Hoje faz anos a coqueluche do Benfica que saiu para o Real Madrid e fez carreira em Espanha. Quem se lembra de Edgar?
Edgar despontou no Benfica e passou oito anos e meio no Málaga
Foi, em tempos, o menino bonito
do Benfica,
a coqueluche da Luz.
No verão de 1998 deu o salto para o Real
Madrid e a estreou-se pela seleção
nacional A, mas acabou por fazer uma carreira aquém das expetativas, até
porque não chegou a jogar pelos merengues
nem a somar mais encontros pela principal
equipa das quinas.
Nascido em Luanda, saiu de Angola
com o país em guerra e veio para Portugal em tenra idade, tendo integrado as
camadas jovens do Benfica
em 1990-91. A transição para a equipa principal aconteceu em 1994-95, com a
estreia a acontecer aos 17 anos e 10 meses, pela mão de Artur
Jorge, na finalíssima da Supertaça
Cândido de Oliveira em Paris, onde as águias
foram derrotadas pelo FC
Porto (0-1) a 20 de junho de 1995. Na temporada seguinte reforçou o
estatuto, sobretudo desde que Mário Wilson substituiu Artur
Jorge no comando técnico, tendo disputado um total de 31 jogos (10 a
titular), apontado dois golos e contribuído para a conquista da Taça
de Portugal.
“Mas depois veio o Paulo Autuori
[no verão de 1996] e acharam que era melhor eu rodar no Alverca,
o clube-satélite. Fiquei lá três ou quatro meses. Felizmente, depois o Manuel
José assumiu o cargo e perguntou logo por mim. Fui treinar numa quinta-feira e
fui logo titular do Benfica
no sábado. Tive muitos pais desportivos, vários nas camadas jovens e depois o Artur
Jorge, que apostou em mim com 17 anos, e o Manuel José, que foi buscar-me
num momento difícil”, recordou ao Maisfutebol
em maio de 2021. Além dos três golos em 18 jogos
pelos ribatejanos,
então na II
Liga, Edgar faturou por seis vezes em 23 encontros de águia ao peito em
1996-97, contribuindo para nova caminhada até à final da Taça
de Portugal, desta feita perdida para o Boavista.
Já a temporada de 1997-98 ficou
marcada pela chegada de Vale
e Azevedo à presidência do Benfica
e a de Graeme
Souness ao comando técnico, assim como pelo difícil processo de renovação
do contrato de Edgar. “O que eu ganhava, eu aceitava, mas surgiram algumas
mentiras sobre o processo de renovação, coisas que não foram bonitas. Cresci
num Benfica
com mística, mas, entretanto, chegou o Vale
e Azevedo. Se não tivesse sido assim, penso que tinha ficado no Benfica
até hoje”, lembrou o antigo extremo, que nessa época não foi além de 13 jogos e
três golos.
Ainda assim, no verão de 1998 teve
em mãos uma proposta irrecusável do Real
Madrid. Aceitou, mas nunca chegou a jogar oficialmente com a mítica
camisola blanca: “O Real
Madrid tinha sido campeão europeu e tinha vários jogadores que vinham do
Mundial de 1998. Aquilo foi incrível, os carrões todos à porta, aqueles craques
todos… e o Guus Hiddink acabou por abdicar de dois campeões europeus, o Victor
e o Amavisca, para apostar em mim e no Samuel Eto’o, que tinha 18 anos. O
Redondo era craque e aconselhava-me muito, assim como o Seedorf, o Roberto
Carlos, o Karembeu, enfim, grandes jogadores. Eu e o Eto’o fomos inscritos na Liga dos
Campeões, fomos convocados algumas vezes, ele ainda fez um jogo, mas eu não
fiz nenhum.” Durante os primeiros meses na
capital espanhola alcançou também a única internacionalização A do currículo,
num amigável diante de Moçambique
(2-1) no Estádio de São Miguel, em Ponta Delgada. Nesse jogo, disputado a 19 de
agosto de 1998, substituiu o ex-companheiro de equipa Nuno Gomes. Em janeiro de 1999 rumou ao Málaga,
inicialmente por empréstimo, começando aí uma forte ligação de oito anos e meio,
até junho de 2007. Na primeira meia época na Andaluzia sagrou-se campeão da II
Liga Espanhola e na segunda temporada fazia uma campanha positiva na La
Liga e capitaneava a seleção
nacional de sub-21 (pela qual somou 24 internacionalizações) quando sofreu
uma grave lesão em março de 2000, num choque com Naybet durante um jogo diante
do Deportivo.
Só voltaria aos relvados em
outubro de 2000, mas sentiu dificuldades em reencontrar o seu espaço, apesar da
moral recebida com as duas internacionalizações pela seleção nacional B em
janeiro de 2001 – em partidas frente a Marrocos
e Roménia. No primeiro semestre de 2003
chegou a estar emprestado ao Getafe,
voltando depois ao Málaga
para agarrar um lugar no onze, ainda que sem conseguir evitar a despromoção à
II Liga em 2006.
Em 2007 despediu-se de uns
andaluzes em dificuldades financeiras, ao fim de 208 jogos e 20 golos, e reentrou
em Portugal pela porta do Boavista,
não indo além de nove jogos pelos axadrezados
na temporada 2007-08. Seguiu-se uma última época como
futebolista profissional, ao serviço dos cipriotas do Alki Larnaca, mas os
salários em atraso – drama que já tinha vivenciado no Málaga
e no Boavista
– levaram-no a fartar-se do futebol e a pendurar as botas, aos 31 anos. Desde então licenciou-se de Gestão
das Organizações Desportivas, na Universidade Lusíada, e trabalhou como supervisor
para o futebol no Sport Luanda e Benfica e como Técnico Administrativo de
Finanças nos Serviços Partilhados de Finanças do Estado português.
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