)
As águias
de Rui Vitória vinham a passear no campeonato,
tendo entrado na derradeira jornada primeira volta com mais seis pontos do que
o vice-líder FC
Porto e mais oito do que Sp.
Braga e Sporting.
No entanto, o Boavista
de Miguel Leal, instalado a meio da tabela, viveu uma primeira meia hora de
sonho no Estádio da Luz, tendo chegado aos 25 minutos a vencer por 0-3, graças
aos golos de Iuri
Medeiros (14’), Lucas Tagliapietra (20’) e André Schembri (25’).
Obrigado a virar o resultado, Rui
Vitória trocou Rafa Silva por Kostas Mitroglou aos 38 minutos, e o avançado
grego marcou três minutos depois. Ao intervalo, mais risco: saiu o central
Luisão e entrou o extremo Cervi. As mudanças acabaram por surtir efeito, pois
os encarnados
chegaram aos 2-3 aos 53’, por Jonas, na conversão de uma grande penalidade; e
empataram a partida aos 68’, através de um autogolo de Fábio
Espinho.
Curiosamente, dois meses antes o Benfica
tinha vivido uma situação semelhante à do Boavista
num jogo no terreno do Besiktas, na Liga
dos Campeões, tendo permitido o empate a três golos depois de ter estado a
vencer por 0-3.
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