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Simão Sabrosa começou a jogar futebol na Escola Diogo Cão |
Uma criança com jeito para tudo o
que era desporto, Simão Sabrosa brilhou no atletismo antes de se notabilizar no
futebol, ganhando tudo o que eram corridas de 60 metros. A certeza de vencer era
tanta que, numa prova em Chaves, como a vantagem era muita, chegou a cortar a
meta a fazer um “carrinho”, uma gracinha que lhe valeu um raspanete do diretor
da prova, mas que é sintomática da irreverência que anos mais tarde patenteou
em campo.
Natural de Constantim, aldeia do
concelho de Vila Real, começou a jogar futebol com uma bola de trapos
construída pela mãe, quando tinha oito anos. Ao final da tarde, ia chutá-la com
o irmão mais velho, Serafim, numa rua que ironicamente se chamava Rua do Campo
de Futebol. Devido aos oito anos de diferença, o mano mais novo tinha direito a
uma baliza mais pequena, o portão mais pequeno da casa, enquanto o mais velho
defendia o portão grande da garagem em frente.
Ainda que muito pequeno, Simão
começou a fazer parte das peladinhos do irmão com os amigos, parecendo um “rato
cabeludo” que, com a sua velocidade, dava que fazer aos mais velhos.
Entretanto, foi desafiado a
treinar à experiência na Escola Diogo Cão, num campo de alcatrão típico dos
pátios da escola. Depressa convenceu e ficou, contando com a ajuda de Serafim
para convencer os pais.
Serafim, que jogou no Vila Real
até aos 15 anos, também era extremo esquerdo e chegou a ser convidado para
jogar no
FC
Porto, viria a revelar-se numa enorme muleta para o mano mais novo nesta
fase, fazendo-lhe os trabalhos de casa enquanto Simão já dormia, cansado do dia
de escola e do treino.
Aos onze anos, Simão despertou a cobiça
de alguns dos maiores emblemas nacionais, o
Boavista.
Porém, os pais e o irmão acharam que era muito cedo para sair de casa. Nessa
altura, jogava ao sábado pelos infantis e ao domingo pelos iniciados.
Cerca de dois anos depois,
apareceu o interesse do
Sporting,
tendo Mário Lino rumado até Constantim para reunir com os pais do atacante e
com a Escola Diogo Cão, que já tinha um acordo do…
FC
Porto. Simão dormia quando ficou tudo acertado, tendo passado a viver em
Lisboa em novembro de 1992, tendo chegado à capital após oito horas de
autocarro.
Os primeiros tempos não foram
fáceis, com conversas ao telefone em que se ouviam mais soluços de choro do que
palavras completas, conforme contou o internacional português no livro
A
arte de Simão Sabrosa (2002). A partir daí, o jovem extremo passou a ver a
família apenas nas férias escolares, tendo ficado a viver no
Estádio
José Alvalade.
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