Fundado a 6 de junho de 1923
devido à fusão de duas associações desportivas na então vila de Loulé, o Louletano
Desportos Clube viveu a fase de maior fulgor na sua história no início da
década de 1990, quando disputou a II Liga durante quatro temporadas
consecutivas.
Depois de largos anos nas
divisões secundárias, sobretudo a III Divisão e os campeonatos distritais da AF
Algarve, o emblema alvirrubro terminou em 3.º lugar na II Divisão – Zona
Sul em 1989-90, o que lhe garantiu a presença na edição inaugural da II Liga na
época seguinte. Em quatro participações, o melhor que o Louletano conseguiu foi
o 10.º lugar em 1992-93.
Após a despromoção à II Divisão B
em 1994 que o clube algarvio
tem competido nos campeonatos nacionais não profissionais, mas com o sonho do
regresso à II Liga bem presente.
Em quatro temporadas no segundo
escalão, 63 futebolistas jogaram pela formação de Loulé. Vale por isso a pena
recordar os dez que o fizeram por mais vezes.
10. Tó Manel (55 jogos)
Tó Manel |
Avançado possante, com um futebol
prático e oportunismo na área, nasceu em Albufeira, terra onde que começou por
jogar… basquetebol no Imortal. No futebol iniciou-se apenas no último ano de júnior,
no Quarteirense.
Entretanto passou por Imortal e
Silves antes de chegar pela primeira vez ao Louletano em 1986, sagrando-se logo
campeão nacional da III Divisão nessa época. Depois contribuiu para a
consolidação da equipa de Loulé na II Divisão e para a promoção à II Liga em
1989-90. Porém, um ano antes esteve quase a subir à I Liga, tendo ficado apenas
a dois pontos do União da Madeira.
Na temporada inaugural da II
Liga, em 1990-91, disputou 31 jogos (18 a titular) e marcou cinco golos, frente
a Feirense, Desp. Aves, Recreio
de Águeda, Lusitano
VRSA e Paços
de Ferreira.
Seguiram-se dois anos no
Beira-Mar, na I Liga, antes de regressar a Loulé em 1993-94 para atuar em 24
partidas (apenas seis a titular) e marcar dois golos, à União
de Leiria e à Ovarense, numa fase em que já tinha 33 anos, não conseguindo
evitar a descida à II Divisão B.
Depois prosseguiu a carreira no
sul do país ao serviço de clubes como Quarteirense, Imortal, Vasco
da Gama de Sines, Padernense, Silves, Lagoa, Guia e Armacenenses.
9. Luís Cláudio (55 jogos)
Luís Cláudio |
Disputou 55 jogos tal como Tó
Manel, mas esteve em campo durante mais 1553 minutos – 4463 contra 2910.
Defesa central brasileiro com
passado em clubes como Botafogo e Corinthians, reforçou o Louletano em 1988-89
e foi paulatinamente conquistando o seu espaço no eixo defensivo dos algarvios.
Na temporada de estreia na II Liga, em 1990-91, disputou 22 jogos (18 a
titular) e marcou um golo ao Leixões.
Na época seguinte foi mais longe
e participou em 33 encontros (todos como titular), tendo apontado três golos, frente
a Desp. Aves, Vitória
de Setúbal e Belenenses,
contribuindo para a obtenção do 10.º lugar, a melhor classificação de sempre
dos alvirrubros na II Liga. Além disso, esteve numa eliminatória equilibradíssima
da Taça
de Portugal frente ao FC
Porto de Vítor Baía, João Pinto, Fernando Couto, Jaime Magalhães,
Kostadinov e Domingos,
na qual os dragões
precisaram de suar para empatar em Loulé (2-2) e para vencer nas Antas (2-1).
Depois prosseguiu no segundo
escalão com as camisolas de Felgueiras e Penafiel.
8. Cristóvão (58 jogos)
Cristóvão |
Médio formado no Benfica
e com selo das seleções jovens nacionais, chegou pela primeira vez ao Louletano
em 1987-88, pagar na antiga II Divisão, depois de ter passado por União de
Almeirim, Torreense e Atlético.
Depois passou por Olhanense,
Famalicão – clube pelo qual se estreou na I Divisão – e Estrela
da Amadora antes de regressar a Loulé no verão de 1992 para jogar duas
temporadas com a camisola alvirrubra na II Liga. Na primeira disputou 30 jogos
(28 a titular) e marcou um golo à Ovarense, tendo participado num jogo da Taça
de Portugal em que o Benfica
de Veloso, Mostovoi, Isaías e Rui Águas sofreu para vencer no Algarve.
