terça-feira, 20 de julho de 2021

Os internacionais AA por Portugal e Angola que jogaram no Torreense antes de Edinho e Mateus

Edinho e Mateus são reforços sonantes do Torreense para 2021-22
Depois de ter estado a um pequeno passo de subir à II Liga na época passada, o Torreense, que em 2021-22 será orientado por Daúto Faquirá, tem estado em destaque no mercado de transferências pela qualidade e pelo mediatismo das suas contratações. Por muito que quem esteja atento às divisões inferiores seja conhecedora da competência de jogadores como Diego Raposo e Mário Mendonça (ambos ex-Beira-Mar), João Lameira (ex-Real SC), Pedro Marques (ex-Paços de Ferreira), Yuran (ex-Estrela da Amadora), Guilherme Morais (ex-Leça), João Cardoso (ex-Sp. Covilhã), Midana Sambú (ex-Valadares Gaia) e Frédéric Maciel (ex-Lusitânia Lourosa), as aquisições mais mediáticas são as do internacional português Edinho e do internacional angolano Mateus.
 
Ainda que o centenário emblema de Torres Vedras contabilize apenas seis presenças na I Divisão (a última em 1991-92) e cinco na II Liga (a derradeira em 1997-98), já teve nas suas fileiras sete futebolistas que atingiram a seleção principal de Portugal e cinco que representaram os Palancas Negras.

Do herói do Sporting na Taça das Taças ao guardião mundialista

Comecemos pela história mais antiga, a dos jogadores que passaram pelo Torreense e que antes ou depois da passagem pelo Campo Manuel Marques chegaram à seleção principal de Portugal.

Félix Antunes

Esta história iniciou-se em 1954-55, quando o defesa central Félix Antunes reforçou o Torreense, na altura para jogar na II Divisão Nacional, depois de dois campeonatos, duas Taças de Portugal e uma Taça Latina conquistadas ao serviço do Benfica e 15 internacionalizações pela seleção principal entre 1949 e 1953. 
Na única temporada que passou no emblema do Oeste, após uma saída conturbada das águias, contribuiu para a primeira promoção de sempre do clube à I Divisão.
 

Morais
Em 1956, o defesa direito Morais chegou a Torres Vedras, tendo dado nas vistas pelos 18 golos em 41 jogos na I Divisão ao longo de duas temporadas.
Valorizado, deu o salto para o Sporting, onde se notabilizou. Além de ter conquistado dois campeonatos e uma Taça de Portugal, marcou o golo de canto direto que deu o único troféu europeu ao futebol dos leões, a Taça das Taças 1963-64.
Mais tarde, entre junho de 1966 e 1967 somou dez internacionalizações pela seleção portuguesa, tendo marcado presença no Campeonato do Mundo de 1966, em Inglaterra.
 
 
Mais ou menos esta altura, o médio Mário Campos jogou nos juniores do Torreense em 1964-65, mas saiu para a Académica antes de se estrear pela equipa principal e acabou por disputar um jogo particular ao serviço da seleção nacional, frente a Inglaterra, em dezembro de 1969.


Pedro Espinha
Cerca de duas épocas depois, em 1985-86, surgiu no Campo Manuel Marques o guarda-redes Pedro Espinha, formado no Belenenses mas proveniente do Cova da Piedade, que rapidamente se tornou o titular indiscutível da baliza do Torreense numa época que culminou com a obtenção do 10.º lugar na II Divisão - Zona Centro. 
Entretanto passou por Académica, Sacavenense, novamente pelo Belenenses e pelo Salgueiros antes de ingressar no verão de 1997 no clube que lhe haveria de catapultar para a seleção nacional AA, o Vitória de Guimarães. Entre 1999 e 2000 aproveitou os problemas físicos de Vítor Baía para somar seis internacionalizações, tendo marcado presença no Euro 2000.
 
