sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

O defesa formado no Benfica que deu um tiro a Amorim, esteve em coma e participou no Secret Story. Quem conhece Bruno Simão?

Bruno Simão foi internacional jovem português
Nos últimos meses tornou-se conhecido do grande público em virtude de ter sido concorrente no Secret Story 9, mas a sua história de vida vai muito além disso. Foi um futebolista profissional formado no Benfica e no Belenenses que jogou ao lado de Cristiano Ronaldo nas seleções jovens e representou clubes importantes na Roménia, na Eslováquia, no Azerbaijão e na Moldávia, escolheu o amigo Ruben Amorim para padrinho da filha, é irmão mais velho do médio David Simão, chegou a estar três dias em coma após sofrer um acidente de mota e namorou com Merche Romero.
 
Mas comecemos pelo início. Bruno Simão nasceu a 5 de maio de 1985 na cidade francesa de Versalhes, onde os pais estavam emigrados. Filho de um construtor civil e de uma doméstica e com uma irmã mais velha e um irmão mais novo, veio para Portugal com seis anos e experimentou os treinos de captação do Benfica aos sete, tendo ficado logo no clube do seu coração. Foi aí que conheceu Ruben Amorim, seu companheiro de equipa.
 
Em 1998-99, na sequência de uma decisão de Vale e Azevedo em acabar com as equipas B de cada escalão, foi emprestado ao Oeiras quando transitou de infantil para iniciado, numa altura em que estudava em Oeiras – na mesma altura, o “compadre” Ruben Amorim foi cedido ao CAC da Pontinha.
 
Na época seguinte voltou ao Benfica, mas em 2000-01 foi emprestado ao Estoril, aquando da transição para juvenil. No final dessa temporada, os encarnados quiseram empresta-lo novamente, mas o defesa recusou, saindo a título definitivamente para o Belenenses, tendo reencontrado Ruben Amorim no Restelo.
 
Foi precisamente durante o tempo que passou em Belém que se estreou pelas seleções jovens nacionais. O primeiro jogo foi pelos sub-17, a 13 de dezembro de 2001, em Santiago do Cacém, diante de Inglaterra. Bruno Simão atuou os 90 minutos nesse encontro, que terminou empatado a um golo – do banco saltou um tal de Cristiano Ronaldo para marcar o golo português.
 
Ruben Amorim e Bruno Simão no Benfica
Os três anos que passou nas camadas jovens do Belenenses coincidiram mesmo com o período em que foi mais vezes internacional. Das 16 internacionalizações que tem no currículo (desde os sub-17 aos sub-20), 14 foram nessa fase. Em dezembro de 2003, ainda com idade júnior, foi convocado pelo treinador sérvio Vladislav Bogicevic para um jogo da equipa principal diante do Alverca, mas não foi utilizado – a seu lado estava Ruben Amorim, que saltou do banco ao minuto 90 para se estrear pelos seniores dos azuis.
 
Na transição de júnior para sénior, em 2004-05, reentrou no Benfica pela porta da equipa B, então a competir na III Divisão Nacional, tendo ajudado os bês encarnados a sagrarem-se campeões da Série E e a conseguirem a subida à II Divisão B.
 
Após essa época mudou-se para o Barreirense, então a militar na II Liga. Na altura, os seus empresários, os antigos internacionais portugueses Oceano e Dimas, propuseram-no como reforço ao treinador dos alvirrubros daquela altura, o também antigo internacional português Rui Bento. No entanto, só durou meia época no Dom Manuel de Mello. Embora tivesse sido titular em seis jogos nas primeiras sete jornadas, uma expulsão por duplo amarelo na 7.ª ronda, uma receção ao Varzim, precipitou-lhe a saída.
 
