sexta-feira, 22 de novembro de 2024

O “rato cabeludo” de Constantim que cortava a meta de “carrinho”. Uma viagem pela infância de Simão Sabrosa

Simão Sabrosa começou a jogar futebol na Escola Diogo Cão
Uma criança com jeito para tudo o que era desporto, Simão Sabrosa brilhou no atletismo antes de se notabilizar no futebol, ganhando tudo o que eram corridas de 60 metros. A certeza de vencer era tanta que, numa prova em Chaves, como a vantagem era muita, chegou a cortar a meta a fazer um “carrinho”, uma gracinha que lhe valeu um raspanete do diretor da prova, mas que é sintomática da irreverência que anos mais tarde patenteou em campo.
 
Natural de Constantim, aldeia do concelho de Vila Real, começou a jogar futebol com uma bola de trapos construída pela mãe, quando tinha oito anos. Ao final da tarde, ia chutá-la com o irmão mais velho, Serafim, numa rua que ironicamente se chamava Rua do Campo de Futebol. Devido aos oito anos de diferença, o mano mais novo tinha direito a uma baliza mais pequena, o portão mais pequeno da casa, enquanto o mais velho defendia o portão grande da garagem em frente.
 
Ainda que muito pequeno, Simão começou a fazer parte das peladinhos do irmão com os amigos, parecendo um “rato cabeludo” que, com a sua velocidade, dava que fazer aos mais velhos.
 
Entretanto, foi desafiado a treinar à experiência na Escola Diogo Cão, num campo de alcatrão típico dos pátios da escola. Depressa convenceu e ficou, contando com a ajuda de Serafim para convencer os pais.
 
Serafim, que jogou no Vila Real até aos 15 anos, também era extremo esquerdo e chegou a ser convidado para jogar no FC Porto, viria a revelar-se numa enorme muleta para o mano mais novo nesta fase, fazendo-lhe os trabalhos de casa enquanto Simão já dormia, cansado do dia de escola e do treino.
 
Aos onze anos, Simão despertou a cobiça de alguns dos maiores emblemas nacionais, o Boavista. Porém, os pais e o irmão acharam que era muito cedo para sair de casa. Nessa altura, jogava ao sábado pelos infantis e ao domingo pelos iniciados.
 
Cerca de dois anos depois, apareceu o interesse do Sporting, tendo Mário Lino rumado até Constantim para reunir com os pais do atacante e com a Escola Diogo Cão, que já tinha um acordo do… FC Porto. Simão dormia quando ficou tudo acertado, tendo passado a viver em Lisboa em novembro de 1992, tendo chegado à capital após oito horas de autocarro.
 
Os primeiros tempos não foram fáceis, com conversas ao telefone em que se ouviam mais soluços de choro do que palavras completas, conforme contou o internacional português no livro A arte de Simão Sabrosa (2002). A partir daí, o jovem extremo passou a ver a família apenas nas férias escolares, tendo ficado a viver no Estádio José Alvalade.







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