Recreio de Águeda competiu na II Liga em 1990-91 |
Fundado a 10 de abril de 1924, o Recreio
Desportivo de Águeda viveu o maior momento da sua história desportiva
quando participou pela primeira (e para já única) vez na I
Divisão, em 1983-84.
A promoção foi conseguida após
uma luta titânica com a Académica
na Zona Centro da antiga II Divisão, com as duas equipas a terminarem o
campeonato separadas por apenas um ponto.
Dois anos depois da inédia
presença entre os grandes, os Galos
do Botaréu voltaram a vencer a Zona Centro da II Divisão, o que daria
direito à promoção ao patamar maior do futebol português, mas essa subida ficou
anulada na secretaria, devido ao Caso Gerúsio, que terá jogado irregularmente
num encontro frente ao Académico de Viseu. O Conselho de Disciplina da
Federação Portuguesa de Futebol atribuiu derrota por 0-3 ao Recreio
de Águeda, o que beneficiou O
Elvas, que assim subiu à I
Divisão. Os aguedenses
ainda disputaram uma liguilha que dava acesso ao primeiro escalão, mas foram
suplantados por Varzim, Desp.
Aves e União da Madeira.
Em 1990-91 o clube
do distrito de Aveiro disputou a edição inaugural da II
Liga, mas foi imediatamente despromovido, numa temporada em que teve o
velho capitão Mário Wilson e António Fidalgo como treinadores.
Desde então que tem jogado nas
divisões não profissionais, tendo inclusivamente passado nove temporadas nos
campeonatos distritais. Desde 2016-17 que compete no Campeonato
de Portugal.
Vale por isso a pena recordar os
dez jogadores com mais jogos pelo Recreio
de Águeda na II
Liga.
10. Vítor Manuel (25 jogos)
Defesa central natural de
Espinho, jogou pelo Sp. Espinho na I
Divisão e passou ainda por Lusitânia Lourosa e Mangualde antes de representar
pela primeira vez o Recreio
de Águeda entre 1987 e 1989.
Entretanto esteve um ano no
Felgueiras, regressando aos Galos
do Botaréu em 1990-91 para disputar 25 jogos (24 a titular) na edição
inaugural da II
Liga, não conseguindo evitar a descida à II Divisão B.
Após a despromoção transferiu-se
para o Ermesinde.
9. Jó (27 jogos)
Jó |
Médio
natural de Esposende, passou por vários clubes minhotos, jogou na I Divisão com a
camisola do Varzim e representou o Mangualde antes de reforçar o Recreio de Águeda
no verão de 1990.
Na
única temporada que passou nos Galos do Botaréu
atuou em 27 partidas (14 a titular) na II Liga e marcou um golo ao Desp. Aves, insuficiente
para evitar a despromoção.
Após
a descida de divisão regressou ao Minho para vestir a camisola do Neves.
8. N'Goma (29 jogos)
N'Goma |
Avançado natural do antigo Zaire
(atual República Democrática do Congo), entrou no futebol português pela porta
do Fafe
em dezembro de 1987.
Após um ano e meio no emblema minhoto
ingressou no Recreio
de Águeda em 1989-90, tendo nessa época ajudado o clube a assegurar uma
vaga na edição inaugural da II
Liga.
No reformulado segundo escalão
disputou 29 jogos (26 a titular) e apontou três golos, diante de Barreirense,
Freamunde e Torreense,
insuficientes para evitar a despromoção.
Após a descida de divisão
transferiu-se para o Estrela
da Amadora.
7. Mauro (29 jogos)
Mauro |
Disputou o mesmo número de jogos
de N’Goma, mas amealhou mais 337 minutos em campo – 2457 contra 2120.
Defesa natural de Rio Maior, no
distrito de Santarém, começou a jogar pelo clube da terra, mas transferiu-se
para o Recreio
de Águeda, tendo tido uma primeira passagem pelos Galos
do Botaréu entre 1985 e 1988.
Entretanto esteve dois anos ao
serviço do Paços
de Ferreira, regressado aos aguedenses
em 1990-91 para atuar em 29 encontros (todos a titular) e marcar um golo ao
Freamunde, ainda assim insuficiente para evitar a despromoção.
Após a descida de divisão rumou a
sul, mudando-se para o Beneditense.
6. Constantino (33 jogos)
Constantino |
Avançado formado no Salgueiros,
mas que estava a sentir dificuldades para se afirmar no emblema
de Paranhos, foi emprestado ao Recreio
de Águeda em 1990-91.
Na única temporada que passou nos
Galos
do Botaréu disputou 33 jogos (20 a titular) e apontou seis golos, apontados
diante de Louletano,
Académico Viseu (três), Estoril
e Feirense, ainda assim insuficientes para evitar a despromoção.
