“Paulinho, o carro é mesmo muito bonito”. A história do Porsche amarelo de Futre
Paulo Futre com o mítico Porsche amarelo
Na ressaca de o FC
Porto ter vencido a Taça
dos Campeões Europeus em 1987, Paulo
Futre e Pinto
da Costa chegaram a fechar um acordo para uma transferência para o Inter
de Milão, com o clube a receber 250 mil contos (1,25 milhões de euros) e o
jogador, muito assediado naquela altura, um salário de 80 mil contos por ano
(400 mil euros).
Tudo apontava para a assinatura
de contrato após um mundialito de clubes disputado em Milão, mas apareceu em
cena Jesús
Gil y Gil. “Paulinho,
vem aí um homem de Espanha que é candidato a presidente do Atlético
Madrid. Parece que tem muito mais dinheiro. Tanto para o FC
Porto como para ti. Vamos ouvir o que ele tem para dizer”, disse Pinto
da Costa ao montijense. Quando se encontraram
pessoalmente, Gil
y Gil identificou Futre
pelo nome escrito nos chinelos, apresentou-se e perguntou a Pinto
da Costa quanto queria pela transferência. 400 mil contos (cerca de dois
milhões de euros) foi a resposta. “Ok. E tu, Futre?”,
questionou. 120 mil contos por ano (cerca de 600 mil euros), respondeu o
craque. “Ok”, aceitou Gil
y Gil. E assim se negociou uma das transferências mais caras naquela
altura. Depois de negociações duras com o
Inter
fechadas por um valor menor, Futre
e Pinto
da Costa desconfiaram de toda aquela facilidade, o que levou com que ambos
pedissem mais dinheiro à cabeça, até porque já havia um acordo com os nerazzurri
e não era garantido que Gil
y Gil se tornasse presidente do Atlético
Madrid. O presidente
portista pediu então 100 mil contos (500 mil euros) e o extremo metade
desse valor. “Ok”, foi mais uma vez a resposta. Futre
foi mais longe ainda. “E claro que me dão uma casa com piscina e um carro, não?”,
perguntou. “Sim, claro. Que carro queres?”, questionou Gil.
“Um Porsche. Mas antes das eleições.” “Ok, ok, não há problema. Tens o carro
antes das eleições”, respondeu o ainda candidato. “Fico a pensar o quão
estúpido fui. ‘Porque é que não pedi um Ferrari?!’”, reconheceu Futre
no livro El Portugués.
Dias depois, Gil
y Gil, Futre
e Pinto
da Costa seguiram num avião privado para Madrid. E no topo das prioridades na
agenda deste trio estava a compra do Porsche. Depois de ter passado por uma
discoteca com cerca de cinco mil adeptos colchoneros
a gritarem pelo nome dele, o craque dormiu poucas horas e acordou bem cedo para
os três irem ao stand, onde só havia um Porsche para entrega imediata, e era
amarelo. “Se quiser em branco ou em vermelho, tem de espera mais algumas
semanas”, disseram-lhe. Mas como até lá Gil
y Gil poderia perder as eleições, Pinto
da Costa teve uma saída em jeito de conselho ao jogador: “Paulinho,
o carro é mesmo muito bonito.” Depois de umas risadas, a compra lá avançou.
Passados quatro dias, Gil
y Gil ganhou mesmo as eleições, de forma esmagadora, e Paulo
Futre tornou-se oficialmente jogador do Atlético
Madrid.
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