Foi, por altura da viragem do
milénio, uma das maiores promessas do futebol português. Fez-se internacional
jovem quando ainda jogava nas camadas jovens do Odivelas,
somou 82 internacionalizações desde os sub-16 à seleção B e esteve vinculado a Sporting,
Inter
de Milão, FC
Porto e Bordéus,
mas não confirmou o potencial que lhe era perspetivado.
Nascido a 5 de dezembro de 1979
no concelho da Moita, na margem sul do Tejo, podia desempenhar várias funções
no ataque: médio ofensivo, extremo, segundo avançado ou ponta de lança. Começou
a jogar futebol num modesto clube da freguesia lisboeta do Lumiar, o Charneca, de
onde se mudou para o Odivelas.
Foi ainda como jogador dos odivelenses
que se sagrou campeão europeu de sub-16 em 1996, ao lado de Simão
Sabrosa, Hugo Leal, Ednilson e Ricardo Esteves, entre outros. Depois desse Europeu deu o salto
para o Sporting,
clube no qual concluiu a formação entre 1996 e 1998. Em 1998-99 esteve no clube-satélite dos leões,
o Lourinhanense,
então na II Divisão B, e no final dessa época avançou, na companhia dos
companheiros de equipa Marco Caneira e Alhandra, para a rescisão unilateral do
contrato. Na altura, os jovens futebolistas
alegavam que os dirigentes do Sporting
se recusavam a receber os seus representantes – Paulo Barbosa no caso de Paulo
Costa –, uma violação das normas da FIFA, e argumentavam que tal lhes dava o
direito a rescindir com justa causa. Entretanto, a justiça desportiva decidiu a
favor do clube
de Alvalade, mas o que é certo é que os jogadores acabaram mesmo por sair. Os três internacionais jovens
também diziam ter outras razões de queixa de natureza pessoal, nomeadamente falta
de respeito e pressões para a renovação de contratos. “Os únicos treinadores
que tinham alguma sensibilidade para trabalhar com os jovens e investir neles
eram o mister Octávio
e o mister Carlos Manuel. Só que não lhes deram tempo. Veja os casos do Beto e
do Simão,
em quem Octávio
teve a coragem de apostar. De outra forma não teriam aparecido, mas são,
infelizmente, a exceção à regra”, afirmou Paulo Costa ao Record
em outubro de 1999, queixando-se também de ser preterido a favor de jogadores
sul-americanos caros e sem provas dadas.
Paulo Costa, Alhandra e Caneira no Lourinhanense
“Para esses jogadores virem têm
de pagar centenas de milhares de contos em comissões. E depois, é evidente, não
há lugar para os jovens portugueses de qualidade formados no clube que são
chutados para o Lourinhanense.
Não admira, depois, que aconteça esta situação em que os jogadores são
inscritos e desinscritos. E de quem é a culpa?”, questionou o então jovem
atacante, que depois de se sagrar campeão europeu de sub-16 e até essa altura
também marcou presença nos Europeus de sub-18 em 1997 e 1998 e no Mundial de
sub-20 em 1999.
“Há dois anos, numa reunião com o
sr. Norton
de Matos disse-lhe que era internacional pelo Sporting
e que merecia ganhar mais. Ele virou-se para mim e respondeu: se fosses meu
filho e te estivessem a oferecer um contrato destes e não aceitasses, dava-te
um bom par de estalos. Levantei-me, fui-me embora e nunca mais falei com o Sporting.
Até duas semanas antes do Mundial da Nigéria. Nesse período o sr. Paulo de
Abreu telefonava-me várias vezes por dia, para me dizer que estava mal-acompanhado,
que se não assinasse nunca mais jogava à bola, que não tinha futuro. E Carlos
Janela ligava para a minha mãe a fazer ameaças. Queriam que eu assinasse um
contrato de oito anos, com uma cláusula de rescisão de 15 milhões de dólares.
Ainda a propósito de Norton
de Matos, gostaria de contar o seguinte: no Torneio de Toulon, no último
Verão, ainda era funcionário do clube, abordou-me no sentido de não chegar a
acordo com o Sporting,
visto haver, segundo ele, vários clubes italianos interessados”, denunciou em
outubro de 1999. Entretanto, o trio seguiu para o Alverca,
inicialmente para manter a forma, acabando depois por assinar contrato. “Pedimos
ao presidente Luís
Filipe Vieira para nos autorizar a treinar porque tínhamos lá muitos
amigos. O sr. Carlos Pereira foi nosso treinador durante muitos anos nas
camadas jovens do Sporting,
o sr. Mariano Barreto também já tinha trabalhado connosco e o José
Couceiro era a única pessoa, quando estava no Sporting,
que nos acompanhava no Lourinhanense”,
justificou Paulo Costa, que na segunda metade da temporada 1999-00 disputou 15
jogos (cinco a titular) e marco um golo pelos ribatejanos
na I
Liga. No final dessa época, Paulo Costa
e Marco Caneira assinaram pelo Inter
de Milão, que por sua vez os emprestou ao Reggina, então a militar na Série
A. Em 2000-01, o atacante disputou 23 jogos (apenas três a titular) e marcou
um golo, curiosamente ao poderoso AC
Milan – antecipando-se a Maldini para bater Abbiati –, na derradeira
jornada do campeonato, mas não conseguiu evitar a descida de divisão.
Em julho de 2001, Paulo Costa
assinou por quatro temporadas pelo FC
Porto, que comprou 50 por cento do passe do futebolista por cerca de três
milhões de euros. Concretizou-se assim um namoro antigo, uma vez que, um ano
antes, o presidente portista Pinto
da Costa fez questão de assinar com o jogador um pré-acordo que garantia a
prioridade dos dragões
para quando se consumasse o seu regresso a Portugal. No entanto, o atacante não foi
além de 16 jogos pela equipa principal dos azuis
e brancos – e mais 12 pela equipa B – em 2001-02. Se já não contava muito para
o primeiro treinador que teve nas Antas, Octávio
Machado, desapareceu completamente do mapa após a chegada do segundo, José
Mourinho, ao comando técnico. Ainda assim, no final dessa época foi convocado
para o Europeu de sub-21. Seguiu-se um empréstimo ao
Veneza, então na Série B italiana, antes de se mudar para o Bordéus,
clube em que reencontrou Marco Caneira. Pelos girondinos
atuou em 20 jogos em 2003-04, dos quais apenas quatro na condição de titular, tendo
contribuído para a caminhada até aos quartos de final da Taça
UEFA. Na temporada seguinte, viveu uma
derradeira aventura no futebol português, com a camisola do Gil
Vicente, mas voltou a não ser particularmente bem-sucedido, pois foi
novamente mais vezes suplente utilizado (11) do que titular (oito). Na primeira metade da época
2005-06 jogou pelo Bordéus
B na quarta divisão francesa e depois rumou à Grécia para representar o Aris
Salónica, inicialmente para competir na segunda divisão helénica, ajudando a
equipa a subir ao primeiro escalão e posteriormente a apurar-se para a Taça
UEFA.
Seguiram-se dois anos no Chipre, tendo
voltado a jogar na Liga
dos Campeões ao serviço do Anorthosis, clube pelo qual foi campeão cipriota
em 2007-08 – na época seguinte tornou a vencer o título, mas pelo APOEL. Em agosto de 2009 voltou à Grécia
para vestir a camisola do Levadiakos e depois regressou a Chipre para
representar APOP, Ermis Aradippou e Aris Limassol antes de pendurar as botas em
2011, aos 31 anos.
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