segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

Neste dia em 2001, houve dois penáltis, 51 faltas, 12 amarelos e um vermelho no último dérbi da velha Luz. Quem se lembra?

Jardel protagonista no 2-2 entre Benfica e Sporting
Foi o último jogo do antigo Estádio da Luz inteiro, antes de iniciar as obras de demolição que durante os meses seguintes diminuíram a capacidade do recinto. Foi também o último dérbi na velha Catedral. Mas o encontro ficou marcado na memória dos adeptos do futebol pelas imensas quezílias e pelas polémicas decisões do árbitro Duarte Gomes.
 
A contabilidade não deixa margem para dúvidas: 51 faltas, 12 cartões amarelos e um vermelho e dois penáltis (no mínimo) duvidosos.
 
O Sporting de Laszlo Bölöni partiu para essa jornada, a 15.ª, na liderança da I Liga, com mais um ponto que o FC Porto de Octávio Machado, dois que o Benfica de Toni e três que o Boavista de Jaime Pacheco, mas a zona cimeira da tabela classificativa esteve bem perto de ficar virada do avesso.
 
Apesar de os leões se terem ficado a queixar de um penálti não assinalado sobre Jardel logo aos seis minutos, as águias tiveram uma primeira parte muito boa e adiantaram-se aos 11’ por intermédio de Simão Sabrosa, que no reencontro com o antigo clube abriu o ativo na conversão de uma grande penalidade a castigar mão na bola de Beto.
 
Os encarnados foram para intervalo a vencer justamente e mesmo depois de terem ficado reduzidos a apenas dez homens, por expulsão de Andrade por duplo amarelo, chegaram ao 2-0, num lance em que a genialidade de Simão e Zahovic, autor do golo, esteve à solta (53’).
 
Essa vantagem de dois golos durou cerca de meia hora, o que colocou o Benfica virtualmente na liderança do campeonato, mas um golpe de teatro deitou tudo a perder ao cair do pano. Aos 85 minutos, foi assinalado um penálti devido a uma falta inexistente de Marco Caneira sobre Jardel – que nesse ano até havia estado perto de reforçar as águias. E o brasileiro aproveitou para bater Enke, reduzindo para 2-1. Dois minutos depois, Super Mário gelou a Luz ao empatar o encontro, através de um cabeceamento certeiro.
 
 
Até ao apito final, o Sporting até esteve perto do terceiro golo, tendo João Pinto feito a bola passar perto do poste direito da baliza do Benfica.

Crónica do Record no dia seguinte
 
“O último dérbi disputado no Estádio da Luz, que amanhã começará a ir abaixo, foi intenso, vibrante e emocionante. Nem sempre muito bem jogado, é certo, mas suficientemente épico para perdurar na memória dos adeptos, este duelo entre os eternos rivais acabou com um ‘golpe de teatro’ monumental que ‘atirou’ o Benfica da liderança provisória para o quarto lugar. A cinco minutos do fim, os encarnados tinham o pássaro na mão e apesar de estarem em inferioridade numérica, não passava pela cabeça de ninguém que se deixassem apanhar pelos leões. Mas o futebol é mesmo uma caixinha de surpresas e uma má decisão de Duarte Gomes lançou a turma de Alvalade para a recuperação. Que Jardel, fazendo jus à fama de predador insaciável, acabou por concretizar”, podia ler-se na crónica do Record, assinada por José Manuel Delgado.

“O árbitro Duarte Gomes teve um jogo muito complicado para dirigir. Cometeu erros graves (penálti sobre Jardel, aos seis minutos, não assinalado; penálti inexistente sobre o mesmo jogador, sancionado; decisão muito duvidosa no penálti de Beto) e teve dificuldades em segurar uma partida que acabou com 51 faltas cometidas, 12 cartões amarelos e um vermelho”, escreveu o diário desportivo.

Capa do Record a 16 de dezembro de 2001


Cerca de duas semanas depois, o Benfica foi derrotado no Bessa e Toni pediu a demissão. Já o Sporting só esteve uma jornada afastado da liderança do campeonato até ao final da época, sagrando-se campeão. 



 





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