quinta-feira, 7 de agosto de 2025

Hoje faz anos a coqueluche do Benfica que saiu para o Real Madrid e fez carreira em Espanha. Quem se lembra de Edgar?

Edgar despontou no Benfica e passou oito anos e meio no Málaga
Foi, em tempos, o menino bonito do Benfica, a coqueluche da Luz. No verão de 1998 deu o salto para o Real Madrid e a estreou-se pela seleção nacional A, mas acabou por fazer uma carreira aquém das expetativas, até porque não chegou a jogar pelos merengues nem a somar mais encontros pela principal equipa das quinas.
 
Nascido em Luanda, saiu de Angola com o país em guerra e veio para Portugal em tenra idade, tendo integrado as camadas jovens do Benfica em 1990-91. A transição para a equipa principal aconteceu em 1994-95, com a estreia a acontecer aos 17 anos e 10 meses, pela mão de Artur Jorge, na finalíssima da Supertaça Cândido de Oliveira em Paris, onde as águias foram derrotadas pelo FC Porto (0-1) a 20 de junho de 1995.
 
Na temporada seguinte reforçou o estatuto, sobretudo desde que Mário Wilson substituiu Artur Jorge no comando técnico, tendo disputado um total de 31 jogos (10 a titular), apontado dois golos e contribuído para a conquista da Taça de Portugal.
 
 
 
“Mas depois veio o Paulo Autuori [no verão de 1996] e acharam que era melhor eu rodar no Alverca, o clube-satélite. Fiquei lá três ou quatro meses. Felizmente, depois o Manuel José assumiu o cargo e perguntou logo por mim. Fui treinar numa quinta-feira e fui logo titular do Benfica no sábado. Tive muitos pais desportivos, vários nas camadas jovens e depois o Artur Jorge, que apostou em mim com 17 anos, e o Manuel José, que foi buscar-me num momento difícil”, recordou ao Maisfutebol em maio de 2021.
 
Além dos três golos em 18 jogos pelos ribatejanos, então na II Liga, Edgar faturou por seis vezes em 23 encontros de águia ao peito em 1996-97, contribuindo para nova caminhada até à final da Taça de Portugal, desta feita perdida para o Boavista.
 
  
 
Já a temporada de 1997-98 ficou marcada pela chegada de Vale e Azevedo à presidência do Benfica e a de Graeme Souness ao comando técnico, assim como pelo difícil processo de renovação do contrato de Edgar. “O que eu ganhava, eu aceitava, mas surgiram algumas mentiras sobre o processo de renovação, coisas que não foram bonitas. Cresci num Benfica com mística, mas, entretanto, chegou o Vale e Azevedo. Se não tivesse sido assim, penso que tinha ficado no Benfica até hoje”, lembrou o antigo extremo, que nessa época não foi além de 13 jogos e três golos.
 
 
Ainda assim, no verão de 1998 teve em mãos uma proposta irrecusável do Real Madrid. Aceitou, mas nunca chegou a jogar oficialmente com a mítica camisola blanca: “O Real Madrid tinha sido campeão europeu e tinha vários jogadores que vinham do Mundial de 1998. Aquilo foi incrível, os carrões todos à porta, aqueles craques todos… e o Guus Hiddink acabou por abdicar de dois campeões europeus, o Victor e o Amavisca, para apostar em mim e no Samuel Eto’o, que tinha 18 anos. O Redondo era craque e aconselhava-me muito, assim como o Seedorf, o Roberto Carlos, o Karembeu, enfim, grandes jogadores. Eu e o Eto’o fomos inscritos na Liga dos Campeões, fomos convocados algumas vezes, ele ainda fez um jogo, mas eu não fiz nenhum.”
 
Durante os primeiros meses na capital espanhola alcançou também a única internacionalização A do currículo, num amigável diante de Moçambique (2-1) no Estádio de São Miguel, em Ponta Delgada. Nesse jogo, disputado a 19 de agosto de 1998, substituiu o ex-companheiro de equipa Nuno Gomes.
 
Em janeiro de 1999 rumou ao Málaga, inicialmente por empréstimo, começando aí uma forte ligação de oito anos e meio, até junho de 2007. Na primeira meia época na Andaluzia sagrou-se campeão da II Liga Espanhola e na segunda temporada fazia uma campanha positiva na La Liga e capitaneava a seleção nacional de sub-21 (pela qual somou 24 internacionalizações) quando sofreu uma grave lesão em março de 2000, num choque com Naybet durante um jogo diante do Deportivo.
 
 
Só voltaria aos relvados em outubro de 2000, mas sentiu dificuldades em reencontrar o seu espaço, apesar da moral recebida com as duas internacionalizações pela seleção nacional B em janeiro de 2001 – em partidas frente a Marrocos e Roménia.
 
No primeiro semestre de 2003 chegou a estar emprestado ao Getafe, voltando depois ao Málaga para agarrar um lugar no onze, ainda que sem conseguir evitar a despromoção à II Liga em 2006.
 
 
Em 2007 despediu-se de uns andaluzes em dificuldades financeiras, ao fim de 208 jogos e 20 golos, e reentrou em Portugal pela porta do Boavista, não indo além de nove jogos pelos axadrezados na temporada 2007-08.
 
Seguiu-se uma última época como futebolista profissional, ao serviço dos cipriotas do Alki Larnaca, mas os salários em atraso – drama que já tinha vivenciado no Málaga e no Boavista – levaram-no a fartar-se do futebol e a pendurar as botas, aos 31 anos.
 
Desde então licenciou-se de Gestão das Organizações Desportivas, na Universidade Lusíada, e trabalhou como supervisor para o futebol no Sport Luanda e Benfica e como Técnico Administrativo de Finanças nos Serviços Partilhados de Finanças do Estado português. 



 




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