Na segunda época participou em 28 encontros (23 a titular), sem conseguir
evitar a despromoção.
Apesar da descida do Louletano,
Cristóvão manteve-se na II Liga ao serviço do Leça, subiu de divisão na época
seguinte e pôde jogar no patamar maior do futebol português ao longo de três
temporadas.
7. Branco (64 jogos)
Branco |
Médio brasileiro que tinha passado
por clubes modestos do seu país, reforçou o Louletano no verão de 1992.
De uma regularidade
impressionante, foi totalista na II Liga na época de estreia, tendo cumprido os
3060 minutos das 34 jornadas e apontado oito golos, faturados diante de União
da Madeira, Amora,
Ovarense, Benfica Castelo Branco (três), Campomaiorense e Penafiel,
tendo ainda jogado a renhida eliminatória da Taça
de Portugal diante do Benfica
em Loulé.
Na temporada seguinte disputou 30
jogos (27 a titular) e marcou quatro golos no campeonato. Desp. Chaves,
Campomaiorense, Leça e Académica foram as vítimas de Branco, que não conseguiu
evitar a descida à II Divisão B.
Porém, prosseguiu a carreira na
II Liga portuguesa com as cores do Amora,
tendo voltado a ser despromovido.
6. João Paulo (64 jogos)
João Paulo Grave |
Disputou 64 jogos tal como Branco,
mas esteve em campo durante mais 289 minutos – 5657 contra 5368. Médio algarvio
natural de Silves, jogava como médio defensivo e chegou ao Louletano no verão
de 1992 depois de passagens por Esperança de Lagos, Silves e Olhanense.
Embalado pela experiência de II Liga
adquirida pela equipa
de Olhão na época anterior, foi titular nas 34 jornadas do campeonato em
1992-93 e apontou três golos, frente a Feirense, Benfica Castelo Branco e Amora,
tendo ainda disputado a renhida eliminatória da Taça
de Portugal diante do Benfica.
Na temporada seguinte manteve a
influência, tendo disputado 30 encontros (todos na condição de titular) e
marcado um golo ao Torreense, mas foi impotente para evitar a despromoção.
Após a descida de divisão rumou
ao Amora,
reencontrando Branco e o treinador Ricardo Formosinho, que já o havia orientado
no Olhanense
e no Louletano.
5. João Carlos (65 jogos)
João Carlos |
Gigante defesa central brasileiro
(1,99 m) recrutado ao América de Três Rios no verão de 1992, estabeleceu-se de
pedra e cal no onze do Louletano logo na época de estreia, cumprindo os 3060 minutos
referentes às 34 jornadas do campeonato, tendo apontado três golos, diante de
União da Madeira, Campomaiorense e Leixões. Além disso, esteve na eliminatória
da Taça
de Portugal em que o Benfica
se viu à rasca para passar em Loulé.
Na temporada seguinte voltou a
ser titular indiscutível, tendo disputado 31 jogos (todos a titular) e marcado
um golo ao Leça, insuficiente para evitar a despromoção.
Apesar da descida manteve-se no
clube mais um ano, na II Divisão B, tendo ficado perto de subir à II Liga – Alverca
foi promovido com o mesmo número de pontos (48) – e participado na campanha até
aos oitavos de final da Taça
de Portugal em que os algarvios
eliminaram o Vitória
de Guimarães e foram afastados pelo FC
Porto.
No verão de 1995 prosseguiu a carreira
no Sp. Covilhã, clube que haveria de representar até 2003.
4. Carlos Pereira (65 jogos)
Carlos Pereira |
Disputou 65 jogos tal como João
Carlos, mas amealhou mais 152 minutos em campo – 5850 contra 5698. Guarda-redes
contratado ao Oriental em 1989, logo na época de estreia participou na promoção
do Louletano à II Liga, tendo dividido a titularidade com Zé Miguel.
Seguiram-se dois anos no segundo
escalão nos quais foi titular indiscutível na baliza algarvia. Em 1990-91
disputou 37 jogos e sofreu 42 golos no campeonato. Na época seguinte foi menos
utilizado, mas ainda assim participou em 28 encontros e foi buscar a bola ao
fundo das redes por 31 vezes, contribuindo para a obtenção do 10.º lugar, a
melhor classificação de sempre do Louletano.
Depois deu o salto para o Estoril,
clube que lhe permitiu jogar na I Liga.