“A verdade foi esta, e não guardo mágoa nem rancor ao mister Rui Bento. Começa num jogo contra o Varzim em casa, eu marcava o Mendonça, um jogador extremamente complicado de marcar. Fui expulso no início da segunda parte por acumulação de amarelos. A partir daí, eu que a par de mais alguns jogadores, era dos que tinha mais minutos, não voltei a ser convocado. Não houve nada de nada, não havia casos extrafutebol, rigorosamente nada. Havia um empenho muito grande da minha parte, todos os dias, como havia antes da expulsão, para provar ao treinador que não estava relaxado. Supostamente em modos normais, após um jogo de castigo que foi o que levei, voltaria a jogar, ou pelo menos a ser convocado. Não aconteceu e passadas três semanas, quis falar com o treinador para tentar perceber o que é que se passava. (…) O mister respondeu-me que não dava justificação a jogadores, mas que a mim não me poderia admitir os erros que admitia aos outros. Não sei qual foi o ponto de vista dele, lembro-me de lhe ter respondido ‘mister, mas eu não cometi nenhum crime. Fui expulso pela acumulação de amarelos, tenho trabalhado sempre bem’. Depois disse que os grandes jogadores também falham, ‘o Roberto Baggio falhou um penálti numa altura decisiva’. Foi aquilo que me veio à cabeça na altura”, contou à Tribuna Expresso o antigo defesa, que em janeiro de 2006 pediu a rescisão de contrato e esteve alguns meses sem jogar até assinar pelo Povoense, então a militar na III Divisão Nacional, no início da temporada 2006-07.
 
Entretanto, emigrou pela primeira vez no início de 2007, para reforçar os romenos do UTA Arad, numa altura em que já começava a ganhar fama o seu gosto por sair à noite. “Estava demasiado cansado porque dois dias antes do jogo, perdia uma noite. Fui aconselhado várias vezes, não foi falta de aviso, aliás muito por culpa disso é que fui obrigado a sair, a emigrar a primeira vez, porque a opinião formada sobre mim, e eu não posso fugir à responsabilidade, assumo as minhas culpas, era a de um jogador que tinha muito talento, era bom, mas fora do campo tinha um gosto muito grande pela noite. Infelizmente isso acompanhou-me durante alguns anos”, lembrou.
 
Em 2007-08 não conseguiu impedir a despromoção à II Liga da Roménia, mas os bons desempenhos permitiram-lhe dar o salto para um dos maiores clubes do país, o Dínamo Bucareste, num processo algo complexo, que implicou uma rescisão de contrato unilateral com o UTA Arad com a ajuda do Sindicato de Jogadores de Portugal antes de assinar livre pelo emblema da capital.
 
 
Depois de ter lidado com invasões de balneário e de campo por parte de adeptos mais fanáticos, assinou pelo Slovan Bratislava, clube pelo qual defrontou Olympiacos nas pré-eliminatórias da Liga dos Campeões e o Ajax de Jan Vertonghen e Luis Suárez no playoff de acesso à fase de grupos da Liga Europa. No entanto, apesar do elevado salário que auferia, ficou chocado pelo “racismo enorme” que encontrou e decidiu pedir a rescisão a meio da época.
 
 
No início de 2010 esteve a treinar ao lado do irmão no Fátima de Rui Vitória para manter a forma, mas acabou por voltar à Roménia para representar o Astra Giurgiu, em mais uma experiência que acabou mal devido à falta de pagamentos acordados, seguindo-se uma breve passagem pelos azeris do Khazar no primeiro semestre de 2011. Embora tivesse vencido a Taça do Azerbaijão, não gostou “mesmo nada, zero”, do país.
 
 
Seguiram-se dois anos na Moldávia, ao serviço do Milsami Orhei, e meio ano Chipre, com a camisola do DOXA, em aventuras também marcadas por muitas peripécias fora dos relvados.
 
No início de 2014 voltou a Portugal para jogar pela União de Leiria, onde encontrou “possivelmente o melhor grupo de trabalho” que teve, então a competir no Campeonato de Portugal.
 
Em 2014-15 fez uma “uma hiper-mega temporada” ao serviço da Oliveirense, na II Liga, tendo atuado em 40 jogos, mas na época seguinte voltou a Leiria e ao Campeonato de Portugal.
 
Em janeiro de 2015, numa altura em que namorava com a modelo e apresentadora de televisão Merche Romero – curiosamente uma ‘ex’ do antigo companheiro de seleção Cristiano Ronaldo) –, rumou ao Atlético, então na II Liga, mas não conseguiu evitar a descida de divisão.
 
