Neste dia em 2001, houve dois penáltis, 51 faltas, 12 amarelos e um vermelho no último dérbi da velha Luz. Quem se lembra?
Jardel protagonista no 2-2 entre Benfica e Sporting
Foi o último jogo do antigo Estádio
da Luz inteiro, antes de iniciar as obras de demolição que durante os meses
seguintes diminuíram a capacidade do recinto. Foi também o último dérbi na
velha Catedral. Mas o encontro ficou marcado na memória dos adeptos do futebol
pelas imensas quezílias e pelas polémicas decisões do árbitro Duarte Gomes.
A contabilidade não deixa margem
para dúvidas: 51 faltas, 12 cartões amarelos e um vermelho e dois penáltis (no
mínimo) duvidosos. O Sporting
de Laszlo
Bölöni partiu para essa jornada, a 15.ª, na liderança da I
Liga, com mais um ponto que o FC
Porto de Octávio
Machado, dois que o Benfica
de Toni
e três que o Boavista
de Jaime
Pacheco, mas a zona cimeira da tabela classificativa esteve bem perto de
ficar virada do avesso. Apesar de os leões
se terem ficado a queixar de um penálti não assinalado sobre Jardel
logo aos seis minutos, as águias
tiveram uma primeira parte muito boa e adiantaram-se aos 11’ por intermédio de Simão
Sabrosa, que no reencontro com o antigo clube abriu o ativo na conversão de
uma grande penalidade a castigar mão na bola de Beto. Os encarnados
foram para intervalo a vencer justamente e mesmo depois de terem ficado
reduzidos a apenas dez homens, por expulsão de Andrade
por duplo amarelo, chegaram ao 2-0, num lance em que a genialidade de Simão
e Zahovic,
autor do golo, esteve à solta (53’). Essa vantagem de dois golos durou
cerca de meia hora, o que colocou o Benfica
virtualmente na liderança do campeonato, mas um golpe de teatro deitou tudo a
perder ao cair do pano. Aos 85 minutos, foi assinalado um penálti devido a uma
falta inexistente de Marco Caneira sobre Jardel
– que nesse ano até havia estado perto de reforçar as águias.
E o brasileiro aproveitou para bater Enke, reduzindo para 2-1. Dois minutos
depois, Super
Mário gelou a Luz
ao empatar o encontro, através de um cabeceamento certeiro.
Até ao apito final, o Sporting
até esteve perto do terceiro golo, tendo João Pinto feito a bola passar perto
do poste direito da baliza do Benfica.
Crónica do Record no dia seguinte
“O último dérbi disputado no Estádio da Luz, que amanhã começará a ir abaixo, foi intenso, vibrante e emocionante. Nem sempre muito bem jogado, é certo, mas suficientemente épico para perdurar na memória dos adeptos, este duelo entre os eternos rivais acabou com um ‘golpe de teatro’ monumental que ‘atirou’ o Benfica da liderança provisória para o quarto lugar. A cinco minutos do fim, os encarnados tinham o pássaro na mão e apesar de estarem em inferioridade numérica, não passava pela cabeça de ninguém que se deixassem apanhar pelos leões. Mas o futebol é mesmo uma caixinha de surpresas e uma má decisão de Duarte Gomes lançou a turma de Alvalade para a recuperação. Que Jardel, fazendo jus à fama de predador insaciável, acabou por concretizar”, podia ler-se na crónica do Record, assinada por José Manuel Delgado.
“O árbitro Duarte Gomes teve um
jogo muito complicado para dirigir. Cometeu erros graves (penálti sobre Jardel,
aos seis minutos, não assinalado; penálti inexistente sobre o mesmo jogador, sancionado;
decisão muito duvidosa no penálti de Beto) e teve dificuldades em segurar uma
partida que acabou com 51 faltas cometidas, 12 cartões amarelos e um vermelho”,
escreveu o diário desportivo.
Capa do Record a 16 de dezembro de 2001
Cerca de duas semanas depois, o Benfica
foi derrotado no Bessa e Toni
pediu a demissão. Já o Sporting
só esteve uma jornada afastado da liderança do campeonato até ao final da época,
sagrando-se campeão.
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