Hoje em dia um jogador aos 21 ou
23 anos que não esteja ao nível que lhe era perspetivado já é considerado uma
promessa adiada, mas na década de 1990 era comum ver jovens jogadores serem
emprestados durante dois ou mais anos antes de se começarem a afirmar na
casa-mãe. Recorde-se os casos de
Ricardo Carvalho,
Beto,
Jorge Costa, Fernando
Couto,
Sérgio
Conceição ou
Folha,
entre outros.
João Fajardo nunca atingiu o
nível desses futebolistas, mas teve uma proporcionalmente idêntica. Foi um médio
ofensivo/extremo lisboeta formado no
Belenenses
e que teve de procurar a sorte noutras paragens quando transitou para sénior,
tendo representado o
Pescadores
da Costa de Caparica na
III Divisão Nacional e o
Atlético
na III Divisão e na
II Divisão.
Após uma época em grande plano ao
serviço dos
alcantarenses,
com 13 golos na II B, voltou ao
Belenenses
no verão de 2001, mas teve de esperar até março do ano seguinte para fazer a
estreia na
I
Liga, entrando nos minutos finais de uma
estrondosa
vitória sobre o FC Porto de José Mourinho no Restelo (3-0) para o lugar da
grande figura do encontro,
César
Peixoto.
Em 2001-02 não foi além desse e
de outro jogo, para a
Taça
de Portugal, e na época seguinte atuou somente nove encontros, todos como
suplente utilizado.
Em 2003 foi dispensado pelo
Belenenses
após 14 anos de casa e seguiu para a Naval, então na
II
Liga, quando estava a poucos meses de festejar o 25.º aniversário. Promessa
adiada? Nada disso. Ainda foi bem a tempo de vingar nos maiores palcos do
futebol português.
Começou a aventura na Figueira da
Foz com duas épocas de grande nível na
II
Liga, tendo contribuído com dez golos para a subida dos navalistas ao
patamar
maior do futebol português em 2004-05.
Na temporada seguinte manteve a
bitola, mas na
I
Liga, sagrando-se no rei das assistências do campeonato, com dez passes
para golo, tendo ainda somado quatro remates certeiros que ajudaram os
figueirenses a escapar à despromoção. Também em 2006-07 se apresentou em bom
plano, embora com números inferiores (um golo e duas assistências). “Estive
quatro anos na Naval e foram anos espetaculares. As duas primeiras épocas foram
na
II
Liga, mas subimos pela primeira vez na história do clube e fiz épocas de
grande nível. Foram anos maravilhosos”, recordou ao
Maisfutebol
em outubro de 2020.
Valorizado, numa altura em que
estava à beira do 29.º aniversário, deu, no verão de 2007, o salto para o “clube
mais alto” que representou na carreira, o
Vitória
de Guimarães. “Claro que há sempre uma frustração por não ter chegado a um
Benfica,
um
FC
Porto ou um
Sporting,
mas para mim o
Vitória
é um grande, em todos os aspetos. Não há palavras para descrever aqueles
adeptos, aquela cidade. A cidade trata-nos como reis e temos de dar tudo por
aquele clube”, frisou.
Na primeira época no Dom Afonso
Henriques, em 2007-08, ajudou os
vimaranenses
a igualar a melhor classificação de sempre na
I
Liga. Fajardo não era um titular indiscutível dessa equipa orientada por
Manuel
Cajuda, mas ia quase sempre a jogo. No campeonato atuou em 27 encontros: 13
no onze inicial, 14 como suplente utilizado. “Cheguei no ano em que o
Vitória
regressou à
I
Liga e tivemos um desempenho fantástico. Terminámos em 3.º, à frente do
Benfica,
e fomos à pré-eliminatória da
Champions.
Infelizmente, foi
aquela
eliminatória do golo mal anulado ao Roberto, frente ao Basileia, que nos
impediu de ir à fase de grupos. Fomos para a primeira eliminatória da
Liga
Europa e acabámos por perder frente ao
Portsmouth”,
lamentou.
Na temporada seguinte, manteve o
registo – 14 vezes titular, 13 suplente utilizado –, e no verão de 2009 emigrou
à procura de maior independência financeira, para o
Panthrakikos, mas só durou
seis meses na
Grécia: “Foi uma experiência frustrante. Fui tentar a minha sorte,
mas correu mal e perdi por completo a vontade de emigrar novamente.”
Em janeiro de 2010 voltou a
Portugal para regressar ao
Belenenses,
não conseguindo impedir a despromoção à
II
Liga.
Em 2010-11 representou o
Santa
Clara no
segundo
escalão e a partir daí radicou-se no
Algarve,
tendo vestido as camisolas de
Farense
na III Divisão Nacional e na
II Divisão B e de
Moncarapachense
e
11 Esperanças nos
distritais
algarvios, tendo pendurado as botas em 2017, aos 38 anos. “Tenho muitas
recordações da carreira e muito orgulho naquilo que consegui. Foi uma carreira
muito a pulso, sempre a dar provas do meu valor, e é muito gratificante saber
que fiz parte da evolução de clubes como a Naval, o
Vitória
ou o
Farense”,
afirmou, em jeito de balanço.
Entretanto tornou-se treinador.
Começou pelas camadas jovens do
Farense,
depois passou pelos seniores do
Olhanense
(presidido por
Cajuda)
e na presente temporada está ao comando do
Louletano
no
Campeonato
de Portugal.
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