“Foi o Fidalgo que me levou para Águeda,
depois de ter sido meu treinador no Salgueiros,
o primeiro ano da II
Liga. Depois o Fidalgo saiu e entrou o grande capitão Mário Wilson. Foi um
prazer ter sido seu jogador. Era um ser humano fantástico, que me ensinou muitas
coisas. Tinha um relacionamento fantástico com ele, íamos sempre almoçar às
quartas-feiras – eu, ele e o Jorge Amaral, que era nosso guarda-redes e é hoje
comentador desportivo na CMTV. Ia
sempre de boleia com ele, é um grande ser humano”, afirmou em entrevista a O Blog do David.
Após a descida de divisão foi
cedido pelos salgueiristas
ao Desp.
Aves.
5. André Saura (34 jogos)
André Saura |
Extremo internacional sub-18
natural de Vila do Conde, passou pelos juvenis do Rio
Ave e pelos juniores e seniores do Varzim antes de reforçar o Recreio
de Águeda no verão de 1990 proveniente do Mangualde, tal como Jó.
Na única temporadas que passou
nos Galos
do Botaréu disputou 34 jogos (28 a titular) e somou três remates certeiros,
diante de Desp.
Aves, Varzim e Académico Viseu, não conseguindo evitar a despromoção.
Após a descida de divisão rumou
ao Desp.
Aves.
4. Bira (34 jogos)
Bira |
Disputou o mesmo número de jogos
de André Saura, mas amealhou mais 416 minutos em campo – 2978 contra 2652.
Possante ponta de lança
brasileiro que no seu país tinha jogado no poderoso Grêmio,
entrou no futebol português nos últimos meses de 1988 pela porta do Beira-Mar,
tendo ainda passado pelo Leixões
antes de reforçar o Recreio
de Águeda no verão de 1990.
Na edição inaugural da II
Liga atuou em 34 encontros (33 a titular) e apontou 16 golos, diante de Portimonense,
Varzim, Barreirense,
Sp. Espinho (dois), Torreense,
Lusitano
VRSA, Leixões,
Paços
de Ferreira (dois), Louletano,
Freamunde (dois), União
de Leiria e Maia (dois), mas que foram insuficientes para evitar a
despromoção. Apenas o leixonense
Edouard (22 golos) e o freamundense Paulo Fernando (17 golos) faturaram mais no
segundo escalão nessa época.
Em 1991-92 voltou ao Beira-Mar,
então na I
Divisão, mas na temporada seguinte regressou aos Galos
do Botaréu para competir na II Divisão B.
3. Belmiro (35 jogos)
Defesa que se cruzou com Semedo
nos juniores do FC
Porto, passou por clubes como Tirsense
e Paços
de Ferreira antes de assinar pelo Recreio
de Águeda no verão de 1990.
Na única temporada que passou no
clube disputou 35 jogos (todos a titular) e marcou um golo ao Torreense
na II
Liga, insuficiente para evitar a despromoção.
Após a descida de divisão
mudou-se para o Maia.
2. Luís Reina (36 jogos)
Luís Reina |
Extremo internacional português
natural de Olhão, passou pelos juniores do Benfica
e pelos seniores de clubes como Olhanense,
Portimonense,
Belenenses
e Sp.
Braga antes de ingressar no Recreio
de Águeda no verão de 1990.
Na única temporada em que
representou os Galos
do Botaréu atuou em 36 partidas (34 a titular) na II
Liga e apontou seis golos, frente a Portimonense
(dois), Feirense e Freamunde (três), ainda assim insuficientes para evitar a
despromoção.
Após a descida de divisão
regressou ao Olhanense.
1. Luís Castro (38 jogos)
Luís Castro |
Mais conhecido pela sua carreira
de treinador, Luís Castro fez também um trajeto interessante como jogador,
chegando a jogar na I
Divisão com as camisolas de Vitória
de Guimarães e O
Elvas.
Proveniente do Fafe,
reforçou o Recreio
de Águeda no verão de 1990, tendo na primeira temporada no clube atuado nas
38 jornadas do campeonato da II
Liga, sempre na condição de titular, e marcado um golo ao Feirense. Porém,
não evitou a descida à II Divisão B.
“O Castro vinha da I
Divisão e demonstrou logo a pessoa que era e ainda é hoje. Uma humildade
extrema, fora do vulgar. Era um amigo, um companheiro com quem todos podiam
falar porque estava sempre ao dispor”, contou ao Maisfutebol
o seu companheiro de equipa de então, Carmindo Dias.
Apesar da despromoção, permaneceu
nos Galos
do Botaréu até 1997, pendurando as botas numa altura em que os aguedenses
competiam na III Divisão.
Após encerrar a carreira de
jogador, iniciou a de treinador no emblema
do distrito de Aveiro, tendo começado pelos infantis, ainda que tenha
saltado rapidamente para os seniores, guiando-os à subida à II Divisão B logo
nessa temporada.
“Ainda hoje tenho residência em Águeda,
vivi lá durante muitos anos da minha vida de jogador, inclusivamente com
períodos muito difíceis. Cheguei a ter de ir, enquanto capitão, à procura de um
presidente para o clube. Não tínhamos direção e eu era capitão, orientava o
treino, era tudo [risos]. As dificuldades ajudam a que apareçam coisas novas em
nós”, afirmou à Tribuna
Expresso em junho de 2017.
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