segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

“Paulinho, o carro é mesmo muito bonito”. A história do Porsche amarelo de Futre

Paulo Futre com o mítico Porsche amarelo
Na ressaca de o FC Porto ter vencido a Taça dos Campeões Europeus em 1987, Paulo Futre e Pinto da Costa chegaram a fechar um acordo para uma transferência para o Inter de Milão, com o clube a receber 250 mil contos (1,25 milhões de euros) e o jogador, muito assediado naquela altura, um salário de 80 mil contos por ano (400 mil euros).
 
Tudo apontava para a assinatura de contrato após um mundialito de clubes disputado em Milão, mas apareceu em cena Jesús Gil y Gil. “Paulinho, vem aí um homem de Espanha que é candidato a presidente do Atlético Madrid. Parece que tem muito mais dinheiro. Tanto para o FC Porto como para ti. Vamos ouvir o que ele tem para dizer”, disse Pinto da Costa ao montijense.
 
Quando se encontraram pessoalmente, Gil y Gil identificou Futre pelo nome escrito nos chinelos, apresentou-se e perguntou a Pinto da Costa quanto queria pela transferência. 400 mil contos (cerca de dois milhões de euros) foi a resposta. “Ok. E tu, Futre?”, questionou. 120 mil contos por ano (cerca de 600 mil euros), respondeu o craque. “Ok”, aceitou Gil y Gil. E assim se negociou uma das transferências mais caras naquela altura.
 
Depois de negociações duras com o Inter fechadas por um valor menor, Futre e Pinto da Costa desconfiaram de toda aquela facilidade, o que levou com que ambos pedissem mais dinheiro à cabeça, até porque já havia um acordo com os nerazzurri e não era garantido que Gil y Gil se tornasse presidente do Atlético Madrid. O presidente portista pediu então 100 mil contos (500 mil euros) e o extremo metade desse valor. “Ok”, foi mais uma vez a resposta.
 
Futre foi mais longe ainda. “E claro que me dão uma casa com piscina e um carro, não?”, perguntou. “Sim, claro. Que carro queres?”, questionou Gil. “Um Porsche. Mas antes das eleições.” “Ok, ok, não há problema. Tens o carro antes das eleições”, respondeu o ainda candidato. “Fico a pensar o quão estúpido fui. ‘Porque é que não pedi um Ferrari?!’”, reconheceu Futre no livro El Portugués.
 
 
Dias depois, Gil y Gil, Futre e Pinto da Costa seguiram num avião privado para Madrid. E no topo das prioridades na agenda deste trio estava a compra do Porsche. Depois de ter passado por uma discoteca com cerca de cinco mil adeptos colchoneros a gritarem pelo nome dele, o craque dormiu poucas horas e acordou bem cedo para os três irem ao stand, onde só havia um Porsche para entrega imediata, e era amarelo. “Se quiser em branco ou em vermelho, tem de espera mais algumas semanas”, disseram-lhe. Mas como até lá Gil y Gil poderia perder as eleições, Pinto da Costa teve uma saída em jeito de conselho ao jogador: “Paulinho, o carro é mesmo muito bonito.” Depois de umas risadas, a compra lá avançou.
 
 
Passados quatro dias, Gil y Gil ganhou mesmo as eleições, de forma esmagadora, e Paulo Futre tornou-se oficialmente jogador do Atlético Madrid.



 







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