Hoje faz anos o goleador jugoslavo do Benfica que guiou o Salgueiros à UEFA. Quem se lembra de Filipovic?
Filipovic somou 41 golos em 84 jogos pelo Benfica entre 1981 e 1984
Ponta de lança de origem
montenegrina que ganhou grande reputação na antiga
Jugoslávia na década de 1970, brilhou ao serviço do Estrela
de Vermelha entre 1969 e 1980, período no qual totalizou 302 golos em 520
jogos, assim como três campeonatos nacionais (1972-73, 1976-77 e 1979-80), uma
taça jugoslava (1970-71) e o prémio de melhor marcador do campeonato em
1976-77. É, ainda hoje, o recordista de golos do clube
de Belgrado nas competições europeias, com 28 remates certeiros entre Taça
dos Campeões Europeus, Taça
UEFA e Taça das Taças.
“Comecei a treinar no Estrela
Vermelha com 15 anos e com 17 estava na primeira equipa, algo bastante
complicado na altura. Tive a sorte de entrar numa geração de jogadores muito
bons e assinei contrato com 18 anos – com 17 não podia e tive de esperar.
Lembro-me que assinei contrato para dez anos! Fiz perto de 500 jogos pelo clube
e continuo a ser o melhor marcador do clube em jogos internacionais, é um
privilégio ter estes registos”, contou ao zerozero
em setembro de 2024.
Paralelamente, alcançou 13
internacionalizações e dois golos pela seleção
nacional da Jugoslávia entre 1971 e 1977, não tendo marcado presença em
qualquer fase final.
Na altura o regime jugoslavo não
deixava os seus melhores futebolistas emigrar antes dos 28 anos, mas assim que
teve oportunidade, Zoran Filipovic aventurou-se no estrangeiro. Em 1980-81 teve
uma passagem pelos belgas do Club Brugge, mas foi no Benfica
que voltou a brilhar entre 1981 e 1984, sobretudo às ordens de Sven-Göran
Eriksson. “A possibilidade de vir para o Benfica
surgiu através de um empresário, que sabia que o Benfica
estava à procura de um ponta de lança. O Lajos Baróti, treinador do Benfica
na altura, lembrou-se de mim porque dez anos antes eu tinha-lhe marcado dois
golos ao serviço do Estrela
Vermelha. Foi com muita alegria que me mudei para o Benfica,
mas na altura já tinha 28 anos”, recordou. De águia ao peito somou 41 golos
em 84 encontros e conquistou dois campeonatos (1982-83 e 1983-84) e uma Taça
de Portugal (1982-83). Foi ainda absolutamente decisivo para a caminhada
até à final da Taça
UEFA em 1982-83, sagrando-se melhor marcador dessa edição da prova, com
oito golos.
Em 1984, já com 31 anos, foi para
o Boavista,
onde encerrou a carreira de jogador e iniciou a de treinador, ainda que na
altura como adjunto, em 1986.
Como treinador principal só se
haveria de estrear em 1988, no comando técnico do Salgueiros.
Em 1989-90 guiou o emblema
de Paranhos à conquista do título nacional da II Divisão e na época
seguinte conseguiu um impensável apuramento para a Taça
UEFA, fruto de um quinto lugar no campeonato. “A equipa era muito boa. O
Filipovic soube escolher bem os jugoslavos e o resto da malta era tudo uma
família. Éramos muito unidos, como se fossemos só um homem. O Salgueiros nunca
pensou ser possível ficar no quinto lugar. Foi um sucesso fantástico”, recordou
Stevan Milovac ao Maisfutebol em
dezembro de 2020. Nesse período, Zoran Filipovic
esteve também umbilicalmente associado ao lançamento de jovens jogadores como
os futuros internacionais Ricardo
Sá Pinto e Nélson. Os bons resultados, porém, não prosseguiram
nas épocas seguintes, tendo deixado o cargo em 1993. Depois orientou o Beira-Mar
em 1993-94, foi adjunto do Benfica
entre 1994 e 1996 (chegando a assumir interinamente o comando técnico) e teve
breves passagens ao leme de Boavista
(1996-97) e Vitória
de Guimarães (1998-99). No estrangeiro, fez parte da
equipa técnica da seleção
da Jugoslávia que participou no Mundial 1998 e no Euro
2000, venceu uma Taça da Jugoslávia pelo Estrela
Vermelha em 2001-02, foi diretor técnico da seleção de sub-21 da Sérvia
e Montenegro e tornou-se, em 2007, no primeiro selecionador nacional de
Montenegro, tendo estado no cargo até 2010. O último trabalho que teve foi como
selecionador da Líbia, mas durou apenas seis meses, entre dezembro de 2020 e
maio de 2021.
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