sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Hoje faz anos a promessa que saiu a mal do Sporting e falhou no FC Porto. Quem se lembra de Paulo Costa?

Paulo Costa foi 82 vezes internacional jovem por Portugal
Foi, por altura da viragem do milénio, uma das maiores promessas do futebol português. Fez-se internacional jovem quando ainda jogava nas camadas jovens do Odivelas, somou 82 internacionalizações desde os sub-16 à seleção B e esteve vinculado a Sporting, Inter de Milão, FC Porto e Bordéus, mas não confirmou o potencial que lhe era perspetivado.
 
Nascido a 5 de dezembro de 1979 no concelho da Moita, na margem sul do Tejo, podia desempenhar várias funções no ataque: médio ofensivo, extremo, segundo avançado ou ponta de lança. Começou a jogar futebol num modesto clube da freguesia lisboeta do Lumiar, o Charneca, de onde se mudou para o Odivelas. Foi ainda como jogador dos odivelenses que se sagrou campeão europeu de sub-16 em 1996, ao lado de Simão Sabrosa, Hugo Leal, Ednilson e Ricardo Esteves, entre outros.
 
Depois desse Europeu deu o salto para o Sporting, clube no qual concluiu a formação entre 1996 e 1998.  Em 1998-99 esteve no clube-satélite dos leões, o Lourinhanense, então na II Divisão B, e no final dessa época avançou, na companhia dos companheiros de equipa Marco Caneira e Alhandra, para a rescisão unilateral do contrato.
 
Na altura, os jovens futebolistas alegavam que os dirigentes do Sporting se recusavam a receber os seus representantes – Paulo Barbosa no caso de Paulo Costa –, uma violação das normas da FIFA, e argumentavam que tal lhes dava o direito a rescindir com justa causa. Entretanto, a justiça desportiva decidiu a favor do clube de Alvalade, mas o que é certo é que os jogadores acabaram mesmo por sair.
 
Os três internacionais jovens também diziam ter outras razões de queixa de natureza pessoal, nomeadamente falta de respeito e pressões para a renovação de contratos. “Os únicos treinadores que tinham alguma sensibilidade para trabalhar com os jovens e investir neles eram o mister Octávio e o mister Carlos Manuel. Só que não lhes deram tempo. Veja os casos do Beto e do Simão, em quem Octávio teve a coragem de apostar. De outra forma não teriam aparecido, mas são, infelizmente, a exceção à regra”, afirmou Paulo Costa ao Record em outubro de 1999, queixando-se também de ser preterido a favor de jogadores sul-americanos caros e sem provas dadas.
 
Paulo Costa, Alhandra e Caneira no Lourinhanense
“Para esses jogadores virem têm de pagar centenas de milhares de contos em comissões. E depois, é evidente, não há lugar para os jovens portugueses de qualidade formados no clube que são chutados para o Lourinhanense. Não admira, depois, que aconteça esta situação em que os jogadores são inscritos e desinscritos. E de quem é a culpa?”, questionou o então jovem atacante, que depois de se sagrar campeão europeu de sub-16 e até essa altura também marcou presença nos Europeus de sub-18 em 1997 e 1998 e no Mundial de sub-20 em 1999.
 
“Há dois anos, numa reunião com o sr. Norton de Matos disse-lhe que era internacional pelo Sporting e que merecia ganhar mais. Ele virou-se para mim e respondeu: se fosses meu filho e te estivessem a oferecer um contrato destes e não aceitasses, dava-te um bom par de estalos. Levantei-me, fui-me embora e nunca mais falei com o Sporting. Até duas semanas antes do Mundial da Nigéria. Nesse período o sr. Paulo de Abreu telefonava-me várias vezes por dia, para me dizer que estava mal-acompanhado, que se não assinasse nunca mais jogava à bola, que não tinha futuro. E Carlos Janela ligava para a minha mãe a fazer ameaças. Queriam que eu assinasse um contrato de oito anos, com uma cláusula de rescisão de 15 milhões de dólares. Ainda a propósito de Norton de Matos, gostaria de contar o seguinte: no Torneio de Toulon, no último Verão, ainda era funcionário do clube, abordou-me no sentido de não chegar a acordo com o Sporting, visto haver, segundo ele, vários clubes italianos interessados”, denunciou em outubro de 1999.
 
Entretanto, o trio seguiu para o Alverca, inicialmente para manter a forma, acabando depois por assinar contrato. “Pedimos ao presidente Luís Filipe Vieira para nos autorizar a treinar porque tínhamos lá muitos amigos. O sr. Carlos Pereira foi nosso treinador durante muitos anos nas camadas jovens do Sporting, o sr. Mariano Barreto também já tinha trabalhado connosco e o José Couceiro era a única pessoa, quando estava no Sporting, que nos acompanhava no Lourinhanense”, justificou Paulo Costa, que na segunda metade da temporada 1999-00 disputou 15 jogos (cinco a titular) e marco um golo pelos ribatejanos na I Liga.
 
No final dessa época, Paulo Costa e Marco Caneira assinaram pelo Inter de Milão, que por sua vez os emprestou ao Reggina, então a militar na Série A. Em 2000-01, o atacante disputou 23 jogos (apenas três a titular) e marcou um golo, curiosamente ao poderoso AC Milan – antecipando-se a Maldini para bater Abbiati –, na derradeira jornada do campeonato, mas não conseguiu evitar a descida de divisão.
 
 
Em julho de 2001, Paulo Costa assinou por quatro temporadas pelo FC Porto, que comprou 50 por cento do passe do futebolista por cerca de três milhões de euros. Concretizou-se assim um namoro antigo, uma vez que, um ano antes, o presidente portista Pinto da Costa fez questão de assinar com o jogador um pré-acordo que garantia a prioridade dos dragões para quando se consumasse o seu regresso a Portugal.
 
No entanto, o atacante não foi além de 16 jogos pela equipa principal dos azuis e brancos – e mais 12 pela equipa B – em 2001-02. Se já não contava muito para o primeiro treinador que teve nas Antas, Octávio Machado, desapareceu completamente do mapa após a chegada do segundo, José Mourinho, ao comando técnico. Ainda assim, no final dessa época foi convocado para o Europeu de sub-21.
 
Seguiu-se um empréstimo ao Veneza, então na Série B italiana, antes de se mudar para o Bordéus, clube em que reencontrou Marco Caneira. Pelos girondinos atuou em 20 jogos em 2003-04, dos quais apenas quatro na condição de titular, tendo contribuído para a caminhada até aos quartos de final da Taça UEFA.
 
Na temporada seguinte, viveu uma derradeira aventura no futebol português, com a camisola do Gil Vicente, mas voltou a não ser particularmente bem-sucedido, pois foi novamente mais vezes suplente utilizado (11) do que titular (oito).
 
Na primeira metade da época 2005-06 jogou pelo Bordéus B na quarta divisão francesa e depois rumou à Grécia para representar o Aris Salónica, inicialmente para competir na segunda divisão helénica, ajudando a equipa a subir ao primeiro escalão e posteriormente a apurar-se para a Taça UEFA.
 
 
 
Seguiram-se dois anos no Chipre, tendo voltado a jogar na Liga dos Campeões ao serviço do Anorthosis, clube pelo qual foi campeão cipriota em 2007-08 – na época seguinte tornou a vencer o título, mas pelo APOEL.
 
Em agosto de 2009 voltou à Grécia para vestir a camisola do Levadiakos e depois regressou a Chipre para representar APOP, Ermis Aradippou e Aris Limassol antes de pendurar as botas em 2011, aos 31 anos.
 
 



 




Sem comentários:

Enviar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...