3. Henrique (72 jogos)
Henrique |
Médio brasileiro proveniente do
conceituado Vasco da Gama, chegou ao Louletano no verão de 1988 e assumiu um
papel importante para a subida à II Liga dois anos depois, cooperando para a mesma
com sete golos em 1989-90.
Na época seguinte não se limitou
a manter a influência. Aumentou-a, tendo sido totalista na II Liga, cumprindo
os 3420 minutos referentes às 38 jornadas do campeonato. Nessa campanha marcou
a O Elvas (dois), Barreirense
(dois), Académico Viseu, Portimonense
e Sp. Espinho.
Em 1991-92 voltou a ser titular
em todos os jogos do campeonato, desta feita 34, tendo faturado por nove vezes,
frente a Desp. Aves, Benfica Castelo Branco, Belenenses,
Leixões, Rio
Ave (dois), Sp. Espinho, Olhanense
e Feirense, contribuindo para a obtenção do 10.º lugar, a melhor classificação
de sempre dos algarvios.
Além disso, esteve na eliminatória da Taça
de Portugal em que o FC
Porto esteve quase a perder em Loulé e a na iminência de se ver obrigado a
disputar prolongamento nas Antas.
No final da temporada rumou ao Nacional
da Madeira, tal como o lateral direito Bruno Xavier.
Viria a falecer em fevereiro de
2020, aos 57 anos, vítima de cancro na língua.
2. Álvaro Pedro (80 jogos)
Álvaro Pedro |
Médio natural de Alqueidão da
Serra, Porto de Mós, passou por vários clubes da zona de Leiria antes de
reforçar o Louletano no verão de 1991. Na primeira época sentiu algumas
dificuldades para se impor, tendo atuado em 14 jogos (11 a titular) no
campeonato, ajudando os algarvios
a alcançarem um honroso em 10.º lugar, e participado na renhida eliminatória da
Taça
de Portugal frente ao FC
Porto.
Nas temporadas seguintes
tornou-se titular indiscutível. Em 1992-93 disputou 32 encontros (todos a
titular) e marcou um golo ao União
de Leiria, tendo ainda defrontado o Benfica
numa eliminatória da Taça
de Portugal muito equilibrada em Loulé.
Na época que se seguiu esteve a
67 minutos de ser totalista no campeonato, tendo sido sempre titular ao longo
das 34 jornadas, ainda que sem conseguir evitar a descida à II Divisão B.
No verão de 1994 mudou-se para o
Leixões e depois voltou à zona de Leiria.
1. Pagani (136 jogos)
Pagani |
O único jogador a representar o
Louletano durante as quatro temporadas passadas na II Liga e possivelmente o
futebolista mais emblemático da história do clube.
Defesa central brasileiro proveniente
do Remo, já depois de ter representado o conceituado Santos, chegou a Loulé no
início de 1988 e por lá deu concluída a carreira de futebolista em 2002,
conquistando os estatutos de titular, (eterno) capitão de equipa e de lenda do
emblema algarvio.
Depois de ter ajudado o clube a
consolidar-se nos primeiros lugares da II Divisão – Zona Sul, contribuiu para a
promoção à II Liga em 1990, tendo disputado 136 jogos, todos como titular, ao
longo de quatro anos no recém-implementado segundo escalão do futebol português.
Nesse trajeto marcou dois golos, ao Académico Viseu e ao Portimonense,
ambos em 1991-92.
Após a descida à II Divisão B, em
1994, permaneceu no clube por mais oito anos, tendo estado na despromoção à III
Divisão em 1997 e na subida do ano seguinte, despedindo-se à beira de comemorar
o 40.º aniversário.
Jogador alto, franzino e com bigode
e cabelo fartos, também esteve em evidência na Taça
de Portugal. Em 1994-95 e 2001-02 ajudou os algarvios
a chegarem aos oitavos de final. Pelo meio esteve nas eliminatórias renhidas
com FC
Porto (1991-92) e Benfica
(1992-93).
Após pendurar as botas continuou
no clube como secretário-técnico e diretor desportivo.
Em 1999 foi agraciado com a Medalha
Municipal de Mérito (grau prata) pelo Município de Loulé. “Ao longo de 11 anos
como jogador e como capitão de equipa, Pagani foi a personificação da raça, da
abnegação e do estoicismo louletanos, na viva interpretação daquilo a que ainda
se cama amor à camisola. Dotado de grande formação moral e chefe de família
exemplar, Pagani vive com intensidade natural de quem vê nesta cidade a pátria
de seus filhos”, escreveu a autarquia a propósito da homenagem.
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