Hoje faz anos o campeão pelo FC Porto e internacional A que começou e acabou no Desp. Aves. Quem se lembra de Neves?
Neves foi campeão nacional pelo FC Porto por três vezes
Começou e acabou a carreira no Desportivo
das Aves, clube no qual também foi vice-presidente e candidato à
presidência, mas foi ao serviço do FC
Porto que conquistou títulos e na condição de jogador do Belenenses
que se tornou internacional A.
Joaquim Silva das Neves, ou
simplesmente Neves, nasceu a 24 de dezembro de 1970, em Santo Tirso, e entrou
para as camadas jovens do emblema
avense em 1984-85, na altura para jogar na equipa de iniciados. Em 1988-89 ascendeu ao plantel
principal e por lá permaneceu durante três temporadas, as duas primeiras na II
Divisão e a terceira na recém-criada II
Liga. Em maio de 1990 tornou-se internacional sub-21
ao participar no Torneio de Toulon e um ano depois deu o salto para o FC
Porto. “Com 17 anos, assinei contrato
profissional com o Aves,
e no segundo ano de júnior já era titular nos seniores. Fui ao Torneio de
Toulon, onde a maioria da seleção era composta pela geração de Riade, o Abel
Silva lesionou-se e acabei por ser titular, era o único da II
Liga no onze”, recordou ao Maisfutebol
em abril de 2022. Contudo, este lateral direito pouco
jogou de dragão ao peito, uma vez que o dono da posição era o mítico João
Pinto. Depois de três jogos e um título de campeão em cada uma das duas
primeiras épocas nas Antas (1991-92 e 1992-93), assim como uma Supertaça
em 1991, iniciou um ciclo de sucessivos empréstimos. “Apanhei o João
Pinto pela frente e pouco joguei naquelas duas épocas com o Carlos
Alberto Silva, embora tenha ganho dois campeonatos e uma Supertaça.
Em 1993-94, ainda apanhei o Ivic, mas pedi para sair em dezembro e fui para o Sp.
Braga com o António
Oliveira”, contou o defesa, que em 1994-95 esteve cedido ao Gil
Vicente e marcou de canto direto ao Boavista.
No verão de 1995 ficou livre. “Assinei
pelo Salgueiros,
mas acabei por não jogar. O João
Alves quis-me no Belenenses
e o Belenenses
ofereceu ao Salgueiros
três jogadores para me ter: o Chico Fonseca, o Abílio e o Miguel Bruno”, contou
Neves, que viveu no Restelo a melhor temporada da carreira, ao ponto de ter
sido chamado à seleção:
“Fiz uma época fantástica no Belenenses
do João
Alves, com uma equipa fabulosa, que entrava em todos os campos para ganhar.
Nesse ano fui internacional A, com o António
Oliveira, num Portugal-Grécia,
e fiz parte dos últimos 30 para o Euro 1996,
mas fui operado ao menisco. Não sei se iria ou não ao Europeu,
mas estive na lista.”
Valorizado, recebeu propostas de Benfica,
Sporting
e Deportivo
da Corunha, mas foi convencido pelo próprio empresário, José Veiga, a
voltar ao FC
Porto. Contudo, por ainda não estar nas condições físicas ideais após a
cirurgia, foi dispensado após a pré-época e acabou emprestado ao Marítimo. “Fiz mais uma grande época no Marítimo,
num ano que começou com o Manuel José, e depois o Manuel José quis levar-me
para o Benfica.
Queria-me a mim, ao Nuno
Valente e ao Tiago. Só que eu pertencia ao FC
Porto e a transferência não foi possível. Acabei por ser integrado no
plantel do FC
Porto”, lembrou o lateral, que em 1997-98 atuou em dez jogos pelos portistas,
entre os quais dois diante do Real
Madrid para a Liga
dos Campeões. Ainda assim, pouco para o que perspetivava:
“Voltei com outro peso, com outro estatuto e experiência, e achava que aquele
podia ser o meu ano. Fiz mais jogos, é certo, mas nunca tive a regularidade que
precisava. (…) Pelo lado positivo, posso dizer que fui campeão sempre que
estive no FC
Porto. Aliás, fiquei na história do pentacampeonato e ainda ganhei uma Taça
de Portugal nesse ano.” Desta vez, já não havia João
Pinto, mas pontificavam no plantel portista Carlos Secretário, Butorovic e
um Sérgio
Conceição que de vez em quando era adaptado ao lado direito da defesa. No início da temporada 1998-99
foi dispensado pelo recém-contratado treinador do FC
Porto, Fernando Santos. “Fiquei três ou quatro meses sem jogar e saí para o
Desportivo
de Chaves. Depois fiz duas épocas no Salgueiros
e regressei em definitivo ao Desportivo
das Aves, já com 30 anos, a pensar no final da carreira, como veio a
acontecer”, acrescentou o defesa, que pendurou as botas em 2005, aos 34 anos. “Tive
uma carreira boa, joguei vários anos na Liga,
joguei no FC
Porto, conquistei cinco títulos, fui internacional sub-21,
fui internacional A, portanto não me posso queixar”, rematou, em jeito de balanço. Posteriormente voltou a servir o Desportivo
das Aves como vice-presidente para a formação, entre 2010 e 2020, um ciclo
que encerrou quando decidiu concorrer à presidência do clube, mas perdeu as
eleições para António Freitas. Paralelamente, em 2003 abriu com a esposa uma
loja de produtos ortopédicos e dietéticos, a Ortoneves, e posteriormente alargou
o negócio, com um armazém e uma dezena de lojas espalhadas pela região Norte.
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