 
Filipe Ramos
Em setembro de 1987, estreou-se pela equipa principal do Torreense o médio Filipe (hoje mais conhecido por Filipe Ramos), um produto da formação do clube.
Em 1989, depois de duas épocas ao serviço da equipa de Torres Vedras na II Divisão Nacional e sobretudo após a conquista do título mundial de sub-20 em Riade, transferiu-se para o Sporting.
Tal como já tinha acontecido com Morais, o emblema de Alvalade catapultou este centrocampista para a seleção nacional AA, tendo Filipe participado em três jogos de caráter particular ao longo do ano de 1992, diante de Itália, República da Irlanda e Bulgária.
 
 
Dito
Em 1994-95, o Torreense teve pela primeira vez no plantel um jogador que já tinha representado a seleção nacional, o malogrado central Dito, que quando chegou ao clube, aos 32 anos, já levava 17 internacionalizações e um golo, num trajeto que durou entre 1981 e 1987.
Na única temporada que passou no Campo Manuel Marques participou em 20 encontros na II Liga e marcou um golo ao Felgueiras, mostrando-se impotente para impedir a despromoção à II Divisão B.
 
 
 
Nélson
Quem chegou a cruzar-se com Dito no plantel foi o guarda-redes Nélson, que, tal como Morais e Filipe, destacou-se no Torreense antes de dar o salto para o Sporting e chegar à seleção nacional. Com toda a formação feita no emblema de Torres Vedras, o guardião transitou para a equipa principal em 1994-95 e na temporada seguinte conquistou a titularidade, tendo em 1997 reforçado o emblema de Alvalade.
“Entrei no clube aos 10 anos e saí para o Sporting com 21. O Torreense era a referência na nossa região e qualquer miúdo ambicionava jogar aqui. Por isso, o clube conseguia recrutar os melhores jovens jogadores da zona oeste. Até os nossos pais estavam descansados porque, depois dos treinos e jogos, iam-nos levar a casa. Fazíamos sempre equipas muito competitivas e mesmo nos jogos com os grandes de Lisboa, tínhamos grandes prestações. A nossa região sempre teve muito talento e o Torreense foi sabendo aproveitar”, afirmou ao portal Curiosidades Sobre o Torreense em novembro de 2020.
Embora tivesse começado a aventura nos leões como suplente do belga Filip De Wilde, de Tiago e do dinamarquês Peter Schmeichel, assumiu a titularidade na baliza leonina a meio da época 2001-02, que culminou na conquista do título nacional. Em 2002 acabou mesmo por viver um ano de sonho, uma vez que também somou três internacionalizações – as únicas que teve, frente a Finlândia, China e Escócia – e foi convocado para o Campeonato do Mundo da Coreia do Sul e do Japão.
“Ir ao Campeonato do Mundo é o expoente máximo na carreira de um atleta e eu tive essa felicidade. É uma experiência difícil de explicar de tão boa que é, o ambiente, a organização, o nível competitivo, tudo o que gira à volta da competição é pensada ao pormenor, os jogadores são o centro do Mundo naquela altura. O convívio entre todos na Seleção era ótimo. Ainda por cima estando muito longe de Portugal, estávamos na Coreia do Sul, fez com que fossemos o apoio uns dos outros, éramos como uma família. No que aos guarda-redes diz respeito, eu, o Ricardo e Vítor Baía tínhamos e temos uma excelente relação ainda hoje, respeitávamos muito o trabalho uns dos outros sabendo que todos lutávamos pelo seu lugar na equipa. Ser o único atleta formado no Torreense a conseguir este feito é um grande orgulho e, ao mesmo tempo, uma boa responsabilidade”, acrescentou.
 
 
 
Também em 1994-95 estreou-se pela equipa principal do Torreense o central Zé António, que se manteve vinculado ao clube até 2000 e chegou a ser convocado por Luiz Felipe Scolari para o jogo frente ao Azerbaijão e à Polónia em outubro de 2006, a contar para a qualificação para o Euro 2008. No entanto, não almejou a desejada estreia, numa altura em que atuava nos alemães do Borussia Mönchengladbach.
 