Depois de ter ajudado o Fátima a atingir a fase de promoção do Campeonato de Portugal em 2016-17 voltou ao país onde nasceu para representar o Lusitanos, do quarto escalão francês, mas ao fim de meio ano, em janeiro de 2018, já estava de regresso ao futebol português para representar o Pinhalnovense, também no Campeonato de Portugal.
 
Três dias após estrear-se pela equipa de Pinhal Novo, a 24 de janeiro, sofreu um acidente de mota que o deixou três dias em coma e com a carreira em perigo. “Despistei-me logo na rotunda a subir para os Olivais. Fiquei inanimado no chão. Tiveram de fazer trabalho de reanimação durante 30/40 minutos. Até que sou levado para o Hospital Santa Maria e fiquei três dias em coma e mais 15 dias nos cuidados intensivos. Estava dado como inapto para a prática desportiva. Parti quatro costelas, a omoplata, o ombro, perfurei o pulmão. Fui operado de urgência. Quando saí dos cuidados intensivos para o quarto ainda tive mais um azar, fiz uma septicemia e levaram-me de urgência para o bloco operatório, porque já estava com 45 graus de febre. Estive meses sem poder mexer-me praticamente, em casa acamado. (…) Foram momentos complicados. Fiquei chocado a primeira vez que me vi ao espelho. Perdi 15 quilos. Estava mal. Não conseguia fazer nada. Até que um dia, em casa, consigo fazer alguns movimentos e disse para mim mesmo ‘Eu vou ter de ir à luta. Tenho de ir à luta e eu vou conseguir. Vou jogar’. E pouco a pouco tive, como muita gente disse, uma recuperação milagrosa, ao fim de seis meses eu já estava a começar a minha pré-época. Comecei sozinho”, recordou o antigo lateral esquerdo, que durante a recuperação começou a tirar um curso de personal trainer, com o Sindicato de Jogadores a assumir os custos.
 
Entretanto, ofereceu-se a Ruben Amorim, que havia acabado de chegar ao comando técnico do Casa Pia, no verão de 2018, mas inicialmente foi rejeitado. “Meti-me com ele, quando soube que ele ia ser treinador estagiário no Casa Pia. Tinha à vontade com ele, não conhecia a restante equipa técnica e foi com ele que falei. Perguntei: ‘Não querem aí para o Casa Pia o melhor lateral esquerdo desta divisão?’. Ele disse que tinha de falar com as pessoas, mas que à partida não porque já estavam três no plantel e eu era um jogador caro para ir para lá. Disse: ‘Ok, tudo bem, não há problema. Desejo-vos a melhor sorte do mundo e um dia sei que vais ser um treinador que vai dar cartas’. Passadas duas semanas, eu sempre a fazer os meus treinos e a publicar os treinos de recuperação, e recebi uma mensagem: ‘Então como é que está a correr essa recuperação?’. Senti que já havia algum interesse, até que acabei por assinar, chegámos a acordo”, contou.
 
A primeira temporada em Pina Manique foi atribulada, devido a uma perda de pontos na secretaria e à saída de Ruben Amorim devido a uma infração regulamentar, por o treinador se apresentar como “estagiário”, mas ser ele a dar indicações para o campo. Entretanto, o Tribunal Arbitral do Desporto (TAD) deu razão aos casapianos, que recuperaram os pontos perdidos e acabaram a época a vencer o Campeonato de Portugal e a subir à II Liga.
 
Bruno Simão ainda voltou ao segundo escalão ao serviço dos gansos, aos 34 anos, mas no início de 2020 rumou ao Torreense, tendo ainda passado por Oriental e Atlético antes de pendurar as botas em 2022, aos 37 anos. Ainda assim, depois disso já jogou pelo Dramático de Cascais nos distritais da AF Lisboa em 2024-25.
 
 
Em setembro de 2025 entrou num reality show da TVI, o Secret Story 9, e no vídeo de apresentação revelou que deu um tiro de pressão de ar ao amigo Ruben Amorim quando ambos eram miúdos: “Voz, e este não era um bom segredo? Dei um tiro de pressão de ar ao meu compadre treinador do Manchester United, Ruben Amorim. Quando éramos miúdos, pego na pressão de ar e digo: 'Diz já quem é que é o teu rei.”
 
Decidiu desistir a 25 de novembro, a pouco mais de um mês do fim da edição, na sequência de uma sanção aplicada pela Voz.
 








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