 
Paulo Torres
Por fim, o último jogador antes de Edinho a vestir as camisolas da seleção nacional AA e do Torreense foi o antigo lateral esquerdo Paulo Torres.  Jogador bastante promissor, campeão mundial de sub-20 em 1991, acabou por fazer um trajeto semelhante ao de Dito e de Edinho, uma vez que chegou ao Campo Manuel Marques numa fase adiantada da carreira, já depois de ter somado duas internacionalizações, ambos em 1992, diante de Países Baixos e Estados Unidos.
Na única temporada que passou como futebolista em Torres Vedras disputou 26 jogos na II Divisão B e marcou um golo ao Académico Viseu, numa fase da carreira em que já tinha 28, 29 anos.
Mais tarde, como treinador, dirigiu o Torreense entre 2009 e 2011 e em 2012-13.
 
 

Golos de Vata em Torres Vedras? Nem com a mão…

Se houve sete jogadores que jogaram por Torreense e Portugal, houve cinco que representaram o emblema de Torres Vedras e a seleção principal de Angola.
 
Fua
O primeiro foi o avançado Fua, em 1991-92, uma temporada que marcou o regresso do Torreense à I Divisão. Habitual suplente de Dragolov e Rosário, disputou 24 jogos em todas as competições, mas apenas 14 na condição de titular, tendo apontado três golos. O primeiro deles abriu caminho a um histórico 5-0 ao Portimonense, o único encontro de sempre da Taça de Portugal a terminar com diferença de cinco golos após ir a prolongamento. Os restantes foram apontados diante de Marítimo e Estoril no campeonato.
Já depois de ter passado por Torres Vedras, representou Angola na estreia dos Palancas Negras na Taça das Nações Africanas, em 1996, numa altura em que representava a União de Leiria.
 
 
Vata
Na temporada seguinte, surgiu no Campo Manuel Marques aquele que terá sido provavelmente o autor do golo mais polémico da história da Taça/Liga dos Campeões Europeus, o ponta de lança Vata.
Cerca de dois anos após ter marcado com a mão, ao Marselha, o golo que colocou o Benfica na final da Champions de 1990, o avançado angolano natural de Damba reforçou o Torreense, então na II Liga. Contudo, em 22 jogos (oito a titular) com a camisola grená, não conseguiu utilizar qualquer parte do corpo para fazer a bola entrar numa baliza.
Em termos de seleção angolana, amealhou 65 internacionalizações.
 
 
Nelo
O senhor que se seguiu foi o lateral esquerdo Nelo, formado no Sporting ao lado de jogadores como Caneira, Beto, Dani e Boa Morte e que em 1997-98 representou o Torreense na II Liga, tendo disputado um total de 28 jogos (26 a titular) em todas as competições, numa época em que a formação de Torres Vedras desceu à II Divisão B.
Entretanto continuou a jogar nas divisões inferiores do futebol português, mas ainda assim captou o interesse da seleção angolana e dos principais clubes do Girabola, uma vez que veio a vestir as camisolas do 1º de Agosto e Petro de Luanda.
 
 
Seul

Melhores recordações deixou um avançado com nome de capital da Coreia do Sul, Seul. Após ter representado Comércio e Indústria, Juventude Évora, Imortal e Olhanense, reforçou o Torreense no verão de 2000 e desatou a marcar golos. Em duas épocas no Campo Manuel Marques, atuou em 69 partidas na II Divisão B e somou duas dezenas de remates certeiros.
Paralelamente, foi uma vez internacional AA por Angola.
 
 
Rúben Gouveia
Por último, mas nem por isso menos importante, um internacional angolano nascido em Lisboa, mas descendente de angolanos, o médio ofensivo Rúben Gouveia. Formado em parte no Sporting ao lado de Cristiano Ronaldo e Semedo, passou por clubes como Desp. Beja, Sintrense, Peniche, Real SC e Atlético Reguengos antes de assinar pelo Torreense no verão de 2011. Em apenas quatro meses no Campo Manuel Marques disputou 18 jogos e marcou seis golos, incluindo um na vitória sobre o Rio Ave em Vila do Conde para a Taça de Portugal. Em janeiro de 2012 acabou por se transferir para o Recreativo do Libolo.
Entretanto fixou-se em Angola ao longo de seis anos, foi campeão do Girabola e representou por sete vezes os Palancas Negras.
 





   



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